Às vezes eu faço uma certa confusão entre coisas que não sei ao certo se são sentimentos ou ações. Por exemplo, altruísmo, é uma coisa que se sente ou que se faz? O oposto de altruísmo, o egoísmo, é claramente uma ação, mas é também um sentimento.
Foi com esse pensamento que acordei numa dessas manhãs e me dediquei a cavucar essa ideia para ver onde iria chegar.
Todas as pessoas, indistintamente, inclusive você e eu, agimos em primeiro lugar por motivos pessoais, egocêntricos ou por conveniências. Não digo isso como forma de crítica ou de reclamação. Digo por simples constatação, pois essas ações fazem parte da forma e da essência da nossa natureza humana.
O altruísmo é uma ação composta de um pequeno percentual de instinto de empatia e uma grande porção de um sentimento de devoção positiva que alguns de nós desenvolvemos para com as pessoas mais próximas e mesmo em relação àquelas que se encontram distante no espaço e até mesmo no tempo.
Os políticos, por sua natureza, imediatista e pragmática, não são altruístas. Eles são naturalmente egoístas. Precisam ser, devido a sua função e suas atividades. O altruísmo que algumas vezes demonstram são na verdade hipocrisia e perfídia, resultados dessa mesma função que exercem, que apesar de nobre, resvala muitas vezes em lodo e fezes.
Para algumas pessoas o pensamento positivista, derivado de noções do iluminismo, tenta inserir no humanismo os modelos das ciências como a matemática, a química, a física, a biologia, mas para outros, é simplesmente a tentativa de romantizar as ciências, tornando-as mais acessíveis, compreensíveis e aceitáveis.
O pai do positivismo é o filosofo francês Augusto Comte, que também é o criador da sociologia, o que nos faz entender logo a relação de um com o outro. O positivismo é uma doutrina altruísta, científica e industrial, que tem por objetivo incrementar o progresso do bem-estar moral, intelectual e material das pessoas, indistintamente.
No final da vida, Comte propôs o positivismo como uma nova religião, que pregava “o amor por princípio, a ordem por base e o progresso por fim”.
Por causa de sua definição, o positivismo não prosperou em termos políticos e eleitorais, tendo sido aprimorado em sua faceta filosófica, se transformando efetivamente em religião, coisa que normalmente eu abomino, se bem que a religião positivista é, junto com o budismo, as que eu menos antipatizo.
Preciso fazer aqui uma pequena digressão. Você conseguiu identificar em minhas palavras nos parágrafos anteriores, alguma conexão entre os preceitos da religião positivista e a bandeira brasileira? Observe!
Fico imaginando se um dos maiores brasileiros, em meu modesto entendimento, Cândido Mariano Rondon, fosse presidente da República, se ele conseguiria colocar em prática, quando estivesse no poder, o positivismo que professava em sua mente e em sua vida.
Consigo até ver seus opositores chamando-o de militar violento e obtuso, de genocida, que “debaixo de vara” submeteu os indígenas, aniquilando suas culturas e tomando suas terras.
Política e humanismo são coisas muito difíceis de combinar. Positivismo é filosofia e religião, e não combina com ideologia política. Egoísmo é nossa essência e altruísmo é nossa meta.
É assim que penso. É assim que sinto e é assim que tento agir.