Verdades incômodas


Já se falou muito, se tem falado e pelo visto muito ainda se falará sobre os acontecimentos de 31 de março e 1º de abril de 1964.

Naquele tempo vivíamos em uma guerra, a tal da Guerra Fria, onde os Estados Unidos e seus alinhados, defensores das liberdades democráticas e da livre iniciativa, enfrentavam, em uma guerra sem o confronto bélico tradicional, os soviéticos e seus estados fantoches, defensores das ideias comunistas de Marx adaptadas por Lenin e levadas às últimas consequências por Stalin.

Os campos de batalha desta guerra não eram os convencionais. Essa guerra era travada pela imprensa, através de notícias e propaganda, nas universidades, nas igrejas, nos sindicatos e também em países que servissem de tubos de ensaio para o jogo das superpotências. Foi o que aconteceu nas Coreias, nos Vietnãs e em diversos países da África, como Angola e Moçambique e da América Central, como Cuba e Nicarágua, entre outros.

No Brasil não foi diferente. Sofremos a influência dos humores daqueles tempos.

Erradamente todos nós pensamos que ditadores são sempre usurpadores conservadores e de direita. Ocorre que o fascismo, tão alardeado pelos atuais esquerdistas, tem sua raiz exatamente na esquerda, basta que se estude a história do maior expoente do fascismo, Benito Mussolini, ou a do nosso aclamado Getúlio Vargas, que subiu ao poder por uma revolução contra os direitistas conservadores de sua época! É importante que se diga que há exceções, como é o caso de Franco, na Espanha, onde aconteceu o contrário.  Uma guerra civil em que os direitistas conservadores venceram os esquerdistas mudancistas, e que serviu de campo de provas para tudo o que viria depois, a Segunda Guerra Mundial e a própria Guerra Fria.

Bem, voltemos ao Brasil. Jânio renuncia e precipita tudo. Naquele tempo os vice-presidentes eram eleitos separadamente do presidente e a eleição de um vice de orientação política e ideológica diferente era muito possível e extremamente viável, eleitoralmente falando. Eu diria que era inclusive saudável. O que não poderia acontecer era a tentativa de golpe contra o regime democrático que foi tentado, mais pelos companheiros de Jango que por ele mesmo.

Quando isso ficou claro, a maior parte da sociedade civil, da igreja, dos políticos, que defendiam o regime democrático, as liberdades civis e a livre iniciativa, passou a conclamar as forças armadas a reagirem contra o que seria a implantação de um regime comunista no Brasil, pois era essa a intenção de Leonel Brizola, Francisco Julião e outros.

A intervenção militar, chamada por aqueles que a fizeram, de revolução, é chamada de golpe de estado e de ditadura por aqueles que queriam dar um golpe de estado e instituir uma ditadura do proletariado no Brasil. (vejam o PS)

As polêmicas de hoje são em muitos aspectos, tolas. Ora, negar que houve durante 21 anos em nosso país uma ditadura militar é idiotice, pois os fatos comprovam isso de forma insofismável, mesmo que o grande mestre Ives Gandra Martins, use uma figura de linguagem ou jurídica para afirmar que o que se teve foi um estado de exceção, uma vez que os presidentes se alternavam no poder, não caracterizando assim uma ditadura uníssona e personalística. Outra atenuante defendida por ele é o fato de que havia oposição reconhecida pelo estado e os sindicatos funcionavam…

Os que dizem ter havido ditadura argumentam que o Congresso Nacional foi fechado, havia censura prévia, só existiam dois partidos políticos, existiu perseguição e tortura…

Tudo verdade. De um lado e de outro. Verdades incômodas para todos.

Moral da história! Nenhum dos lados aceita ou reconhece as suas culpas, e aponta as dos opositores como raiz de todo mal, de tudo o que ocorreu naquela quadra de nossa história. Coisa de gente tosca, obtusa, incapaz de entender ou pelo menos aceitar com o mínimo de tolerância a argumentação dos outros.

Em minha modesta opinião, o que houve foi um contra golpe de estado antecipado, onde depois se implantou uma ditadura militar, que não devolveu o controle do governo e do Estado à sociedade civil no tempo previsto, devido à escalada da guerrilha comunista que se estabeleceu no país.

Negar os fatos é um absurdo!

PS: Acessem os links e vejam as entrevistas de Fernando Gabeira e Eduardo Jorge sobre isso: www.youtube.com/watch?v=cP5PGY08vbs   

www.youtube.com/watch?v=H5h4xW558hk

2 comentários em “Verdades incômodas”

  1. Mãe Magina, acho que tosco e obtuso é vc,que não consegue entender a realidade dos fatos. Agora sai em defesa dos elitistas Edilásio e Sarney Neto para não deixar o governo faça um Porto no Espigaoa caz

    1. Vou responder e publicar a porcaria deste teu comentário seu cretino asqueroso, só para ser possível dizer quem tu és, escoria do mundo, sabujo, detrito apodrecido… Onde foi que vistes, ouvistes ou lestes eu me manifestar sobre esse assunto, seu pústula!?

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Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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