Verdades e Mentiras

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Credita-se a Joseph Goebbels, ministro da propaganda da Alemanha nazista de Adolf Hitler, a frase “uma mentira repetida mil vezes torna-se uma verdade”.

Abraham Lincoln, presidente dos Estados Unidos da América, disse que: “Pode-se enganar todos durante algum tempo, pode-se enganar alguns durante todo tempo, mas não se pode enganar todos por todo tempo”.
Em sua genialidade, o autor de 1984 e Revolução dos Bichos, o inglês George Orwell, disse que: “Em tempos de fraude universal, dizer a verdade se torna um ato revolucionário”.

Certa vez Jesus tentou mostrar a seus discípulos o que era realmente verdade: “Digo-lhes a verdade: não foi Moisés quem lhes deu pão do céu, mas é meu Pai quem lhes dá o verdadeiro pão do céu”.

O parabólico e metafórico nazareno queria simplesmente dizer que o adorado deve ser o detentor do poder e da glória, não seu agente, não seu obreiro.

Quando Jesus disse que ele era o “caminho, a verdade e a vida”, quis dizer mais do que entendemos em suas palavras traduzidas do hebraico ou do aramaico. Ele, em verdade, nos dizia que só se terá redenção, só se chegará na glória divina sendo como ele, sendo minimamente bom em tudo em nossas vidas, tendo em nós mais as boas qualidade do que as más.
Mas afinal de contas o que é mesmo verdade?

Em verdade vos digo, por ser poeta e político acho melhor não dar minha opinião, mas ir buscar em outros, explicação condizente com tarefa tão difícil.

O grande cientista Niels Bohr explica filosoficamente não apenas a mecânica dos elementos, mas a mecânica da vida enquanto seu parâmetro. Disse ele certa vez que existem verdades triviais e grandes verdades. Disse também que o contrário das verdades triviais é claramente falso, mas que já no caso de uma grande verdade, seu contrário é também verdadeiro.
Essa afirmação bagunçou minha cabeça. Passei muito tempo digerindo o que disse Bohr, que antes só conhecia das aulas de física e de química.

Havia então duas constatações a levar em conta. A primeira é que, obrigatoriamente, um cientista, antes de tudo, teria que ser um humanista, um filósofo. A segunda, se for realmente verdade o que disse Bohr, teria que reformular minha opinião sobre o demônio, satanás. Para mim ele não existe. É tão insignificante perto de Deus, onipotente, onipresente e onisciente, que nem cogito sua existência. Em minha concepção, o que há é o livre arbítrio humano, que na maioria das vezes, quando posto em prática, assemelha-se muito ao trabalho do Demo, do coisa ruim.

Pois bem, sendo Deus uma grande verdade, satanás, segundo Bohr, também o é. Confesso que não gosto dessa idéia, ela dá margem para muita especulação.

Em meu socorro aparece Nietzsche, mas acaba por bagunçar ainda mais minhas idéias, dizendo: Toda verdade é simples – Não será essa uma mentira composta?

Lembro então que meu pai dizia que algumas verdades eram tão preciosas que precisavam ser garantidas por uma série de mentirinhas.
Meu pai dizia umas coisas curiosas para um homem de pouco estudo. Uma vez, falamos sobre isso em uma de nossas viagens pelo interior desse Maranhão. Foi entre o ensaio dos discursos que iria proferir naquele dia e a eterna transmissão de um jogo de futebol entre Arsenal e Manchester, que ele ouvira pelo rádio, quando eu ainda nem era nascido.

Falando sobre como agir na política, como deveríamos nos portar enquanto políticos, fazendo uma comparação entre o mundo do comércio e o da política, mundos onde ele habitava, me disse ele que “a verdade é uma mercadoria complicada de se transportar e mais ainda de se negociar”. Que ela “tem que ser dita de tal maneira que se acredite nela, se assim não for, parecerá simplesmente mais uma mentira”.

Foi com ele que aprendi que é infinitamente melhor, se dizer a verdade, pois dá menos trabalho, é menos cansativo, mais prazeroso. Que só se deve lançar mão da mentira quando for impossível usar a verdade. E ele mesmo completou: ”O difícil é saber fazer a diferença”.

