Oscar 2013
A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood anunciará hoje, 24 de janeiro de 2013, os melhores do cinema no ano de 2012.
É bom ressaltar que essa escolha, como muitas outras, é feita através de eleição, com campanhas publicitárias e artifícios midiáticos para conquistar os votos dos eleitores que, neste caso, são os associados da Academia.
Como faço sempre que posso, analisarei as indicações, comentarei sobre os possíveis ganhadores e direi quem são os meus preferidos em cada categoria.
Para melhor filme temos este ano nove indicados. Cinco deles, em minha modesta opinião tem pouca chance de ganhar o tão cobiçado prêmio. Terão que se conformar em ostentar em seus cartazes e em suas chamadas, apenas a distinção de “Indicados ao Oscar de melhor filme”.
São eles: Amor, já premiado em vários festivais, é um belo e tocante filme, mas não tem força para enfrentar seus concorrentes ao Oscar; Indomável Sonhadora que mostra um lado pouco divulgado da América e como tal deve permanecer; O Lado Bom da Vida, um bom filme, mas só está na lista pelo bom desempenho de seu elenco; As Aventuras de Pi, um magnífico filme, uma belíssima fábula moderna, mas os membros da Academia não terão com ele lá muito boa vontade; e Django Livre, um genuíno Tarantino. Esta frase equivale ao mesmo que dizer que um quadro é um genuíno Picasso ou um genuíno Monet. Um ótimo entretenimento.
Por fim os quatro concorrentes que realmente estão disputando o Oscar de melhor filme do ano: A Hora mais Escura, filme já bastante premiado que conta de forma contundente a caçada e a eliminação de Osama Bin Laden; Argo, conta uma história real e surpreendente, já ganhou vários prêmios, é bem cotado, mas em minha opinião não merece ganhar; Lincoln que é tão bom que nos deixa sem saber se é cinema ou se entramos em uma máquina do tempo. Faz com que percamos a sensação de tempo e espaço e nos transporta para 1865 logo que entramos na sala escura. Show de roteiro, direção e interpretação; e Os Miseráveis, uma obra fantástica. Um musical que agrada até mesmo quem não gosta do gênero. Em minha opinião este filme é mais cinema que seu concorrente direto. Nele se vê mais a estrutura cinematográfica, as linguagens estabelecidas há muito tempo como sendo as sólidas bases da sétima e mais completa das artes. Se eu votasse, meu voto seria para ele, mesmo reconhecendo a qualidade e o poder de seus concorrentes.
Depois do melhor filme todos querem saber qual será o melhor diretor. Aqui há três grandes ausências. Não indicaram os diretores de Os Miseráveis, Tom Hooper, de A Hora mais Escura, Kathryn Bigelow e de Argo, Ben Affleck, responsáveis diretos pelo sucesso de seus filmes. Coisas da poderosa indústria do Cinema.
Dos cinco concorrentes, todos merecedores, se sobressaem Ang Lee, Michael Haneke e Steven Spielberg, que deve levar mais uma estatueta.
O prêmio de melhor ator, que todos comentam será de Daniel Day-Lewis, certamente em grande performance, em minha opinião deveria ir para o Wolverine, Hugh Jackman, que dá um surpreendente show de atuação, mostrando um talento até então escondido por detrás de seus trabalhos braçais. Há ainda a possibilidade de os membros da Academia premiar o desempenho de Joaquin Phoenix por seu ótimo trabalho no difícil e controverso O Mestre.
No quesito atrizes, acho que as indicadas deste ano estão longe de ombrear-se com os atores, exceção feita a Emmanuelle Riva em Amor e Jennifer Lawrence em O Lado Bom da Vida, que disputarão o prêmio.
Qualquer um dos atores coadjuvantes que levarem para casa a estatueta, terá se feito justiça. São todos soberbos. Aqui há, no entanto, uma ausência, a de Samuel L. Jackson, impecável na pele de um negro racista em Django. Mesmo assim acredito que os favoritos sejam Cristoph Waltz e Tommy Lee Jones, sendo que o segundo leva vantagem sobre o primeiro. Ainda há o sempre ótimo Philip Seymour Hoffman, em O Mestre.
Entre as atrizes de suporte o mesmo equilíbrio se verifica, sendo que aqui a disputa será entre três grandes atrizes, Sally Field, Amy Adams e Anne Hathaway. Meu voto é para esta última que esta simplesmente perfeita como Fantine.
O equilíbrio continua entre os concorrentes à melhor roteiro original. Acredito que o vencedor será Tarantino.
Já para melhor roteiro adaptado não há nenhum equilíbrio. Não poderá haver nenhum outro vencedor que não seja Tony Kushner, por Lincoln.
No que diz respeito à melhor canção, duas se sobressaem sobre as outras: Skyfall, de 007 ou Suddenly, de Os Miseráveis. Qualquer uma que levar o prêmio estará de bom tamanho, mas eu votaria na primeira.
Melhor filme estrangeiro: há aqui uma imensa injustiça. A ausência daquele que foi em minha opinião o melhor filme não americano do ano: Intocáveis. Já que ele não está na lista, o vencedor certamente será Amor que também concorre como melhor filme.
Se uma palavra pudesse ser usada para resumir a escolha dos concorrentes e dos premiados deste ano, ela seria certamente equilíbrio.
Por falta de espaço, não falarei sobre os concorrentes aos prêmios técnicos, também muito equilibrados. Quanto às animações, os documentários e os curtas, não as comentarei, pois não vi todos os concorrentes.
Espero que com esse texto eu tenha conseguido motivá-lo a ir ao cinema, a comentar sobre essa incrível arte de criar vida e a assistir a solenidade de premiação do Oscar 2013.