Ano passado, a convite de Anderson Rocha, consultor da Assembleia Legislativa do Maranhão, participei de uma live, cujo tema era as opiniões e seu reflexo na política.
Naquela ocasião comentei a respeito de uma das mais célebres, profundas e atuais fábulas de Esopo, aquela sobre um velho, um menino e um burro, que faziam diariamente uma viagem entre sua casa e o mercado onde comercializavam seus produtos.
Segundo Esopo, iam por uma estrada, um homem bem idoso, seu neto, de uns cinco anos, e seu alquebrado burro, quando passou alguém por eles e disse que aquela cena era uma grande tolice, que o homem velho deveria ir montado no animal, uma vez que já trabalhara o bastante e precisava descansar. Mais adiante, uma outra pessoa os abordou ao vê-los caminhando pela estrada e disse que era a criança quem deveria viajar montada no animal, enquanto o velho senhor, mais vivido e experiente, deveria os conduzir pelo caminho. Um pouco mais adiante, uma outra pessoa deu uma terceira opinião. Disse que o jovem poderia também ir montado no burro, pois seu diminuto peso pouco influenciaria no esforço que o animal já fazia. O burro, com o velho e o menino, montado em seu dorso, foi parado um pouco mais adiante, por uma outra pessoa que se dizia indignada com tamanha insensibilidade por parte do velho e do menino que sacrificavam tanto aquele velho animal, que eram eles, quem deveriam carregar o burro, pois ele já dera tudo de si em muitos e muitos anos de trabalho em prol daquela família. Assim o fizeram. Mais adiante uma quinta pessoa os chamou e disse do despautério que era eles carregarem o animal, que os três deveriam caminhar juntos, com suas próprias pernas até em casa. E eles voltaram a agir como faziam antes das pessoas darem suas opiniões.
Foram cinco opiniões diferentes sobre o mesmo assunto, sobre o mesmo fato, e nenhuma delas pode ser considerada mais ou menos errada, pois eram apenas manifestação do ponto de vista de quem as omitia.
Com esse exemplo tentei mostrar ao Anderson e a todos aqueles que me prestigiavam com sua audiência, que cada pessoa, mesmo quando não tem nenhuma, tem pelo menos uma opinião sobre qualquer coisa, isso quando não tem duas, três ou até mesmo quatro.
Opinião PODE ser uma coisa boa, quando ela vem bem embasada, tem um pressuposto sólido, mas quando ela se baseia em mero achismo, quando é desprovida de conhecimento de causa e efeito, ela na verdade é prejudicial.
Imaginem a situação de um gestor público que se vê diante do enfrentamento de um gigantesco problema como o combate a pandemia de Covid-19. Imagine quantas opiniões ele ouve sobre como e qual deve ser a melhor forma de atacar esse problema, quantos critérios de ação são lhe postos na mesa, e ele tem que, lançando mão das melhores e mais confiáveis informações decidir qual é a melhor forma de agir e qual o melhor caminho a seguir.
Imaginem agora quantas pessoas vão discordar da decisão dele, pensando que a opção que elas imaginaram para o caso é melhor que a escolhida pelo gestor!
Centralizar ou descentralizar a vacinação. Chamar primeiro os mais vulneráveis e os mais idosos, ou os que precisam estar com boa saúde para tratar destes?!
No final das contas, certamente haverá quem fique insatisfeito e critique o gestor, mas ele precisa se cercar de todas as garantias de que o que ele está fazendo é o que de melhor possa ser feito.
Não importa se quem vai montado no burro é o velho ou o menino, ou mesmo se os dois juntos vão carregar o burro. O que importa é que todos possam chegar ao seu destino, da melhor maneira e na melhor condição possível.
Não critique quem quer que seja baseado apenas em mera opinião, procure saber os reais motivos das pessoas agirem como o fazem. Este é o primeiro passo para a prática de uma das coisas mais importantes da vida na atualidade: Tolerância.
Excelente Sr. Joaquim Haickel. mas aproveito para questionar sobre a vacinação de um professor da Uema que não se encontra dentro do critério atual de idoso (acima de 75) como foi visto e passou despercebido, no jornal da TV.
Preciso que você me dê detalhes que possam ser apurados, não apenas citar um possível caso de um professor da UEMA!…
Por favor me diga o nome dele, o dia em que, como você disse passou no jornal da TV, pois só assim poderemos apurar, caso contrário será apenas mais um achismo ou uma opinião!…
Posso lhe dizer com certeza que a minha mãe, com mais de 91 anos só foi vacinada, na sexta-feira, dia 12 de fevereiro, logo, estamos rigorosamente cumprindo os critérios que foram estabelecidos pelo ministério da Saúde.