Estive na Assembleia Legislativa, na última terça-feira, 2 de junho. Fui ver como estava a tramitação de uma mensagem do governador de interesse da Academia Maranhense de Letras e aproveitei para conversar com alguns bons e velhos amigos.
Fiquei em plenário desde a abertura dos trabalhos até o início do grande expediente, onde um parlamentar pode se inscrever a cada 15 dias para tratar de um determinado assunto e usar da palavra, na tribuna, pelo prazo de 30 minutos, concedendo o direito aos seus colegas de aparteá-lo.
Durante o tempo em que permaneci em plenário, pude presenciar fatos que me fizeram ter vontade de voltar a ser deputado novamente, mas não na próxima legislatura, pois nem candidato serei. Quis ser deputado naquela hora, por ver coisas que com pequeninos consertos mecânicos fariam daquela manhã de trabalhos legislativos um verdadeiro concerto sinfônico.
Naquela manhã tive o prazer de cumprimentar outros dois ex-deputados que também estavam por lá. Luís Pedro, diretor adjunto de comunicação do Legislativo estadual e Zé Raimundo, cobrindo os trabalhos para seu programa de TV.
Ao me ver em plenário, como manda o protocolo e a boa educação, o presidente Humberto Coutinho, para registro nos anais da casa, destacou a minha presença.
Cumprimentei todos os parlamentares e conversei com alguns velhos amigos, para depois sentar-me ao lado do único parlamentar remanescente de meu primeiro mandato naquela magnífica legislatura de 1983 a 1987: Edivaldo Holanda Braga.
Aqueles quatro anos foram decisivos em minha formação como homem e como parlamentar.
Ainda frequentava a faculdade de Direito, vinha de uma rápida experiência como chefe de gabinete do governador Castelo, e aquele convívio com Bento Neves, Gervásio Santos, Celso Coutinho, Raimundo Leal e tantos outros, fez de mim parte do que sou hoje.
Não estarei errado em dizer que aquela foi uma de nossas melhores legislaturas, se não foi a melhor de todo o século XX.
O que eu vi na terça, 2, foi algo diferente do que aconteceu 32 anos atrás. Vi alguns bons jovens deputados, (não tão jovens como eu era naquela época, pois tinha 23 anos), mas não vi os mestres que poderiam fazer com que aqueles jovens saíssem desses quatro anos com um mestrado em política.
Se em 1983 tínhamos além de mim, outros jovens políticos iniciantes, como Chico Coelho, Luís Pedro, Alberico Filho, Haroldo Saboia, Ricardo Murad, Cesar Bandeira, que poderiam vir a ser políticos pelo menos razoáveis no futuro, tínhamos também grandes mestres para orientá-los. Mestres hoje não existem, em que pese tenhamos alguns bons parlamentares mais antigos, mas mestre é outra coisa.
Em matéria de política o mestre é escolhido pelo discípulo. É o neófito que escolhe qual dentre os mais evoluídos deve guiar seu passos. No meu caso escolhi dois mestres opositores, pois eu queria dominar proporcionalmente a arte do argumento e do contra-argumento, pois buscava aprender e controlar a arte do equilíbrio, da ponderação e da compreensão do momento político. Escolhi Bento Neves e Gervásio Santos para serem meus mestres. Penso que fiz uma ótima escolha.
Mas deixemos o passado um pouquinho de lado e vejamos o presente. Quando estive na ALM pude ver a boa performance de quatro jovens deputados. Três em seu segundo mandato e um no primeiro, mas tendo vivido toda sua vida envolto em política.
De um lado estavam Adriano Sarney e Edilázio Júnior e do outro Rogerio Cafeteira e Eduardo Braide. De pronto o que se vê é que pelo menos três deles são oriundos de famílias de políticos tradicionais e o quarto também o é, indiretamente.
Eu e “Dedé” (é como chamo Edivaldo Holanda) passamos boa parte do tempo analisando as performances desses e de outros parlamentares.
