Dito & Feito

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No último dia 26, quinta-feira, lancei no Café Literário da III Feira do Livro de São Luis, que acontece até o dia de hoje, na Praça Maria Aragão, o livro Dito & Feito – Crônicas e escritos insubmissos, coletânea de textos selecionados pelo professor e acadêmico Sebastião Moreira Duarte, dentre aqueles que publiquei nesses mais de 15 anos em que escrevo aos domingos neste que é o maior e mais importante jornal de nossa terra.

O professor Sebastião teve liberdade total para escolher as crônicas que ele achasse que deveriam fazer parte desse primeiro volume de textos temporais que tive o desplante de aqui publicar. Ele os dividiu em três grupos, separando-os por temas, com focos tão sutis, que muitas vezes até eu mesmo, que os conheço bem, chego a confundi-los.

Há um grupo de crônicas chamado de Primeiro Registro: Deveres de Casa, onde se encontram as crônicas que abordam temas pessoais e familiares, como aquela em que quase psicografo uma carta de meu pai em ocasião de seu primeiro ano de falecimento. Há aquela outra em que lembro do cheiro de pão assado que Mãe Didi, mãe de criação de minha mãe, fazia quando eu era criança. Há também dois outros textos em que falo de meu Tio Samuel Gobel e sua maravilhosa história de vida, desde a sua amada Atenas, na Grécia, passando pelo campo de concentração de Dachau, na II Guerra Mundial, até chegar nesta outra Atenas, a maranhense.

No Segundo Registro, A Morada do Cidadão, as crônicas falam de política partidária e filosófica, da vida do ponto de vista coletivo e individual, das inquietações humanas, de nossos anseios, de nossas angústias, de nossas limitações e sobre como superar tudo isso. Estas são crônicas em que procuro mostrar a condição humana tendo, quase sempre como pano de fundo, um fato real, concreto, que dá causa ao texto ou que dele é consequência. Estão ali escritos dos quais particularmente me orgulho e dos quais gosto de maneira definitiva, como Dezesseis Minutos, Razoabilidade e proporcionalidade, Os dez mandamentos de Maquiavel, Fronteiras humanas, De que precisa um bom guerreiro? Viva os Zé Robertos da vida…

O Terceiro Registro, última partição do livro, é o que Sebastião reservou para colocar as crônicas em que há mais Poesia & Vida. Nele estão textos que abordam temas mais artísticos, culturais e por fim algumas histórias antigas que eu reconto bem ao meu modo, retemperando como e com o que eu acho que devo. Alho, cebola e tomate, um pouco de sal e pimenta são sempre bem vindos! Aqui, textos como A escolha e A bondade de Deus se sobressaem.

Dito & Feito ficou sob a responsabilidade editorial da Ética, editora de Imperatriz, que pertence ao dinâmico Adalberto Franklin, meu confrade da Academia Imperatrizense de Letras.

Por falar em confrade, coube a dois de meus confrades na Academia Maranhense de Letras, o mestre Jomar Moraes e o já citado Sebastião Moreira Duarte, a responsabilidade de avalizarem a mim e a essa minha obra. Jomar fez a orelha e a apresentação do livro coube a quem escolheu as crônicas.

Jomar disse entre outras coisas: “Joaquim Haickel, por acreditar nas palavras, com elas e por elas trava seu combate de eleição, com a firmeza dos que associam talento inconteste e vocação verdadeira”.

Já Sebastião analisa outro aspecto da obra, colocando luzes generosas sobre o estilo de quem não é pura e simplesmente cronista, alguém que tem um pezinho atolado na ficção e no cinema: “Crônicas de fim de semana é o que parecem ser estes escritos, à primeira aproximação. Pela singeleza de seu aparato, por seu conteúdo sem pretensões, ainda que manifestando inadiáveis preocupações, aqui estão, decerto, textos de fácil leitura. Mas que ninguém se deixe levar pelas aparências: Joaquim Haickel é hábil o bastante – e bastante prudente – para não mirar o que viu, e, mesmo assim, atirar no que viu melhor que ninguém, de sua posição privilegiada. (…) Direi, então, que alguns destes trabalhos estão mais para contos que para crônicas: serão cronicontos – se me é permitido repetir expressão utilizada noutra circunstância – em que a ficção toma o lugar da confissão, para que esta, cifrada em sutilezas, não seja flagrada, de saída, como libelo acusatório”.

