Viciado

Às vezes me dou “A Missão” de tentar diminuir um pouco o “Ritmo Louco” de minha vida para analisar o que acontece comigo. Escarafuncho sentimentos quase “Intocáveis” que me ligam às pessoas e vou buscar “Em algum Lugar do Passado” as causas e “As Palavras” que deram origem ao fato de estar onde estou.

“Depois de Horas”, já tendo feito o levantamento de quase tudo, tanto para comigo quanto para com “Os Outros”, vejo que não preciso mais me vestir de “Gladiador” nem me sentir numa arena. Na verdade, já me acostumei a ter que andar sempre sobre “O Fio da Navalha”.

Que os dois parágrafos de introdução acima, sirvam para demonstrar a você que me lê agora, que um dos meus maiores vícios, talvez o maior de todos, é o cinema.

É bom que eu diga que também sou viciado em literatura. Menos pelo ato de ler, devido à dificuldade da dislexia. Sou viciado em escrever, ato que me apraz sobremaneira.

Também sou viciado em comida.

Esse vício quase sempre vem acompanhado de uma compulsão muitas vezes incontrolável. Em mim esse vício se consubstancia com pequenas guloseimas como os quibes e esfirras de mamãe, os cartuchos e rosinhas de Dolores, os beijinhos de coco e docinhos de banana de Carmita. Passa pelos cardápios das tradicionais bases de São Luis, como Edilson, Diquinha, Rabelo e Lenoca.

Meu vício é sempre convidado para as casas dos grandes anfitriões de nossa cidade e viaja para desfrutar dos melhores restaurantes do Brasil e do mundo.

Primeiro os salgados: Pão com manteiga, foie gras, cuxá, mandubé, escargot, funghi, cachorro-quente do boliviano (em frente ao Palácio), cozidão maranhense, feijoada, cassoulet, salada de camarão seco…

Depois vêm os doces: goiabada com queijo do reino, sorvetes de bacuri e cajá, tarte tatin do Chez Romy, merengue com morango, pudim de leite do Cabana…

De beber, gosto mesmo é de refrigerante. Entre eles o preferido é a nossa Cola Guaraná Jesus.

Sou também viciado em informação. Em conhecimento. Em História. Não sei como nomear esse vício, mas ele é marcante em minha vida.

Sou um curioso contumaz e tenho muitas vezes que me controlar para não perguntar sobre algum assunto, pois desejo saber tudo, talvez porque saiba que quem possui informação e conhecimento detém poder e uma melhor capacidade de solucionar as questões que se apresentem.

Devo dizer que sou também viciado em memória. Em lembrar. Acredito que essa capacidade defina bem o momento em que se une ou quem sabe se separa o humano, o intelectual, do animal, do meramente instintivo.

Não sou viciado em tabaco ou em álcool e nunca sequer experimentei cocaína, heroína, LSD, haxixe, êxtase ou crack. Prefiro controlar rigidamente minhas necessidades de alucinações. Para isso uso o cinema, a literatura, a comida, o conhecimento, a história… A política…

Política! Sou viciado em política. Não estou falando de eleição. Isso eu abomino. Refiro-me à política filosófica, a parte diplomática dela, aquela que requer conhecimento, civilidade, urbanidade, sagacidade, sabedoria, cultura. A parte que exige dos contendores tenacidade e tolerância.

Sou viciado nisso.

Gosto de conhecer, de discutir propostas, de chegar a um denominador comum. Tal qual um agricultor, gosto de ver o plantado, no âmbito das ideias, florescer e dar frutos.

Enquanto relia esse texto, pela quadragésima segunda vez, característica básica do meu modo de realização criativa, descobri que na verdade sou viciado é em emoção. Sendo que a forma mais fácil, eficiente e prazerosa de chegar a ela, é através dessas coisas citadas acima.

Emociono-me ao assistir filmes e em realizá-los. Emociono-me em escrever. Emociono-me quando como e bebo, quando aprendo ou descubro algo novo e quando relembro de algo importante. Emociono-me ao ver a correta política ser bem executada.

Emociono-me ao sentir que o amor que sinto por minha mulher é grande e igualmente correspondido.

Em verdade vos digo, sou viciado é na emoção que as coisas que eu amo me oferecem.

 

PS: Hoje estou especialmente emocionado, pois é o dia do aniversário de Laila, o melhor pedaço de minha alma.

 

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Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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