Comecei a escrever esse texto porque estava me indagando sobre minhas verdades, fato que me trouxe até aqui, esse beco sem saída. Só me resta lançar mão de um grande amigo meu, um mágico das palavras, grande conhecedor do pensamento e da alma humana, Luigi Pirandello, talvez o único capaz de solucionar esse dilema: “Assim é, se lhe parece”.

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Convite para refletir durante o almoço.

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Liguei na última sexta-feira para convidar meu caro amigo e colega deputado Carlos Alberto Milhomem para comermos umas costeletas de porco e uma carne de sol, regada a um bom feijão Mulata Gorda ou ao delicioso Cuxá, na Base da Diquinha, pois precisava falar com ele, uma vez que me encontrava bastante preocupado com sua situação eleitoral. Milhomem é um dos bons deputados que nós temos e se eu puder, vou ajudá-lo a se reeleger. Ele juntamente com Chico Gomes e de certa forma Antonio Pereira também, são os maiores prejudicados em seu partido, o DEM.

Tatá Milhomem é conhecido por ser um sujeito correto, um político confiável, mas não por ser um cara fino, polido, educado mesmo. Isso ele não é, mas suas qualidades superam os defeitos, quase todos provenientes de sua excessiva rudeza.
Quando perguntei a ele onde ele iria almoçar, pois queria convidá-lo para me acompanhar, ele foi logo gritando do lado de lá do telefone, dizendo do absurdo de uma entrevista que eu teria dado ao jornal “O Imparcial”.

A tal matéria havia sido publicada em meu blog e dizia que “Como é que no meio de uma eleição difícil como será essa, nós ainda vamos ter que nos preocupar em eleger o senador fulano de tal do DEM., os deputados federais, marinheiro de primeira viagem e ruim de voto do PMDB e os nepóticos deputados estaduais”.

A zanga de Tatá é totalmente improcedente, pois sendo ela minha opinião, e tendo ela sido manifestada de maneira clara e aberta, a menos que ele casse o estado democrático de direito, eu posso e devo defender meus posicionamentos e meus pontos de vista, ora bolas!

Mas só por isso vamos então analisar novamente o caso DEM.: O partido, aliado de longas datas da governadora Roseana, tendo sido ela eleita várias vezes por essa legenda, quer mais espaço, mais visibilidade. Acho justo, mas não posso deixar de dizer que o partido teve ao seu dispor quatro secretarias de estado durante um ano. Se o partido não usufruiu desse privilégio, isso é problema dele.

As secretarias de infra-estrutura, educação, segurança e de relações institucionais, essa última a única indicada pelo presidente do partido, eram ocupadas por deputados do DEM. e deveriam ter fortalecido as bases do partido, com ações que propiciasse visibilidade a todos e não apenas a três. A culpa disso é do partido que não teve pulso para agir, para se impor. O que não pode agora é querer dar uma de filho pródigo e querer dividir o resto dos bens do pai, já que a parte dele, ele já levou e deu descaminho. Assim é muito fácil.

Vou voltar a analisar o possível desempenho eleitoral dos Democratas, para podermos vislumbrar o perigo que eles estão sentindo, e com toda razão: O partido tem dois deputados federais (Nice Lobão e Clóvis Fecury, cujo marido da primeira e o pai do segundo são os dois senadores do nosso Estado, ambos pelo PMDB). Tem seis deputados estaduais (Max Barros, ex-secretário de infra-estrutura, César Pires, ex-secretário de educação, Raimundo Cutrim, ex-secretário de segurança, Antonio Pereira, primeiro secretário da assembléia Legislativa, Francisco Gomes, Líder do governo na assembléia e Tatá Milhomem, líder da bancada do governo). Logo se vê que o DEM. é um partido muito bem aquinhoado no atual governo bem como sempre o foi por nosso grupo político.

Pois bem, se a direção nacional do partido quiser obrigar a legenda no Maranhão a não coligar com o PMDB, PV, PP e PTB, muito possivelmente ela não elegerá aqui nenhum deputado federal, pois não deverá alcançar os 180 mil votos necessários para isso. Só elegerá um se os dois, Dona Nice e Clóvis, forem se engalfinhar em busca dos votos e tenho certeza que se esse for o cenário, Dona Nice não será candidata, inviabilizando assim a possibilidade do partido ter a quantidade de legendas necessárias para eleger um único deputado federal, a menos que ele sozinho tenha 180 mil votos.

