Na semana passada experimentei uma sensação deveras angustiante. É que ocorreu o falecimento de três homens ligados à minha família, um por laço sanguíneo e os outros dois por fortes laços fraternais.
Trata-se de Reynaldo Aragão Pinto, meu tio, irmão de minha mãe; Alvimar de Oliveira Braúna, amigo dos mais amados por toda nossa família; e Lauro Berredo Martins, amigo de meus pais que nós aprendemos a admirar por sua impecável personalidade.
Dos três, aquele com quem eu tive menos proximidade foi com o desembargador Lauro, mas o fato de não convivermos proximamente não invalidou a admiração que aprendi a ter por esse cavalheiro, no modo de portar-se, e por esse cidadão de postura republicana exemplar, que tendo sido grande amigo de um dos maiores amigos que meu pai teve, Newton Bello Filho, mereceu a transferência dessa amizade para toda nossa família.
Ainda sobre Lauro Berredo prevalece o conceito que minhas queridas amigas Ceres Murad e Elizabeth Rodrigues tinham de seu tio Lauro, incentivador de seus sonhos e de seus voos culturais pelo mundo encantado do conhecimento.
Outro falecimento que abalou nossa família na semana que passou foi o de meu tio Reynaldo. Um tio que se não era efetivamente presente em nossas vidas, pois a vida às vezes nos leva por caminhos distantes, era um tio com quem invariavelmente nos encontrávamos nas recorrentes festas de família, aniversários, casamentos, batizados… O ruim é que depois de passado algum tempo as famílias começam a se encontrar mais recorrentemente em velórios.
Tio Reynaldo era aquele tio que fascinava por seus olhos incrivelmente azuis, herdados de seus avós de ascendência portuguesa e por sua constante alegria. Rey, como meu avô Pinto chamava o filho que trabalhava com ele, primeiro na Ideal, depois no Pap’s Lanches, situado no andar térreo do Grêmio 1º de Janeiro, ali na Praça João Lisboa, era empresário do setor de alimentação e entretenimento, tendo sido proprietário da famosa boate Tijupá, do restaurante Panela de Barro e diretor do clube social do Banco da Amazônia.
Quase todas as recordações que tenho de tio Rey me vêm sempre acompanhadas da presença espirituosa e irônica de vovô Pinto, o que pra mim é uma maravilhosa reminiscência.
Por fim perdemos Braúna. Tio Braúna, como desde criança fomos ensinados a chamar Alvimar. Um grande e querido amigo… Um verdadeiro irmão para meu pai, cunhado para minha mãe…
Alvimar Braúna sempre foi reconhecidamente um homem bom, um benemérito dos menos favorecidos, um pai para os pobres que o procuravam em busca de alguma ajuda.
A presença de centenas de pessoas humildes no velório de Braúna me fez ter a certeza da grande quantidade de órfãos que ele deixou, alguns deles bem mais velhos que ele próprio.
Depois da morte de nosso pai, eu e meu irmão Nagib, sempre que tínhamos que tomar uma decisão importante, nos aconselhávamos com tio Braúna. Agora nos encontramos mais sós. Perdemos um homem que na ausência de nosso pai era um parâmetro em nossas vidas.
Estamos mais pobres, mais tristes, mais sozinhos… Em uma única semana foram-se três importantes referenciais…
Que todos nós, que de alguma forma dependíamos destes bons homens, possamos, não os esquecendo jamais, trilhar os caminhos de seus ensinamentos e exemplos.
PS: Enquanto redigia esse texto, na quinta-feira, 5, fui informado que nosso bom amigo Fernando Lameiras falecerá no dia anterior, vitima de complicações derivadas do diabetes.
O mundo tá ficando pequeno!