Uma terceira via

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Algumas pessoas têm me pedido que eu faça uma análise sobre o panorama eleitoral para a presidência da República, em 2022. Pois bem, procurarei ao máximo, não manifestar juízo de valor pessoal sobre qualquer aspecto desta análise. Tentarei ser, como sempre faço, o mais imparcial que me for possível, mostrando os aspectos positivos e negativos de cada fato, ato, cenário ou pessoa.

Está mais que claro que as pessoas de bom senso de nosso país estão buscando uma terceira via política para fugir da triste sina de serem obrigadas a escolher entre um presidente boçal, desqualificado e incorrigível e um ex-presidente quadrilheiro, manipulador de massas e fingido.

Nenhum desses adjetivos são levianos ou despropositados. Algumas pessoas, de um lado e de outro, certamente discordarão de mim, mas essa é a minha visão.

A delimitação dos espaços está clara e facilita muito o entendimento de qualquer pessoa, por menos experiência e conhecimento que tenha sobre política. Temos os antagonistas posicionados dos dois lados do espectro político nacional, ou se preferirem, do ringue, do campo de batalha.

A direita aposta suas fichas na reeleição de um homem despreparado para o convívio social civilizado, incapaz de minimamente entender as regas básicas de urbanidade e civilidade, um asno que desqualifica o cargo que ocupa por não saber se portar dentro de regras sociais mínimas.

Por sua vez, a esquerda é representada por um sujeito que já foi tido como o maior líder popular que o Brasil já teve, mas que sucumbiu ao lado negro da força, desceu à mansão dos mortos e tal qual Jesus, ressuscitou, não no terceiro dia, mas no quingentésimo octogésimo dia, depois de amargar quase 2 anos, uns 20 meses na cadeia.

Gostaria de dizer que o meio do tabuleiro desse jogo, o centro desse campo de batalha, não está ocupado por ninguém, pelo menos, não por alguém relevante, que possa ter peso numa possível despolarização deste conflito. Mas não é exatamente bem assim. Existe um candidato que está se colocando como terceira via, disparando sua artilharia verborrágica nas duas direções. Vomitando de volta o refluxo nojento de Bolsonaro sobre o atual presidente e seus fanáticos apoiadores, e atirando as fedidas fezes produzidas por Lula e sua quadrilha de volta na cara da esquerdalha nacional, que não vê a hora de aportar novamente no poder.

Ciro Gomes, que prosaicamente tem o sobrenome do personagem icônico e progenitor da Família Adams, é aquilo que eu chamo de reles adjetivador. Um sujeito que fala bonito e não bem, que constrói suas sentenças empilhando adjetivos no sentido de impressionar a audiência, sendo que essas sentenças são totalmente desprovidas da necessária profundidade que sustente o que ele deseja expressar.

Se fosse um confeiteiro, um pâtissier, Gomes seria incapaz de fazer a massa ou o recheio do bolo, mas seria um exímio fazedor de coberturas, a parte decorativa da deliciosa e suculenta iguaria.

Ciro Gomes é o único nome relevante que se apresenta como possível terceira via, tendo em vista todos os demais não aguentarem um traque. Não possuem partidos fortes que os apoiem, não possuem apoio popular suficiente para encher uma Kombi, não se sustentam por mais de 30 segundos em um comercial de TV, não aguentam uma investigação minuciosa da PF, ou da Pastoral da Família, como de resto ocorre igualmente com os demais.

Moral da história: os cidadãos brasileiros de bom senso, aqueles que não desejam continuar na barbárie da incapacidade de diálogo amplo, com todas as tendências ideológicas, políticas e sociais, e não admitem voltar para o caos social, político e econômico, causado pela endêmica corrupção e pela falta de confiança, não possuem opção viável como saída para essa polarização, uma vez que em última análise, Ciro Gomes é tido como linha auxiliar de Lula. Já Bolsonaro é tão cáustico que nem linha auxiliar ele tem, o que enfraquece a posição das pessoas que se colocam com toda legitimidade na posição conservadora, numa direita moderada e não fanática.