No caso dos deputados estaduais, o partido só deverá eleger dois, isso acreditando na boa vontade e na abnegação daqueles que tenham menos votos e queiram ser bucha de canhão para eleger aqueles que deverão ser os mais votados (Max, César e Cutrim, acredito que nessa ordem). Mas ninguém será enganado, pois não são neófitos e são sabedores que só elegerão três candidatos se todos forem para o sacrifício. Duvido muito que aqueles que reconhecidamente têm menos votos queiram ser imolados vivos e queiram rumar para o cadafalso da derrota (no caso Pereira, Milhomem e Gomes, acredito que seja também nessa ordem). Não faz sentido algum correr o risco de perdermos três deputados da mais alta qualidade como esses que fariam grande falta na Assembléia. Mas contra a matemática não há argumento.

Há a possibilidade da direção nacional do DEM. querer que o partido no Maranhão coligue com seu parceiro nacional, o PSDB, coisa que jamais será aceita pelos Tucanos Timbiras, pois se assim fizessem seriam engolidos pelos democratas, que individualmente têm muito mais votos que eles.

Há ainda a possibilidade de o comando Nacional do DEM. está sendo “motivado” pelos demais candidatos ao governo e ao senado do Maranhão, na tentativa de tirar algum proveito dessa aventura. Aventura que favorece diretamente a candidatura de Zé Reinaldo, que em minha opinião é o que há de pior na política do Maranhão.

Há também a possibilidade de “alguém” esta querendo puxar o tapete do vice-governador João Alberto, que já cedeu espaço abrindo mão da candidatura a vice, e que agora teria que abrir mão da disputa pelo senado.

Há mais ainda. Se pusermos um candidato do DEM., quem quer que seja ele, e João Alberto para se escolher o mais plausível de se eleger nessa difícil campanha, todos sabem, não precisa que eu diga e as pesquisas apontam que a segunda opção seria a mais viável.

Quanto ao meu amigo Mauro Fecury, devo dizer que não há nada de pessoal nessa minha análise. Se por acaso houver, é em sua defesa, pois sempre existem meia dúzia de canalhas ordinários que anseiam, querem, precisam mesmo, muito, de uma candidatura abastada para poder tentar viabilizar os recursos financeiros que eles imaginam que um empresário bem sucedido como ele possa investir, na tentativa de se eleger senador.

A situação é critica, eu sei, mas a culpa não é minha. Querer que eu diga o contrário é um absurdo, ainda mais para Milhomem que me conhece há quase trinta anos e sabe que como ele, eu não “abeiro”, principalmente quando acredito firmemente em meu ponto de vista.

Desculpe amigo Tatá, mas não dá para defender aquilo que não acredito ou não concordo, mas o convite para o almoço está de pé.

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O Rato Que Ruge

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Depois de saber de alguns acontecimentos e de ler as matérias abaixo resolvi postar o texto que as segue, porque acredito que devo dar a minha opinião, se não como deputado estadual pelo PMDB do Maranhão, nem como político que faz parte do grupo liderado pelo ex-presidente Sarney, pela Governadora Roseana, pelo ex-ministro e senador Lobão, mas como cidadão que observa com preocupação os acontecimentos políticos de nosso Estado.

Do Blog de Décio Sá

Para pressionar a governadora Roseana Sarney e o PMDB do Maranhão por causa da aliança com o PT, a Direção Nacional do DEM dissolveu os diretórios do partido em 143 municípios do Estado. A partir de agora todos eles serão comandados por comissões provisórias.

Rodrigo Maia assinou a resolução nº 88

Assinada pelo presidente da legenda, deputado Rodrigo Maia (RJ), a resolução nº 88, de 5 de maio, diz que as instâncias foram dissolvidas porque o “desempenho político-eleitoral de tais órgãos não em correspondendo aos interesses do Democratas, impedindo o progresso e o desenvolvimento partidários no Estado”.

A decisão envolve praticamente todos os municípios onde o DEM tem diretórios. Da relação faz parte inclusive o Diretório de São Luís, presidido pelo deputado Raimundo Cutrim, e cidades como Chapadinha, Açailândia, Caxias, Presidente Dutra, Balsas, Chapadinha, Codó, Coroatá, Paço do Lumiar, São Bento e Santa Helena. Não só o DEM, e à exceção de uns poucos partidos, os diretórios municipais só funcionam em época de eleição municipal.

