Marujos!

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Quando Flávio Dino emergiu da preamar política do Maranhão, sabendo que se tratava de um jovem magistrado, alguém intelectual e culturalmente bem preparado, imaginei que ele poderia ser o personagem que faria a grande mudança política de que nosso estado tanto necessitava. Alguém que pudesse fazer a correção de rumo que a vida reserva de tempos em tempos a homens predestinados a manobrar o leme da embarcação da história, fazendo com que ela algumas vezes até aderne, mas que jamais venha a zozobrar e possa assim rumar na direção de praias, portos e dias melhores. Ledo engano!

Todos que acreditaram nele, mesmo que em gradações diferentes, se decepcionaram. São raras as pessoas que tenham depositado em Flávio Dino um grama de esperança ou um vintém de confiança que não tenham se decepcionado com ele. Ouso dizer que nem mesmo seus prepostos e nem ele mesmo, está satisfeito consigo, pois quase quatro anos depois de assumir o governo do Maranhão, o balanço e a contabilidade de suas ações não permitem que se possa dizer que as coisas saíram como alguém poderia imaginar.

A história nos ensina que em intervalos temporais as coisas tendem a passar por mudanças, como ocorre com as ondas do mar. As águas se movimentam e neste afã abrem-se vagas e vagalhões, e eles, para o bem ou para mal, acabam causando mudanças. Essa é a lei natural do mar e das coisas.

Flávio Dino, que tinha tudo para se transformar na bujarrona, vela maior de nossa embarcação política, passará para história apenas como mais um nó na escada de corda que dá acesso ao mastro principal.

Zé Sarney foi, num determinado momento, um desses operadores de mudanças. Mesmo que ainda muito jovem, ele colocado na condição de capitão, no tombadilho da nau maranhense, foi capaz de operar importantes transformações no panorama geral de nosso Estado. Desconhecer isto é não levar em consideração a verdade, um dos graves defeitos de quem deseja fazer mudança baseado unicamente no discurso ideológico e midiático.

Mas vejamos objetivamente por que Flávio Dino é uma grande decepção! Alguém que se leve em tão alta conta não deveria imaginar que quando confrontado com seus discursos de campanha venha a ser desdito por si mesmo, por suas próprias palavras e ações!? Isso para mim é a pior das tragédias que pode acontecer a um homem ou a um político! A peste conhecida como incoerência que se apresenta de forma indissociável com outra praga conhecida como hipocrisia.

Imagine alguém que criticava os abusos cometidos por administrações anteriores e que no exercício do poder faz as mesmas coisas!

Imagine alguém que em campanha fazia com que todos acreditassem que quando ele chegasse ao poder, entidades ligadas às mulheres, deficientes, associações de classes, teriam participações asseguradas em conselhos reguladores de atividades ligadas à cultura, ao esporte ou mesmo à polícia! Imaginem que no poder esse governante eliminou a participação dessas pessoas naqueles conselhos!

Imagine alguém que se comprometeu em fazerum governo de todos e que o máximo que consegue fazer é um governo para todos os que o rodeiam ou lhe tecem loas.

O capitão Flávio Dino não foi capaz de entender que a mudança que o Maranhão e os maranhenses precisavam não era a mera extinção de um grupo de marujos, mas sim a criação de um grupo melhor que aquele que havia antes. Trocar seis por meia dúzia nunca, em tempo algum, em nenhum lugar, foi uma mudança importante ou digna de quem deseja entrar para a história. Esse tipo de ação é o pior dos engodos, e acarreta graves problemas como enfraquecimento precoce e derrota iminente.

Ao se dedicar à destruição da esquadra de Sarney, o capitão Flávio Dino só conseguiu adiar o fim de tal grupo, obrigando-o a recuar, manobrar e às vezes fundear, aguardando os inevitáveis desacertos e equívocos cometidos por quem tem piratas de toda espécie e procedência em seu convés.

Como os piratas que singravam os mares do novo mundo ficaram na história, o reinado deste marujo está fadado a ser contado, muito em breve, como mais uma lenda dos sete mares ou das reentrâncias maranhenses.

