Escrevo este texto na madrugada da terça-feira anterior ao sábado, de carnaval, dia em que ele não só estará publicado na página de opinião do Jornal O Estado do Maranhão, mas também estará postado em minhas janelas nas redes sociais.
Ressalto o sábado de carnaval, pois este texto não trata das folias de Momo. Eu o escrevo exatamente para aqueles que não se interessam muito por elas e preferem dois dedos de uma prosa leve sobre a nossa vidinha, sem confetes nem serpentinas.
Faz tempo que gostaria de falar sobre este assunto, e logo quando resolvo fazê-lo, descubro que meu amigo, confrade e professor de direito penal, José Carlos Sousa Silva, já o fez antes de mim. Posso não tratar de assunto inédito, mas o abordarei do meu jeito. O assunto é o BBB!…
Calma!… Não se trata do reality show da Rede Globo. O BBB de quem falo é o Benedito Bogéa Buzar, um dos amigos que herdei no vasto inventário de meu pai, que, diga-se de passagem, se nos deixou alguns bens materiais, nos fez ricos de preciosas amizades.
De ascendência libanesa como eu, Buzar nasceu na cidade de Itapecuru Mirim. Eleito deputado quando para isso não se precisava mais que uns mil amigos, e tendo na juventude ideias libertárias, foi acusado de comunista e cassado, junto com outros tão comunistas quanto ele: Sálvio Dino e Ricardo Bogéa.
Tive o prazer, enquanto deputado, de receber simbolicamente de volta na ALM, Buzar, Sálvio e Ricardo, recolocando a história nos trilhos de onde jamais deveria ter sido tirada.
No último dia 17 de fevereiro, Buzar completou 82 anos, muitos dos quais dedicados ao jornalismo, à política, ao registro histórico de personagens e acontecimentos marcantes de nossa terra. Nisso fazemos parelha. Ele é colaborador preferencial do Museu da Memória Audiovisual do Maranhão. É sempre a primeira pessoa a quem recorremos para tirar alguma dúvida sobre este ou aquele fato, ou para descobrir quem está em um filme ou em uma foto antiga. Fico triste e preocupado por saber que um dia, que espero ainda demore bastante a chegar, não teremos mais quem nos diga que naquele filme de Lindberg, ou que naquela fotografia de Azoubel ou Valdo Melo, quem aparece é Carlos Vasconcelos ou Matos Carvalho.
Nos últimos anos tenho convivido bastante com Buzar. Fazemos parte do Senadinho da Fribal, que se reúne aos domingos na Ponta D´Areia, comandados por Aparício Bandeira; do grupo de ex-deputados do MDB, dirigido por Remi Ribeiro e secretariado pelo mesmo Aparício, que se reúne uma vez por mês em lautos almoços; temos a honra de fazer parte de um grupo extremamente restrito de amigos, que sempre que pode se reune com o presidente Sarney; e principalmente, ele, Buzar, tem sido nos últimos anos, presidente da Academia Maranhense de Letras, onde realizou um maravilhoso trabalho, não apenas administrativo, mas principalmente diplomático, pois apascentar o ego e o temperamento de outras 39 criaturas, todas com muita cultura, informação, e das mais diversas formações e conformações, não é tarefa muito fácil!…
Nosso convívio na AML, graças ao seu jeito contemporizador, tem sido de grande valia para mim, pois tenho podido ajudar da maneira que mais gosto: descompromissado, sem cargo ou patente, sem responsabilidade e por isso mesmo com compromisso comigo mesmo, com uma patente de amor e devoção dada por mim, e com a responsabilidade que eu me exijo. O jeito simples de Buzar me propicia isso!
Ele tem para comigo muita consideração e sempre me dá relíquias históricas, como os documentos e fotos do Senador Clodomir Milet, grande amigo dele e de meu pai. Livros sobre cinema e política, assuntos pelos quais muito me interesso.
Estava pensando em escrever essas mal traçadas linhas já faz algum tempo e aproveitei exatamente essa oportunidade, quando Buzar deixará de ser presidente da AML, para fazê-lo.
Obrigado Buzar!
PS: Vou cometer aqui uma inconfidência. Há uma coisa que os amigos mais íntimos de Buzar reclamam muito dele e que poucos que me leem agora vão entender: Buzar não é bom de reza! Definitivamente ele não rezou direito!…