Essa decisão do DEM, na verdade, é uma espécie de recado à governadora porque o PMDB do Maranhão fechou acordo com o PT do presidente Lula, a quem os democratas fazem oposição cerrada. No ano passado, o ex-governador José Reinaldo (PSB) andou tentando cooptar a legenda, sem sucesso.

Na ocasião, um dos argumentos dos democratas locais para manter o partido alinhado ao grupo da governadora era o fato de estar ocupando cinco secretarias na administração estadual: Educação, Segurança, Infraestrutura, Assuntos Estratégicos e Sul do Maranhão. Com o fim do prazo de desincompatibilização e a reforma administrativa, o DEM ficou apenas com a última.

Além disso, o partido exige uma vaga na chapa majoritária e o aumento de sua bancada federal formada pelos deputados Clóvis Fecury e Nice Lobão. O DEM aceita até a indicação do senador Mauro Fecury (PMDB), pai de Clóvis, à reeleição na chapa de Roseana.

Tudo ciúme e reivindicação de contrapartida por conta do espaço que o PT conquistou no governo e na chapa majoritária, podendo indicar o candidato a vice-governador.

Do Blog de Mário Carvalho

O blog teve acesso à Resolução 88, datada de 6 de maio de 2010, em que a Comissão Executiva Nacional do Democratas (DEM), com fundamento no artigo 101, do Estatuto Partidário, resolveu:

Art. 1º Decretar sumariamente a dissolução dos 143 diretórios municipais no Estado do Maranhão, uma vez que o desempenho político eleitoral de tais órgãos não vem correspondendo com o interesse do Democratas, impedindo o progresso e o desenvolvimento partidários no Estado.

A decisão do partido envolve diretórios importantes como São Luís, São João Batista, Acailândia, Balsas, Bacabeira, Caxias, Cajapió, Cândido Mendes, Chapadinha, Codó, Coroatá, Dom Pedro, Estreito, Godofredo Viana, Governador Edison Lobão, Paço do Lumiar, Matões do Norte, Icatu, Lago da Pedra, Joselândia, Pirapemas, Poção de Pedras, entre outros.

O documento é assinado pelo presidente nacional do Democratas, deputado federal Rodrigo Maia (RJ).

De alguma forma, essa lengalenga do DEM., me fez lembrar um filme muito bom chamado “O rato que ruge”, estrelado pelo maravilhoso Peter Sellers (O pequeno ducado de Grand Fenwick passa por maus momentos. Então, a Duquesa e o Primeiro Ministro bolam um plano para salvar seu país da falência: declarar guerra aos Estados Unidos e perder, para conseguir grandes quantias em ajuda econômica de pós-guerra. Só que se esqueceram de avisar ao chefe das forças invasoras que a intenção era perder a guerra)

Com o DEM. do Maranhão está acontecendo coisa se não semelhante, tão inusitada quanto, pois ele também é um rato que ruge. Vejamos: O DEM. é um partido que tem dois deputados federais (Nice Lobão e Clovis Fecury, cujo marido da primeira e o pai do segundo são os dois senadores do nosso estado, ambos pelo PMDB) e seis deputados estaduais (Max Barros, ex-secretario de infra-estrutura, Cesar Pires, ex- secretario de educação, Raimundo Cutrim, ex-secretario de segurança, Antonio Pereira, primeiro secretario da assembléia Legislativa, Francisco Gomes, Líder do governo na assembléia e Tatá Milhomem, líder da bancada do governo), logo se vê que o DEM. é um partido muito bem aquinhoado no atual governo bem como sempre o foi por nosso grupo político.

Pois bem, se a direção nacional do partido quiser obrigar a legenda no Maranhão a não coligar com o PMDB, PV, PP e PTB, muito possivelmente ela não elegerá nenhum deputado federal, pois não deverá alcançar os 180 mil votos necessários para isso. No caso dos deputados estaduais, só deverá eleger dois, isso acreditando na boa vontade e na abnegação daqueles que tenham menos votos e queiram ser bucha de canhão para eleger aqueles que deveram ser os mais votados (Max, Cesar e Cutrim, acredito que nessa ordem).