 

 

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Apenas um sonho!…

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Acordei sobressaltado com o sonho que tive! Sonhei que eu havia ganhado o Prêmio Nobel da Paz! Só que esse fato foi apenas um pequeno detalhe de meu sonho cinematográfico, digno de um roteiro baseado em um livro de Dan Brown, com direção de Christofer Nolan!

Querem que eu lhes conte, rapidamente o meu sonho!? Como não vou ter mesmo o seu feedback, vou acreditar que tenha dito que sim.

Eu era um voluntário em uma missão humanitária, numa dessas guerras absurdas e insanas com motivação de ódio religioso e racial. Funcionava como uma espécie de diplomata entre o grupo Médicos Sem Fronteiras e os dois lados do conflito, ocasião em que pude conhecer e conviver com algumas das lideranças dos grupos envolvidos naquela loucura.

Numa determinada ocasião estava em visita a um acampamento de um líder de uma das facções, uma daquelas mais radicais e irracionais, quando aconteceu um bombardeio que vitimou muitas pessoas, inclusive um dos filhos do tal líder, que foi atingido por estilhaços e se encontrava em estado gravíssimo. Ao ver o desespero do pai, procurei ajudar e me dispus a ir até o acampamento de seus adversários, onde se encontrava um médico especialista no tipo de atendimento que o rapaz precisava. Foi o que fiz. Ao voltar fiquei conversando com o pai do paciente, que naquele momento não era mais o comandante de guerreiros radicais e sanguinários, era simplesmente o pai de mais uma das vítimas da guerra.

Procurei confortá-lo e distraí-lo e como sempre gostei de falar sobre religião, comentei que nada daquilo estaria acontecendo se ficasse provado que Deus não existia, que ele é apenas uma mera ilusão da mente humana, criada para responder as diversas perguntas para as quais não se tem respostas. Falei isso com um enorme temor com a forma com que aquele homem, que para mim era completamente irracional, poderia reagir.

Ele olhou para mim, com um ar sério, os músculos de sua face flexionados, demonstrando que seus olhos faziam foco em mim. e disse: “Essa seria uma solução fácil demais meu amigo, Deus trilha por caminhos mais complexos.”

Para quem pensou que seria decapitado por blasfemar contra o motivo de sua fé, ter sido chamado de amigo já era muita coisa.

O sonho se interrompe naquele momento e reapareço em um imenso auditório, acompanhado de alguns cientistas e filósofos. Naquele lugar, na presença de milhares de pessoas eu defendia a tese de que Deus não existe e que se pudéssemos, através das mais mirabolantes equações, provar essa teoria, acabaríamos com o motivo da maioria dos conflitos que afligem a humanidade.

Os matemáticos demonstraram suas equações e os filósofos deram forma à teoria que acabava por provar que Deus não existe. Mais uma vez o sonho/filme sofre um corte e eu já apareço em Oslo, recebendo o Prêmio Nobel da Paz. Em uma das primeiras filas estava aquele líder, outrora radical e sanguinário, cujo filho, nem os nossos mais dedicados esforços, conseguiu salvar. Ele estava acompanhado de outro filho seu, um mais jovem que aquele, que não precisava mais se arriscar em guerras religiosas, uma vez que o maior motivo delas não mais existia.

A solenidade foi linda! Fiz um discurso eloquente no qual reafirmei e sacramentei a não existência de Deus e a consequente eliminação das guerras religiosas, início e fim de quase todos os conflitos humanos.

Ao descer as escadarias do majestoso prédio onde aconteceu a solenidade, sorridente e realizado, olhei para o céu e disse comigo mesmo: “Graças a Deus conseguimos acabar com um dos flagelos que atormentam a humanidade!”? Neste instante, o jovem que baleou Gandhi, o atirador que calou Martin Luther King e o radical que matou Yitzhack Rabin, juntos e simultaneamente, dispararam contra mim… Foi aí que eu acordei!

 

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A Ilíada Impossível

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Quem conhece a Ilíada certamente sabe o que é honra e respeito, pois Homero nos conta que um alquebrado rei Príamo se esgueira pela noite para resgatar o corpo de seu filho Heitor das mãos de seu algoz, Aquiles, em uma das mais belas passagens da literatura universal.

