Desmistificar é preciso – Parte 1.

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Para que se possa bem analisar o quadro político maranhense, é indispensável que primeiramente joguemos por terra alguns mitos que induzem à graves erros de avaliação.

O primeiro desses mitos é aquele que vem sendo difundido por todos os que se apresentaram como adversários de Sarney desde que ele subiu ao poder. Dizem que Sarney e seu grupo representa tudo que não presta, que eles são a escória da política maranhense. E não apenas isso, dizem que todos aqueles que se opõem ao grupo Sarney, são o que há de melhor em termos políticos e administrativos no Maranhão. Deste modo criaram um mito duplo, que demoniza uns e santifica outros.

Para desmontar esta farsa, estabelecida para satanizar uns e endeusar outros, basta observar que todas as vezes que os adversários de Sarney assumiram o comando do Maranhão, demonstraram ser muito piores que os sarneyzistas.

Quando os adversários do grupo Sarney conseguem ser muito bons, no máximo e com muito boa vontade só são capazes de se igualarem a eles, mas não por méritos seus, e sim por demérito dos sarneyzistas, que também não são assim tão bons como imaginam!

Para comprovar o que eu digo, basta fazer um retrospecto nos mais de trinta e seis anos de administração de políticos anti-Sarney em São Luís! A cidade é uma bagunça! Não há planejamento de qualquer tipo! Não há saneamento, a educação um desastre, a saúde é um caos, o transito é desastroso!… Não há nada que tenha sido feito em São Luís que credencie os políticos que a dominam, já lá se vão nove eleições consecutivas, como sendo melhores que os sarneyzistas.

O argumento usado pelos adversários de Sarney como desculpa para sua incompetência administrativa e incapacidade política no comando de nossa capital sempre foi a falta de apoio do governo do estado, o que é um outro mito, pois durante os quatro anos de Zé Reinaldo, os dois anos de Jackson e os três (quatro) anos de Flávio Dino, houve uma efetiva parceria do governo municipal com o governo estadual e nem assim mostraram a que vieram!?

Sobre os políticos de antigamente serem ultrapassados, ruins e nocivos, devo concordar que alguns deles realmente eram assim, mas há muitas e honradas exceções. No entanto soube de uma espécie de mote bem antigo que o governador Flávio Dino tem usado para tentar convencer alguns políticos, principalmente prefeitos, a alinharem-se a ele e ao seu governo.

Ele tem algumas vezes usado a mesma abordagem utilizada por vários políticos antigos, alguns considerados velhos coronéis do interior, outros tidos como raposas felpudas da política, e até mesmo por meu pai, que se tinha pouca instrução formal, era um homem de grande inteligência e profunda sabedoria.

Como meu pai, político tido por Flávio Dino como direitista pelego, patrimonialista e ultrapassado, o governador usa a velha abordagem do relacionamento interpessoal. Aquela em que seu operador diz ao interlocutor que acabou de conhecê-lo, que depois vai pedir em namoro, depois vai noivar, para só então vir a se casar com o coitado objeto de sua abordagem.

O que ocorre é que diferentemente de meu pai, que jamais abandonou seus amigos, Flávio Dino não titubeará em abandonar os seus, se este for o destino traçado para eles em seu roteiro de poder.

Sarney não é pior que nenhum outro político do Maranhão.

Flávio Dino pode até ser melhor que alguns políticos maranhenses, em alguns aspectos, jamais em todos. Em comparação a Sarney, Flávio é pior na grande maioria dos quesitos, como coerência, sabedoria, paciência e sangue frio; empata em vaidade e obstinação; e supera Sarney em juventude, arrogância e prepotência!

No final das contas, nem Sarney é o demônio pintado de vermelho, nem Flávio Dino é o messias salvador do Maranhão.

Serem parecidos deveria honrar Dino, Sarney nem tanto!…

 

PS: Este é o primeiro de uma série de três artigos sobre mitos da política maranhense que precisam ser derrubado. Nas próximas duas semanas publicaremos os outros.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Um verdadeiro épico!

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Devido à dislexia e a consequente dificuldade de leitura e aprendizado resultante dela, sempre me fascinaram as matérias discursivas, pois bastava que prestasse atenção nas aulas e fizesse perguntas pertinentes que eu dominaria tais assuntos, mais até que meus colegas, que se matavam de estudar, coisa que eu nunca fiz. Foi assim que me tornei bom aluno em história, geografia, literatura e outras matérias onde a porta para o aprendizado fosse o ouvido e o motor a imaginação.

