Sarney vale mais sem mandato que muita gente com.

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Nos últimos dias tenho lido notas e matérias provenientes de diversas consciências e produzidas por várias canetas, sobre o fato de o ex-presidente José Sarney ter resolvido não mais colocar o seu nome à disposição do estado do Amapá para representá-lo no Senado Federal.

Para quem não sabe o Senado, órgão que Sarney já presidiu em quatro oportunidades, é a casa legislativa que segundo a constituição federal representa a federação brasileira, os Estados e o Distrito Federal, enquanto a Câmara dos Deputados representa do nosso povo.

Essa gente maledicente insiste em desqualificar José Sarney. Desqualificam o homem, o escritor e o político, quando o que deveriam fazer era enfrentá-lo em cada uma dessas frentes,de maneira honrada, franca, republicana e democrática.

Insultam e difamam um homem que em sua primeira eleição ficou na primeira suplência, igual a tantos outros; difamam alguém que se elegeudeputado federal e sobressaiu-se entre seus pares, formando uma forte liderança numa época em que o nosso estado ainda vivia defasado em um século; governou o Maranhão e realizou obras de tamanha importância que ainda hoje passados quase cinquenta anos, uma delas ainda não foi superada e acredito que tão cedo será – o Porto do Itaqui.

Hábil, bem relacionado, inteligente, culto e sobre tudo sortudo, passou a ser figura de importante relevo a nível nacional; presidente de partidos importantes, desenvolveu uma capacidade diplomática invejável que o fez estar no cerne de todas as questões nacionais, que possibilitou ser guinado à presidência da república em substituição a Tancredo Neves que faleceu antes de assumir o cargo. Essa capacidade diplomática consistia mais em ouvir do que em falar, mais em esperar que os outros se posicionassem do que em se posicionar antes dos outros. Essa forma de agir somada a sua imensa sorte, deu bastante certo por muito tempo.

A mitologia em torno desse Ribamar é tamanha que atribuem a ele a morte de Tancredo. Sarney teria usado macumbeiros maranhenses para fazer com que sapos cururus repuxassem as entranhas do velho mineiro, matando-o. E o que é pior, tem gente idiota que acredita nisso. Nas duas coisas. Que Sarney mandou fazer o serviço e que fizeram.

Como presidente, Sarney tinha, segundo a constituição vigente, um mandato de seis anos. Ele o viu diminuído em um ano, mas pareceu que lutou para aumentá-lo. Alguns não sabem e outros preferem esquecer o quanto Fernando Henrique Cardoso teve que fazer para aprovar uma emenda à constituição, que ele mesmo havia ajudado a redigir, no sentido de permitir-lhe ter mais quatro anos de mandato presidencial. E falam do Sarney!

José governou o Brasil num tempo em que enfrentávamos dois grandes adversários, o monstro da inflação e o perigo da instabilidade democrática.

Mais competente como político que como gestor financeiro, ele fez executar quatro planos econômicos, um deles de grande eficácia, mesmo que temporária, fato que garantiu certa estabilidade financeira ao país por tempo suficiente para que o PMDB, nas mãos de Ulisses Guimarães, elegesse 27 governadores de Estado.

Decretou a moratória de nossa dívida, fato que conteve em parte a debandada de capital, e com essa e outras medidasantipáticas garantiu a estabilidade democrática capaz de em seguida, tendo mantido estável o regime democrático em seu período mais delicado, eleger de forma direta nosso primeiro presidente em muitos anos. A mesma estabilidade que foi responsável por destituir esse mesmo presidente do cargo sem que nada acontecesse ao regime democrático e a forma de governo republicana.

Mas deixemos tudo isso para lá e nos concentremos no fato de Sarney não mais concorrer a um mandato eletivo.

Todos já sabiam que Sarney não mais seria candidato a nenhum cargo eletivo. Até eu mesmo que sou o mais tolo entre os articulistas deste assunto já havia comentado sobre isso, disse para alguns amigos que Sarney iria fazer tal qual o padre Vieira, que com avançada idade dedicou-se integralmente a literatura e as suas memórias. Sarney iria agregar à essas dedicaçõesa sua família, sua mulher, seus netos e bisnetos.

