Como sempre, acordei cedo e vim para meu escritório, ler e escrever. Passei uma vista no Facebook e no Twitter, uma vez que não sou muito gabaritado no Instagram. Constatei que o mote do momento do grupo palaciano é pressionar aqueles que não desejam apoiar o representante remanescente do consórcio dinista na disputa pela prefeitura de São Luís.
Li postagens de grandes amigos meus, como os secretários Carlos Lula e Felipe Camarão nesse sentido.
Respeito Lula e Felipe. Tenho por eles verdadeira amizade e grande admiração por serem boas pessoas, e essa é uma constatação que muito me agrada, pois ao contrário dos maniqueístas e sectários do grupo atualmente alojado no Palácio dos Leões, eu sei que boas pessoas existem em todo lugar, até mesmo entre gente que não aceita ou respeita a opinião dos outros, onde a chefia, o comando, só aceita de seus comandados a formal continência e a automática obediência, seguida de irrestrita subserviência, perfil aos quais pessoas como Lula, Felipe, Marcellus, Ted, Anderson, entre outros poucos, não se enquadram.
Cresci no meio da política. Aprendi muito nos 32 anos nos quais ocupei cargos no legislativo e no executivo. Sempre mantive minha coerência. Cultivei uma relação fraterna com aqueles que em meu grupo político tinham posto de comando, mas sempre de forma socrática, ponderando criticamente sobre os caminhos, o meu e o do meu grupo. Mantive uma relação sempre respeitosa com todos, mas me choquei de frente com atitudes e ações com as quais discordava, por acharem que fossem erradas ou descabidas.
Para quem não se lembra fui contra mudar o nome de secretaria para gerência, fui contra a extinção do SIOGE e o sucateamento do nosso setor agropecuário.
Sempre agi de forma crítica, fiz isso, até mesmo no relacionamento com meu pai, a quem devo tudo que sou ou tenho.
Compreendo perfeitamente que pessoas como Lula e Felipe, que são amigos fiéis do governador, o acompanhem automaticamente, até porque o caminho escolhido por Flávio Dino, é o mesmo caminho deles, além de ser aceito por eles de bom grado. O que acho que eles não podem fazer é recriminar quem tenha escolha diferente que as suas, pois ninguém pode pedir o sacrifício pessoal de outra pessoa.
Lembro que uma vez recebi uma ligação da então governadora Roseana Sarney, onde ela dizia que gostaria que todos os deputados que se afinavam com o seu governo se filiassem no PFL, que quem fizesse isso teria mais apoio do governo em seus pleitos, e que ela queria que eu fizesse o mesmo. Eu a fiz ver que se fizesse o que ela me pedia, eu não me reelegeria, pois o PFL tinha um grupo de deputados com muito mais votos e recursos que eu, que um político pode fazer quase tudo, mas duas coisas são terminantemente proibidas, cometer suicídio moral e eleitoral. Roseana ficou chateada comigo, mas eu me reelegi e pude contar essa e outras histórias.
Flávio Dino obrigar Rubens Junior, que teve seu pai insultado, a apoiar seu caluniador é a suprema humilhação.
É ridículo quererem que o senador Weverton Rocha apoie um candidato a prefeito que se eleito for, vai dificultar a sua jornada rumo ao governo do Estado em 2022. Isso é algo ultrajante e se alguém se submente a tamanha humilhação e subserviência, é sinal de que essa pessoa não pode ser confiável.
Respeito todo aquele que tem posição clara, que está do lado de seus companheiros de luta, como é o caso de meus queridos amigos Carlos Lula e Felipe Camarão, mas não tenho em alta conta quem se submete a vontade do chefe com sacrifício próprio.
Na Bíblia há um caso simbólico, que para os crentes é a maior demonstração de fé, respeito e obediência. É Abraão ter aceitado por ordem de Deus sacrificar seu próprio filho. Mesmo tendo sido por ordem de Deus, Abraão, como homem e homem de caráter deveria ter questionado a Deus: “Senhor se é verdade que me amas, porque pedes o sacrifício do meu amado filho!?”
E olha que Flavio Dino nem é Deus!… Mas acho que ele ainda não sabe disso.