A propósito dos 132 anos da proclamação da república no Brasil.

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Em retrospecto, pelos primeiros anos de nossa história como república, o fato de nossos primeiros presidentes terem sido velhos militares, deixa claro que o dito regime democrático, onde o governo é exercido pelo povo e para o povo, é uma balela.

Eu e você seríamos incapazes de dizer com absoluta certeza, em quantos desses 132 anos de história republicana o governo foi realmente exercido segundo a vontade soberana do povo brasileiro, até porque sabemos que o fato de acontecerem eleições, não significa dizer que elas sejam exatamente a demonstração cristalina dos anseios e da vontade do povo! Mais e pior que isso, não significa dizer que o povo estivesse em alguma dessas ocasiões apto a escolher de modo consciente e satisfatório quem melhor poderia representá-lo, estabelecer seus deveres e defender os direitos provenientes deles, de maneira coerente, correta e honesta!

Todos nós sabemos que não há forma de governo nem regime político que seja perfeito. O que pode haver é uma cultura onde as pessoas e seus representantes possam estabelecer regras de convivência que sejam capazes de diminuir ao máximo as tensões provenientes dessas relações, e para que isso aconteça é indispensável que o povo que detém, em tese,  o poder de escolha desses sistemas, tenha discernimento para melhor escolhê-los, coisa que não se faz sem educação em seu mais amplo sentido, o que não é o caso, não apenas no que diz respeito ao povo brasileiro, mas na maioria dos povos do mundo.

Com raríssimas exceções e muito pontualmente, a população mundial está apta a escolher o que pode ser mais satisfatório para si mesma. Poderia arriscar a citar alguns países nórdicos e outros poucos países europeus. Na Ásia, Japão e Coreia do Sul. Nas Américas, o Canadá e em alguns aspectos, menos pelo povo e mais pelo sistema, os Estados Unidos.

Até mesmo povos com culturas poderosas e educação sólida de seu povo comete equívocos absurdos, como foi o caso dos alemães nas décadas de 30 e 40 do século passado e mesmo os ingleses muito recentemente no caso do Brexit, um imenso erro de avaliação sobre seu próprio destino, não apenas o individual, mas principalmente o coletivo, ou ainda o caso dos separatistas da Catalunha , que não conseguem enxergar que no contexto do mundo de hoje, a independência geopolítica não é a coisa mais importante, mas sim a qualidade de vida que as pessoas podem usufruir.

Imaginem se um povo que em sua maioria, quase em sua totalidade, é manipulado pela religiosidade, como é o caso dos mulçumanos, dos hindus ou mesmo dos cristãos mais fanáticos, podem escolher de forma consciente quem melhor possa estabelecer seus deveres e defender seus direitos!?… Essas questões são extremamente delicadas e decisivas nesses complexos contextos.

Meu pai se dizia monarquista, mas ele não sabia exatamente o motivo de preferir este regime e não uma forma mais moderna e democrática de gerir o estado em nome das pessoas.

Um dia conversando com ele, ele me disse que não precisava ser exatamente os Orleans e Bragança, a família real brasileira, a ser a detentora do poder, que poderia ser qualquer uma, mas que fosse uma que tivesse AUTORIDADE para fazer REALMENTE o que precisasse ser feito,  e não para ficar contemporizando em, como diria Odorico Paraguaçu, MANOBRAS DIVERSIONISTAS.

Meu pai era favorável ao regime de déspotas esclarecidos, mesmo que ele não tivesse lá muita noção do que isso fosse ou acabasse sendo na prática. Eu não chego a tanto, mas confesso que sinto falta de pessoas que saibam exercer a autoridade com respeito e discernimento, com sabedoria e inteligência, com coerência e honra. Se assim o fosse o mundo estaria muito melhor.

O nome disso é utopia e nem a de Platão, nem a de Morus se provaram possíveis. A minha é mais simples. É conversar sempre sobre isso, até a exaustão, sem nenhuma forma de preconceito, com toda tolerância, aberto para ouvir e disposto a tentar entender as posições dos outros. Somente assim conseguiremos a evolução necessária para chegarmos a alcançar o exercício de uma vida melhor, para nós e para a maioria, se não para todos. 

PS: Ontem, perguntei para alguns jovens que encontrei quando fui almoçar, se eles sabiam o motivo de ser feriado e nenhum soube me dizer. Para mim ficou claro a importância da proclamação da república… Pelo menos para eles!…

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