O que a mídia nacional, a grande, a média, a pequena e a mínima, tenta fazer é imputar a um homem de 85 anos, que dedicou 60 deles a trabalhar pelo Maranhão, pelo Amapá e pelo Brasil, uma derrota pelo fato de ter resolvido não mais se candidatar. Querem fazer crer que Sarney tinha obrigação de, mesmo indo contra a sua natureza física,se apresentar na linha de frente da batalha política e se candidatar a mais um mandato de senador. Ora me comprem um bode! Eu iria ficar muito insatisfeito se ele resolvesse que iria se candidatar, pois nós, maranhenses, amapaenses e brasileiros de todas as naturalidades precisamos dele e de homens como ele acima da política, sem mandato eletivo, mas com o mandato proveniente do respeito que pessoas como ele devem ter de nossa gente.

São personalidades como José Sarney que dão a dimensão de valor que deve ter uma nação e seu povo.

Pode quem quiser discordar dele e até não gostar dele, isso faz parte da vida, mas ninguém pode desconhecer o grande valor que ele teve, tem e terá em nossa história.

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Notícia X Versão

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Dia desses conversei demoradamente com um jornalista, meu particular amigo e muito ligado à oposição. Nós falamos sobre um assunto que para ele tem importância vital e que em minha opinião deve ser observado com bastante cuidado, mas de forma totalmente imparcial.

Trata-se na verdade de um desdobramento da grande judicialização das campanhas eleitorais. Neste caso específico, precipitado por uma vigorosa ação midiática, ancorada em matérias jornalísticas através de meios impressos, programação televisiva e radiofônica, postagens em blogs e nas redes sociais, no sentido de atingir a imagem de um determinado candidato, e que como consequência disso desencadeou uma ação de igual força e direção contrária por parte dos adversários.

Acredito que já foi verdadeiro aquele velho discurso que pregava que, os meios de comunicação, concentrados nas mãos de um dos grupos contendores em uma campanha eleitoral, fazia com que a eleição ficasse desequilibrada. Essa realidade é bem diferente hoje. Em primeiro lugar, porque a concentração dos meios midiáticos em um dos lados já não é tão significativa. Em segundo lugar pela incompetência desses antigos grupos midiáticos em fazer valer o poderio que detinham. Em terceiro lugar, pelo imenso e avassalador poder da informação instantânea e independente da internet e das redes sociais, que horizontalizaram o acesso à informação.

Mas voltemos a minha conversa com aquele meu amigo jornalista. Nela ele me dizia de sua preocupação com uma ação movida por um candidato contra um grupo de jornalistas e radialistas, através de seus blogs e seus programas de rádio, no sentido de fazer com que estes não dessem publicidade ou comentassem a respeito de uma determinada matéria.

De um lado, os advogados do candidato acreditam que essa ação jurídica resguarda um direito que está sendo prejudicado, por outro, o jornalista acha que essa ação é um grave atentado contra a liberdade de imprensa.

Os advogados que defendem o candidato argumentam que em uma campanha eleitoral, cuja duração não chega a 90 dias, a apuração da verdade, em casos de injúria, calúnia e difamação é praticamente impossível de ser concluída, uma vez que causas dessa natureza costumam se alongar e esses processos se arrastam por meses.

Ora, se existe uma campanha midiática sistemática que visa fragilizar e enfraquecer a imagem de um determinado candidato, algo deve ser feito no sentido de impedir tal ação, com isso preservando o direito do cidadão, sempre respaldado nos preceitos constitucionais fundamentais.

Do ponto de vista daquele que se sente prejudicado pelo noticiário, que alega ser faccioso, o direito à informação está sendo superlativamente privilegiado em força e importância, em relação ao direito à justa defesa, uma vez que a boataria, as notícias falsas, as colocações dúbias e as interpretações facciosas venham comprometer a sua imagem, não lhe dando tempo nem condições, de no meio de uma campanha eleitoral, elucidar essa onda de notícias inverídicas.

Do momento em que se publica uma matéria jornalística até o momento em que a justiça tenta impedir que o uso inadequado desta traga prejuízo a alguém, há uma espaço de tempo no qual o direito do ofendido está sendo definitivamente prejudicado. É nesse sentido que é usada a Ação de Obrigação de Fazer.

No caso de notícias verdadeiras, bem embasadas, respaldadas por provas consistentes, nesses casos não vejo como conter-se o direito constitucional à informação.

