Deputados prestam homenagem à colega imortal.

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Texto extraído do site da Assembléia Legislativa do Maranhão.  

O SENHOR DEPUTADO EDIVALDO HOLANDA (sem revisão do orador) – Senhor Presidente, senhoras e senhores parlamentares, companheiros das galerias, funcionários, internautas, comitê de imprensa, Deputado Joaquim Haickel, o nosso pronunciamento refere-se exatamente a V. Ex.ª, e está por nós escrito talvez há dois meses ou mais, mas buscando esta oportunidade de fazê-lo mais próximo da grande festa que o maranhenses teremos ali na Academia Maranhense de Letras. Já tive o prazer de registrar com grande alegria essa satisfação aqui mesmo desta tribuna e inclusive fiz um requerimento de moção, de aplausos aprovado por unanimidade por este plenário ao ilustre membro deste parlamento por ocasião de sua eleição para a Academia Maranhense de Letras, em pleito ocorrido dia 2 de julho do ano corrente. Falo do Excelentíssimo Senhor Deputado Joaquim Haickel. E vou sair do que está escrito aqui Deputado Joaquim, senhores deputados, Deputada Helena, faço, Deputado Penaldon, com mais autoridade permissa vênia companheiros, porque sou o líder do Bloco da Oposição nesta Casa, sou o líder da Oposição nesta Casa e V. Ex.ª é membro da Bancada do Governo. Portanto, este pronunciamento ele tem mais autenticidade, muito mais valor do que fosse alguém da bancada de V. Ex.ª. Creio que V. Ex.ª concorda conosco neste momento, pelo menos agora, sei que todos aqui conhecem muito bem de quem falo, mas quero ressaltar Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel, maranhense de São Luís, 49 anos, filho de Clarisse e de Nagib, o saudoso Deputado Nagib Haickel, de quem Joaquim herdou o gosto pela política. Chegou muito jovem a esta Assembleia Legislativa, aos 22 anos, com a missão de substituir o pai que se elegera deputado federal. Aos 26 anos seria sua vez de ir para Brasília, agora como Deputado Federal Constituinte, onde teve destacada atuação. Eu quero sair das letras do discurso quando ele diz que Joaquim chegou a esta Casa aos 22 anos. Eu quero lembrar aos senhores que naquele momento eu também chegava à Assembleia Legislativa do Maranhão e pude ser, Deputado Pavão e Deputado Nonato Aragão… Estamos homenageando um grande companheiro neste plenário. Eu chegava à Assembleia Legislativa um pouco mais velho do que o Joaquim e tive a honra de ser o líder dele. Eu era líder da Bancada do Governo já naquele tempo, governador de então, o bravo sertanejo Luiz Alves Coelho Rocha, e eu era o líder do Governo e era o líder do Joaquim, aquele jovem que iniciava a sua vida na política com um grande brilhantismo, com uma concentração de pensamento extraordinário. Sempre que, já naquele momento, ia à tribuna daquela Casa, como disse ele certa vez como neófito ou como alguém assim o disse do nobre imortal Joaquim Haickel. Mas Joaquim é também advogado, empresário e, sobretudo, um refinado intelectual. Tenho dele, saio outra vez do discurso, várias coleções de artigos que ele escreve no Jornal O Estado do Maranhão sempre aos domingos. Tenho o hábito de procurar exatamente o que ele escreveu e sempre recorto para a minha coleção particular os escritos do Deputado Joaquim Haickel porque escreve com leveza, com conhecimento de causa, com talento, e é gostoso ler o que o Deputado Joaquim Haickel escreve. Na verdade, o poeta e o político sempre viveram juntos. Joaquim é poeta por dom de nascimento e político por vocação. Querem ver um pouco da sua poesia? É só acessar também o blog do Deputado Joaquim Haickel que tem muita coisa interessante, excelente para ser pesquisada e lida.
O SENHOR DEPUTADO PAVÃO FILHO – Deputado Edivaldo, me permite um aparte?
