A outra

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Que Diana Spencer foi um ícone da história inglesa e mundial isso ninguém duvida. A plebeia que virou princesa e poderia ter se tornado rainha, daquele que já foi o império mais poderoso do nosso planeta, apaixonou a todos que a conheceram, souberam a sua história, as circunstâncias de sua vida e as consequências de suas ações e de suas escolhas. Sua vida foi de comum ao conto de fadas e terminou em tragédia.

Mas eu não quero falar sobre a bela Lady Di. Gostaria na verdade de falar de uma outra mulher, uma outra figura que surge como surgem quase todos os personagens da história, inexoravelmente, por necessidade natural que toda história tem de tornar-se de alguma forma marcante, para que nós seus apreciadores possamos descobrir aspectos que possam ser comentados e discutidos.

Gostaria de falar sobre uma mulher que, ao contrário de Diana, que era doce, meiga, simpática, elegante, charmosa e linda, me parece que sempre foi feia, não se veste como as mulheres elegantes o fazem, não parece ser simpática, não demonstra nenhum charme, parece não ser meiga e muito menos doce. Falo de uma mulher que aparentemente se opõe em quase tudo a Diana. Falo de Camila Parker-Bowles, atual mulher do príncipe Charles.

Essa crônica poderia acabar bem aqui se a minha intenção fosse apenas comparar o que era público e conhecido sobre Diana e o que da mesma forma o é sobre Camila. Em uma competição comparativa, imagino que a princesa ganharia da megera em todos os quesitos, no entanto há um ponto no qual eu acredito que Diana perderia para Camila. Refiro-me ao item amor.

Na vida existem muitos mistérios inexplicáveis e aqueles que envolvem essa faceta humana, o amor, são os mais controversos de todos.

Como um homem, em sã consciência poderia preferir uma mulher como Camila, em detrimento de outra como Diana? Muito pouca gente consegue automaticamente imaginar como isso pode acontecer, é preciso primeiro que a ficha caia, que a maturidade se imponha e só depois de algum tempo é que vamos entender como funcionam verdadeiramente alguns dispositivos do comportamento humano.

De cara, apenas de olhar, à distancia, poucas pessoas podem imaginar as qualidades que possam existir escondidas por detrás da figura mal apessoada de Camila. Ninguém pensa que ela possa ser bem humorada, divertida, culta, inteligente, dedicada, carinhosa, compreensiva, solidária, até porque ela foi a mulher que de uma forma ou de outra destruiu o maior conto de fadas do século XX. Isso não é lá bem verdade. Existem pelo menos duas dúzias de contos de fadas como esse, e alguns muito mais bem sucedidos. Ocorre que esse foi retransmitido via satélite, em tempo real para o mundo todo, invadiu as nossas casas, as nossas vidas. Posicionamo-nos confortavelmente em frente da televisão e como se assistíssemos a uma partida de futebol ou ao capítulo final de uma novela, passamos a participar dessa história, que ao contrário dos folhetins televisivos, era muito real, além de ser da Realeza.

Mas o que eu queria mesmo no dia de hoje, era chamar a atenção para três fatos. O primeiro é que apesar de feia, e isso ela é mesmo, apesar de imaginarmos que ela seja uma megera, Camila Parker-Bowles, tudo leva a crer, realmente ama e é amada por Charles. Para mim isso é o bastante.

Há também o fato de nós termos nos transformado em espectadores privilegiados dessas histórias e quase sempre não procurarmos a verdade sobre elas, nos contentando com a versão mais publicável, mais popular.

Porém há outro aspecto importante que eu acredito que deva ser levado em consideração. Em minha modesta opinião não há personagem em qualquer que seja a história, real ou ficcional, que não apresente alguma faceta que o credencie a ser de algum modo envolvente. Todo personagem tem seu charme, seu valor, só precisamos observar e descobri-lo.

Fica aqui uma sugestão. Veja qual personagem, dentre os menos nobres, entre os mais desimportantes, entre os vilões mesmo, qual deles mais chama sua atenção, qual mais lhe agrada, em uma obra como, por exemplo, “Os Miseráveis” de Vitor Hugo. Talvez alguém chegue à mesma conclusão que eu. Quem sabe alguém concorde comigo e ache que depois de Jean Valjean e Javert, o mais fascinante personagem dessa obra clássica, é Éponine, a filha do miserável vigarista Thénardier. Eu a acho bem mais interessante que a própria Cossete, pois seu amor a Marius a torna capaz de atos de extrema nobreza, atos revestidos em um sentido de honra, existente apenas nos principais personagens das histórias. O amor a torna maior.

PS: Me espantei há duas semanas quando vi que a revista Veja publicou matéria com tema semelhante, falando sobre as mais conhecidas amantes da história, acontece que eu venho tecendo essa crônica já faz algum tempo, desde que sonhei que dirigia um filme sobre a vida de Camila Parker-Bolwes, filme este que era protagonizado pela maravilhosa Meg Smith, também velha, também feia, mas ma-ra-vi-lho-sa!

1 comentário para "A outra"


  1. Marcelo Simões

    Caro Amigo e Professor Joaquim,

    Na minha opnião investigativa de personalidade curiosa; isso não passa de um belo “#RABOPRESO.”
    Não é possível alguem em sã consciência fazer esse tipo de troca.
    Só para reelembrar, quem gosta de DRAGÃO é SÃO JORGE.

    Forte Abraço!

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