Imagine se um grupo de jornalistas, todos eles muito competentes, resolvesse agir, através de notícias aparentemente genuínas, comprometendo a imagem de um determinado candidato. Isso se consubstanciaria em um golpe baixo respaldado na legítima liberdade de imprensa. Em minha opinião a notícia não pode ser colocada a serviço da versão sabidamente facciosa e quem quer que aja assim deve ser impedido de fazê-lo também por força de lei e por ordem da justiça.

Alguns dos jornalistas listados nessa ação são bons e velhos amigos meus e os respeito como profissionais de seu ofício, mas o que está acontecendo aqui é uma guerra eleitoral e duas das batalhas mais importantes desse conflito serão travadas nos campos do Judiciário e do jornalismo. No caso em tela, os dois se misturam e se confundem.

O uso da justiça em qualquer setor, a qualquer nível, não pode, de modo algum, ser confundido com quebra de respeito para com a democracia e o estado democrático de direito. Recorrer-se à justiça para tentar impedir que um direito líquido e certo seja prejudicado é totalmente legítimo, mesmo que essa ação pareça ferir um outro direito, que de modo algum pode se sobrepor a este.

O juiz eleitoral responsável pela análise de um dos casos citados acima, negou o recurso do candidato, não levando em consideração o mérito da causa. Esse fato por si só prova que buscar a justiça não ameaça a consumação dela.

Fato relevante: outro candidato já deu entrada em mais de 20 ações no sentido de impedir que outros jornalistas publiquem matérias que segundo ele e seus advogados, usam do mesmo expediente, provando assim que a propaganda jornalística e a judicialização da campanha eleitoral são dois dos mais importantes ingredientes desse e dos próximos pleitos eleitorais. Pior para os eleitores.

No frigir dos ovos fica aquela minha velha sensação sobre a política: com algumas poucas diferenças cosméticas, são todos iguais.

 

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Renovação verdadeira, sim. Mudança falsa, não.

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Manuel José de Santana, coronel da Guarda Nacional, que no começo da década de 50 foi prefeito da pequenina Nova Iorque, cidade do sertão maranhense, não poderia imaginar que 60 anos depois, no começo da segunda década do século XXI, uma bisneta sua, com apenas 33 anos de idade, sem muita prática na lide política formal, viria a ocupar a mais importante Secretaria do Estado do Maranhão, a Chefia do Gabinete Civil, onde acredito deterá por muito tempo o título de primeira mulher e mais jovem ocupante desse cargo.

Tendo sido um grande empreendedor, comerciante e pecuarista no Maranhão, no Piauí e no Pará, o coronel Santana casou sua filha Maria de Jesus Santana Neiva com seu sobrinho, primo dela, Euvaldo Neiva, dando sequência à historia daquela que seria uma das mais influentes e poderosas famílias da política do nosso Estado.

Euvaldo Neiva, sobrinho e genro do coronel Santana, também foi prefeito de Nova Iorque e deputado estadual por dois mandatos.

Prefeita em duas oportunidades, Maria de Jesus Santana Neiva era uma mulher de fibra e à frente de seu tempo. Audaciosa, de gênio forte e personalidade marcante, exercia a administração das fazendas e dos empregados na ausência do marido. Enfrentava os desafetos e seus capangas com dedo em riste.

Meu pai, que gostava de me contar histórias, uma vez me disse que a mulher de seu amigo, deputado Euvaldo Neiva, certa noite, estava em sua casa, sozinha, com os filhos pequenos quando ouviu o som compassado de coturnos na varanda e desafiou quem se esgueirava a entrar em sua casa, que seria “bem recebido”, como mandava o costume da época.

Não vou me concentrar em traçar a árvore genealógica dos Santana Neiva, mas devo lembrar aos esquecidos e dizer aos não sabidos que esta família é prima-irmã de outra família cujos sobrenomes se invertem, os Neiva de Santana.

Dona Maria de Jesus era irmã de Pedro Neiva de Santana, médico conceituado e político respeitado, que foi prefeito de São Luís e governador do Maranhão.

Curiosamente, Pedro Neiva viria a ocupar a mesma função de seu sogro, Jaime Tavares, função esta que seria preenchida anos mais tarde por Haroldo Tavares, cunhado de Pedro e filho de Jaime. Apenas para registrar, os três foram grandes prefeitos de São Luís, sendo que Haroldo, em minha opinião, foi o maior e melhor prefeito que já administrou nossa capital.

