Faz alguns dias, Eduardo Braide, me pediu que fosse ao escritório que ele montou para desenvolver as ações concernentes à transição administrativa do município de São Luís.
Imaginei que pretendia conversar comigo sobre nomes de pessoas que ele desejava indicar para os cargos de secretário de assuntos políticos, educação ou esporte, funções que eu havia exercido nos governos de Lobão, Fiquene e Roseana, ou mesmo para a pasta da cultura, uma vez que trabalho neste setor, como escritor e cineasta.
Ele foi direto. Sem fazer rodeios, disse que sabia que eu não desejava voltar a exercer nenhum cargo ou função no âmbito político, mas que precisava de mim para desempenhar uma determinada função. Que ele acreditava ser eu a pessoa mais indicada para a missão, uma vez que em sua opinião, conheço bem esta área e tenho boa capacidade de diálogo com os mais diversos protagonistas deste setor. Tendo dito isso, ele me convidou para ser seu secretário de comunicação social.
Na hora fiquei surpreso e atônito. Minha primeira reação foi sorrir, meio sem jeito. Elegantemente agradeci o convite e o recusei, mas ele insistiu, dizendo precisar de mim para aquela função e explicou seus motivos. Foram bons motivos.
Fui conversar com Eduardo, preparado para falar sobre outras pessoas, jamais sobre mim mesmo, até porque desde 2015, havia decidido que não mais iria participar de forma efetiva da política, ocupando cargos ou exercendo mandatos.
O inesperado convite, a forma como ele foi feito, e os argumentos que foram usados, me fizeram baixar a guarda.
Perguntei-lhe se aquele convite era apenas uma manifestação de gratidão pelo apoio que eu sempre dei a ele, desde antes de sua candidatura e mesmo durante a campanha eleitoral. Ele foi taxativo e convincente ao dizer que não. Conhecendo-o bem, sei que ele não é mesmo de ter esse tipo de atitude. Ele é tímido, mas direto e positivo e às vezes por isso, aparenta distância e até frieza.
Disse-lhe que se fosse o caso, eu já estaria muito mais que satisfeito, contemplado apenas com o convite para fazer parte de um projeto que acredito, mudará o rumo da política maranhense nos próximos anos.
Ele reafirmou que não se tratava de mera gratidão, mas de um pedido de sacrifício pessoal, uma vez que ele acredita que eu, com o tato e a paciência cultivados e desenvolvidos em mais de 32 anos na lide política, pudesse realizar a importante missão de gerenciar esse segmento bastante sensível em qualquer governo: A comunicação do prefeito e de seu governo com o público interno, estabelecendo métodos e formas com que a administração municipal possa atuar e se apresentar, e da mesma maneira com o público externo, com quem o prefeito, seus assessores e a municipalidade, de modo geral, possa manter diálogos, comunicando seus projetos e apresentando suas ações, bem como ouvindo as demandas da sociedade, através das instituições representativas, dos políticos e diretamente da população.
Confesso que se Eduardo tivesse me convidado para ocupar alguma outra secretaria, com ênfase para aquelas as quais já ocupei nos governos em que participei, sem pestanejar, mas com grande gratidão e elegância, eu recusaria. Porém, como ele disse precisar especificamente de mim para desempenhar esse papel, resolvi aceitar seu pedido, mesmo tendo que romper um acordo que tinha comigo mesmo, perante minha mãe, meu irmão e minha esposa, a quem havia prometido me manter fora da política formal.
Aceitei o convite para compor a equipe de Eduardo Braide por três bons motivos: Para atender ao apelo que ele me fez; Para poder estar próximo a ele neste momento tão importante, e quem sabe ajuda-lo de alguma forma, na difícil tarefa que terá pela frente; e pela possibilidade de participar de um evento único, que acredito, mudará o rumo e o destino político do Maranhão, coisa para quando eu já for um septuagenário.