O SENHOR DEPUTADO EDIVALDO HOLANDA – Daqui a pouquinho cederei um aparte a V.Exa. com muito prazer. Como parlamentar, é presença constante e diária nas tribunas deste plenário onde, tal qual seu pai, não sossega um só instante, conversando com um, articulando com outro, atendendo uma ou outra liderança política ou sindical. Aliás, lembrando aos senhores uma olhadinha para o frontispício da tribuna desta Casa que recebeu orgulhosa e honradamente o nome do Nobre Deputado Nagib Haickel, a quem eu aprendi admirar também. Acompanhei o pai do Deputado Joaquim, do colega Joaquim Haickel à distância e muitas vezes de perto. A força, a extraordinária inteligência e perspicácia de um sertanejo que entrou na política, que entrou no comércio, um turco que tinha a visão moderna, a visão moderna do comércio, do que a sociedade no mundo gostaria de ter, quem não se lembra da Meruoca? Deputado Joaquim, V.Exa. se lembra da Meruoca? Aberta 24 hora ali no João Paulo. Deputada Helena lembra-se da Meruoca. Olha a extraordinária sacada daquele árabe inteligente, impressionante. E quis a providência divina que partisse mais cedo deste mundo, deixando para nós uma grande lacuna, mas preenchida com certeza na sua plenitude pelo intelectual, pelo poeta, pelo amigo, pelo grande político Joaquim Haickel. Concedo o aparte ao Nobre Deputado Pavão Filho.
O SENHOR DEPUTADO PAVÃO FILHO (aparte) – Deputado Edivaldo, eu gostaria de me somar às referências que V. Ex.ª faz ao Nobre Poeta Deputado Joaquim. Joaquim na verdade tem orgulhado o parlamento maranhense pelo trabalho que tem feito na área da cultura, principalmente das letras através da poesia, através do cinema. O Joaquim tem contribuído com o seu talento que é natural, e isso nos orgulha porque mantém inclusive viva a tradição do Maranhão como uma fonte, como um celeiro de poetas, de talentosos, homens que pensaram no passado, no presente e com certeza teremos no futuro. Então o trabalho que o Joaquim tem realizado na área da cultura, das letras e do teatro, do cinema, orgulha a todos nós maranhenses, orgulha esse parlamento. Eu não tenho dúvidas de que a sua ida para Academia Maranhense de Letras, foi o reconhecimento a esse talento, e a esse comprometimento que ele tem com a cultura do nosso Estado, portanto, eu quero me somar às referências que V. Ex.ª faz ao companheiro Joaquim Haickel e homenageá-lo como um amigo, como um colega de parlamento, que muito tem contribuído para manter viva as nossas tradições culturais, como um Estado que é celeiro da cultura brasileira.
O SENHOR DEPUTADO EDIVALDO HOLANDA – Muito obrigado Nobre Deputado Pavão Filho, pelo seu aparte brilhante ao nosso pronunciamento, que só vem enriquecê-lo mais. Como artista Joaquim Haickel tem servido as mais causas de nossa cultura como, por exemplo, sua luta em defesa do cinema maranhense, que o fez aprovar aqui um Projeto de Resolução instituindo prêmio de incentivo ao cinema documental e ficcional em nossa terra. O Deputado Joaquim Haickel de fato nasceu com o dom e gosto para as letras e para as artes, é dotado de múltiplos talentos. Vou contar para V. Ex.ªs uma passagem da vida política de Joaquim Haickel. Eu quero chamar atenção aqui da Mesa e dos Senhores Parlamentares, da Imprensa, das galerias, dos internautas, porque esse é um fato histórico, Deputada Graça Paz, interessante que está cravado nos Anais do Congresso Nacional e agora, Deputado Penaldon Jorge, vem para os Anais desta Casa, e para o conhecimento dos senhores é que eu narro essa passagem da vida do Joaquim como Deputado Federal. Vou contar uma passagem da vida política de Joaquim Haickel que eu acredito que poucos sabem. Fui colega de Joaquim quando nos elegemos deputados estaduais em 