Os Santana Neiva tiveram uma filha, Ana Maria que anos mais tarde viria a se casar com Garridinho, filho de um fantástico casal, pessoas de referência humanista única em nossa terra: Gentil Costa e Nóris Garrido. Sobre dona Nóris um artigo seria pouco, esta mulher fascinante merece um filme, que recentemente tentei fazer, mas ainda não consegui.

Digo tudo isso para fazer uma ligação desses fatos com o meu assunto de hoje: renovação.

Falo de Anna Graziella Santana Neiva Costa, bisneta do coronel Santana, neta de Euvaldo e Jesus, sobrinha neta de Pedro, prima de Jaime Santana, filha de Ana e Garrido e minha amiga.

Conheci Anna ainda bebê, quando, por motivos sentimentais frequentava a casa de Haroldo Tavares. Mais tarde a encontraria em minha própria casa, quando estreitou amizade com minha filha Ananda.

Recentemente conversando com ela, descobri que se achava um patinho feio e que somente sua avó, Jesus, via nela uma beleza que transcendia os traços físicos. Tola. Com o tempo ela deve ter feito disso uma arma para se superar e superar outras pessoas.

Imagino que desde criança ela tenha sido líder de classe, capitão do time de vôlei. Devia ser ávida por desafios, até que foi seduzida pela justiça e acabou seguindo a carreira jurídica.

Formada em direito em 2004, fez pós-graduação em Direito Constitucional. Engajou-se na política da Ordem dos Advogados do Brasil, secção do Maranhão, onde foi secretária da comissão de jovens advogados. Depois, foi eleita a conselheira estadual mais nova da história da OAB maranhense até aqui e se viu participando da política institucional. Participava da articulação do grupo mais expressivo da OAB naquele tempo.

Avançou. Dedicada e estudiosa, fez MBA em Direito Tributário na FGV. Foi indicada para a Presidência da Fundação da Memória Republicana Brasileira e, agora é também Secretária Chefe da Casa Civil do Governo do Maranhão.

Contei-lhe toda essa historia para responder, através de você que me lê agora, a pergunta que me fizeram recentemente algumas pessoas, entre elas alguns políticos da situação e da oposição, além de alguns jornalistas: “Vem cá Joaquim, quem é e de onde saiu essa tal de Anna Graziella?”.

Agora vocês já sabem quem é e de onde ela saiu. O que vocês não sabem, é que ela é uma pessoa extremamente competente, dedicada e desprendida. Atua com precisão e agilidade, jamais esquecendo a correção e a legalidade. Tudo bem que ela é jovem e não tem muita experiência no dia a dia da política, mas com inteligência e sagacidade, já demonstrou nos primeiros dias à frente da Casa Civil do Governo, que se coloca entre os bons que por lá passaram recentemente.

Ah! Assim como eu, Anna Graziella, pertence geneticamente menos a essa famigerada “oligarquia” que muita gente que hoje joga pedra nela.

O que nós precisávamos mesmo era dar oportunidade a pessoas como Anna Graziella e como Ananda, quem muito me orgulha com seu trabalho como advogada e conselheira da OAB. A mesma oportunidade que já foi dada a alguns jovens e aguerridos vereadores como Fábio Câmara, Pedro Lucas e Honorato. Deputados como Roberto Costa, Rogério Cafeteira, Eduardo Braid, Alexandre Almeida, Edilázio Junior, Vitor Mendes, nomes que representam uma renovação verdadeira, que representam uma significativa melhoria não apenas do ponto de vista quantitativo nos quadros políticos de nosso Estado, mas também qualitativamente falando.

 

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Águas de Junho

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Faz uns dois pares de anos que não falo com o jornalista Roberto Kenard, meu amigo de muito tempo, companheiro das lides poéticas e de ações culturais importantes, como um programa de rádio, um semanário, uma revista mensal e a editoração e publicação de vários livros. Todas essas ações levaram o sobrenome Guarnicê, e aconteceram nos saudosos e eternos anos 80.

Eu e Kenard somos bem diferentes. Diferentes em nossos posicionamentos ideológicos, em nossos estilos e gêneros literários, em nossa forma de encarar a vida e dentro dela a política, os negócios… Mesmo assim, de longe, nunca deixei de acompanhar sua trajetória de poeta e jornalista. Estive sempre por perto, pois em mim, a discordância pontual ou o desentendimento momentâneo, não geram ódio, rancor ou nenhum outro sentimento negativo. Policio-me constantemente para que nada gere em mim sentimentos negativos, mesmo que em relação a um ou outro “imbecil” isso seja um pouco difícil, mas acabo conseguindo.

