Para onde vai o “seu” Oscar

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Hoje à noite nós vamos poder assistir à octogésima terceira cerimônia de entrega dos prêmios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood.

O evento deste ano marca uma espécie de renascimento qualitativo do cinema americano, pois ao contrário do que aconteceu nos últimos anos, qualquer uma das obras que concorrem ao prêmio de melhor filme, pode ser a vencedora, sem deixar a desejar em nenhum quesito aos demais postulantes. Lembrando que dois anos atrás a película vencedora foi uma produção anglo-indiana e no ano passado foi um filme que logo será esquecido, enquanto o campeão de bilheteria, o maior da história do cinema, não passa de um folhetim de segunda categoria.

Nos últimos dez anos o que se via era uma, no máximo duas produções realmente boas, capazes de nos fazer suspirar no escuro da sala de projeção e de nos fazer querer sair de lá direto para um barzinho para passar o resto da noite discutindo todos os aspectos da obra. Este ano é diferente, todos os concorrentes são ótimos, e não apenas na categoria de melhor filme, mas em todas as categorias, pelo menos nas principais como melhor direção, ator, atriz, ator-coadjuvante, atriz-coadjuvante, roteiro, música, fotografia, edição, cenografia, som, figurino… Para a maioria de nós, assim como para os americanos que não são do mundo cinematográfico, as outras categorias não são assim tão importantes, pouca gente viu os filmes que concorrem nas categorias de filme estrangeiro, curta metragem ou de documentários e por isso não se pode ter uma noção mais realista do contexto.

A Academia ter aumentado de cinco para dez o número de concorrentes na categoria de melhor filme não muda em nada o fato de apenas os realmente melhores terem chances de ganhar. Em que pese Toy Story em qualquer de suas edições ser um maravilhoso filme infantil que encanta pessoas de todas as idades, ele não é um concorrente de verdade, da mesma forma que apenas Bravura Indômita, O Discurso do Rei, Cisne Negro e O Vencedor estão realmente no páreo, mesmo que o decepcionante Rede Social, o bom 127 Horas e o sensacional A Origem, possam ser também citados. Os dois outros eu não vi, mas não acredito que tenham alguma chance a não ser Annette Benning que concorre ao prêmio de melhor atriz como uma mãe de família assumidamente lésbica.

O aumento da quantidade de concorrentes na categoria melhor filme é uma jogada comercial, feita unicamente para possibilitar mais produções estamparem em seus releases e em seus cartazes que foram selecionados para concorrer ao Oscar e com isso atrair mais público.

Alguns amigos meus já me ligaram para saber, neste ano, para onde vai o “seu” Oscar. Não tenho bola de cristal, não conheço a disposição dos membros votantes da Academia, mas se eu fosse um deles, certamente teria as minhas preferências que podem não estar de acordo com o resultado, coisa que só saberemos hoje à noite.

Atendendo a pedidos, cito abaixo, os votos que daria se fosse eleitor e as dúvidas que teria caso fosse votar.

Para melhor filme, Bravura Indômita, O Discurso do Rei, Cisne Negro e O Vencedor, nessa ordem, têm minha preferência, sendo que os irmãos Coen conseguiram fazer de sua versão deste drama passado no velho oeste algo extremamente tocante, onde de western mesmo, só tem os cavalos e as armas de fogo. Votaria nele, mesmo achando O Discurso do Rei um filme perfeito. Cisne Negro é uma obra onde o personagem de Natalie Portman, uma bailarina esquizofrênica, é tudo que precisa para se ter um filme forte e denso. Enquanto O Vencedor passeia de maneira competente por uma história real, sustentado por um grande roteiro e na competência de quatro excelentes atores.

O melhor diretor sairá do quarteto responsável pelos quatro filmes citados acima. Qualquer um pode ganhar, mas meu voto iria para Tom Hooper, de O Discurso do Rei.

Para melhor ator e atriz apostaria sem medo de errar em Natalie Portman e Colin Finth. Para coadjuvante a disputa é dura. Tanto Geoffrey Rush quanto Christian Bale podem e merecem ganhar, seria bom que dividissem esse prêmio para os dois. Das atrizes, Hailee Steinfeld, a mocinha de Bravura Indômita e a bela Amy Adams de O Vencedor teriam minha preferência, com uma ligeira vantagem para a primeira, pela impostação, dicção e porte condizente com a época e com o personagem.