Olho em volta e só vejo homens miseráveis, que pouco se assemelham a Agamenon, Menelau, Páris ou Enéas, personagens menores daquela tragédia épica, sendo que penso ser uma grande injustiça querermos comparar aqueles bravos gregos e troianos aos homens de hoje.

Trago comigo, tatuados em cada um de meus braços, dois conjuntos de ideogramas chineses. No braço esquerdo, os desenhos simbolizam “sabedoria e inteligência”, enquanto no direito estão representados “honra e lealdade”. Fiz isso para jamais esquecer meu roteiro.

Depois de revisitar a Ilíada sinto-me conformado com o pouco sucesso que obtive em minha vida, pois ele veio exatamente pela força de um pouco de sabedoria aliada a alguma inteligência e pela ação sempre baseada na lealdade e na honra. Olho em volta, e mesmo ficando preocupado, sinto-me feliz e realizado.

Me pego tentando descobrir nos dias de hoje homens e mulheres que possam possuir os nobres sentimentos e as louváveis atitudes demonstradas por personagens que se só existiram na mente de um gênio como Homero.

Amor e paixão, respeito e consideração, coragem e desprendimento, lealdade e honra, sabedoria e inteligência, paciência e resignação… Há também nos personagens dessa história, que narra a guerra de Tróia, sentimentos e ações menos citáveis como, medo e traição, arrogância e prepotência, mitomania e crendices… Estes bem mais comuns em nossos dias.

Não consigo resistir em fazer comparações. Será que estamos mais ao nível de um generoso Príamo, ou nos colocamos mais na estatura de Agamenon, um rei obstinado, não em resgatar a mulher de seu irmão, mas em tomar o estreito de Dardanelos dos troianos, sem se importar de como o fizesse.

Quem seria hoje Páris e Helena!? Em toda essa nossa “fauna” não consigo identificar dois espécimes que possam ser minimamente comparados a eles.

Quanto a Menelau, consigo identificar diversos de seu tipo. Homens menores, por culpa de sua própria pequenez.

Certamente não há por aqui quem possa encarnar Ulisses ou Aquiles, heróis na mais profunda acepção da palavra, mesmo que nesta narrativa, Ulisses demonstre mais ceder aos caprichos de Agamenon que deveria, não sendo tão grandioso como em sua Odisseia. Já Aquiles é reto e rijo como uma lança grega. Impossível de comparar-se a outrem, mesmo que carregasse consigo suas idiossincrasias, como todos nós carregamos as nossas.

Quanto a Heitor, desde a primeira vez em que tive acesso a essa história, sempre quis me espelhar nele e em suas atitudes. Sinto muito por não ter sido capaz.

Nobre, corajoso, resoluto, generoso… Homero erigiu nesse personagem todos os anseios que uma pessoa que se pretende boa, possa almejar. Seu triste destino só o engrandece ainda mais. É uma pena que os homens que vieram depois dele, inclusive os de hoje, prefiram a hipocrisia e a perfídia.

Por causa da história de Heitor não tenho medo da morte! Temo sim é ter uma vida vazia e oprimida, onde não possa ser quem eu desejo e agir como eu acredite ser melhor.

Tróia foi destruída, mas os gregos também não venceram aquela guerra. O que ficou daquilo tudo foram apenas as lições deixadas por Homero através de personagens de 3.000 anos de idade, com ações e sentimentos tão atuais quanto o sinal digital que propicia você estar lendo agora este meu texto em um de seus dispositivos eletrônicos.

PS: Neste Dia das Mães, meu presente para minha mãe, é ser o mais honrado e leal, sábio e inteligente, simples e generoso que eu puder, para que ela sinta orgulho do trabalho que ela realizou ao esculpir neste mármore, uma figura do bem.

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Lei Estadual de Incentivo à Cultura é para todos

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Uso o mesmo título dado pelo secretário de cultura e turismo do estado, senhor Diego Galdino, para decupar pra você o texto que ele fez em resposta ao artigo que eu publiquei sobre a temerária gestão e arbitrária utilização que esse governo faz da Lei de incentivo à cultura do estado do Maranhão.