Depois do dito, só me resta o feito.

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Convite

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Convite_Joaquim

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Comentando a notícia

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O jornalista Décio Sá publicou em seu blog na última sexta-feira a matéria abaixo, para a qual eu fiz o comentário que se segue.
Repercuto aqui tal notícia porque acho necessário que se fale sobre oportunismo e sobre oportunistas de forma clara e direta.
Texto publicado no Blog de Décio Sá:

Joaquim ‘enciumado’ com visita de Arnaldo a Roseana

O deputado Joaquim Haickel (PMDB) foi à tribuna da Assembleia Legislativa nesta quinta-feira (19) para comentar a audiência que o prefeito de Altamira, Arnaldo Gomes (PT), teve esta semana com a governadora Roseana Sarney, acompanhado do deputado Marcelo Tavares (PSB).

Durante o encontro, o prefeito reivindicou do governo estadual a construção de uma ponte e uma estrada ligando aquele município a Vitorino Freire. “Política é uma coisa engraçada. O prefeito do PT que não votou em Roseana, fez campanha contra ela, vai reivindicar coisas que eu já reivindico há muitos e muitos anos”, ressaltou ele, dizendo que em 2000 o governo Roseana construiu a ponte e devido às fortes chuvas e à falta de manutenção, ela desabou no governo Jackson Lago (PDT). Depois que a obra foi refeita e caiu de novo, hoje uma balsa faz a travessia de carros entre Altamira e Vitorino Freire.

Segundo Joaquim Haickel, além da estrada Arnaldo Gomes pediu e conseguiu que o Estado adquira para o município um hospital que pertence ao ex-prefeito Rosalino Lima, (PMDB) correligionário do deputado e da governadora. “Acho que o prefeito está no papel dele, mas até parece que ele, que sempre foi adversário de Roseana, vai resolver todos os problemas de Altamira. Quem faz política há muitos e muitos anos em Altamira sou eu, e apoiei o atual prefeito quando ele não se elegeu e perdeu por 32 votos para o mesmo Rosalino Lima”, enfatizou o parlamentar.

Citando texto publicado pelo jornalista Décio Sá (reveja abaixo ou aqui), o deputado disse que, ao deixar a audiência bastante satisfeito com a atenção dada pela governadora, Arnaldo Gomes avistou Rosalino Lima numa sala, foi ao seu encontro e deixou o ex-prefeito perplexo.

Joaquim Haickel acrescentou que o petista venceu a eleição por apenas 166 votos, mas os dois ficaram de conversar posteriormente porque o ex-prefeito disse não ter nada contra o adversário e nem querer atrapalhar o Governo. “Eu gostaria muito que realmente fossem os novos tempos em Altamira e no Maranhão, mas não vou deixar passar a oportunidade de separar alhos de bugalhos, de separar o joio do trigo, de deixar claro que o prefeito do PT de Altamira, que era contrário à governadora Roseana, está reivindicando essas benfeitorias para o seu município, mas antes dele os deputados Joaquim Haickel e Stênio Rezende já haviam reivindicado essas obras”, ressaltou.

Ele concluiu dizendo que se essas obras forem realizadas pelo Governo do Estado, não será pela ida do prefeito ao Palácio dos Leões, “mas pela pressão da população que tanto precisa”.

Meu Comentário:

Meu caro amigo Décio, fique tranqüilo, eu não estou enciumado! Estou é indignado e apenas estou deixando bem claro o que acontece em Altamira. Você que conhece bem o professor Arnaldo sabe que em sua primeira tentativa de ser prefeito fui eu quem o apoiou, atendendo pedido de meu amigo e correligionário, ex-prefeito daquela cidade, Zeca Brás. Arnaldo e Zeca perderam as eleições por 32 votos. Em vão lutamos na justiça eleitoral tanto em São Luis quanto em Brasília para que fossem apreciadas as denúncias de irregularidades daquela eleição. Tinha no Arnaldo a esperança de que Altamira com ele iria mudar. Ledo engano! Plantei meu trabalho e minha esperança no solo menos fértil e enganoso que poderia existir.

A primeira providência tomada pelo professor Arnaldo depois que houve o rompimento de Zé Reinaldo e Roseana, foi me trair e se passar de malas e bagagens para o lado de quem poderia $ustentá-lo, à custa do governo.