Para melhor roteiro original escolheria O Discurso do Rei, em que pese A Origem me agradar muito, e para melhor roteiro adaptado, votaria em Bravura Indômita, que tem o toque dos Coen, mesmo 127 Horas sendo muito bom nessa categoria.

Se há uma coisa que nivela por cima os concorrentes deste ano é a cenografia, a fotografia e o figurino. Meus votos seriam para A Origem, Bravura Indômita e O Discurso do Rei, respectivamente, ressaltando que todos os concorrentes são maravilhosos.

A montagem é uma outra direção. Esse profissional pode mudar o destino de um filme, por isso esse é um prêmio tão importante. Nele se nota claramente o entendimento, a cumplicidade do editor com o diretor, quando isso acontece é sucesso garantido. Este ano os editores não tiveram muito trabalho, mas eu votaria em um filme que nem está concorrendo nessa categoria, falo de A Origem, apesar de que o premiado será um dos quatro favoritos já citados. Apostaria em Cisne Negro.

A música e o som são tão importantes em um filme que para cada um deles há dois prêmios. Aqui aparecem como favoritos Toy Story 3, A Origem, Rede Social e 127 Horas.

A premiação de hoje é apenas mais uma etapa dessas produções, e olhe que nem é a última, pois cada vez que estes filmes forem exibidos, as engrenagens que os impulsionam farão com que novas etapas tenham início, nem que seja apenas nas mentes de quem os assistem. É esse efeito que faz do cinema a maior, a mais completa de todas as artes.

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Carta aberta a Léo san*

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A superação das dificuldades da vida através do esporte não é novidade no Brasil. Todos nós conhecemos muitas histórias de meninos e meninas que vieram de situação desfavorável e conquistaram uma vida nova, através da dedicação e do amor a uma modalidade esportiva. O esporte faz isso, sem falar no fator de proteção que ele trás em si, sem falar na distância regulamentar que o esporte deixa os jovens das drogas e dos crimes de um modo geral. Essa superação de que falo aconteceu novamente no último final de semana, com um jovem maranhense e através do Judô.

Infelizmente eu só pude acompanhar mais essa história de superação e sucesso através de emocionados telefonemas. Falo da seletiva nacional classificatória, nas categorias, Juvenil e Júnior, para o Circuito Europeu e o Campeonato Mundial de Judô que se realizará na Ucrânia, que aconteceu em Brasília.

A equipe do Maranhão era composta de 07 atletas: Ana Carla Vieira, José Carlos Pires, Guilherme Bello, Vítor Rios, Talisson Almeida, Pedro Guimarães e Leonardo Diniz. Lutando com apuro, fibra e qualidade, nossos atletas superaram muitos obstáculos, e, como é natural no esporte, ganharam e perderam.

O grande destaque foi o nosso representante na categoria Juvenil de menos de 73 Kg, Leonardo Diniz, que conseguiu superar dificuldades inimagináveis. Eram 47 atletas lutando em seu peso. A grande maioria patrocinada pela Oi/Sogipa, Minas Tênis Clube/Fiat, Palmeiras, Corinthians, Santo André, São Caetano, Pinheiros e Flamengo. Torcidas enormes, ginásio lotado, competição com mais de 800 judocas.

Os nossos atletas tinham uma história de vida diferente dos demais, patrocinados pelas mega-estruturas desportivas já citadas. Nossos atletas, em sua quase totalidade eram “paitrocinados”, como diz um amigo apaixonado pela modalidade.

Dentre todos Leonardo tinha uma história de vida ainda mais difícil. Nascido no Coroadinho, filho de família humilde, mãe empregada doméstica e moradora da Liberdade, nem de longe Léo possuía a mesma facilidade e apoio fornecidos pela Oi, Fiat, Parmalat, Lubrax e tantos outros patrocinadores.

Leonardo é “cria” do professor Emílio Moreira, resultado do trabalho efetuado no ginásio Paulo Leite, nosso “Templo do Judô”, talvez a mais bem aproveitada praça de esportes do Maranhão. É fruto da abnegação de “Chico Neto” e da ajuda dos pais de atletas que sempre se uniram em apoio aos judocas sem “paitrocínio”.

Destemido, Léo soube superar todas as dificuldades, e bateu os atletas da Oi, da Fiat, da Parmalat, do Corinthians e do Flamengo. Venceu suas lutas por Ippon, o golpe máximo do judô, para delírio e felicidade de Emílio Moreira, o mais antigo sensei do Maranhão, que o acompanha desde seu começo nos tatames, aos 11 anos.