Há ainda a possibilidade da direção nacional do DEM. querer que o partido no Maranhão coligue com seu parceiro nacional, o PSDB, coisa que jamais será aceita pelos Tucanos Timbiras, pois se assim fizessem seriam engolidos pelos democratas, que individualmente têm muito mais votos que eles.

Moral da historia, o DEM. tem que se convencer que o melhor que faz é deixar seus deputados se elegerem, pois quem pode sair perdendo é o próprio partido que irá correr sério risco de diminuir sua bancada tanto na Câmara dos Deputados, em Brasília, quanto na Assembléia Legislativa, no Maranhão.

Outra coisa, é de uma retumbante incoerência o DEM. querer indicar para compor a nossa chapa majoritária um candidato não filiado ao seu partido, no caso o senador Mauro Fecury, do PMDB, pai do presidente estadual da legenda. Se caso ele exigisse que um de seus filiados figurasse na chapa como candidato a senador, eu até me calaria. Vejam bem que eu disse figurasse, pois é só o que acontecerá com um nome do DEM. que seja candidato a senador nas próximas eleições, ele irá ser apenas candidato, pois eleger-se será quase impossível. Como é que no meio de uma eleição difícil como será essa, nós ainda vamos ter que nos preocupar em eleger o senador fulano de tal do DEM., os deputados federais, marinheiro de primeira viagem e ruim de voto do PMDB e os nepóticos deputados estaduais.

Caso nosso grupo venha a ceder a essa pressão de um rato que ruge, para mim estará mais uma vez confirmada que eu fiz a escolha certa ao não querer me candidatar nas próximas eleições. Se isso acontecer estará mais que claro, mais valer um camundongo que ruge que um cabrito que berra e entre um camundongo e um cabrito, eu estou mais para o segundo.

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Sinal dos tempos

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O sentimento que mais me emociona é a amizade. Não que o amor não seja sublime, ele o é, mas a amizade cristaliza em si outros sentimentos de maneira mais efetiva e contundente que o amor.

A amizade amplifica e consolida o respeito de maneira única, descomprometida e descompromissada, de tal forma que os laços existentes entre pessoas que são realmente amigas se fortalecem, mesmo que elas discordem em um ou em outro assunto.

Poderia falar do grande número de amigos flamenguistas e botafoguenses que tem esse vascaíno aqui. Ou dos corintianos e palmeirenses que discordam do sanpaulino que sou. Depois das partidas de futebol, quem tiver suas derrotas pra chorar que chore, e mesmo que se tenha que aturar alguns desaforos naturais dessas manifestações, quase sempre vindas urubus e porcos, quando se precisa realmente deles, eles estão conosco.

Poderia falar de amigos que professam fé religiosa diferente da minha. É difícil encontrar alguém que pense exatamente como eu no que diz respeito a esse assunto. Mas mesmo assim mantenho estreitos laços de amizade com pessoas das mais diversas denominações, de mulçumanos a judeus, passando por budistas, hinduístas e cristão de todos os matizes.

Em minha concepção de vida, as nossas diferenças servem para valorizar mais as nossas semelhanças, prática sedimentada sobre o fértil terreno da tolerância, sentimento que se prolifera em profusão e abundância no âmbito da amizade.

Poderia falar dos amigos que tenho em outras trincheiras político-partidário-ideológicas. Pessoas de quem discordo quanto ao que, ao como, ao quando e principalmente a quem.

No entanto, existem amigos vascaínos, agnósticos e peemedebistas de quem eu sou muito mais distante, menos identificado, que com alguns flamenguistas (arg!), mórmons (ui!) e comunistas (ai!). Brincadeirinha! Mas é verdade, existem pessoas distantes com quem concordo bem mais do que com gente bem mais próxima de mim.

Faço todo esse preâmbulo só para falar do falecimento de Rosalino Lima da Silva, “Seu” Rosa para os íntimos, ex-prefeito e o eterno grande líder de Altamira do Maranhão, cidade localizada na região do Médio Mearim, que conta com uma população de aproximadamente 7.500 habitantes e tem cerca de 220 quilômetros quadrados de área.

Rosalino, homem humilde e simples, mas muito rico, era um dos maiores criadores de gado do estado, liderava um grupo político que governou Altamira por 20 anos. Tinha e acredito que mesmo agora, continuará tendo uma legião de amigos que o seguia cegamente, pelo muito que fez por eles.