Resumo da ópera: vamos rezar, e muito, para ver se aparece alguém em quem possamos depositar minimamente nossas esperanças. Até agora não vejo luz no final do túnel. Na verdade, não vejo nem o túnel!…

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O pior cego é aquele que não deseja ver

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O fato de eu ser um daqueles sujeitos que dão uma boiada para entrar em uma polêmica, seja ela filosófica ou política, e duas boiadas para não sair dela sem que tenha sido declarado vencedor, e ainda por cima, estar ocupando a Secretaria de Comunicação do município de São Luís, tem feito com que eu tenha me manifestado muito pouco através de meus artigos no jornal, repercutidos em meu Blog e Facebook, pois acredito que toda a visibilidade deve ser dada às ações da prefeitura como um todo e às ações, atitudes, gestos e manifestações do prefeito Eduardo Braide.

Mas para tudo há um limite e esta semana cheguei ao meu.

Fico abismado com a incapacidade de algumas pessoas em entenderem, ou melhor, em aceitarem o funcionamento dos mecanismos políticos, e olha que essas pessoas a quem me refiro são o que se poderia chamar de “caciques”.

Pois bem, esses “caciques” não conseguem admitir nem aceitar o protagonismo da Prefeitura de São Luís e o maravilhoso trabalho que vem realizando o prefeito Eduardo Braide e seus abnegados colaboradores, principalmente, neste caso específico, os da saúde, dirigida pelo jovem humilde e trabalhador, dr. Joel Nunes.

Por não admitir e não aceitar o sucesso decorrente de um trabalho sério, planejado minuciosamente e executado, tendo em mente aquelas quatro palavras iniciadas com a letra E – efetividade, eficiência, eficácia e excelência – é que muita gente resolveu inventar panaceias para tentar remediar seus insucessos no combate à pandemia de Covid-19.

Até gente da mais alta qualidade, pessoas a quem respeito, demonstram não entender que numa hora como essa, não interessa quem é que está realizando o trabalho, mas que ele está sendo feito, e bem, e que é isso deve ser apoiado e louvado.

Essa falta de humildade, essa incapacidade de enfrentar a realidade dos fatos, tem embaçado a visão dessas pessoas, transformando alguns em míopes e outros em cegos funcionais. Essa incapacidade de ver, ou melhor dizendo, essa falta de vontade de enxergar, de abrir os olhos para as coisas verdadeiras e boas que estamos realizando, pode custar caro para essas pessoas, como ocorreu na eleição do ano passado.

Mas o pior de tudo neste contexto apocalíptico, que em primeiro lugar é causado pela peste, e em segundo, pela “ignorância” ou mesmo pela má fé, é saber que a Defensoria Pública aventa a possibilidade de a vacina estar sendo ministrada preferencialmente para pessoas mais ricas, enquanto as mais pobres estariam sendo preteridas, fato que por si só seria um absurdo, se não fosse uma infâmia, uma aleivosia, uma canalhice mesmo.

Será que alguém, em sã consciência, acredita que o prefeito Braide, o secretário Joel e todo o pessoal envolvido com a vacinação em nossa cidade poderiam priorizar a vacinação para os ricos, deixando os pobres no esquecimento. Só sendo muito imbecil e canalha para pensar uma coisa dessas.

Pior é assistirmos uma reportagem na televisão de maior audiência da cidade, onde a repórter afirma que isso está acontecendo e como exemplo, coloca no ar uma mocinha de bem menos de 18 anos, que não é alvo da campanha de vacinação, dizendo que estava com medo de contaminar sua avó, pelo fato de ter ido visitá-la sem usar máscara!… Ora bolas, me comprem um bode!… Nós temos feito campanhas sistemáticas no sentido de conscientizar a população sobre a importância das medidas preventivas e sanitárias, e a mocinha não usa máscara, e isso é culpa da prefeitura!?…

Bem, acho melhor eu realmente me manter afastado de polêmicas, pois o trabalho que temos realizado é muito mais importante, tanto que São Luís tem sido notícia e notícia boa, em âmbito nacional e mundial, pelo trabalho no combate à pandemia e no sucesso da campanha de vacinação, tanto que nossa cidade ganhou o título de Capital Brasileira da Vacinação contra Covid-19. 

