No início deste ano, estava eu aguardando na ante-sala da governadora, quando de lá saiu um grupo de empresários, dirigentes da Algar Agro, empresa mineira que no Maranhão estabeleceu-se no município de Porto Franco, onde se dedica à industrialização de derivados de soja, plantada em grande parte no sul de nosso estado.
Fui apresentado a eles pelo secretario de Indústria e Comércio, Mauricio Macedo, que ao fazê-lo comentou que eu poderia dar alguma ideia sobre um dos assuntos que a governadora tratara com eles.
A princípio, fiquei sem saber do que se tratava, até que me foi dito que a governadora havia sugerido que a Algar comprasse um prédio no centro histórico de São Luis e ali implantasse a sede de sua empresa ou então, em parceria com uma instituição local, como por exemplo, a Academia Maranhense de Letras, o Instituto Histórico e Geográfico, o IPHAN, a UFMA, a UEMA, o IFMA ou com qualquer outra instituição respeitável, desenvolvesse um projeto onde se pudesse preservar não apenas as nossas tradições artísticas e culturais, mas principalmente o nosso patrimônio arquitetônico.
Vibrei com a genial ideia da governadora. Fazendo isso ela mostra a essas empresas, que normalmente investem imensas quantias na construção de escritórios suntuosos, em bairros cujo metro quadrado supera em centenas de vezes os preços do centro histórico, que eles podem fazer algo muito mais barato e ainda por cima com uma função social importantíssima para nossa terra.
Na hora pensei só comigo: são ações como essa que diferenciam um simples governante de um estadista. Se por um lado fiquei orgulhoso da atitude da governadora, por outro fiquei satisfeito, por estar ali, sozinho na pequena área, de frente pro gol, com a bola no pé e o goleiro amarrado na trave do lado oposto. Tinha que fazer aquele gol!
Falei com secretario Mauricio Macedo para que ele servisse de ponte e ajudasse a sacramentar o que aparentemente ficou ali acertado: A Algar iria adquirir um prédio indicado pela Academia Maranhense de Letras, o doaria para a instituição que por sua vez providenciaria, respaldada nas leis de incentivo, tanto do governo federal quanto do governo estadual, os recursos para a reforma do imóvel e para a implantação nele, do projeto que se chamaria Gabinete Maranhense de Leitura.
Passado algum tempo, a ideia foi discutida e aprimorada, tendo sido apresentada em uma reunião da Academia Maranhense de Letras, onde comuniquei que dois de nossos maiores colecionadores de livros, raros e importantes, se comprometeram em doar seus preciosos acervos para a Casa, se o projeto do Gabinete Maranhense de Leitura sair do âmbito dos planos e passar ao da realidade.
Os acadêmicos Jomar Moraes e Sebastião Moreira Duarte serão os primeiros a terem suas bibliotecas incorporadas a esse projeto.
Deixe-me passar então aos detalhes, assim você poderá entender melhor como funcionará na prática tal idéia.
Uma empresa que pode ser a Algar, a Suzano, a Alumar, a Vale, a Raízen, a Petrobras, a Ambev, a Cemar, a EBX, a Votorantim, dentre tantas outras, adquire um prédio; sacramenta-se a doação para a AML; a instituição manda elaborar um projeto para pleitear os benéficos das leis de incentivo, incluindo nele o projeto de reforma do imóvel; aprovam-se os projetos; conseguem-se os patrocinadores, que poderão ser os mesmos já citados ou ainda os governos federal, estadual e municipal, através diretamente de seus orçamentos, de emendas parlamentares ou de recursos especiais; feito isso, reforma-se e adequa-se o prédio para o fim que se destina, reservando os salões onde serão colocadas as bibliotecas daqueles que doarem seus livros para esse fim.
Estaremos assim garantindo e preservando dois patrimônios de valores incalculáveis, um prédio histórico e livros preciosos. Preservaremos o trabalho de uma vida inteira de homens como Jomar e Sebastião, que se dedicaram em buscar e proteger esses livros para si e que agora os oferecem a todos nós.
É importante que se ressalte que o Gabinete Maranhense de Leitura da AML estará aberto a receber o acervo não só de seus membros, mas de toda aquela pessoa que desejar doar seus livros, filmes, quadros, obras de arte em geral para esse projeto, que terá visitação aberta e gratuita a todo público e será administrado de forma moderna e competente. Para isso faremos parcerias com as universidades aqui instaladas, que queiram desse projeto participar.
A iniciativa da governadora em convocar as empresas que no nosso estado trabalhem e desejam engrandecê-lo ajudando a proteger nosso patrimônio cultural e arquitetônico, a disposição da AML em ser parceira nesse projeto, o despojamento de figuras como Jomar Moraes e Sebastião Duarte em doarem seus acervos, a imprescindível parceria de nossas instituições universitárias, tudo isso nos faz crer que este será um projeto de grande sucesso, a exemplo do Museu da Língua Portuguesa, em nossa cidade patrocinado pela Vale.
Joaquim,
Caso você consiga concretizar essa idéia, será uma das maiores realizações culturais,
não do Maranhão, nem só do brasil, mas do mundo.
Você está de parabéns só pela iniciativa. Se realizar, será realmengte imortal.
Parabéns!
Farei tudo ao meu alcance para que esse projeto se realize.
Prezado Joaquim, pela primeira vez faço um comentário sobre suas crônicas, não poderia deixar de registrar esta sobre o falecimento do nosso amigo BOB DUALIBI, como você, privei desta amizade, brincamos juntos, como você enfatizou, lá no lítero e no jaguarema, nas tardes de sábado, nossa juventude. Hoje guardamos na saudade estas passagens, como guardo as peladas na sua casa, lembra, onde eu era o goleiro,lá no batista também era goleiro do time de hand bal, implantado no colégio pelo professor dimas sob o rígido esquema do professor emilio, nosso diretor de disciplina, cheguei a ser presidente do Interact substituindo o paulo marinho, alias, foi a melhor geração que passou no colégio batista, isso é meramente uma recordação talvez você possa não lembrar, mas fica o registro, de modo que suas palavras acerca do BOB refletem os sentimentos de seus amigos.