“Ora Veja!”

“Ora Veja!”

Esta é a expressão usada por Teté, minha mãe de criação, toda vez que ela deseja chamar atenção para um determinado fato. Eu a uso agora para chamar a minha própria atenção para o fato de eu ter ativado um twitter para mim.

Havia me proposto a ficar à margem das redes sociais. Nada de twitter, facebook, whatsapp, instagram ou assemelhados. Para cada um tinha e tenho bons motivos para me deixar de fora.

Não sou o que se pode chamar de ser tecnológico. Não chego a ser um neanderthal, mas me adapto muito lentamente às novidades, principalmente àquelas que mudam meu ritmo, minha rotina.

Adoro fotografia e a memória que ela traz consigo, mas daí a ficar postando fotos no instagram, a distância é grande. Gosto de expor minhas ideias, não minha figura. O “zapzap” é uma invasão direta a sua individualidade. Uma espécie de cartaz digital, como se sua vida fosse um filme e ele um cartaz anunciando. O facebook é a versão moderna dos diários das donzelas do século XIX, onde elas escreviam o que queriam que ninguém lesse. SQN (em linguagem das redes sociais sqn significa “só que não”). Hoje em dia as donzelas querem compartilhar seus diários e curtir os segredos contidos nos de outras pessoas.

O twitter era o único desses dispositivos que eu poderia cogitar em usar. É uma evolução do bilhete, da notinha, do recado. Mesmo assim eu me mantinha à margem, pois continuo achando que isso é uma deformação, ou como queiram alguns, adaptação do Homo Sapiens aos novos tempos, semelhante à disseminação do uso do papel e do lápis séculos atrás. Ok! Mas quem não deseja participar disso!? Pode, não pode!? Pode sim! Ou melhor, quanto a mim, podia, pois fui levado pelo imponderável a aderir ao twitter.

Existem umas coisas nessas redes sociais que me incomodam muito. O fato de seguirmos as pessoas como se fizéssemos parte de uma seita religiosa. Seguidores de fulano ou de sicrano. Pior ainda, mais responsabilidade é ter seguidores, ser responsável por pessoas que o seguem e acreditam ou até não acreditam em você. Incomodo-me muito mais com a segunda opção.

Soube que um cidadão, Milton Campelo, havia postado em seu twitter mensagens nas quais criticava um texto meu. Até ai tudo bem. Escrevo um texto e o publico, logo devo estar preparado para que as pessoas que o leiam gostem ou não, concordem ou discordem dele.

Acontece que existem pessoas sem noção, incapazes de manter um debate de forma correta. Gosto tanto de conversar com as pessoas que concordam com minhas ideias como com aquelas que discordam delas. Às vezes chego a pensar que gosto mais de ouvir pessoas que discordam daquilo que eu penso, pois com elas sou capaz de aprender mais. Pena que existam pessoas que não gostam de ser confrontadas em suas ideias. Essas são criaturas obtusas, opacas, incapazes de refletir luz.

As quatro frases a seguir foram postadas pelo Milton: Sabendo que “seu navio tá fazendo água” Joaquim Haickel, faz carta de seguro em sua coluna do EMA, neste domingo./ Lembrando ao “imortal” Joaquim Haickel que o Porto do Itaqui é “tratado” desde Duque de Caxias e tem perdido espaço pro CE e PA./ A ineficiência global do Porto do Itaqui decorre da miopia dos governantes do Maranhão dos últimos 50 anos. O Pará em pouco tempo, avançou. /”Voltado às letras”, Joaquim Haickel desaprendeu as lições de fazer conta. Diz que seus governos somam apenas 26 anos. Ora, só Roseana teve 20.

O Milton é o responsável por me fazer habilitar um twitter. Fiz para respondê-lo, não porque responder a ele fosse importante. O fiz só para ensiná-lo a contar, nada que ele dissesse para mim importaria, desde o dia em que ele quis apostar comigo como uma determinada candidata a deputada federal iria ganhar a eleição e eu me recusei, pois conhecer os fatos da política não me dá o direito de tomar balinha da mão de um menino tolo. Se tivesse apostado com ele, eu teria ganhado, mas não era isso que eu queria.

Mas voltemos ao fato em tela. Em uma crônica publicada aqui no JEMA comentei a bandeira e o discurso de certo grupo político, disse da importância do Porto de Itaqui para o nosso Estado e, entre outras coisas, provei matematicamente que dos 50 anos de domínio da “oligarquia”, apenas 26 poderiam ser realmente contabilizados a ela.

O incauto deixou de lado o que disse e já foi afirmando que eu tirava uma carta de seguro, por meu navio estar fazendo água. Comentário de quem não tem argumento. A seguir, na tentativa de ofender ou ridicularizar, ele aspeia a palavra imortal e diz que nosso porto já era cogitado desde a Balaiada e propositalmente se esquece de dizer que apesar disso só saiu do papel com Zé Sarney. Talvez vendo a bobagem que disse, comenta a ineficiência do Porto dizendo que o Ceará e o Pará em pouco tempo avançaram. Mais uma vez fala bobagem, deixa de falar algo relevante. Não diz que graças ao Porto de Itaqui, feito por Zé Sarney, a bauxita do Pará vem para o Maranhão se transformar em alumínio. É para esse porto que o ferro do Pará vem para ganhar o mundo. Porque não fizeram isso por Belém? Dedinho de Sarney, ora veja!

Mas o principal motivo de eu ter entrado no twitter foi para tentar ensinar a esse cidadão a somar. Ele contesta o número de anos em que cada grupo político está à frente do governo do Estado. Ele diz que Roseana teve 20 anos de mandato de governadora. É burro ou maldoso.

O certo é que ele é o responsável pelo meu primeiro twitter: “Roseana teve 3 mandatos de governadora e metade de outro. Total = 14 anos e não 20 como você diz… Depois sou eu que não sabe contar!”

Ter um twitter não significa que o usarei para tudo. Quando for necessário colocarei meu passarinho na janela pra cantar.

 

PS: Hoje faz 21 anos que não falo com meu pai. Se pudesse falar com ele hoje lhe diria apenas obrigado. Obrigado meu pai, por ter me dado minha mãe e com ela feito o meu irmão. Obrigado meu pai por além de ter me dado vida me ensinou que o que mais vale nela não é a partida ou a chegada, mas sim a caminhada. Obrigado meu pai.

 

 

 

Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

Busca

E-mail

No Twitter

Posts recentes

Comentários

Arquivos

Arquivos

Categorias

Mais Blogs

Rolar para cima