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Intimidade indesejada

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Intimidade pode ser uma coisa boa, quando ela aproxima as pessoas, quando ela serve para derrubar as barreiras que normalmente se apresentam em nossa convivência diária, seja entre parentes próximos como pais, filhos, irmãos, cônjuges ou até mesmo entre amigos.

A excessiva intimidade propicia inclusive dividirmos coisas pessoais como roupas íntimas ou escova de dentes. Mais que isso, intimidade é sinal de confiança, ela nos dá a sensação de que o outro é parte remota de nós mesmos e isso faz com que compartilhemos segredos inconfessáveis ao padre, ao analista ou ao espelho, na hora do balanço diário de nossas próprias vidas, mas abre uma janela ou uma porta que nos liga a um outro cômodo dessa casa que somos nós.

Infelizmente temos tido ultimamente intimidade com alguém que não é de nossa família, não é nosso amigo, nem de nossa confiança. Alguém a quem não desejamos a menor aproximação. A morte.

Essa figura tem convivido diariamente conosco. Às vezes ela passa ao longe, outras vezes ela nos ronda e algumas vezes ela chega mais perto de nós.

Antes, ela se apresentava de tempos em tempos, não era tão frequente e intensa a sua presença. Agora ela é presença constante em nosso dia a dia.

Se antes ela era mais seletiva, visitava quem mais fosse acessível, agora ela vem sem nenhum critério, aleatoriamente.

A mim parece que a presença dela é decidida em um desses jogos de azar bem simples e elementares, onde a probabilidade de perda ou ganho varia sempre em torno de 50%. Algo como par ou ímpar, como cara ou coroa… Torço para que este jogo se transforme logo em um jogo mais viável para nós, como o jogo da velha, palitinho ou mesmo jogo de dados.

Além de tudo que nos acarreta, a intimidade com a morte nos faz cada dia mais reclusos, individualistas, afastados das pessoas, não só pela precaução das medidas sanitárias de segurança e proteção, mas pelo medo mesmo.

Essa onda de intimidade com a morte tem uma causa maior, a pandemia de Covid-19, como no caso de meus tios afetivos Estelmo e Maria da Graça, mas a morte continua a comparecer usando outros convites, como foi o caso de tio Stenio, que foi atropelado e meu cunhado Antônio, que não resistiu a um câncer.

Não vamos extirpar a morte. Isso é impossível. Mas precisamos acabar com essa abjeta intimidade que ela tem imposto a nós. Precisamos contê-la, fazer com que ela volte a aparecer menos frequentemente. Essa senhora tem nos dado muito trabalho e não quero intimidade com ela.

Abaixo, relaciono algumas pessoas queridas que perdemos nos últimos tempos, com as quais a falta de intimidade tem nos feito menos felizes e mais tristes.

Meu cunhado Antônio Rocha; meus tios Stenio, Estelmo e Maria da Graça Barros; minha alegre sogra, dona Jacira; a tenaz Domingas; Seu Zé Maria Quariguasi; meu querido primo Fred; nossa querida prima, Olguinha Maluf; a jovem Natália Murad; Dona Eusuíta Costa Rodrigues; nosso amigo Rafael Lobão, atlético e saudável; o bom Henry Duailibe; minha comadre Alda, Verde, Vitorinha e Luiz Pedro, amigos da ALM; dr. Alexandre Dames; os confrades da AML, Cabral, Valdemiro, Milson e Sálvio; os queridos Aldionor Salgado, dona Maria Lucia e Reginaldo Teles; a vibrante Juja; o bom padre Bráulio; o titânico Morart Baldez; Zeca, o Belo, e seu irmão Totó; a bela e amável Cyntia Itapary; meu confrade, o padre João Resende, os amigos Pires e Clorisval; o espirituoso Saint Clair; Seu Eusamar, amigo de meu pai; o fotógrafo Meireles, lá de Pindaré… Devo ter esquecido de alguém… Me perdoem por isso… é que têm sido muitos… Estou cansado de relacionar e comunicar perdas, mas não me cansarei jamais de louvar os bons sentimentos que essas pessoas emanavam e que suas lembranças continuarão emanando.

Depois que este texto já havia sido publicado no Jornal O Estado do Maranhão, mais uma grande perda, soube do falecimento do meu amigo, locutor da Mirante FM, Rubinho Jones…

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