Desfrutamos, eu e RK, juntamente com Celso Borges, Paulinho Coelho, Érico Junqueira Aires, Cordeiro Filho, Ronaldo Braga, Ivan Sarney, meu irmão Nagib, entre outros, a experiência juvenil e utópica de tentar mudar o mundo através da música, da poesia, da literatura, do cinema e das artes de um modo geral.

Convivemos de adolescentes a adultos, e até mesmo algumas vezes, adúlteros, em nossas jovens e temerárias experiências de poesia, álcool, Guaraná Jesus e outras “cositas mas”, quando nos permitíamos esquecer as nossas namoradas em casa e saíamos pelos bares e praias da Ilha, no velho Bugre vermelho que nos servia de Rocinante, apaixonando e nos apaixonando por Dulcineas, Carmens, Julietas, Amélias, Teresas, Capitus, Ursulas, Mollys, Marias “… De todas as raças, de todas as cores…”

Naquele tempo nos permitíamos subverter as regras vigentes para transformá-las em algo mais parecido conosco, com aquilo que queríamos da vida. Buscávamos naquele tempo, assim como hoje, mais ou menos a mesma coisa. A tal da felicidade e da extensão dela para o maior número de pessoas possíveis. Isso não mudou em nada. Só que agora são mais visíveis as diferenças. Uns querem alcançar isso de uma forma e outros de outra, uns com um estilo e outros com outro, mas no fundo continuamos querendo a mesma coisa.

A forma de fazer isso que já era diferente antes, na juventude, em alguns casos tende a se aproximar e em outros a se distanciar, na maturidade. Não acredito que nenhum de nós estejamos tão distantes a ponto de que não saibamos disso.

Falo hoje de Kenard por dois motivos, primeiro porque comentei com um nosso conhecido comum que desde a morte do jornalista Walter Rodrigues, que acreditávamos que ele, Kenard, passaria a ser o melhor articulista político do Maranhão. Kenard não tem e acredito não terá jamais a teia de contatos que tinha Walter, até porque este fazia de sua teia, seu habitat, sua forma de viver. Em suma, ele não vivia a sua vida, ele vivia o jornalismo, a política. Já Kenard vive o jornalismo, a política, sua família, sua mulher, seus filhos, sua Barreirinhas, seus estudos, sua literatura, sua poesia. Tem coisas que Walter jamais teve e nunca teria.

Sem medo de ferir nenhum ego, nem magoar ou melindrar nenhum amigo jornalista, acredito ser Roberto Kenard, o sucessor de Walter Rodrigues e parece que quanto a isso não estou sozinho.

Ele não carrega a mão no sarcasmo nem na ironia debochada como fazia Walter, mas, como ele, apresenta os fatos de forma clara, permitindo com que se possa ter uma visão perfeita dos fatos, isso sem contar com seu estilo literário, enxuto, simples, direto e elegante.

A outra coisa que me fez lembrar Kenard, foi o fato de que o falecimento do grande poeta José Chagas, abre vaga na Academia Maranhense de Letras, instituição que na juventude abominávamos como símbolo do imobilismo e da inação. Lembro que Kenard fez uma matéria mordaz sobre a AML e nós publicamos na Guarnicê. Teve grande repercussão.

Para efeito de preenchimento de vagas na AML tenho um critério muito pessoal que acredito hoje ser o da maioria dos acadêmicos praticantes e assíduos às reuniões. Devemos eleger alguém que participe da vida da instituição, alguém que exerça uma função criativa e produtiva, alguém que possa conviver bem com seus confrades e confreiras (expressão horrível), alguém que ajude a AML a não ser uma casa de simples mortais, mas que sejamos imortais em nossa luta pela arte e pela cultura maranhense.

Nesse desiderato (expressão também horrível), minhas preferências recairiam em primeiro lugar em Gullar, Nauro, Arlete, Zelinda e Turíbio, como expoentes máximos de nossa cultura ainda fora da Academia; em Jesus, Cassas, Ariel, Salgado e Kenard, por suas obras; E em Felix, Neres, Zé Jorge, Aldo e Alan, pelo muito que podem contribuir para o aumento e melhoria das ações artísticas, literárias, culturais e midiáticas da AML. Ainda poderíamos relacionar os nomes de Celso, Sinhô, Mundinha, Lourdes e Paulão, entre os de outros, que também poderiam ser cogitados para fazer parte do sodalício (outra palavrinha difícil).

