Neste momento, em nosso país existe uma imensa discussão sobre um tema que pra mim seria completamente dispensável, se sua motivação não fosse absurda. Trata-se de um projeto chamado “Escola sem Partido”.
Tal projeto, pelo que me parece, só foi apresentado, porque notaram que as escolas de nosso país estavam sendo “utilizadas” para doutrinação político-partidária, coisa que é expressamente proibida por nossa Constituição, que garante aos estudantes e às suas famílias que eles não recebam, especificamente, nenhuma orientação de tendência partidária, qualquer que seja ela.
Eu penso que nas escolas bancadas pelo dinheiro dos contribuintes, administrados pelos municípios, estados ou união, não pode haver doutrinação religiosa, da mesma forma que não pode haver também doutrinação ideológica ou partidária!
Cada pessoa pode ter a sua religião, se quiser, da mesma maneira que cada um pode ter o seu partido, se assim desejar. Essas são escolhas pessoais, como de seu time de futebol ou sua escola de samba!
Nas escolas, ao invés de “ter partido”, deveria haver era difusão de noções de cidadania, civismo, valores humanistas, morais e éticos. Tenho certeza que se nas nossas escolas fossem apresentadas aos alunos essas coisas, estaríamos construindo um país cheio de cidadãos mais conscientes, e num futuro não muito distante, teríamos um país bem melhor.
Querer utilizar as escolas para doutrinação político-partidário-ideológica é um crime contra a república e a democracia! Se a esquerda insistir em partidarizar as escolas, vai acabar obrigando a direita a tentar uma solução catastrófica, que seria entregar nossas crianças à catequese religiosa, como antídoto à partidarização daquele lugar que deveria antes de tudo ser um lugar onde se aprendessem as coisas que nos levassem a fazer nossas próprias escolhas, sem lavagem cerebral de qualquer natureza.
Escola, antes de tudo é sinônimo de ensinamento e de aprendizado! Escola é sinônimo de liberdade, não de anarquia! Escola é o lugar onde nós primeiro entramos em contato com a sociedade, com a comuna, com a cidade, logo, nela tem que haver ensinamentos sociais, não socialistas, ensinamentos comunitários, não comunistas, ensinamentos de cidadania de um modo geral, não ideológicos e partidários!
Ideologia partidária, assim como a religiosidade, são coisas que o indivíduo só pode desenvolver de maneira adequada depois que ele tem capacidade de entendimento suficiente para absorver conhecimentos e informações a respeito delas.
O que se sabe desde sempre, é que filhos de pais de uma determinada religião são criados na fé de seus pais, algo que é antropológica e sociologicamente compreensível. Não é a escola que deve fazer esse papel. A escola deve dar a essa criança, a esse jovem, a capacidade de entender o que representa cada religião. Eu acredito que é dessa mesma forma que a escola deva se posicionar em relação ao partidarismo político.
A resposta para a pergunta contida no título deste artigo, em minha opinião, só pode ser uma. Nas escolas de todo o Brasil deve haver professores verdadeiramente capacitados e justamente remunerados para orientarem nossas crianças e nossos jovens, no sentido de adquirirem conhecimento nas diversas áreas do ensino, bem como apresentarem a eles informações confiáveis, para que possam se transformar em cidadãos honrados, respeitadores das pessoas e das leis, que saibam conviver em sociedade, que busquem a justiça e saibam distinguir claramente entre o que é o certo e o errado, segundo as nossas regras sociais e legais.
Nossos professores não deverão, nem poderão jamais substituir as famílias e os grupos sociais de cada indivíduo e devem orientar a todos eles a respeitarem as diferenças existentes não só entre eles, mas em relação a todos os indivíduas e coletividades.
Qualquer tentativa de doutrinação ou catequese de nossas crianças e nossos jovens deve ser rechaçada, se não por outro motivo, porque fere de morte nossos princípios constitucionais!