Reforma política e eleitoral já!

Antes da eleição, alguns candidatos a vereador me procuraram para que eu fizesse uma análise das condições eleitorais de diversos partidos. Alertei-os sobre o panorama da eleição e os avisei que com o fim das coligações, o cálculo do coeficiente eleitoral seria feito apenas com os votos que cada partido obtivesse. Disse-lhes que o mais sensato a fazer para ser eleito, era ser o mais votado do partido e rezar para que ele tivesse pelo menos os votos necessários para eleger um vereador.

No final, o que se viu foi muito candidato bom não conseguindo se eleger. Gente que perdeu a eleição tendo três ou quatro vezes mais votos que quem ganhou, e o que é pior, pessoas que tiveram votação semelhante às dos mais votados, cujo partido não conseguiu votos suficientes para atingir o coeficiente eleitoral e não elegeu nenhum representante.

Mais do que nunca, depois dessa eleição, ficou claro que precisamos urgentemente de uma profunda reforma política e eleitoral, que possa garantir efetivamente que a escolha do cidadão será respeitada.

Exemplo de que precisamos urgentemente dessa reforma se verá quando Eduardo Braide assumir a prefeitura e deixar de ser deputado federal. Em seu lugar assumirá o suplente da coligação PMN/PHS, que elegeu em 2018 dois deputados, ele, Eduardo, com 190 mil votos e o Pastor Gildenemyr com 47 mil votos. O primeiro suplente, Josivaldo JP, que obteve apenas 23 mil votos será nosso novo representante na Câmara Federal.

Isso ocorre porque a regra eleitoral favorece a agremiação partidária, deixando de lado o interesse do eleitor, uma vez que os menos votados acabam tendo preferência, em detrimento daqueles que conseguiram uma maior votação, como é o caso do deputado Gastão Vieira que obteve 58 mil votos, mais que o segundo colocado da coligação PMN/PHS, e bem mais do dobro de votos do suplente, Josivaldo JP, que será efetivado como deputado federal a partir de janeiro próximo, enquanto Gastão, em que pese ser um ótimo parlamentar, mesmo que ande um tanto equivocado politicamente, continuará dependendo da boa vontade do governador Flávio Dino e de seus correligionários para que possa assumir uma vaga de deputado federal.

Vejam bem que estou sendo totalmente pragmático. Estou dando um exemplo desfavorável a um deputado que irá apoiar o prefeito que acabamos de eleger em São Luís e mostrando que um que votou contra ele, deveria assumir o mandato.

O erro não é meu! O erro é da lei. Só quem deseja que o Brasil siga torto, capenga, aleijado no tocante às leis que regem a forma como escolhemos nossos representantes, concorda com ela.

O voto proporcional distorce a intenção do eleitor. Ele deseja uma coisa e a lei eleitoral lhe dá outra. O voto majoritário, com o qual só os mais votados se elegem, é tido como conservador demais, pois segundo seus críticos, não dá chance igualitária de representatividade aos candidatos menos fortes.

Em minha modesta opinião o melhor tipo de voto é o distrital simples, onde municípios e estados são divididos em distritos, tendo por base suas zonas eleitorais, e neles cada partido pode apresentar apenas um candidato para disputar a vaga referente àquele distrito, o que efetivamente regionaliza a disputa e propicia uma maior e melhor ligação do eleitor com seus representantes.

Penso ser este é o melhor tipo de voto que podemos ter em nosso país. Ele é mais justo, mais democrático e retrata a vontade direta do povo. Além disso a adoção do voto distrital simples servirá de filtro natural para a diminuição dessa absurda quantidade de partidos, através da solidificação e do fortalecimento apenas daqueles que realmente tenham aceitação e respaldo social e popular.

4 comentários em “Reforma política e eleitoral já!”

  1. Este tema é por demais importante, confesso que não tenho opinião formada sobre o novo modelo, certo é como está nao pode ficar. Quanto a sua sugestão, que considero viável, quantos distritos teria nosso Estado? 18 ou 42?

    1. Vai precisar fazer ajustes para que as contas batam! Pode ser que se diminua a quantidadede deputados federais para 15 e aumente a quantidade deputados estduais para 45, faça-se 15 distritos e se eleja 1 federal e 3 estaduais em cada um!…
      Será preciso fazer isso em todos os Estados!…

  2. Pingback: Josivaldo JP virou a 'zebra' que desbancou Edilazio Jr - Blog do Antônio Martins

    1. A critica que fiz antes, de forma alguma foi preconceituosa! Ao contrario disso foi uma constatação de que a legislação eleitoral brasileira é injusta, tanto que nesta eleição o deputado JP obteve mais votos que seus concorrentes e legitimamente se elegeu. O Blogueiro diz isso apenas para referenciar o seu texto com meu nome, o que não é necessário!…

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Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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