O primeiro título que me veio à mente para esse texto era muito mais pretensioso e arrogante que o que consta acima. Pensei em chamá-lo de “A verdade sobre a política”. Imediatamente ao ouvir o som de tamanha pretensão escrita por mim mesmo procurei tirar dele qualquer característica perniciosa ao bom debate democrático, coisas que possam descaracterizar a boa e saudável discussão a qual eu me proponho sempre que tento abordar esse tema, que como todos sabem, é de meu extremo interesse.
A política, ao contrário do que muita gente acredita, não é algo mau e a sua boa prática é indispensável para a vida da sociedade. O que é nocivo é o uso inadequado dela. É bem verdade que há muito maior incidência de seu uso inadequado e nocivo que do sadio, mas isso se deve aos agentes da política e não a ela em si.
Paremos um pouco para analisar os motivos pelos quais estamos em meio a essa imensa crise de credibilidade e de confiança em nossos representantes, sejam eles do Legislativo, do Executivo ou mesmo do Judiciário! Executivo permissivo, Legislativo conivente e Judiciário prepotente.
Caso queiramos fazer um exercício de análise, simples e prática, iremos descobrir que isso se deve ao fato de que, em que pese hoje as nossas instituições estarem mais sólidas e democráticas, seus agentes ainda são frágeis e carecem de melhor formação. Até alguns que não são tão frágeis se contaminam com o convívio dos outros, se diluem, nivelam-se aos demais, pois estes existem em maior número.
Há quem, sendo simplista, diga que o excesso de liberdade, sem uma contrapartida de limites claros e rígidos causa distorção no comportamento das pessoas.
Há quem diga que em coisas mínimas, como por exemplo, termos que por determinação legal, chamar a mulher que ocupa a presidência da república de Presidenta, quando um simples “A” (artigo indefinido feminino…) antes do nome Presidente resolveria esse problema, causam essa insegurança. E cá pra nós isso realmente é um absurdo!
Há quem diga que pagar-se um salário, uma pensão, para a família de um latrocida enquanto a família de sua vítima fica desamparada é outro imenso absurdo. E é mesmo!
Falando assim até parece pouca coisa, mas não é. Às vezes nos fixamos em coisas pequenas e acabamos por nos esquecer ou por não dar a devida atenção às coisas realmente significativas. Exemplo disso é alguém querer fazer uma reforma política através de um plebiscito. Um verdadeiro absurdo que não poderia ter sido nem imaginado, cogitado e muito menos sugerido por alguém que nos lidera e tem obrigação de saber qual o melhor caminho pelo qual deve nos conduzir.
Veja bem! Isso não é uma mera questão de opinião, isso é elementar. Imagine se passa na cabeça de alguém que se possa fazer uma reforma tão importante como a reforma política e eleitoral de forma populista e irresponsável, deixando que a massa, incauta e inculta que já não tem condição de indicar seus bastantes procuradores, os parlamentares, possa plebiscitariamente decidir coisas as quais não conhece nem entende.
Pior é o Congresso poder fazer mudanças importantes e acabar fazendo uma minirreforma que na prática muda pouquíssimas coisas.
Quando falo de verdade sobre a política não falo de verdade ideológica, falo de verdade pragmática, de colher aquilo que as ideologias têm em comum, de fazer uma continha simples de somar, escolhendo as melhores propostas de rumo para dentro da legalidade e do possível, realizar o anseio primordial das pessoas: A felicidade.
Imaginemos que tudo fosse perfeito. Que o trânsito não fosse caótico e infernal, que não faltasse saneamento básico, que não houvesse violência, que quando se ficasse doente fôssemos atendidos em hospitais que nos dessem conforto e possibilidade de cura, que quando parássemos de trabalhar tivéssemos uma boa aposentadoria, que não houvesse preconceito de qualquer natureza, que não houvesse corrupção, que a justiça fosse operada com agilidade e correção… Se tudo isso fosse verdade, a disputa política seria meramente ideológica. Uma questão dogmática, de opinião, de preferir o azul ao invés do amarelo. Ela não é assim e não será jamais, porque o ingrediente humano, pessoal, faz com que ela se torne uma questão de vaidade, de ego, de disputa de poder. Uma coisa muito mais antropológica que sociológica. A necessidade de predomínio de um grupo em detrimento de outros. A única coisa que podemos fazer quanto a isso é amenizar seus efeitos colaterais, procurando entender os mecanismos e descobrir como usá-los de forma sadia.
Em minha modesta opinião deveria haver uma prescrição na lei que obrigasse a alternância do poder entre os grupos minimamente respaldados pela população, pois da mesma forma que é difícil para quem está no controle do poder resolver as questões que se apresentam, para quem está fora dele, sem o poder, a solução desses mesmos problemas não seria de forma alguma mais fácil. Pensar diferente seria subestimar seu oponente, ou ser extremamente arrogante e prepotente, sentimentos que expulsei desde o título deste texto.
Comecei a escrever e fui fazendo isso, sem sentir, desobedecendo meu método laboral e criativo. Despejei de uma vez só o que estava sentindo intuitivamente, sem rever o que escrevia. Descarreguei no papel um monte de sentimentos entalados em minha garganta… Se isso vai servir de alguma coisa para você que me lê agora, não sei, mas para mim serviu para desabafar, para expulsar de mim, talvez de forma desordenada um sentimento de impotência e de insegurança em relação a algo que me é muito caro e que tem sido negligenciado e não levado a serio: A boa prática da política, como caminho para a boa convivência social e a busca da felicidade.
PS: Ao finalizar esse texto, senti como se alguém falasse ao meu ouvido: “Sabes o porquê da mentira ser tão comum na política? Porque os políticos querem agradar o povo e este não quer necessariamente a verdade. O povo simplesmente quer o que quer, quer aquilo que precisa e normalmente através da verdade é bem mais difícil que os políticos possam dar ao povo o que ele deseja, por isso os políticos mentem para o povo”.
Admiro seu trabalho, muitas vezes leio seus textos na rádio que trabalho, claro que lhe dou todos os créditos, pois quase sempre o sr. fala o que eu penso e gostaria de dizer, mais não tendo seu talento uso seus maravilhosos trabalhos pra divulgar a opinião de um homem sábio e inteligente, maranhense como eu.