Agora, depois de tudo, de me trair politicamente, de fazer campanha, de insultar a governadora, me aparece com cara de bom moço, de bom samaritano, pra tentar usufruir de prestígio que é devido a mim, pois os pleitos que ele fez agora, já havíamos feito, tanto eu e Zeca Brás, quanto o senhor Rosalino.

Isso é demais pro meu pobre estômago. São por essas e por outras semelhantes que a política não é respeitada nem levada a sério.

Faço o que posso para me manter coerente, e é nesse sentido que fui à tribuna da ALM para deixar patente e claro que quem trabalha por Altamira junto ao governo, em primeiro lugar sou eu e Zeca Brás, em segundo lugar é o ex-prefeito Rosalino e nem em terceiro lugar é o prefeito Arnaldo, um jovem que tinha tudo para mudar a historia de Altamira do Maranhão, mas optou por ser pior do que aqueles que ele critica e se opõe, enveredando pela prática da covardia e da traição.

Para finalizar, quero dizer que oportunismo não é crime. Em nosso país os maiores oportunistas são os maiores ídolos de nosso povo. Craques como o genial Pelé, como Roberto Dinamite, Romário, Nunes e até mesmo o galinho Zico de Quintino. Para ser oportunista corretamente ou você é um centro-avante ou você é um político coerente, que age nas oportunidades que se apresentam, mas com a devida moral, respeitando a ética e a coerência.

Não pode num dia estar num palanque insultando alguém e no outro estar beijando a mão de quem insultou. Isso não é oportunismo, é safadeza. E é esse tipo de coisa que infelizmente faz a classe política ser a classe mais desacreditada em nosso país.

Aviso aos navegantes: Não vou postar nenhum comentário grosseiro.

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Um Pedaço de Ponte – Parte XI

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Pelo ouvido
 
Cego era Churck.  Cego e surdo.
Em verdade Churck era cego, surdo e mudo.
Kate não era sadia.  Talvez não muito sã, mas sadía.
*
Casaram-se em Richmond e foram morar em Washington, num bairro atingo – Georgetown.
Kate trabalhava numa fábrica de sutiãs – telefonista.
 
Churck recebia pensão do exército.  Na Coréia, uma granada estourou-lhe os tímpanos, arrancou-lhe as cordas vocais e vazou-lhe os olhos.  Mas foi só.
*
Voltou pra casa e casou com a namorada da infância Katarrine Hampumt.
Kate o amava muito. “Kate o ama muito”-comentava-se.
 
*
 
Voltar pra casa, encontrar Churck e amar era o que passava pela cabeça dela desde a saída.
Chegava, preparava banho pra dois.  Espuma e amor na banheira.
Churck adorava.  Kate nem tanto.  Preferia na cama.
 
*
 
Depois do chá com torradas, Kate lia – Dashiell Hammett – em voz alta.
Churck nada ouvia.  Pintava: mulheres – azuis, verdes, lilases, sempre mulheres nuas – nada via.
 
*
 
Onze horas, a de deitar.  Kate sorria – hora de sentir prazer. Primeiro adaptava o Headfone com a qual trabalhava a seu aparelho, discava: Chevy Chase, 3951.
 
*
Alô!”‘ – Kate.
Estava ansioso…”‘ – voz masculina do outro lado da linha.
 
*
Kate e Churck amavam, Churck nada falava.
Kate ouvia.

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Conchavo!?

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Nos últimos dias tenho sido submetido a uma enorme bateria de questionamentos acerca da possibilidade de participar da composição da lista de seis advogados que será submetida ao Tribunal de Justiça do Estado, para a formação de lista tríplice a ser encaminhada à governadora do Estado, para a escolha e nomeação de mais um desembargador indicado pela OAB.

Tais questionamentos surgiram depois de uma matéria postada pelo jornalista Marco D’Eça em seu Blog, fato que acabou causando o maior reboliço junto, principalmente, a setores mais ligados à direção da Ordem dos Advogados do Brasil, secção do Maranhão.

Vejamos um trecho dessa matéria: “O deputado estadual e vice-líder do governo na Assembléia Legislativa, Joaquim Nagib Haickel (PMDB), deve concorrer à vaga de desembargador do Tribunal de Justiça do Maranhão a ser preenchida por um membro da Ordem dos Advogados do Brasil.

