Manutenção deve ser a palavra de ordem!

Já escolhi o candidato em quem irei votar para ocupar o cargo de prefeito de São Luis nas próximas eleições. Eu sei que ainda falta mais de um ano para o pleito; sei que a reforma política poderá mudar algumas das atuais regras eleitorais vigentes em nosso país; sei que muitas águas ainda vão rolar por debaixo dessas nossas pontes, que muitos buracos serão abertos e que muitos serão tapados; sei que o tempo é o senhor da razão; sei de tudo isso, estou cansado de saber, mas mesmo assim já fiz a minha escolha e não mudarei de opinião.

O que eu ainda não sei é o nome do meu candidato, mas pelo menos já sei como deve ser ele, já sei quais devem ser suas características principais, com o que ele deve se comprometer, quais devem ser suas metas, o que ele deve propor em seus planos administrativos para nossa cidade.

Em primeiro lugar, o futuro prefeito de São Luis, deve ser um político moderno, capaz de bem se comunicar com o cidadão e com a sociedade. Ele não precisa ser necessariamente um político de grande popularidade, de imensa capacidade eleitoral, já vimos em várias oportunidades que isso não significa muito no resultado administrativo. Ele pode até ganhar as eleições no segundo turno, depois de passar por uma disputa apertada no primeiro e até, antes disso, por uma briga acirrada e intestina no âmbito de seu partido. Não importa. O que importa é que ele, o vencedor, o nosso próximo prefeito de São Luis, não faça nenhuma grandiosa obra nova em nossa cidade.

Calma que eu explico! Não é que não precisemos de novas vias de transporte, de novos hospitais, de melhores áreas de lazer. Precisamos de tudo isso e de muito mais, porém acredito que possamos passar mais algum tempo sem ter essas novas obras, para que possamos recuperar aquelas que já possuímos.

Quando digo que gostaria que o próximo prefeito de nossa capital não fizesse nenhuma obra nova, não quero dizer que nossa cidade já tenha todos os equipamentos necessários para que possamos bem exercer a nossa cidadania, isso não! Mas acredito que teríamos bastante, quase o suficiente, desde que o que temos e tivemos funcionasse ou pelo menos ainda existisse.

Seríamos uma cidade e um estado realmente ricos se tudo que nós um dia tivemos, se tudo em que algum administrador público usou o dinheiro do contribuinte, existisse realmente, desde que essas coisas feitas no passado tivessem a devida manutenção, desde que tivessem o necessário cuidado por parte de nossos gestores públicos e mesmo da população, seríamos uma cidade e um estado no mínimo muito menos pobres.

Você pode imaginar como seria maravilhoso se ainda que apenas no centro histórico, na área do Reviver, circulassem os charmosos bondes de outrora! Se não tivéssemos desativado a Estrada da Vitória e pudéssemos contar com uma linha, que já estava pronta, de metrô de superfície, ligando o centro da cidade até o Distrito Industrial?! Isso só para falar do setor de transporte.

Imaginem agora se, tanto a prefeitura de São Luís quanto o governo do Maranhão, somassem esforços para fazer a Santa Casa de Misericórdia transformar-se em um grande hospital de atendimento de urgência de nossa cidade?! Resolveria pelo menos uma parte dos nossos problemas de saúde, não acham?!

Imagine se a nossa belíssima Biblioteca Pública Benedito Leite estivesse funcionando, se o Costa Rodrigues e o Castelão já tivessem sido reformados, se a Praça do Panteon contasse realmente a trajetória das grandes figuras da história de nossa terra, sem correr o risco do vandalismo.

Você já foi ultimamente ao Mercado Central? Meu irmão Nagib, que vai lá todo domingo, me levou alguns domingos atrás. Fui e confesso que fiquei maravilhado. Em que pese no início da Rua da Inveja haver uma cratera sobrenatural, desfigurando toda a área e impedindo que se visite a bucólica Fonte das Pedras, em que pese o prédio do SIOGE continuar abandonado, em que pese o trânsito caótico, mesmo para um domingo de manhã… Mas o Mercado Central está magnífico. Calma! Eu explico. Ele não está reformado, não está limpíssimo, não está um brinco, mas confesso que ele está muito melhor do que eu imaginava que estivesse. Pensei que ao chegar ali encontraria uma grande zorra, uma sujeira só, uma bagunça. Não, ele não está o que a vigilância sanitária poderia chamar de perfeito, mas está muito melhor que se poderia imaginar.

De tudo, o que mais me chamou atenção no MC foi a cara das pessoas dali. Quase todas as pessoas com quem falei: feirantes e clientes, quase todos tinham um sorriso estampado no rosto. Eta povo bom esse nosso!

Somente ao sair do Mercado Central, me dei conta de que aquilo que eu vi ali era resultado menos da ação da administração pública e muito mais da ação dos próprios comerciantes ali instalados.

Desci a escadaria do mercado, virei e olhei para ele e por um instante, sonhei que o próximo governante de nossa cidade transformaria aquele mercado em um empreendimento parecido com o mercado municipal de São Paulo, para isso não precisa construir um novo mercado em outro lugar, basta reformar aquele e se lembrar de mantê-lo.

Conversando com uma pessoa que teve acesso à última pesquisa sobre o momento político atual e as próximas eleições, sobre a imagem dos governos estadual e municipal, sobre o que poderá acontecer, soube que uma das perguntas da pesquisa girava em torno do que as pessoas mais desejavam como presente para a cidade de São Luís na comemoração dos seus 400 anos e em primeiro lugar aparece a preocupação com a preservação do centro histórico de nossa capital, o que dá todo o respaldo para o governo do estado e a prefeitura municipal implantarem ali todas as suas secretarias e todos os seus órgãos administrativos, resgatando assim de uma vez por todas um maravilhoso patrimônio do passado, que se mantido nos garantirá um patrimônio incalculável para o futuro, isso, além de fazer o que a população deseja.

2 comentários em “Manutenção deve ser a palavra de ordem!”

  1. Caro Joaquim, quanta felicidade em ler esta materia e saber que os meus pensamentos sobre os problemas e necessidades da nossa querida Ilha não são pensamentos solitários de um ludovicense que reside em São Paulo porém, não deixa de estar informado dos acontecimentos da cidade. Parabéns por esse olhar inteligente sobre o patrimônio público que está sendo mal aproveitado, no entanto, passível de renovação e bom proveito!

    Um abraço com admiração!

    Fred.

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Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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