Faço política em Altamira desde 1982, quando me elegi pela primeira vez deputado estadual, sempre apoiado por Zeca Brás, adversário político de “Seu” Rosa, o que me fez também seu adversário durante todo esse tempo.

Acontece que uma coisa unia Zeca Brás e eu a Rosalino. O respeito que se deve ter pelas pessoas, independente de que sejam elas, amigos ou adversários. O respeito foi criando entre nós uma forte admiração e esta por sua vez foi arraigando uma amizade que se estendeu para sua esposa, suas filhas e seu genro, tanto que nas próximas eleições ele estava decidido a votar em mim. Eu que fui seu adversário nos últimos 28 anos, iria dessa vez merecer seu apoio.

Recentemente estive na casa de Rosalino, juntamente com sua família e pude sentir o carinho deles para comigo. Era algo desinteressado, gratuito, espontâneo. Foi uma das melhores sensações que eu experimentei nessa minha longa vida política, tão movimentada.

Eu seria apoiado por um adversário que reconhecia em mim o melhor candidato para defender os interesses de seus amigos e correligionários.

No entanto duas fatalidades se impuseram. A primeira foi o fato de eu ter resolvido não me candidatar nas próximas eleições e a segunda a morte de Rosalino no dia 1° de maio último, em Recife.

Quando soube da morte de Rosalino senti como se tivesse perdido um amigo muito chegado, como se ele fosse alguém com quem eu convivesse diariamente, pois ele havia me dado um crédito imensamente grande, muito maior do que o crédito que me é dado por aqueles que, muito mais poderosos que Rosalino, convivem comigo há décadas.

À Dona Teresinha, Lidce, Ludmila, dr. Miranda, e aos demais familiares e amigos de “Seu” Rosa, todo o meu respeito. Saibam que ter sido adversário de Rosalino engrandeceu o meu currículo. Ser seu amigo fez com que esse mesmo currículo ficasse diferenciado, pois poucos são os políticos que podem dizer que tem o respeito e a amizade de quem em uma ou outra situação diverge dele.

PS: Apenas para registrar: em duas ocasiões tive grandes perdas que de certa forma serviram para galvanizar as decisões que tinha que tomar. Com o falecimento de meu pai, em setembro de 1993, resolvi que não seria candidato em 94, pois queria organizar a vida de nossa família. Nos últimos seis meses, em sequência, morreram meu fiel escudeiro Moraes Neto, minha querida amiga Cleonice Rodrigues, de Vitorino Freire, meu amigo Jair Andrade, de São Domingos, e mais recentemente Rosalino Lima. Triste sinal dos tempos mostrando que fiz a escolha correta.

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A chave

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Revirando guardados,

encontrei dentro de uma bolsinha de couro,

uma chave com uma etiqueta pendurada nela

onde estava escrito

com minha letra,

“importante”.

Há tanto tempo guardada que minha memória não conseguia lembrar o que abria tal chave.

Comecei a experimentá-la em todas as fechaduras e nada.

Não era da porta da frente,

nem da porta dos fundos.

Não era da dispensa,

nem da garagem.

Não era do armário,

não era da cômoda,

não era do criado,

(mudo, cego e surdo)

não era da caixinha de musica que herdei em vida

de minha mãe quando eu ainda era criança,

não era do álbum de família antigo,

não era daquela caixinha de jóia portuguesa,

barroca, cuja a palavra usada por minha avó para invocá-la jamais esqueci.

Não era do apartamento alugado,

de onde fugi só com a roupa do corpo…

Não era de nenhuma fechadura!

“De onde será essa chave?”

Depois de dias sem descobrir,

resolvi que só haviam duas coisas a fazer,

jogá-la fora

ou guardá-la no mesmo lugar,

dando a ela o privilégio de continuar

“importante”,

mesmo que esquecida,

no fundo de uma gaveta.

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Notícias do Front

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Cheguei a casa por volta das 22 horas, exausto de mais um dia de lida e preocupado, por ainda não ter escrito minha crônica para domingo.

Mais cansado do que de costume, fui direto tomar meu banho, pois acabara de chegar de uma partida de basquetebol contra a equipe do Amapá pelo campeonato brasileiro da modalidade, na categoria de veteranos, faixa dos 45 anos. Vejam só! Eu jogando com um monte de meninos, já que há meia década passei dessa marca etária. Perdemos o jogo, mas eu acredito que não fiz feio, joguei o melhor que poderia fazer um cinqüentão de 120 quilos, um metro e oitenta e cinco e ainda por cima, com problemas nos joelhos.

