Semana passada, de última hora, fui obrigado a mudar o final de meu texto, pois fatos supostamente novos precisavam ser comentados. Naquela ocasião iria falar sobre dois ingredientes inerentes à política, o fato novo e a expectativa de poder.
Já tendo abordado o primeiro assunto volto hoje para falar sobre o segundo, com a mesma intenção da semana passada, diminuir a extensão de meus textos.
Vejamos então o que vem a ser esse outro importante quesito político, a expectativa de poder.
Acredito seja esse um conceito que em seu enunciado se explica. É a iminência do exercício de um poder. É o esperar que o poder venha para as mãos de quem peleja por ele.
A expectativa de poder faz com que algumas pessoas se decidam em apoiar esse ou aquele indivíduo, não por ele ser melhor, mas por imaginá-lo com melhores condições de vencer. É a sensação de que o poder indo para as mãos de um determinado sujeito político, este possa beneficiar com seus favores e gentilezas aqueles que possivelmente venham a decidir-se antecipadamente por ele.
No interior, em alguns municípios mais que em outros, existe claramente uma tendência, de que só se deva votar em candidato que vá ganhar. Nos grandes centros urbanos a sensação é um pouco diferente; essa tendência se divide com a daqueles que imaginam que só a mudança salva, aqueles que são sempre do contra.
Na maioria desses municípios que experimentaram mudanças existe um clima de decepção generalizado. As pessoas logo descobriram que o que se apresentou inicialmente como mudança nada mais era do que uma enorme demanda reprimida de poder e que resultou em imenso fracasso administrativo.
Durante muitos anos meu grupo político conseguiu controlar a maior parte da expectativa de poder e o tipo de insatisfação provocado por ela. Procurávamos aquinhoar igualmente opositores políticos no nível municipal. Tarefa extremamente difícil de realizar. Tarefa delicada, trabalhosa, digna apenas dos melhores diplomatas e dos políticos mais calejados e experientes. De um tempo pra cá esse trabalho vem sendo totalmente negligenciado e a expectativa de poder recrudesceu.
Digo isso para comentar que até há muito pouco tempo, baseadas em um cenário momentâneo, interpretado de maneira equivocada, algumas pessoas estavam se posicionando em relação à escolha de um determinado candidato a governador. O cenário começa a mudar e passa agora a ser visto por um prisma mais realista.
Devemos entender corretamente os fatos. Devemos entender por exemplo os motivos que levam um candidato que está em campanha faz oito anos, divulgar uma pesquisa que diz claramente que ele tem 56% de preferência entre os eleitores que já estão decididos em quem votar e que seu adversário, que está há pouco mais de trinta dias em campanha, tem 23% de intenção de voto.
Ora, se na mesma pesquisa, 77% dos eleitores consultados dizem que ainda não saber em quem vão votar, os percentuais reais da pesquisa são apenas referente a 23% do universo total dos eleitores, o que transforma os 56% de um em 12% e os 23 do outro em 5%. Significa dizer que o jogo só está começando e tende a mudar, fazendo com que, a expectativa de poder venha também a mudar.
Não posso dizer que a expectativa de poder seja uma coisa ilegítima, mas posso dizer que é uma forma oportunista de agir. Não posso condenar o uso correto das boas oportunidades, mas devo dizer que explorar as oportunidades no que elas têm de nocivo e pejorativo, é praticar uma política no mínimo duvidosa, a mesma que muitas vezes os hipócritas acusam seus adversários de fazerem uso, apesar de eles mesmos também o fazerem.
Admiro aqueles que têm coragem de defender suas ideias, sejam elas quais forem, mesmo aquelas com as quais eu discorde. Estes, mesmo derrotados, serão respeitados e lembrados por seus atos. Já os fracos, os covardes e os hipócritas morrerão no esquecimento da história ou serão lembrados por seus desacertos.
[…] Do blog do Joaquim Haickel […]
Teu grupo vai perder.. e suas mamadas nas tetas do Estado tambem
Caro Fedélio ou Fedelho,
Se estivesse mamando em alguma teta estaria realmente preocupado em perdê-la. Como não mamo em teta alguma estou tranquilo.
Ansioso deve está você, pois se alguém de meu grupo mama em alguma teta e não vai mais mamar, você deve estar louco para ocupar o lugar deste bezerro que segundo você logo será desmamado.
Em minha opinião meu caro, é que só vai mudar o nome dos mamadores, as tetas e o leitinho vão ser os mesmos e a alardeada mudança não passará de uma grande enganação, uma enorme fraude.
Prezado Joaquim,
Uma coisa que sempre me encantou nas ciências humanas e sociais foi a imprevisibilidade delas; senão isso, pelos um falseamento temporário, um desacerto, uma instabilidade. Nenhuma matemática. Então esses 56% X 23% podem estar dentro desse falseamento, dessa desintenção. Fico aqui pensando se você acredita mesmo que esse volume de indecisos vai de fato, analisar, pensar e, por fim, escolher um candidato. Eu não creio. Creio que a mesma proporção será verificada no final das contas, ou seja, 56 pro Dino e 23 pro Lobinho (se é que ele vai até o fim). É a escolha do tédio; a onda, a maré, o vai-e-vem – que sempre vai e vem. Enfim, você acredita mesmo nisso? Que o Lobinho vai subir?
Abraço (não use mais estes termos como aquinhoar, esqueça esses barroquismos; sei que é difícil, sendo maranhense, mas você escreve bem.
PS: se eu fosse dar um título pra esse meu comentário seria: “errar de propósito”.
Caro Aless,
o que você faz em seu comentário é exatamente isso: Expectativa de poder ou se assim desejar, “errar de propósito”.
Você errará redondamente se acreditar que o senador Lobão filho só terá 23% dos votos e o que pior, achar que já ganhou é um erro fatal.
Poderia aqui dizer a você muitos fatores que tornam o cenário de agora bem diferente do de dois meses atrás, mas não vou lhe “aquinhoar” com minha prosa desinteressante e barroca, mas devo como manda o manual da boa educação, agradecer-lhe por seu comentário e por seu elogio.