Se minha paixão pela história surgiu no colégio, foi no cinema que ela se transformou em devoção, uma vez que apresentado aos filmes deste gênero, descobri nessa linguagem a possibilidade de viajar no tempo, visitar e observar personagens e fatos que marcaram a humanidade.

Filmes históricos podem ser chamados também de épicos, se bem que a definição de épico é um pouco mais pontual do que o adjetivo histórico em si, bem mais amplo e abrangente. Épico é aquilo que versa sobre a vida de um herói ou sobre um determinado povo ou um fato específico. Filmes épicos tem como características principais, entre outras coisas, ser uma megaprodução, com orçamento milionário, locações magníficas, cenários perfeitos, música grandiloquente e elenco extraordinário.

Tive a sorte de ter nascido numa época em que foram produzidos os melhores filmes épicos da história do cinema, desde “Júlio Cesar” até “Lawrence da Arábia”, passando por obras magníficas como “Os dez mandamentos”, “Ben-Hur”, “Spartacus”, “El Cid”, “Barrabás”, “Cleópatra”, “Guerra e Paz”, “Agonia e êxtase”, “Doutror Jivago”, apenas para citar alguns.

O Brasil não tem tradição neste tipo de filme, até por ele demandar um enorme orçamento! Filmes épicos brasileiros, que eu me lembro e que marcaram a minha vida de cinéfilo são, “O cangaceiro”, “Ganga Zumba”, “Quilombo”, “Chica da Silva”, Bye bye, Brasil” e “Carlota Joaquina”. Por licença poética poderia relacionar entre os nossos filmes épicos, obras do quilate de “Deus e o Diabo na terra do sol”, “Os fuzis”, “Vidas secas”, “Macunaíma”, “O pagador de promessas” e “O tempo e o vento”.

O cinema nacional nos deve pelo menos dois filmes sobre personagens realmente épicos de nossa história: Santos Dumont e Cândido Rondon, sem contar com um que eu pretendo realizar em parceria com o cineasta Erik de Castro, que mostrará o heroísmo dos pilotos brasileiros na II Guerra Mundial, cujo maior expoente foi o maranhense Ruy Moreira Lima.

Mas todo esse preâmbulo é para lhes falar de um dos melhores filmes brasileiros da atualidade, um que em minha opinião entrou para a categoria dos épicos. Trata-se de “Entre irmãs”, de Breno Silveira, que depois de se consagrar como diretor de fotografia e ter realizado “Dois filhos de Francisco” e “Gonzaga”, estabelece-se agora como um dos principais candidatos a sucessor de Cacá Diegues, nosso maior traçador de personagens históricos.

“Entre irmãs” é desses filmes que nos atinge em cheio. Ele tem uma história envolvente que nos é contada com competência, tanto por quem a escreveu como por quem a dirigiu. Se passa em um cenário maravilhosamente lindo, com locações comparáveis aos lugares mais belos do mundo. Tem uma direção de arte, um figurino e uma maquiagem digna das melhores produções de Hollywood e se não fosse por tudo isso, conta com um elenco que daria conta do recado sozinho, sem nada, em um cenário teatral totalmente clean.

Marjorie Estiano e Nanda Costa dão vida às irmãs Emília e Luzia, através das quais a escritora Frances de Pontes Peebles e a roteirista Patrícia Andrade nos mostram a vida no sertão nordestino, durante a era Vargas, a condição do povo do interior e dos cidadãos da capital pernambucana. Coadjuvadas por Rômulo Estrela e Júlio Machado, que completam seus pares, fazendo com que o elenco principal se torne, quem sabe, o melhor dos últimos anos no Brasil.

O filme conta ainda com as participações de excelentes atores, como Leticia Colin, Cyria Coentro, Angelo Antonio, Fábio Lago e do magistral Cláudio Jaborandy, em performance impecável.

A música de Gabriel Ferreira nos embala durante cada segundo das 2h40 que passamos nessa viagem por um Brasil, que por incrível que pareça, ainda é pouco visitado. Um Brasil feito por bravos homens e mulheres fortes, por gente de coragem e pessoas preconceituosas, por um povo deserdado de pão mas rico em fé, por gente rica e pobre, sonhadora e hipócrita, coisas que juntas constituem o cenário e o enredo deste verdadeiro épico do cinema brasileiro.

