No meu último aniversário, recebi uma mensagem de uma querida amiga, com quem não convivo há muito tempo, pois ela se mudou para São Paulo, onde foi estudar, fixou residência, casou e constituiu família.
Tal mensagem veio tão carregada de carinho e consideração, que apenas pelas palavras com as quais ela se expressou, eu pude sentir o tempo retroceder, e a adolescência voltar a correr em minhas veias. Senti até que minha longa e Elvispresliana cabeleira havia sido restaurada!
O fato é que a amizade que nos unia era uma coisa forte. Eu era muito amigo do irmão dela, com quem escalava as montanhas de sacos de açúcar que meu pai vendia para a fábrica da família deles.
Estou falando de Roberto e Samira Gomes, netos do criador da Cola Guaraná Jesus, filhos dos “tios” Zezé e Eli Gomes, personagens de referência da vida da pacata São Luís dos anos 1960 e 1970, assim como Zelinda e Carlos de Lima, pais de outros amigos queridos, Álvaro, Danuzio, Pablo, Fábio e Débora, ou Benita e Ribamar Collins, pais de George, Raquel e da eletrizante Heloisa.
Aquela era uma época em que São Luís, uma cidade pequena e provinciana, produziu gente da melhor qualidade, pessoas criadas por famílias cheias de princípios e embasados nos mais altos conceitos de cidadania e civilidade.
Quando Samira escreveu “Xú”, ao se dirigir a mim, Xú de Xúaquim, pois eu a chamava de “Xá”, Xá de Xámira, foi como se ela tivesse rebobinado uma fita maravilhosa, que tivesse me feito voltar para as terças e quintas esportivas no Lítero e no Jaguarema, as manhãs, nas férias de julho, na praia do Olho D’água e as tardes na Rua Grande, andando entre o Edifício Caiçara e o 4/400, passando pela Mouraria e a Ocapana.
Isso tudo perfeitamente editado, como em um filme, para que os saltos de lapso de tempo não mudassem a configuração da passagem dos acontecimentos, como por exemplo, o nosso crescimento ou quem sabe, nossa evolução, coisas como termos começado a nos reunir na frente de um bar chamado Veleiro, um dos primeiros da praia, e termos acabado, anos mais tarde, em frente ao Bena, o último bar do Olho D’água, para em meados dos anos 80 termos nos fixado definitivamente na Praia do Meio, que não tinha esse nome antes, foi a nossa geração que a batizou assim, pois ela ficava entre a praia preferida de nossos pais a de Araçagi, e a de nossa preferência, até então.
Não tenho a menor dúvida e acredito que para quem viveu aqueles dias, os anos da década de 1980 são aqueles em que realmente fomos mais felizes. Não me perguntem o porquê!… Não que seja impossível de explicar. Não é! Só precisaria de umas 3.000 páginas para isso!…
É impressionante o que gatilhos, como um apelido carinhoso podem fazer conosco! Mais que isso. É impressionante o poder avassalador dos bons sentimentos. Pude comprovar isso quando de meu contágio por Coronavírus. Recebi muitas mensagens de solidariedade e desejos de pronto restabelecimento, tantas que jamais imaginei que fosse tão conhecido e querido.
Os bons sentimentos, os bons pensamentos, as boas ações, têm um poder extraordinário, capaz de confortar, proteger, curar, transformando tudo através da boa energia que emanam e transmitem.
O afeto, o carinho, a amizade, o amor, cada um ao seu modo e de sua forma, são remédios indispensáveis para nossa mais perfeita e completa saúde.