Com Léo e por ele, toda a equipe do Maranhão vibrou, gritou e se emocionou, além de ter chorado e comemorado, porque um companheiro, um irmão, agora iria partir para o Circuito Europeu, para treinar e lutar na Itália, na Bélgica, na Alemanha, na Rússia, no Cazaquistão e na Ucrânia. A emoção maior foi por ser Léo. De minha parte, eu chorei ao telefone, quando soube da notícia e quando soube de sua história, por ser ele a prova da verdade contida nos versos de nosso maior poeta: “… A vida é combate que aos fracos abate, e aos bravos e fortes só pode exaltar…”.

Chorei ao telefone com meus amigos Ney Bello e Emílio Moreira, que apaixonados pelo judô, não escondiam a felicidade e a alegria por ser um maranhense, por ser um garoto oriundo dos projetos sociais do judô, e mais que tudo, por ser ele, Léo.

Agora teremos todos que lutar fora dos tatames contra muitas dificuldades. Teremos que partir para buscar apoio que minimamente rivalizem com a excepcional estrutura dos judocas que estarão na Seleção Brasileira Juvenil ao lado de Leonardo Diniz. Não só o Estado, mas as Empresas privadas e os Mecenas, todos nós faremos o que for necessário. Foi o que eu disse ao telefone, como troféu, como modesta recompensa para o nosso campeão.

Neste momento nos obrigamos a olhar um pouco mais além. Devemos olhar para os projetos sociais que podem ser implantados nos Ginásios de nosso Estado, como o que acontece no “Paulo Leite”. Precisamos olhar para o trabalho dos Emílio Moreira, dos Marcos Leite, dos Wanderson, dos Curió, dos Mário, dos Uitaçussi, dos Coelho, dos Góes, dos Rodolfo e de tantos técnicos de judô que o Maranhão possui e fazer esse trabalho ser replicado no volei, no basquete, no handbol, no futsal… Não só olhar, mas também apoiar esse trabalho. O lucro será nosso. Nossos jovens e nossos professores já provaram que com um pouquinho de apoio, combinado com uma praça de esportes bem organizada, bem administrada e bem equipada, o esporte pode nos levar muito além.

O que me deixou mais feliz foi constatar que o esporte sempre é o melhor caminho, e que independentemente do ponto de chegada, ele nos leva a um futuro e a uma sociedade melhor.

Meu caro Léo e demais jovens esportistas do Maranhão, o apoio para que vocês tenham um futuro de oportunidades no esporte é responsabilidade nossa! Nós lhes daremos o apoio necessário para que vocês nos proporcionem muitas outras vitórias.

PS: * San, San é o mais comum dos títulos honoríficos japoneses e o mais conhecido fora do Japão. É usado para referir-se a alguém de mesma hierarquia, quer etária, quer profissional. Aplica-se tanto a homens como a mulheres, e a tradução mais próxima ao português é senhor ou senhora.

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A Nobre Arte

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Em meu último artigo disse que a partir de ter assumido o cargo de secretário de estado de esporte e lazer do Estado do Maranhão, minhas metáforas iriam mudar um pouco. Pois bem, aqui vai a primeira de uma série, esperando que em cada uma que vier daqui por diante, eu possa lançar  e converter três preciosos pontos, assim como no basquete, esporte que dentre todos eu mais amo. Justifico: O basquete assim como os outros esportes, se praticado entre semelhantes, pessoas da mesma faixa etária, com as mesmas compleições físicas, com desenvolvimentos técnicos semelhantes, de forma democrática e republicana, é o mais filosófico e ao mesmo tempo o mais científico de todos os esportes. Nele o atleta, instintivamente, executa uma infinidade de contas intuitivas enquanto pratica passes, interceptações, defesas, ataques e contra-ataques, rebotes e arremessos de uma bola em um aro que tem como anteparo uma tabela. São cinco competidores de cada lado da quadra, cada um exercendo uma função específica, desempenhando o papel para o qual foi designado e treinado para desenvolvê-lo. O basquete acalentou durante anos meu ideal de competitividade e busca do sucesso. 

Mas devo confessar que se amava incondicionalmente o basquete, se admirava o futebol, esporte no qual jamais me destaquei, se gostava do vôlei, do handebol, do futsal, sempre tive extrema dificuldade de encarar as lutas, as artes marciais de um modo geral, como esporte.

