Um dos maiores problemas da política maranhense, bem como da política brasileira, e de um modo geral, da política mundial, é a inexistência de uma imprensa realmente livre e imparcial, liberta de partidarismos ou interesses comerciais.
O leitor não consegue ter confiança em uma matéria que não esteja desprovida de algum aspecto partidário, pois o que se vê na prática é que se alguém critica negativamente um governo ou um governante, ou sua administração, este é do contra. Mas se outro alguém critica esse mesmo indivíduo ou instituição positivamente, ele é favorável ao analisado.
É raríssimo no Maranhão, no Brasil, ou mesmo no mundo, analistas que ponderem o que está acontecendo sem o peso do partidarismo ou sem o ranço da influência ideológica.
Recentemente voltou à baila o antigo caso de Pedrinhas. As péssimas condições de encarceramento que afligem nosso complexo prisional não são piores nem melhores do que as dos demais estados brasileiros. Não se pode negar que uma forte onda de violência aconteceu algum tempo atrás, motivada por uma guerra intestina, dentro das diversas facções que dominavam o presídio e também o crime nas ruas de nossa capital e do nosso estado.
Este problema foi abordado anteriormente de forma partidária e não apenas jornalística. Os jornalistas adversários da então governadora Roseana Sarney usaram toda espécie de argumentos para narrar e expor o caos do complexo prisional e do sistema carcerário de então, enquanto os jornalistas ligados à então governante do Maranhão tratavam de minorar o problema, esquecendo ou não abordando aspectos realmente equivocados daquela gestão.
O que ocorre agora é uma inversão de polos. Quem antes atacava, agora defende e vice-versa, fazendo com que o cidadão fique à mercê desse jornalismo partidário, onde o jornalista de antes como o de agora está a serviço de uma causa política partidária, grupal, oligárquica, independentemente de quem sejam os grupos implicados.
Alguém pode imaginar, em sã consciência, que os graves problemas estruturais do sistema prisional e carcerário do Maranhão tenham sido resolvidos pelo simples fato de ter havido uma mudança no comando dos destinos do Estado? Ou aqueles problemas não eram tão grandes como se dizia ou eles, grandes e complexos como realmente são, ainda não foram sanados.
Concordo que as mudanças que foram feitas podem ter sido saneadoras em alguns aspectos, mas é difícil crer que o que era um inferno um ano atrás, agora seja um paraíso.Mas o problema maior, em minha modesta opinião, não é esse, pois esse terá que ser resolvido de uma forma ou de outra. O maior problema, para o qual não vejo uma solução plausível, a longo prazo, é o fato de nosso jornalismo ser partidário.
Vejamos o caso nacional. Há hoje no Brasil três correntes jornalísticas. Uma maior, que ataca o governo petista, outra menor que o defende por motivações inversas, enquanto uma pequena fatia tenta fazer um jornalismo que pesa e pondera as coisas e os fatos de modo imparcial.
Ocorre que essa pequena fatia de jornalistas coerentes, que fica imprensada no meio fogo cruzado entre os que amam e os que odeiam Lula, Dilma e os petistas, quando eles ponderam uma coisa que favorece o PT são considerados partidários do PT, quando o fazem atacando ações que desfavoreçam o atual governo e seus representantes são considerados tucanos, coxinhas ou fascistas.
A política em nosso país, e infelizmente, em nosso estado, deixou de ser uma construção de proposituras e ações positivas, para se transformar numa busca desesperada pelos erros do adversário, como se um só pudesse se sobressair se o outro sucumbir na lama do erro e da corrupção.
Torço para ver nas televisões, ler nos jornais, blogs ou nas redes sociais, matérias que sejam realmente imparciais, que possam representar opiniões fundamentadas em fatos concretos e não na defesa dos interesses deste ou daquele grupo político.
PS: Depois de terminar esse texto e relê-lo para revisá-lo, tive um acesso de riso. Acho que estava maluco quando o escrevi, pois isso sempre existiu, só está pior e infelizmente parece que não vai acabar.