Particularmente para mim foi muito prazeroso ter visto em cena o ator maranhense Romulo Estrela, maduro, completo, íntegro, interpretando um personagem difícil, onde qualquer deslize o faria ser caricato ou excessivo. O Degas de Romulo é seu passaporte para figurar definitivamente entre os grandes atores de sua geração.

Sebastião e Helena conseguiram!

 

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Ontem elogiei, hoje repudio!

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No dia 1º de julho publiquei um texto intitulado “O que é bom tem que ser aplaudido” onde comentava uma excelente iniciativa do governador Flávio Dino, que orientara seus secretários Carlos Lula e Pedro Lucas a providenciarem o aluguel do prédio da Santa Casa de Misericórdia, para que ali fosse implantado um grande hospital de emergência que atendesse nossa capital, desafogando assim as unidades municipais que se encontram totalmente incapacitadas de atender de maneira minimamente satisfatória os nossos cidadãos.

O fato é que a intenção do governador Flávio Dino de realizar tal obra, seria no meu ponto de vista, uma das mais importantes ações de saúde que um governo poderia realizar no Maranhão. Essa opinião não é apenas minha, haja vista os mais de 600 comentários favoráveis sobre esse assunto nas redes sociais, e outras centenas de compartilhamentos da matéria.

Ocorre que agora soube que o governador voltou atrás em seu intento e decidiu não mais realizar a obra para a qual destacou dois de seus melhores auxiliares. Vejam! O interesse era tão grande que até os projetos arquitetônicos já estavam sendo providenciados!

Ao tomar conhecimento da nova decisão de Flávio Dino, procurei saber os motivos que o levaram a mudar tão radicalmente de ideia, uma vez que no meio das negociações com a Santa Casa, como sua direção não se decidia pelo aluguel do imóvel pelo prazo de 20 anos, ele chegou a ameaçar desapropriá-lo, alegando necessidade imperativa de Estado. Investigando, descobri que o motivo que fez o governador desistir dessa importante ação foi o mesmo que levou outro governante a não realizá-la em 2004: palpite infeliz de assessores despreparados e sem nenhuma visão, seja ela administrativa, política, econômica ou social.

Em 2004, outro governante teve essa mesma boa ideia e na época foi desaconselhado a colocá-la em prática, pois não traria ganhos do ponto de vista midiático para seu governo, diziam que a população teria dificuldade de entender que aquela seria uma ação do Estado e não da própria Santa Casa.

Não me arrependo de ter elogiado o governador Flávio Dino no artigo que publiquei anteriormente, até porque nele deixei claro que o meu espírito independente me faz elogiar quem eu acredite que mereça, mas esse mesmo espírito me obriga a criticar com veemência e contundência a quem eu acredite esteja sendo covarde, que não esteja agindo em defesa dos melhores interesses do nosso povo, alguém que diga uma coisa e faça outra, alguém que imagine que esteja acima de qualquer tipo de crítica.

Só haverá uma de duas opções para o governador Flávio Dino se justificar pelo fato de não implantar no prédio da Santa Casa um hospital de emergência, como ele mesmo incumbiu seus secretários de fazer: Ou ele assume que é um governante incompetente, que estabelece metas para seus auxiliares cumprirem sem a devida análise e os estudos necessários, ou ele reconhece que é mal aconselhado, se não pelos mesmos maus conselheiros de outra gestão, por outros tão ruins quanto aqueles.

Se ele disser que o Estado não tem os recursos para realizar essa ação, estará da mesma forma se dizendo incompetente por não ser capaz de detectar tal demanda antes. O mesmo ocorrerá se ele disser que melhor seria construir um hospital novo, em outro lugar. Serão apenas desculpas, nada mais!

O fato é que ele jamais reconhecerá que o motivo pelo qual resolveu não usar o prédio da Santa Casa para implantar ali um hospital de emergência com 300 leitos, é porque essa ação não traria nenhum ganho político midiático para si ou para o seu governo. Atitude nojenta!

Mais uma vez Flávio Dino comprova aquilo que venho dizendo desde que ele assumiu o comando do Maranhão: Mudaram os marujos, mudou o timoneiro, pode até ter mudado a pintura do casco do barco, mas o novo capitão age do mesmo modo dos anteriores! A propaganda continua enganosa como antes, os favorecimentos dos amigos continuam existindo… É bem verdade que estão acontecendo alguns pequenos avanços pontuais, mas nada que se possa considerar uma revolução.

Se antes elogiei o governador Flávio Dino por uma ação que ele iria fazer, hoje eu o repudio pela mesma ação que ele não fará, por falta de competência ou de coragem, não importa.

 

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