A realização do projeto Academia da Memória – Homens & Imortais me propiciou conhecer mais de perto alguns personagens de nossa história literária e cultural, sobre os quais eu sabia algumas poucas coisas, desconhecidas da grande maioria das pessoas. Esse trabalho fez com que aprofundasse meu conhecimento, fato que espero aconteça com todos que tiverem acesso a esse material.
Uma das personalidades mais polêmicas de nossa história, com toda certeza, foi Antonio Lobo, dínamo de sua geração, jornalista competente e cronista implacável.
Se por um lado ele serviu como motor de força e gerador de energia para o movimento que culminou com a criação da Academia Maranhense, que mais tarde passaria a ser “de Letras”, ele também era um encrenqueiro contumaz, um polemista ferrenho, um crítico ácido.
Professor, jornalista, romancista e tradutor, Antonio Lobo, nasceu a quatro de julho de 1870 e morreu ainda jovem, aos 46 anos.
Ele dirigiu a Biblioteca Pública, o Liceu Maranhense e a Instrução Pública, que seria hoje a Secretaria de Educação do Estado, além de ter sido diretor de A Revista do Norte, importante periódico de sua época. A militância na imprensa era para ele, sua razão de viver. Por meio dela, pôde disseminar suas idéias de educador, de crítico de costumes e de político. Seu estilo era simples, mas impregnado de ironia.
Envolveu-se em grandes polêmicas. Entre os adversários estão quase todos os grandes intelectuais de sua época: Nascimento de Moraes, Manoel de Bethencourt, Barbosa de Godóis, Alfredo Teixeira, Fran Pacheco e Xavier de Carvalho. Alguns destes eram seus diletos amigos.
Em 1915, Antônio Lobo assume a direção do jornal ‘A tarde’, de J. Pires. Escreve ali duras críticas endereçadas ao então governador Herculano Parga. Este, o calou comprando o jornal.
Meses depois se suicida enforcando-se com uma corrente de rede.
Ao me defrontar com a história de Antonio Lobo, de saber de sua vida, dos fatos que o fizeram ser quem foi, das decisões que o fizeram fazer o que fez, olho em volta e vejo o quanto evoluímos em certos aspectos, o quanto continuamos iguais aos pais dos pais de nossos pais e o quanto pioramos depois deles.
Lendo sobre a vida do escritor, vejo que ele polemizava com todos a respeito de quase tudo. Amigos de longas datas, companheiros de jornadas, adversários políticos, desafetos. Literatura, política, filosofia, costumes. Talvez fosse essa a maneira que ele tenha encontrado para movimentar a província.
Gostaria de tê-lo entre nós para que ele dissesse poucas e boas para certas pessoas invejosas e recalcadas, que não fazem nada para melhorar nem a si nem a comunidade onde vivem, e ao invés disso se subtraem, ou melhor, se multiplicam negativamente. Se bem que multiplicando por zero o resultado é sempre zero e subtração de zero não altera o resultado.
Fico imaginando o que diria Antonio Lobo para uma determinada figura carecida de piedade, farrapo humano que não consegue guarida nem no seio de sua própria família.
Tenho certeza que tanto quanto eu, o mestre Lobo não se fixaria no defeito físico que o dito cujo carrega. Dizem que a parteira que lutou para trazer o infeliz ao mundo, tentando abreviar o sofrimento de sua pobre mãe, puxou-o pelo braço, entortando-o. Lobo preocupar-se-ia tão somente com os defeitos do caráter e da alma do sacripanta. Alguém que segundo dizem, foi expulso de sua própria entidade de classe. Boa coisa esse Belo não pode ser!
Se o chamassem de rapace, o indigitado teria que recorrer a um dicionário para saber do que foi qualificado. Pior seria chamá-lo de cinesiforo valdevinos apedeuta viegas ou de sostro lheguelhé atrabiliário gilvaz. Uma hora dessa ele deve está mergulhado no Aurélio tentando se achar.
Em “A carteira de um neurastênico” Antonio Lobo desenha um auto-retrato contundente e corajoso, um belíssimo reflexo da alma inquieta e atormentada que habitava seu corpo, “cousa” que não tenho certeza haja em certas figuras. O que deve sustentar essas criaturas não são almas. O que os sustenta é uma intrincada rede de idiossincrasias que lhes servem de cabide onde penduram os trajes com os quais escondem suas vergonhas e seus recalques.