Haickel era candidato a um dos cargos da Ordem na chapa encabeçada pelo então candidato a presidente, Daniel Blume. Quando Blume aceitou compor com Roberto Feitosa, o deputado abriu mão da presença na chapa para facilitar a composição.

Agora, pode ser o indicado do grupo Feitosa/Blume à lista sêxtupla que será encaminhada ao Tribunal de Justiça para análise dos desembargadores. (…)”

Dentre as muitas reações à matéria do jornalista Marco D’Eça, umas elogiosas, outras carinhosas e diversas de irrestrito apoio, uma delas me causou espécie: Aquela que enxergava um espúrio conchavo entre mim e os meus amigos e futuros dirigentes da OAB no Maranhão, Roberto Feitosa e Daniel Blume.

E mais, a nota de D’Eça deu origem à matéria que se segue, publicada num site da campanha do meu querido amigo e também candidato à presidência da OAB, Mário Macieira: “Caiu como uma bomba a notícia, divulgada ontem pelo blog do jornalista Marco Deça (http://colunas.imirante.com/platb/marcosdeca) que o deputado estadual e vice-líder do Governo Roseana Sarney na Assembléia Legislativa, Joaquim Nagib Haickel (PMDB), deve ser o indicado pela chapa formada pelos advogados Roberto Feitosa e Daniel Blume para concorrer à vaga de desembargador do Tribunal de Justiça do Maranhão, a ser preenchida por um membro da Ordem dos Advogados do Brasil.

Dezenas de advogados repudiaram ontem o acordo, que já teria sido fechado em favor do deputado governista para sua indicação na vaga. O principal motivo de protesto por parte dos advogados é que a chapa Juntos pela Ordem havia divulgado, publicamente, como proposta de campanha, que defendia a escolha para a lista sêxtupla de nomes para concorrerem ao cargo de desembargador, como resultado de uma consulta feita a todos os advogados inscritos na Ordem”.

Nunca houve qualquer acordo no sentido de apoio a uma eventual candidatura minha à vaga de desembargador pelo quinto constitucional, mas se acaso houvesse uma simples manifestação de apoio, nada possuiria de estranho ou espúrio, até porque, a chapa contrária à dos meus amigos, tem preferência clara e sinalizada para outros advogados, que possuem até muito mais chances do que eu na disputa.

Se bem lida a nota do jornalista Marco D’Eça, nela percebe-se que em momento algum ele afirma categoricamente que eu e os doutores Roberto Feitosa e Daniel Blume firmamos um acordo no sentido de apoiar quem quer que seja para o pleito. Afirma o jornalista tão somente que o grupo de Daniel Blume e Roberto Feitosa poderia me apoiar sem meias palavras, o que é absolutamente óbvio, pois deles sou amigo e na chapa de Daniel faria parte, até abrir mão de participar de sua composição final para ajudar na viabilização do acordo eleitoral com o doutor Roberto Feitosa.

Sobre a existência de um “conchavo”, palavra equivocadamente usada no sentido de criticar um acordo inexistente, cumpre deixar claro que isto seria impossível de ocorrer, pois tanto eu quanto Daniel e Roberto apoiamos irrestritamente a escolha da lista sêxtupla por consulta direta a todos nós os advogados inscritos na Ordem. Jamais deverá ser esta ou aquela diretoria, por razões estritamente pessoais, que deverá escolher quem são os seis causídicos aptos a compor os quadros do Tribunal de Justiça como representantes de nossa classe.

Senti-me honrado com a lembrança de diversos conhecidos e amigos do meio-jurídico, e mais honrado ainda com a lembrança de muitas pessoas que nenhuma relação possuem com a Justiça do Maranhão, mas que se disseram felizes com uma minha possível futura investidura junto ao Tribunal de Justiça.

Mesmo vendo a notícia da minha possível participação na disputa ser erroneamente deturpada, devo dizer que me senti honrado com a lembrança e que mais honrado eu estaria em compor a Justiça Maranhense em vaga antes ocupada pelos desembargadores Esmaragdo Sousa Silva, Jouglas Bezerra e Milson Coutinho, que tanto honraram a toga e o Estado.

Tenho certeza que a vitória de Feitosa e Blume elevará a totalidade dos advogados à condição de eleitores, deixando de ser meros sujeitos indiretos e passivos de uma disputa essa sim, de conchavos, com os quais não concordo e não participo.