– É uma lista grande! Diriam uns. – Haja passamento! Diriam outros. Mas a vida segue, diria eu.

Mas voltando ao Kenard, devo de dizer que assino embaixo de alguns de seus últimos textos publicados em seu Blog, mas isso já seria assunto para uma outra conversa.

 

 

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Expectativa de poder

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Semana passada, de última hora, fui obrigado a mudar o final de meu texto, pois fatos supostamente novos precisavam ser comentados. Naquela ocasião iria falar sobre dois ingredientes inerentes à política, o fato novo e a expectativa de poder.

Já tendo abordado o primeiro assunto volto hoje para falar sobre o segundo, com a mesma intenção da semana passada, diminuir a extensão de meus textos.

Vejamos então o que vem a ser esse outro importante quesito político, a expectativa de poder.

Acredito seja esse um conceito que em seu enunciado se explica. É a iminência do exercício de um poder. É o esperar que o poder venha para as mãos de quem peleja por ele.

A expectativa de poder faz com que algumas pessoas se decidam em apoiar esse ou aquele indivíduo, não por ele ser melhor, mas por imaginá-lo com melhores condições de vencer. É a sensação de que o poder indo para as mãos de um determinado sujeito político, este possa beneficiar com seus favores e gentilezas aqueles que possivelmente venham a decidir-se antecipadamente por ele.

No interior, em alguns municípios mais que em outros, existe claramente uma tendência, de que só se deva votar em candidato que vá ganhar. Nos grandes centros urbanos a sensação é um pouco diferente; essa tendência se divide com a daqueles que imaginam que só a mudança salva, aqueles que são sempre do contra.

Na maioria desses municípios que experimentaram mudanças existe um clima de decepção generalizado. As pessoas logo descobriram que o que se apresentou inicialmente como mudança nada mais era do que uma enorme demanda reprimida de poder e que resultou em imenso fracasso administrativo.

Durante muitos anos meu grupo político conseguiu controlar a maior parte da expectativa de poder e o tipo de insatisfação provocado por ela. Procurávamos aquinhoar igualmente opositores políticos no nível municipal. Tarefa extremamente difícil de realizar. Tarefa delicada, trabalhosa, digna apenas dos melhores diplomatas e dos políticos mais calejados e experientes. De um tempo pra cá esse trabalho vem sendo totalmente negligenciado e a expectativa de poder recrudesceu.

Digo isso para comentar que até há muito pouco tempo, baseadas em um cenário momentâneo, interpretado de maneira equivocada, algumas pessoas estavam se posicionando em relação à escolha de um determinado candidato a governador. O cenário começa a mudar e passa agora a ser visto por um prisma mais realista.

Devemos entender corretamente os fatos. Devemos entender por exemplo os motivos que levam um candidato que está em campanha faz oito anos, divulgar uma pesquisa que diz claramente que ele tem 56% de preferência entre os eleitores que já estão decididos em quem votar e que seu adversário, que está há pouco mais de trinta dias em campanha, tem 23% de intenção de voto.

Ora, se na mesma pesquisa, 77% dos eleitores consultados dizem que ainda não saber em quem vão votar, os percentuais reais da pesquisa são apenas referente a 23% do universo total dos eleitores, o que transforma os 56% de um em 12% e os 23 do outro em 5%. Significa dizer que o jogo só está começando e tende a mudar, fazendo com que, a expectativa de poder venha também a mudar.

Não posso dizer que a expectativa de poder seja uma coisa ilegítima, mas posso dizer que é uma forma oportunista de agir. Não posso condenar o uso correto das boas oportunidades, mas devo dizer que explorar as oportunidades no que elas têm de nocivo e pejorativo, é praticar uma política no mínimo duvidosa, a mesma que muitas vezes os hipócritas acusam seus adversários de fazerem uso, apesar de eles mesmos também o fazerem.

Admiro aqueles que têm coragem de defender suas ideias, sejam elas quais forem, mesmo aquelas com as quais eu discorde. Estes, mesmo derrotados, serão respeitados e lembrados por seus atos. Já os fracos, os covardes e os hipócritas morrerão no esquecimento da história ou serão lembrados por seus desacertos.

 

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