Já faz algum tempo, eu venho querendo escrever sobre o assunto que vou comentar aqui hoje. Trata-se daquele que acredito ser o começo e o fim do problema que mais aflige a humanidade neste momento, excetuando-se, é claro, a pandemia de Covid-19: a intolerância.
Intolerância é a atitude mental e social caracterizada pela falta de habilidade ou de vontade em reconhecer e respeitar diferenças entre crenças e opiniões. Num sentido político e social, intolerância é a ausência de disposição para aceitar pessoas com pontos de vista, costumes, modos de pensar e de agir, diferentes dos seus ou daqueles que admitem como padrão.
A intolerância se manifesta das mais diversas formas, sendo as mais comuns aquelas que dizem respeito à religião, a gênero, à raça e à ideologia política.
A erva daninha da intolerância tem seu habitat. Ela germina com grande fecundidade e velocidade em ambientes onde o radicalismo, a incapacidade de clara compreensão da realidade e uma pequena dose de falta de inteligência cartesiana e emocional, abundam.
Esses habitats têm se multiplicado enormemente pelo mundo afora, desde metade do século XIX, com a reação dos capitalistas às teorias comunistas de Marx. Depois, as seguidas guerras de ajustamento territorial e econômico, em consequência da consolidação da revolução industrial e do aumento das distorções sociais causadas por ela. Exemplo maior disso é a Guerra Mundial, que alguns chamam de primeira e segunda, mas que na verdade foi apenas uma, com um armistício de 20 anos entre elas, que gerou depois a famosa Guerra Fria, que para o bem e para o mal, regulou o mundo durante quase meio século.
A intolerância praticada pelos Estados chega até ser fácil de ser controlada. O grande problema é a intolerância fecundada no ventre das pessoas e das comunidades.
São cristãos que não respeitam ou aceitam mulçumanos, turcos que exterminam curdos, brancos que segregam e atacam negros, heterossexuais que discriminam homossexuais, esquerdistas que passaram décadas massacrando direitistas e que agora estão sendo massacrados… Não podemos esquecer o inverso disso tudo!
Veja o meu caso. Passei toda a minha infância e juventude sendo chamado de filhinho de papai, de pelego, de sarneizista, por pessoas que achavam que elas eram o máximo, mas que na verdade só queriam estar em meu lugar, com o pensamento, o discurso e as atitudes delas, mas sem nenhuma capacidade ou vontade de entender ou analisar o que havia realmente de bom em mim, e o que realmente deveria ser ressaltado para que eu melhorasse e pudesse ser minimamente aceito por elas. Isso é intolerância. Isso é falta de empatia. Isso é incapacidade de entender corretamente os acontecimentos da vida.
Quando uma coisa dessas acontece, não deixa muita margem para conversa ou negociação. Conversa e negociação acontecem antes de se estabelecer o conflito, ou depois dele ter sido decidido, para um lado ou para o outro, desde que o vencedor da contenda não seja intolerante, e não resolva aniquilar o seu oponente.
Vou tentar resumir essa conversa filosófica de forma prática. É inadmissível alguém desconhecer a importância das medidas de proteção contra a proliferação do Coronavírus. O uso de máscara, por mais incômodo que seja é indispensável. Só um imbecil pode argumentar contra.
Da mesma forma, um medicamento, qualquer que seja ele, que minimamente possa trazer alguma vantagem, mesmo que apenas psicológica, sem que seja usado como panaceia, como fuga da realidade e sob rígido controle médico, não pode ser condenado ou desacreditado, só por seu uso ser defendido por alguém de quem não se goste.
A intolerância, vinda de onde vier, pelo motivo que for, configura-se no maior dos problemas da humanidade em todos os tempos, sendo que neste momento ela causa o maior estrago devido a generalizada politização pela qual o mundo passa e pela grande influência dos meios de informação e comunicação, causada pelo vertiginoso avanço tecnológico.
Bom dia amigo, gostei do ensaio filosófico, porém com engenheiro, sou mais pela parte prática considerando os dois ultimos parágrafos. Quanto ao seu posicionamento em relação ao nosso mandatário maior já o conhecemos, porém pela sua costumeira fidalguia e elegancia no trato comum, não ficou bem explicitar o termo imbecil, afinal contrasta com o tema da crônica; quanto ao reconhecimento, embora tardio, aos remédios simples e tão condenados pela “mídia” o parabenizo. Um beijo e um forte abraço do amigo e leitor assíduo.