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Honorável Bandido.

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Caro deputado Joaquim Haickel, gostaria que o senhor reproduzisse esse meu texto e as fotos constantes dele em seu conceituado blog.
 
Honorável Bandido.
 
Visitando um Blog deparei com as duas fotos abaixo que bem representam o que acontece na política maranhense. O Zé Reinaldo, ex- quase tudo, de Secretario de Estado, Diretor da Novacap, Presidente do DNOCS, passando por Superintendente da SUDENE, Ministro dos Transportes, Deputado Federal, e acabando Vice e depois Governador do Maranhão, tudo isso graças ao Zé Sarney, no lançamento do livro caça-níquel do oportunista jornalista Palmério Dória.
 
Com toda certeza Zé Reinaldo deve constar desse livro do Palmério, pois ele estava com o Sarney durante quase todo o tempo de sua vida, os dois eram unha e carne! Se ele não for um dos personagens principais desse livro é porque esse livro é exatamente o que eu imaginava: uma forma esperta do tal jornalista ganhar um dinheirinho à custa dos desavisados ou dos muito avisados que dizem, até pagaram para ele fazer o livro.

Ao lado de Bira do Pindaré, o ex-governador José Reinaldo Tavares no lançamento do livro de Palmério Dória em São Luís
Ao lado de Bira do Pindaré, o ex-governador José Reinaldo Tavares no lançamento do livro de Palmério Dória em São Luís
O ex-governador José Reinaldo Tavares discursa na cerimônia de lançamento do livro de Palmério Dória em São Luís
O ex-governador José Reinaldo Tavares discursa na cerimônia de lançamento do livro de Palmério Dória em São Luís
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Um Pedaço de Ponte – Parte X

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Dando continuidade ao texto “Um Pedaço de Ponte” leia a seguir:

Clara cor-de-rosa

Eu a via constantemente, ali, sentada naquele banco, sempre só, sempre com o mesmo vestido cor-de-rosa, o olhar vago, distante, perdido, de quem tem algo a dizer, mas não sabe como.  Todos os dias, após minha jornada de trabalho, pegando e contando dinheiro dos outros, tinha que passar por aquele banco, situado a alguns passos da sorveteria do Hotel Central, onde entrava também diariamente para tomar o meu sorvete de ameixa.  E lá estava ela, com seus olhos tristes e seu vestido cor-de-rosa, todos os dias, semanas a fio.

Depois voltava para casa, onde mergulhava de novo na minha vidinha de trabalho e televisão, cujo motivo se interrompia nos fins de semana com um bate-bola na praia ou uma cervejinha com os amigos.

De certo modo, porém, a presença da menina vestida de rosa quebrava a mesmice do meu cotidiano. Ao sair do trabalho, já não era no sorvete de ameixa que eu pensava, era nela. Que iria vê-Ia outra vez, encolhida e só, no seu banco de rua.  Depois que passava, sem ao menos vírar-lhe o rosto, a constância daquele apelo que sentia na nuca como se estivesse a chamar-me sem os psius e eis que me acostumara a ouvir das garotas sentadas na mureta da praça. No fundo, eu sabia que não era um chamado, era apelo. Mas eu continuava o caminho de casa, telefonando para Lígia, apenas para dar sinal de vida e seguindo o meu roteiro de programa – “Chico Anísio Show”, “Casa do Terror” – até dormir no sofá.

Em um fim de tarde, o vento soprando forte do lado do mar, a mesma multidão de caixeiros viajantes sentada à fresca, em frente ao Hotel Central, falei afinal com ela.

– Todo dia você está aqui, assim parada, sempre vestida de rosa.  Ela apenas levantou a cabeça como se fosse dizer-me algo, mas logo voltou a baixá-la acompanhando com os olhos os riscos imaginários que fazia na calçada com a ponta dos sapatinhos.

Só então reparei que eram sapatilhas de dança, que mal cobriam os pés miúdos e terminavam graciosamente num trançado de fitas um pouco acima dos tornozelos.  As pernas eram firmes e bem feitas, marcadas até as coxas pela roupa leve que vestia, por aquela generosa aragem que corria do mar.

– Como é teu nome?

– Clara.

Mais duas semanas transcorreram assim, sem que nada mudasse, nem no meu, nem no comportamento dela.  Apenas agora, ao passar, acenava-lhe com a cabeça, e ela me respondia com um sorriso mais triste que sua solidão e seu silêncio.