Observamos a grande dedicação de Eduardo, seu empenho pelo processo legislativo, sua obsessão pela legalidade, pelo regimento e pela Constituição. Um parlamentar indispensável em qualquer legislatura.
Do outro lado vimos um Adriano elegante, bem articulado, coerente, argumentando contra o governo e para isso usando o mesmo argumento usado por um de seus membros quando era oposição. Brilhante, mas menos eficiente do que poderia ser, tendo em vista que falta-lhe tempo, traquejo! Ele será um grande parlamentar.
Quanto a Rogerio, sou suspeito para analisar com total isenção a performance do líder do governo, pois confiei a ele boa parte de meus redutos eleitorais, mas posso dizer sem medo de errar que ele tem uma das mentes mais ágeis e um dos pensamentos mais práticos que eu conheço e é dono de uma grande inteligência. No entanto tem que aprender a se controlar mais, não ser tão explosivo, tem que, como Zeca Diabo, contar até 10.
O último dos quatro em tela é Edilázio, deputado que para mim foi a mais grata surpresa da legislatura passada. Confesso que não esperava tanto dele, pensei que seria um deputado episódico, mas demostrou que eu estava errado a seu respeito. Bem articulado, coerente, trabalhador, coloca-se de maneira clara no cenário, mas também precisa de lapidação.
A minha visita à ALM não foi para fazer análise sobre os trabalhos dos deputados, mas aconteceu!…
Vi coisas que com um pouco mais de tempo, de experiência e de traquejo não aconteceriam ou aconteceriam de maneira diferente, de forma mais eficiente, eficaz e efetiva.
Nosso Legislativo atual não é o mesmo dos tempos de Cabanos e Bem-te-vis, quando Sotero e Lisboa se digladiavam, ou do tempo em que Erasmo destilava sua virulenta verve em plenário, nem do tempo em que Santos e Neves debatiam. Nosso Legislativo hoje é desses jovens deputados que lutam para ser verdadeiros parlamentares. Vamos dar-lhes tempo para que possam mostrar a que vieram.
PS: No dia em que eu estive na ALM, não estavam lá três outros jovens, promissores e polêmicos deputados, Roberto Costa, Andreia Murad e Alexandre Almeida.
[…] Por Joaquim Haickel […]
Eis o mais importante de tudo que você disse: “pois confiei a ele boa parte de meus redutos eleitorais”. O velho e bom coronelismo, onde o sujeito é dono de votos no interior e repassa esses votos a outros. E você diz isso com grande orgulho.
Resposta: Engana-se senhor Josias, meus redutos eleitorais são onde se encontram meus amigos, pessoas que confiam em mim, que sabem do meu compromisso para com eles, que me acompanharam pelos 32 anos em que eu militei na vida pública, de 1982 a 2014. Se pra você uma vida pública dedicada aos seus eleitores e amigos é sinônimo de coronelismo, então eu sou um coronel. Se isso não for coronelismo, como acredito que não seja, é demonstração de respeito e consideração de meus amigos para comigo.
Muito me orgulho de junto a mim pessoas que me tem em alta conta e me acompanham mesmo eu estando fora da política.
O seu comentário tem um ranço de inveja e preconceito, mas eu lhe perdoo pois sei que carreiras como a que tive e vidas como a que tenho causam inveja a pessoas despreparadas para a vida.
Resposta: Engana-se senhor Josias, meus redutos eleitorais são onde se encontram meus amigos, pessoas que confiam em mim, que sabem do meu compromisso para com eles, que me acompanharam pelos 32 anos em que eu militei na vida pública, de 1982 a 2014. Se pra você uma vida pública dedicada aos seus eleitores e amigos é sinônimo de coronelismo, então eu sou um coronel. Se isso não for coronelismo, como acredito que não seja, é demonstração de respeito e consideração de meus amigos para comigo.
Muito me orgulho de junto a mim pessoas que me tem em alta conta e me acompanham mesmo eu estando fora da política.
O seu comentário tem um ranço de inveja e preconceito, mas eu lhe perdoo pois sei que carreiras como a que tive e vidas como a que tenho causam inveja a pessoas despreparadas para a vida.