Do Deus dos mares ao moleque das matas

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Só descobri na terça-feira, 2 de agosto, por intermédio de uma mensagem eletrônica, que o texto aludido por mim em meu último artigo publicado neste espaço era da autoria de Henrique Bois, um jornalista que considero um dos mais talentosos de nossa terra.

Dono de um respeitável cabedal cultural, ele é uma pessoa que devido ao meu jeito de ser e de encarar a vida, poderia muito bem chamar de amigo cordial. Mesmo que não sejamos próximos, sempre convivemos nos mesmos espaços culturais, prova disso é que ele, em algumas oportunidades, chegou a participar tanto da revista quanto das antologias Guarnicê (para quem não sabe, O Guarnicê foi uma revista aqui editada, sem viés de personalismo, por um grupo de jovens poetas, contistas, cronistas, jornalistas e cartunistas no inicio dos anos 80).

Sendo o referido texto de Bois, retiro o termo pigmeu mental, pois a ele tal adjetivo não se enquadra. Em que pese não ser um homem de grande estatura física, Bois é realmente um dos mais competentes jornalistas de sua geração. Aplicado, dedicado, estudioso, culto, lido, Bois é dono, quando quer, de um texto leve e gracioso, principalmente quando fala de arte, pedaço da vida pela qual ele muito se interessa.

Porém, Bois foi desatento quando se apressou em comentar em seu blog uma matéria publicada no jornal O Estado do Maranhão que falava da estada a nossa capital, a convite da Fundação Nagib Haickel – cujo nome publicou errado – dos cineastas Sergio Martinelli e Coi Belluzzo.

Alguns jornalistas, uns por excesso de trabalho, outros por excesso de miopia, outros ainda por excesso de preconceito e ainda outros por excesso de falta do que falar, vão falando, falando, falando, assim, sem se aprofundar no assunto. Acredito que o caso de Bois não se enquadre em nenhum dos anteriormente citados. Acho sinceramente que alguém deve ter comentado com ele sobre o fato de estarmos produzindo vários filmes e ele imaginou que todos os projetos fossem meus, pessoais, individuais. Não o culpo por pensar assim. O culpo por ele não ter pegado o telefone, ligado para mim e perguntado o que quisesse saber, antes de escrever coisas que não sabia serem verdades, ou desse a sua opinião jornalística como verídica final e irrecorrível. Cacoete stalinista difícil de esconder ou superar.

Dizer que o Pólo de Cinema Documental, Ficcional e de Animação do Maranhão já nasce sob a sombra do personalismo, é tentar matar um recém-nascido ainda no berçário, tal qual quis fazer Hera ao mandar cobras ao berço de Hércules, e isso eu não poderia permitir.

O que de resto foi dito, o fato de eu ser amigo e fazer parte do mesmo grupo político do presidente José Sarney, de eu ser rico, de o Museu da Memória Audiovisual da Fundação Nagib Haickel ter sido montado com recursos de emendas de parlamentares federais, de o deputado Ribamar Alves ter sido o que mais contribuiu para isso, por mais que tudo isso pareça inveja, recalque ou qualquer outra idiossincrasia humana, não é relevante, levando-se em consideração quem escreveu tal matéria, pois Henrique Bois, de forma alguma tem motivo para ser recalcado ou ter qualquer tipo de inveja de mim ou de quem quer que seja. Quem o conhece, sabe que ele é capaz, competente, quem sabe até muito mais bem preparado que eu e tantos outros, tanto como jornalista e escritor, quanto como poeta, prova disso é seu novo texto sobre mim (que desta vez chegou ao meu conhecimento por um comentário em meu blog), intitulado “Resposta ao poseidônico Joaquim Nagib Haickel”, onde ele desfolha toda sua a cultura, todo o seu conhecimento filosófico e psicológico, demonstrando estar muitos degraus acima dos usuários comuns da Wikipédia.

Nesse texto ele replica pérolas da prosa poética como o maravilhoso título do álbum dos Titãs, “Tudo ao mesmo tempo agora”. Aqui seu inconsciente o trai, pois esse também é o título do livro de Ana Maria Machado, escritora-mãe de Jajá, garoto brilhante, vitima de preconceito social. Sintomático!

Cita Stalin, Marx, Engels, Lenin e como não poderia deixar de ser, não desata de Sarney. Analisa de forma extremamente elegante a literatura quando diz que “Dostoievski foi um escafandrista da alma russa ao escrever sobre os males que acometem o homem universal. As situações patológicas da alma são o mote de sua obra eterna” – no que concordo plenamente!

No entanto Henrique Bois não se afasta do erro. Só que agora é um erro digno das personagens que povoam sua mente culta, quem sabe um Javret, ou ainda Danglars ou Villefort, quem sabe Normam Bates ou Frank Booth. Mas acredito que é o Dorian Gray que ele vê em outros que está arraigado definitivamente em sua alma.

Ele diz a certa altura: “Décadas após ler ‘Os irmãos Kamarazov’ retorno ao personagem de Ivan Karamazov para manifestar meu desprezo ao texto ‘O que move o mundo…’ do imortal maranhense Joaquim Nagib Haickel, e suas alusões a minha pessoa, …”. Ora, acontece que eu não escrevi texto sobre a pessoa do caro jornalista, nem sabia que dele se tratava, escrevi e publiquei sobre um comentário que chegou ao meu blog, falando da minha pessoa e de um projeto que eu e alguns cineastas estamos tentando desenvolver no Maranhão.

Como diria o tio Barnabé, personagem contador de “causos” dos livros de Monteiro Lobato, quem sabe o Dostoievski tupiniquim, a carapuça vermelha e encantada só poderia cair na cabeça de um… CURUPIRA…

Como Ivan Karamazov, acredito que ninguém seja obrigado a amar seus semelhantes, mas aprendi com a minha mãe que é nossa obrigação termos respeito para com as pessoas, coisa que o escrevinhador do texto que comentei antes, não teve, nem para comigo nem para com os que como eu pelejam pelo NOSSO Pólo de Cinema.

Por fim considero esse incidente superado e convido o blogueiro Henrique Bois para conhecer e informa-se sobre os nossos projetos, para depois disso poder falar com conhecimento de causa.

PS: O Curupira é uma entidade da floresta. Diz a lenda que ele vai para as margens dos rios para pedir fumo aos canoeiros e vira-lhes as canoas quando não lhe dão. Ele não usa carapuça. Secretário de Esportes e Lazer, e membro das Academias Maranhense e Imperatrizense de Letras

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