– Vamos tomar um sorvete, Clara?

Ela se levantou tão prontamente que me espantou, como se aquele convite fosse um bem longamente esperado, algo que houvesse perdido a esperança de receber.

– Vamos!

Eu lhe notara as pernas, mas ainda não havia percebido como era bonita, um rosto de criança numa disposição de mulher.

– Chocolate, ameixa, baunilha, maracujá, abacaxi, limão, tamarindo, coco, cupuaçú, bacuri, creme, nata!  Que que você quer?

Quando nos despedimos, sabia que faltava alguma coisa.  Entre nós, um ar pesado de desapontamento, de festa que termina antes de começar.  Bem o sabia, mas era segunda-feira, e eu não queria perder “Tela Quente”.

Na terça, amanheci com febre e fortes dores de cabeça. Só fui trabalhar na quinta.

–    Clara, como você está abatida!

–    Estive doente.

–    Eu também.

–    Eu sei, dores de cabeça, febre alta, calafrios.

–    Como você sabe?

–    Eu não sei, eu sinto.

E outro adeus sem jeito, outro adeus desnecessário e doído, que nenhum dos dois seria capaz de explicar o por quê.

Hoje será diferente Clara.  Vamos jantar fora.

Amei Clara como jamais amei mulher alguma.  Com fogo e todo o desejo do mundo.  Como lembrar aquelas horas?  Depois do amor, o nada.  O que resta é um emaranhado de imagens e lembranças absurdas, aquela confusão de olhos e de dedos, de cabelos e de seios, de coxas e de costas, de pés e de bocas. Mas sinto, ainda agora, tanto tempo já passado, que explorei cada pedaço de seu corpo, cada momento vivido, cada instante exaltado e em seguida, a recomposição do repouso, que se transfigura em enternecimento e entrega total. Conheci então, Clara sem tristeza, uma Clara exultante de tão mulher, uma Clara companheira, Clara eterna, na solidariedade do prazer.

Não lhe perguntei onde morava, nem fiquei sabendo seu nome completo.  Deixei-a no mesmo lugar em que a encontrara.  Só, no seu banco, vestida de rosa.

Não tive sossego no fim de semana.  Ela não apareceu na praça. Segunda-feira, mal pude esperar que o expediente terminasse para correr ao seu banco e vê-Ia de novo.  No entanto, Clara não estava lá. Terça-feira, fui outra vez esperá-la.  Sentei-me no banco. Eu estava só, fazendo sem perceber, riscos imaginários no chão com a ponta do meu sapato. Às nove horas fui para casa.  Deixei há muito tempo de ligar para Lígia.  Não havia mais televisão.  Os meus fins de tarde se tornaram um tormento, sem que nada pudesse preencher o vazio que se cavara em meu peito.  O banco de Clara era, agora, só meu, até que o desgosto e o cansaço me levassem de volta para casa.

Três semanas se escoaram na minha amargura.  Clara havia desaparecido por completo.  Aos poucos, eu me fui acostumando àquela solidão cor-de-rosa, absorvido no meu trabalho, cada vez mais apegado à televisão.  Uma tarde, passei distraído pelo banco direto para a sorveteria.  Lá encontrei o Ribamar que, excitado, me agitava um jornal nas mãos:

– Olha aqui!  Encontraram aquela menina que havia fugido da casa do pai, nosso colega da agência de Belém.

O que olhei ao tomar o jornal nas mãos me fez desabar na cadeira. O suor frio logo porejou na testa, um tremor de não agüentar pelo corpo todo, enquanto braços e pernas me fugiam inteiramente ao controle.  Quis falar, mas não consegui, a cabeça rodando, como se houvesse caído bem no meio de um terrível redemoinho. Lá estava ela, talvez numa última fotografia, os mesmos olhos tristes, possivelmente o mesmo vestido cor-de-rosa. Não podia ler direito, porém uma ou outra frase me chegavam à alma.  “Encontrado nas matas do Anjo da Guarda o corpo da menor C.M.L., que desaparecera da casa dos pais, há seis meses, em Belém. Os legistas acreditam que foi homicídio. Pelo adiantado estado de putrefação, o crime deve ter ocorrido há dois meses”.

