Estou ficando cansado!… Cansado de ver, de ouvir e de saber de tanta idiotice e barbaridade cometidas em nome do direito e da democracia, quando na verdade esses atos torpes são perpetrados simplesmente em nome de uma “política” que na verdade deveria ser chamada de politicalha, que serve tão somente para levar uma pessoa, e o grupo em que ela se apoia, ao poder.
O caso envolvendo os moradores do Cajueiro demonstrou isso de forma repugnante! Quem antes, na oposição, defendia panfletariamente os moradores e ocupantes daquela área, hoje, no governo, defende o direito de propriedade da empresa que ali irá construir um porto! Quem antes, no governo, defendia os interesses da empresa proprietária, hoje defende os ocupantes das terras! Todos uns canalhas!…
A palavra política, “politiké” em grego, abrange tudo
o que é relacionado a grupos específicos que integram a pólis, a Cidade-Estado,
que no apogeu da civilização grega clássica, era o que hoje se entende
comumente como nação, como país.
Um político, “politikós” na língua de meus amados tios Samuel e
Giovane, deveria ser algo maior que isso que temos hoje. Deveria ser na prática
o que prevê o sentido grego de sua concepção: “Cidadão hábil na administração
de negócios públicos”. E esta habilidade não deve ser entendida como a
artimanha capaz de simplesmente levar o tal cidadão ao poder, mas antes de
qualquer coisa, precisa ser a capacidade desse cidadão saber o que deve ser
feito para proporcionar segurança, crescimento, emancipação e progresso para as
pessoas e para o Estado, como fizeram grandes homens a exemplo de Clístenes,
Temístocles e Péricles.
O termo política é derivado do grego antigo, politeía, que
indicava todos os procedimentos relativos à pólis, que por extensão poderíamos
entender como comunidade, coletividade ou sociedade.
Politeía é, curiosamente, o título original do livro A República do grande
filósofo grego Platão, do qual só tivemos conhecimento graças à luz que seu
discípulo, Sócrates, aquele filósofo humilde que reconhecia que pouco ou nada
sabia, colocou sobre suas ideias. Já Aristóteles, o mais importante dos alunos
de Sócrates, acabaria por gravar em pele de carneiro e pedra, a frase que
estabeleceria o nosso entendimento comum e banal sobre políticos: “O homem é,
naturalmente, um animal político”.
Ao dizer isso, Aristóteles estabeleceu duas verdades soberanas em nossos dias: Todo homem QUER SER POLÍTICO e todo homem É ANIMAL, infelizmente em suas concepções menos sofisticadas.
Nos dias de hoje e no sentido comum, vago e às vezes um tanto impreciso, política, como substantivo ou adjetivo, compreende a arte de guiar ou influenciar o modo de governar e organizar um grupo ideológico ou partido político, pela influência da população, normalmente através de eleições.
Na conceituação erudita, lato sensu, política, segundo Hobbes, é a utilização dos meios adequados à obtenção de qualquer vantagem, ou “o conjunto de meios que permitem alcançar os efeitos desejados”. Já para Russell, política é “a arte de conquistar, manter e exercer o poder”, tese que se baseia na noção dada, mas jamais dita explicitamente, por Maquiavel, em O Príncipe.
Numa conceituação moderna, política é a ciência moral, normativa do governo e da sociedade.
Depois de queimar as pestanas estudando, tenho que me contentar com a realidade que esfrega em minha cara que a política, como forma de atividade ou de práxis humana, está estreitamente ligada ao poder. E que o poder político é, em primeira e em última análise, o poder de um homem sobre outro homem, ou pior que isso, de um homem à frente de um grupo ideológico, sobre todos os homens de uma nação, de um país, de um Estado.
Estou cansado! Principalmente por intuir que é muito difícil que se mude a realidade em que vivemos, pois aqueles que exercem a política hoje em dia, além de não saberem nada disso, não estão nem um pouco interessados em saber como transformar os enunciados do que é política e do que são os políticos, em algo bom para a sociedade, pois eles visam somente chegar e se manterem no poder. O poder para eles é o fim e não o meio para que façam como fizeram Clístenes, Temístocles e Péricles… O que de melhor puderam fazer para protegerem e servirem os seus pares.
PS: Se esses caras não sabem quem foram Clístenes, Temístocles e Péricles, sem recorrer ao Google, como vão saber votar ou estabelecer metas governamentais, sobre qualquer assunto, em defesa dos cidadãos!?
Texto bastante positivo e contributivo aos amantes da filosofia política. Apenas uma correção: O filósofo Sócrates não foi discípulo do também filósofo Platão(filósofos do período clássico), e sim o contrário.