Escondidos atrás de mídias poderosas esses lombrosianos modernos tentam apropriar-se da capacidade de disseminação de injúrias, calúnias e difamações dando às suas palavras a força de uma mídia avassaladora. No entanto, suas palavras são pobres, desprovidas de luz, e acabam por criar no máximo um traque, emissão de gases pútridos de origem orgânica.
Seria bom que tivéssemos de volta Antonio Lobo para dizer cobras e lagartos de e para essa gente.
Nossa cidade seria um lugar bem melhor se o falastrão a quem me refiro fosse capaz de imitar Antonio Lobo, única e exclusivamente no que diz respeito ao último ato de sua vida.
PS: Como tenho andado muito ocupado, esse texto serve de resposta, tardia, mas necessária, a um imbecil. E a outros também!
Meu caro Joaquim Nagib Haickel quando hoje cedo li esse seu texto no JEM, soube logo a quem você se referia. Trata-se realmente de um canalha, um crápula, individuo da pior espécie.
Não sei se você vai se lembrar de mim, mas nós fomos contemporâneos, acredito até que somos da mesma idade. Frequentávamos o Lítero e o Jaguarema, as escolinhas de Gafanhoto, Sergio e Paulão. Eramos todos colegas e promissores atletas, você, eu, Gercinho, Rachidinho, Charles, Eduardo, esse traste, o irmão dele que é boa gente, apesar de ter problemas com vícios… Só que eu estudava no Marista e você no Batista.
O vagabundo a quem você se referiu em sua crônica de hoje frequentava os mesmos ambientes que nós, só que ele provém de uma família desajustada, tanto que os pais e os irmãos sempre o repudiaram.
Ele sempre foi uma pessoa má. É invejoso e recalcado e culpa as pessoas que alcançam o sucesso por ele só alcançar o fracasso.
Ele foi, durante muitos anos, ligado ao deputado Sarney Filho, que é boa pessoa, mas quando percebeu quem era o meliante, o expurgou de seu convívio. Ele fazia parte do grupo que tinha como membros que se sobressaíram o ex-deputado Pavão Filho e o Heitor Filho.
Resolvi escrever este comentário em seu blog porque acabei de ler o blog do fulano e vi que ele escreveu um monte de calunias contra você, coisas que quem se der ao trabalho de ler, saberá que são deslavadas e absurdas mentiras.
Dito isso, peço que o senhor não dê trela para esse infame, pois ele não merece nem uma linha de sua literatura.
Tenho certeza que quem lhe conhece sabe do seu valor. Eu que fui seu colega na adolescência, me orgulho disso da mesma forma que me envergonho de existir em nossa terra uma criatura como aquela, a quem nem se deve citar o nome para não dar cartaz.
Fico por aqui. Um grande abraço.
Luís Antonio Silveira.
PS: Quando mais novo eu era conhecido pelo apelido de “Toinho” ou Tontonho”.
RESPOSTA:
Meu caro Luís,
Primeiramente muito obrigado por suas palavras de amizade e apreço.
Depois, desculpe-me, mas não me lembro de você, minha memória não é e nunca foi muito boa. Lembro vagamente das escolinhas do Lítero, do Jaguarema e do Costa Rodrigues. Veja só como são as coisas. Não me lembro de você que é boa gente, mas lembro dessa “coisa” que infelizmente pertence ao gênero humano. É por isso que às vezes duvido da existência de Deus, pois se ele existisse e amasse a humanidade como alardeiam por aí os religiosos, não permitiria que flagelos como esse sobrevivesse ao parto. Penso isso e comprovo a existência de Deus. Ele permite que criaturas como essa existam entre nós para nos testar.
Obrigado por seu conselho. Ao ler seu comentário, curioso que sou, fui ver o que disse de mim o tal, e confesso que dei muita risada. Só alguém com uma quantidade insignificante de neurônios e nenhum caráter diz o que ele disse. O que é bom, é que como você mesmo frisou, não há pessoa na terra que acredite no que está dito ali.
Mais uma vez obrigado e apareça para tomarmos um café.
Fico honrado e orgulhoso de ter amigos que mesmo distante tem por mim apreço e consideração. É recíproco, mesmo sem me lembrar de sua fisionomia.
Abraço,
Joaquim Haickel.