Hoje é dia de assistir “Louco Amor” e “Quarta Nobre”. Meu Deus, como era mesmo o telefone da Lígia?  Não, amanhã tenho que estar cedo no trabalho.  Depois, tomar meu sorvetinho de ameixa e me recolher a esta vidinha besta.

Clara?  Perguntei à moça de vestido cor-de-rosa, sentada na mureta da Praça Benedito Leite.

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Entrevista exclusiva do Deputado Joaquim Nagib Haickel concedida ao jornalista Robert Lobato.

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1. Deputado, é fácil defender o governo Roseana Sarney?

Resposta: Defender, quem quer que seja, qualquer que seja o governo é sempre mais difícil que atacar. Diria pra você que defender o governo Zé Reinaldo ou o governo Jackson Lago seria muito mais difícil, pelo menos do meu ponto de vista.

2. O senhor está satisfeito com o desempenho do governo até aqui?

Resposta: Acho que pode melhorar e acredito que irá melhorar bastante, mas posso lhe garantir que esse governo mesmo não tendo engrenado, ainda assim é muito melhor que os dois anteriores.

3. Há corrupção no governo?

Resposta: A corrupção é uma conseqüência das atividades humanas. Não vou lhe dizer que não haja corrupção neste ou naquele governo, a única coisa que posso lhe garantir é que não concordo com essa prática.

4. O secretário Hildo Rocha criticou publicamente a disputa por espaços entre secretários e a intromissão de alguns nas pastas de outros. Como o senhor avalia essa questão?

Resposta: Concordo com o Hildo, mas acho que ele se esqueceu de falar da gula eleitoral de alguns secretários de estado que estão se achando os donos dos cargos que temporariamente estão ocupando. Esse é um dos fatores que tem prejudicado a performance do governo.

5. Um secretariado mais político do que técnico ajuda ou atrapalha o governo?

Resposta: Depende! Se o secretário mais político do que técnico quiser mudar a forma de construir estradas ou mudar o jeito de ministrar uma aula vai ser um desastre. Se um secretário mais técnico que político quiser reescrever “O Capital” ou “O Príncipe” será desastre certo. Cada um deve desenvolver o trabalho para o qual está mais preparado. 

6. O senhor tem dito que é uma voz isolada na defesa do governo na Assembleia. Em sua opinião, a base do governo tem vergonha de defender o governo?

Resposta: Eu nunca disse que sou uma voz isolada em defesa do governo, quem tem dito isso é a imprensa. E a imprensa tem dito isso para me jogar contra os líderes Chico Gomes e Tatá Milhomem, coisa que não vai acontecer, pois me dou muito bem com os dois. Não acho que a base do governo tenha essa vergonha, pelo contrário, estão todos doidos para mostrar serviço.  

7. O senhor é um quadro qualificado dentro do seu grupo, talvez um dos mais qualificados. E me parece que o senhor foi convidado para ser secretário de Estado, porque não aceitou?

Resposta: Realmente, fui convidado mas não aceitei. Primeiro me foi dito que seria convidado para secretaria da cultura, mas nunca acreditei que seria realmente convidado para essa pasta. Se tivesse sido poderia até aceitar, desde me fossem dadas as condições necessárias para fazer um bom trabalho. Mas fui convidado para secretaria de esportes e juventude. Em seguida foi só para esportes, pois juventude seria desmembrada, e para lá deveria ir Roberto Costa, indicado do vice- Governador João Alberto. Achei mais prudente não dividir uma coisa que já era pequena e abri mão em nome do companheiro Roberto, que vem se saindo bem nessa pasta. Depois fui convidado para minas e energia e disse que só aceitaria se essa secretaria fosse unificada com a secretaria de indústria e comércio, pois sozinha, nela se teria pouco o que fazer. Então preferi ficar mesmo na Assembleia, lá posso fazer uma das coisas que mais sei e gosto de fazer, que é política.  

