Quando eu não tenho nada pra fazer, eu penso, e olha que eu quase nunca deixo de ter alguma coisa pra fazer.
Pensando nas palavras mais importantes de minha vida, descobri que, em que pese todas serem importantes, existem algumas que superam as outras. Amizade é uma delas.
Amigo é aquela pessoa que não tendo com você laços de consanguinidade, é como um irmão ou uma irmã. Alguém que você ama e respeita.
Nós não temos como escolher quem são nossos pais, irmãos ou parentes em qualquer grau, mas os amigos, somos nós quem elegemos, pelos motivos mais distintos e diversos.
Quando eu digo amigo, quero dizer AMIGO, não colega. Quando digo amizade, quero dizer AMIZADE, não é colegagem!…
Logo após a morte de meu pai, descobri que ele não era tão rico de bens materiais como todos imaginavam, mas que era muito mais rico de amizades do que qualquer um pudesse supor, tanto que até hoje nós ainda vivemos deste patrimônio incomensurável que ele nos legou, cultivando e mantendo as antigas amizades e tentando fazer novas, tão boas quanto as antigas, ofício e arte que como bons talibãs, ou seja, alunos, eu e meu irmão, tratamos de aprender com nossos pais.
Logo que meu pai morreu fiz um documentário sobre ele para passar em nossa emissora de TV, na região do Pindaré, e a trilha sonora escolhida para pontuar todo o vídeo foi “Canção da América”, dos geniais Fernando Brant e Milton Nascimento, que diz que “amigo é coisa pra se guardar…”
Apenas para ilustrar, vou relacionar algumas outras palavras importantes em meu vocabulário e em minha vida, palavras que exprimem sentimentos que procuro conjugar e exercitar diariamente: respeito, generosidade, humildade, sabedoria, honra, lealdade, tolerância, flexibilidade… Muito recentemente aprendi a importância da palavra paciência, coisa que não aprendi com meu pai, mas que a vida me ensinou ser extremamente necessária para que se tenha, outras duas palavras importantes. Paz e sucesso.
Amizade é uma das 12 palavras que citei como sendo importantes. Existem outras, mas com essas conseguimos uma 13ª, meu número cabalístico: Felicidade.
Existem aqueles amigos com os quais convivemos diariamente e aqueles que quase nunca vemos ou falamos, mas que estão lá, latentes, em nossos corações e em nossas mentes.
Existem amigos com os quais dividimos nossos problemas e que nos ajudam a resolvê-los e aqueles aos quais ajudamos com mais frequência e em contrapartida nos dão a certeza de estarmos fazendo a coisa certa.
Existem pessoas com as quais, a princípio, não conhecemos ou simpatizamos, mas que se tornam pessoas importantes, algumas até que podemos chamar de amigos.
Existem também alguns casos raros. Pessoas que começam como adversários, desafetos ou mesmo inimigos, mas que os acontecimentos da vida, unem como o caso do inglês, prisioneiro de guerra, Eric Lomax e do japonês, seu carcereiro e torturador, Nagase Takashi. O filme “Uma longa viagem” conta essa história verdadeira.
Existe também o caso dos tenores Plácido Domingo e José Carreiras, aula de amizade.
Estou falando sobre isso hoje pelo fato de constatar que com o avanço do radicalismo e da intolerância, social e política, e ainda por cima com o distanciamento por causa da pandemia de Covid-19, algumas amizades ficaram distantes, congeladas, fato que me deixa verdadeiramente triste. Quanto a isso me resta o consolo de saber que as amizades verdadeiras não sucumbirão a palavras ou sentimentos tão desimportantes quanto radicalismo, intolerância… Sectarismo, maniqueísmo… kkkkkkk
PS: Eu perco o amigo, mas não perco a piada, pois amigo mesmo deve conhecer a nossa alma e saber quando se fala sério e quando se faz troça.