Numa tentativa de cobrir o sol com uma peneira e pra ganhar toques de teclado capaz de completar o tamanho necessário para configurar um texto de jornal, ele qualifica a lei, como se isso fosse coisa necessária:  “Instituída por meio da Lei 9.437, de 15 de agosto de 2011, a Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Maranhão é um instrumento de fomento… / … a partir do faturamento da empresa patrocinadora”.

A seguir ele agrega mais miolo de pote na conversa, dando continuidade à qualificação da lei: “Desde a sua regulamentação, anualmente, 0,4% do ICMS arrecadado pelo Governo do Maranhão… / … que deveria beneficiar a todos e servia como instrumento de privilégios para alguns”.

Depois disso ele gasta um parágrafo simplesmente para comprovar uma de suas arbitrariedades, que reproduzo aqui, na íntegra: “Em dois anos, por exemplo, um ex-político, utilizando nome de proponentes diferentes, foi beneficiado com um montante de R$ 5 milhões para a realização de projetos culturais. A partir dessa constatação, tomamos medidas que garantissem que a Lei Estadual de Incentivo à Cultura estivesse ao alcance, realmente, de todos“…

Veja bem! O próprio secretário reconhece que VENDO QUE A LEI ERA UTILIZADA POR PESSOAS QUE, NÃO ERAM DE SEU INTERESSE QUE A USSASSEM, TOMA PROVIDÊNCIAS PARA QUE TAIS PESSOAS NÃO MAIS POSSAM TER ACESSO A LEI que foi feita exclusivamente para abrigar propostas oriundas da sociedade, dos produtores culturais, das pessoas que fazem a cultura do Maranhão, e não do governo do Estado.

Em seu texto, o secretario de cultura continua tentando arrumar desculpas para a má gestão que sua pasta oferece na administração da referida lei, entre outras coisas.

Há, no entanto, uma coisa que ele fez que merece louvor! Eu disse certa feita e repito mantendo minha coerência, que o que é bom deve ser aplaudido, mas o que é ruim deve ser criticado, até para que o ruim seja remediado e possa passar a ser bom. Houve aumento de 0,1% na alíquota referente à lei, saindo de 0,4% para 0,5%, como era originalmente no projeto apresentado por mim e aprovado por unanimidade pela Assembleia Legislativa do Maranhão. Louvo isso!

Para finalizar, o secretário na tentativa de enganar o leitor, enumera alguns projetos realizados graças à citada lei, mas nenhum deles é um daqueles apresentados por seus proponentes LARANJAS, para suportar as iniciativas que o governo do estado tem obrigação de sustentar com seu próprio orçamento. Eventos e ações estas do calendário governamental como Carnaval, São João e Réveillon, que o governo usa para subvencionar apaniguados como a deputada comunista Leci Brandão.

Em nenhum momento o secretário explicou o porquê da desvirtuação da representatividade da CAPCI através da portaria 303 de 2015 que substitui os representantes da sociedade civil, transformando a referida comissão numa confraria da SECTUR.

Em nenhum momento explica o motivo de estabelecer ações através de postagens no site da SECTUR, sem que essas postagens tenham algum valor legal.

Em nenhum momento explica porque a CAPCI se recusa a autorizar a abertura de contas para que os projetos possam ser realizados.

Não explica porque a CAPCI não assina os convênios com os proponentes e também o motivo pelo qual a SECTUR não dá o devido encaminhamento dos processos de fruição, direcionando para SEFAZ a documentação devida para isso.

Em suma, a tentativa do secretário Diego Galdino de responder os pontos aventados por mim, causou profunda decepção no meio cultural maranhense, que, se não se manifesta em protesto contra os desmandos da SECTUR, é porque tem receio de retaliações por parte desse governo que todos sabem ser extremamente perseguidor.

O que esperar!?… Como não são capazes de ouvir críticas, o que virá de lá são mais desculpas esfarrapadas e acusações contra quem ouse se levantar contra seus desmandos e arbitrariedades.

 

 

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