8. Qual seria o melhor nome do PMDB para disputar o governo em 2010, Roseana ou Lobão?

Resposta: Os dois são ótimos candidatos. São melhores individualmente que todos os outros pretensos candidatos reunidos. Roseana por estar no mandato, ser carismática e ser eleitoralmente poderosa. Lobão porque está num ministério que tem ajudado no desenvolvimento do Brasil e do Maranhão de maneira contundente, por ser um diplomata e por quase não ter rejeição

9. Em sua opinião, quem seria o melhor candidato das oposições para o grupo Sarney enfrentar nas próximas eleições?

Resposta: Encaro eleição como encarava campeonato de tênis. No tênis você tem que vencer todos os jogos para ser campeão. Política é assim. Não tem esse negócio de melhor candidato. Dentre os que estão postos ai para disputar o palácio dos leões só o Flávio Dino será governador, um dia, e não será ainda dessa vez. Dessa vez, se eu fosse ele, seria candidato ao senado. Há uma vaga reservada para ele. Nós com toda certeza elegeremos um senador e disputaremos a outra vaga. Caso o Flávio não concorra ao senado até eu, tenho chance de me eleger. Se eu fosse Zé Reinaldo me candidataria à Câmara Federal, lá ele terá uma eleição tranqüila e uma boa votação, podendo puxar votos para ajudar sua chapa. No senado ele vai é gastar “seu dinheiro” e vai dificultar bastante a vida de seus correligionários. Como deputado federal ele terá o mesmo foro privilegiado de que tanto precisa e assim não se arriscaria em não tê-lo caso não se eleja senador. A candidatura de doutor Jackson ao governo não é uma candidatura política, é uma candidatura moral. 

10.  O senhor se considera um Sarneysista, no sentido de ter o senador José Sarney como referência na política maranhense?

Resposta: Claro! Quem achar que Zé Sarney não é a maior referência na política maranhense não é muito certo da cachola. Você pode discordar dele, mas daí a achar que ele não seja a maior referência da política do Maranhão é desconhecer a realidade.

Não posso me considerar um jackista ou um reinaldista, nem ainda um flavista. O doutor Jackson eu tenho como referência de pessoa, de homem, não de político. Zé Reinaldo é uma referência como técnico. Flávio por enquanto para mim é referência de competência, de capacidade intelectual e só vai passar a ser referência política para mim quando ele conseguir me provar que os votos que ele recebeu em Tuntum, São Domingos, Caxias e em outros lugares semelhantes, foram obtidos da mesma maneira e ao mesmo custo que os votos que ele teve em São Luis, dos estudantes da UFMA, ou melhor, que ele para se eleger deputado federal em 2006 não usou os mesmos recursos que diz abominar e combater, em síntese que ele é um político diferente.      

11. O que o senhor tem achado dos debates políticos na Assembleia Legislativa?

Resposta: Fracos. São raros os debates de alto nível.  

12. Qual o seu projeto político-eleitoral para 2010?

Resposta: Sou candidato a deputado estadual, pois pretendo concorrer à presidência da Assembleia, caso me reeleja.  

13. Vou citar algumas personalidades e gostaria, em breves palavras, a sua opinião sobre cada uma delas: 

Sen. José Sarney: Um visionário. O criador do Maranhão moderno. Um grande mestre da política a quem a história, um dia, saberá conferir seu verdadeiro valor.

Gov. Roseana Sarney: Uma pessoa extremamente carismática que revolucionou o nosso estado administrativamente falando. Essa importante e necessária revolução que ela implementou custou-lhe o controle político-eleitoral do estado nas últimas eleições.

Sen. Edison Lobão: Um diplomata da política. É impossível não se gostar dele.

Vice-Governador João Alberto: Enérgico e firme. Amigo de seus amigos.

Ex-Governador Jackson Lago: Bem intencionado mas mal assessorado.

Ex-Governador José Reinaldo: O melhor dentre os técnicos inventados por Sarney, mas em compensação seu maior equívoco político e olha que foram vários durante todos esses anos. Poderia ter feito tudo que queria fazer sem precisar trair seu mestre e criador.

Pref. João Castelo: Um dos grandes governadores que o Maranhão já teve. No seu governo foram construídas obras importantes e estruturais em nosso estado.

Dep. Flávio Dino: Ele é certamente o futuro, será certamente senador e governador do Maranhão, mas difere pouco, operacionalmente falando, dos políticos do passado. É uma pena que essa minha afirmação só poderá ser comprovada daqui a trinta anos. Jovem talentoso e competente que tem a seu favor o tempo e a vontade de mudanças. Contra si, só o fato de ter que aceitar o mesmo jogo político de sempre, coisa que não considero nenhum pecado mortal, mas ele sim, para isso basta ver como foi sua eleição de deputado federal em 2006.

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