Acredito que isso se devesse ao fato dessas modalidades, aparentemente, irem frontalmente de encontro àquilo que eu ainda criança e fascinado pela leitura, pelo cinema e pelo aprendizado, imaginasse ser o maior dos ideais olímpicos, a principal mensagem que o esporte trazia em sua gênese: A suspensão das guerras, a celebração da paz, o congraçamento dos povos, das cidades, substituindo a fúria das sangrentas batalhas e das mortes que elas trazem em si, pela competição sadia, pela disputa igualitária, pela alegria e pelo companheirismo.

Ao mesmo tempo, sempre admirei a incrível capacidade de absorção dos poderosos golpes a que os boxeadores são submetidos. De meu pai, que era grande fã de Joe Louis, Rock Marciano, Cassius Clay e Eder Jofre, ouvi pela primeira vez que o boxe era conhecido como “a nobre arte”, e terminantemente não conseguia entender por que. Qual arte poderia existir no fato de dois homens passarem um tempão se esmurrando em um palco cercado por três fileiras de cordas?

O fato do boxe ser uma modalidade de confronto corporal mais direto, onde os contendores só podem usar os punhos para atingir o adversário e consequentemente derrubá-lo e vencer a disputa, sempre me fez repudiá-lo muito mais que as outras lutas.

A luta greco-romana (assim como o judô, o karatê, o taekwondo, entre outros) que existe há milênios, é um esporte muito pouco conhecido e por isso mesmo pouco admirado e consequentemente não atrativo financeiramente como é o boxe. Essa luta antes mesmo de ser assim batizada, em clara homenagem aos seus primeiros praticantes mediterrâneos, era tida como uma das práticas esportivas mais nobres.

Uma de suas regras principais proíbe  o uso das pernas, o que limita o lutador a usar somente a parte superior do corpo para derrubar, erguer e descolar o adversário. A luta se dá em dois rounds, com 3 minutos cada e é declarado vencedor o atleta que conseguir fixar os ombros do oponente no chão, caracterizando assim uma queda. Outra forma de vencer o combate é na contagem de pontos que cada atleta consegue durante os rounds, com golpes bem sucedidos e bem aplicados. A pontuação dos golpes varia de um a cinco pontos, dependendo do grau de dificuldade. Também é automaticamente considerado vencedor o lutador que abrir dez pontos de vantagem sobre o seu oponente. Se houver empate ao final dos dois rounds iniciais ou nenhum dos atletas conseguir fazer mais de três pontos, a luta é prorrogada por mais um round de três minutos. Se o empate persistir, os juízes decidem o vencedor.

As regras são indispensáveis em todo esporte e devem ser obedecidas rigorosamente. Mas além das regras específicas de cada modalidade, há outras que devem ser observadas quando se pratica qualquer atividade, seja ela física, mental, social, antropológica ou qualquer outra na esfera da relação humana. Devemos respeitar as regras da lógica, da física, da natureza, os postulados filosóficos, éticos e morais que envolvem os aspectos da atividade desenvolvida. Normalmente é fazendo de forma natural e simples que se consegue o sucesso. Se assim o competidor não fizer, não obterá vitória, será desde logo um derrotado, não conseguindo jamais subir ao verdadeiro pódio.

Mas voltando ao boxe. Sabe o que, depois de muitos anos com má vontade para com esse esporte, me fez concordar com o meu pai e aceitá-lo como a nobre arte? Foi depois que vi num desses canais especializados, um documentário sobre a vida de boxeadores famosos. A certa altura há uma sequência de lutas memoráveis entre grandes pugilistas que se olham de cara feia antes da luta, que se soqueiam, se agridem, se esmurram, às vezes por quarenta e cinco minutos, um querendo superar e derrubar o outro, mas que ao final, quando o juiz anuncia o vencedor, eles se cumprimentam, alguns até se abraçam. Foi nesse momento que vim a concordar com meu pai, o boxe é realmente a nobre arte, uma arte onde mesmo se esmurrando, respeita-se a regra do jogo e o resultado, e confraterniza-se respeitosamente depois da luta.

 

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Eu Te Amo Muito

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Quando eu te conheci

Tu tinhas tudo

Eu tinha nada

Eu podia tudo

Tu podias nada

Eu queria tudo

Tu querias nada.

Hoje

Eu abri mão de tudo

E tu abriste mão de nada

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