Depois de tomar um pouco da deliciosa sopa de legumes que me aguardava, altiva sobre o fogão, peguei pesadamente no sono e já fui de cara sonhando.

Foi um sonho no mínimo engraçado.

Da torre leste do forte de minha vida, um cabo da guarda, de sentinela, com o fuzil acomodado ao ombro, grita e comenta:

São onze horas e tudo vai bem! Viva nosso comandante que recentemente completou oitenta anos de vida e de muita sabedoria, coisa que ele tem pra dar e vender. Seria muito bom que se desse mais ouvidos para ele! Olha, olha!

Da torre norte, como em um jogral, um outro cabo continuava a ladainha: Por aqui ainda são onze horas e tudo continua bem! A visita do presidente do Líbano em São Paulo serviu para muita coisa. Formalizou-se a nossa intenção de termos implantado no Maranhão um consulado libanês, além de ter servido para eu experimentar, uma das últimas vezes, o prestígio de ser deputado e ficar sentado no espaço reservado às autoridades, gente como Paulo Maluf, Romeu Tuma, Geraldo Alckmin, e os desembargadores conterrâneos e patrícios, Jamil Gedeon e Jorge Rachid.

O sonho continuava e da torre oeste daquele forte, que agora se parecia mais com um daqueles da legião estrangeira, incrustado em meio ao inóspito deserto do Saara, saído de um filme antigo, em preto e branco, outro cabo continua a cantoria: São onze horas e cinco minutos e tudo vai bem… Mas não posso deixar de dizer que há muito tempo não se vê um filme que se possa dizer que é um excelente filme, um que possa ser incluído numa lista de inesquecíveis ou antológicos. Diga aí, qual foi o último filme que você viu que possa figurar ao lado de Carruagens de Fogo, Sociedade dos Poetas Mortos, Pulp Fiction, O Labirinto do Fauno… Não me venha dizer que Avatar seria um desses filmes. Por favor!… Isso não, me poupe! Um filme pode ser um sucesso de bilheteria sem jamais ser extraordinário.

Nessa altura, em meu sono agitado, estava em estado de semi-consciencia e resolvi continuar sonhando aquele sonho, exercitar a capacidade de incentivar minha mente em vigília a produzir pensamentos mais ou menos controláveis, em forma de sonho, coisa que faço desde quando eu era muito jovem.

Da torre sul, seguindo sempre em sentido anti-horário, um quarto cabo fecha o ciclo de sentinelas de minha vida e do pregão de minha pauta para meu texto dominical: São onze horas e dez minutos e tudo vai bem!… Mas não se esqueça da posse da nova direção do Instituto de Cidadania Empresarial do Maranhão, amanhã às 08:30 da madrugada (isso seria na sexta-feira). Lembre-se da reunião no Museu da Memória Audiovisual do Maranhão, o MAVAM que servirá como armazém de nossa memória, providenciando a identificação, a localização, a catalogação e a preservação de tudo que possa significar acervo audiovisual, em todas as tecnologias possíveis, desde as mais recentes até as mais antigas. Esse museu que funcionará como uma usina de memória, idealizando e manufaturando produtos audiovisuais sobre nossa gente, nossa cultura e nossa terra. Museu que contará com um farol de memória, pronto para iluminar nosso caminho, item que irá coroar esse projeto. Trata-se de um canal de televisão educativa que terá sua programação voltada para transmitir não só o conteúdo do museu, mas também os conteúdos das muitas entidades parceiras nesse intento de preservar e difundir nossas manifestações culturais e artísticas.

Um trovão distante interrompeu a fala do cabo ao sul e prejudicou minha concentração. Ajeitei-me na rede e continuei sonhando, pois as sentinelas daquele forte, em minha mente tinham muita coisa a dizer noite adentro.

Acordado, corri para o computador para registrar o acontecido, antes que minha fraca memória esquecesse.

Chegando a mesa do escritório, deparei com um bilhete de minha Jacira, ao lado do computador, onde se lia “eu te amo”.

Preciso eu de mais alguma coisa!?

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