82; depois fomos mais uma vez colegas na Assembléia Nacional Constituinte. Lá em Brasília, no Congresso, Joaquim foi indicado para relatar a Emenda da Pena de Morte, prestem os senhores atenção neste fato. A pena de morte estava sendo proposta no Brasil pelo velho Deputado Amaral Neto, então de autoria do Deputado Amaral Neto, Joaquim tinha apenas 27 anos, e enfrentaria um dos maiores tribunos e um dos maiores dilemas naquele momento que vivia o Congresso Nacional, pois bem, Joaquim não se intimidou, seu profundo conhecimento no cinema veio a calhar exatamente naquele momento em que todo o Brasil fervilhava a sua mente, tinha a sua mente voltada para aquela questão que levantava igrejas evangélicas, igrejas católicas, a Sociedade Civil Organizada, os Parlamentos no Brasil, todos focados na pena de morte, e Joaquim relatando a matéria do Nobre Deputado Amaral Neto. Joaquim fez uma edição compacta do filme: O Caso dos Irmãos Naves. Célebre erro judicial da justiça do Estado de Minas Gerais. Acredito que a maioria aqui leu esta grande obra que trata daquele erro judicial no Estado de Minas. Joaquim Haickel apresentou na Comissão de Direitos e Garantias Individuais o resumo daquele erro judicial em Minas. Resultado: um dos mais importantes e prestigiados repórteres e documentaristas que o Brasil e o mundo já tiveram foi desbancado por uma espécie de parecer documentário produzido pelo Deputado Joaquim Haickel. Isso, Deputado Joaquim, para nós é uma honra hoje, como foi ontem, e será sempre. V.Exa. honrou esta terra e este Parlamento em todos os momentos em que esteve nele ou que procurou, através da sua pena, escrever algum artigo, alguma crônica, alguma poesia que estão hoje aí nos pósteros cravados para que a história jamais se esqueça ou para que as gerações futuras possam tomar conhecimento. O parecer contrário à pena de morte, produzido pelo Deputado Joaquim, foi aprovado na comissão e no Plenário. Outro fato curioso, neste caso, era que o relator, suplente de Joaquim naquela ocasião, era ninguém menos que o atual presidente da Câmara dos Deputados, Deputado Michel Temer, hoje presidente daquele Poder.
O SENHOR DEPUTADO JOAQUIM NAGIB HAICKEL – Deputado Edivaldo, só queria lhe pedir que, antes de… Eu não sei o tamanho do seu discurso, mas antes que o senhor acabe sua fala, eu gostaria que V.Exa. me concedesse um aparte. Não quero lhe interromper, estou boquiaberto com V.Exa., apenas gostaria que, antes do final, V.Exa. me concedesse um aparte.
O SENHOR DEPUTADO EDIVALDO HOLANDA – Eu concedo agora a V.Exa. o aparte, porque é importante que a alma de V.Exa. fale também dentro deste pronunciamento.
A SENHORA DEPUTADA GRAÇA PAZ – Eu lhe peço um aparte, deputado, depois do Deputado Joaquim Haickel.
O SENHOR DEPUTADO EDIVALDO HOLANDA – Com muito prazer.
O SENHOR DEPUTADO JOAQUIM HAICKEL (aparte) – Deputado Edivaldo, eu fico muito honrado com a fala de V.Exa. Fico muito feliz por ter tamanha homenagem de V.Exa., mas a felicidade não é pelo elogio, pelas palavras carinhosas que V.Exa. tem para comigo, a felicidade é em ver aqui, Deputado Edivaldo, em que pese as nossas desavenças políticas, os nossos desencontros ideológicos, as nossas posições antagônicas nesta tribuna, hoje um homem sabe fazer a diferença. Lembro de uma frase que minha mãe trouxe do Cursilho de Casais e pregou na porta do seu quarto quando eu era criança: “Que Deus me dê coragem para enfrentar o que não posso mudar. Que me dê tenacidade para aceitar o que posso mudar e, principalmente, sabedoria para reconhecer a diferença”. A sabedoria de V.Exa. em fazer a diferença entre o ideológico e o fraternal me emociona mais do que os elogios que V.Exa. dedica a mim nesta manhã. Tenho certeza, Deputado Edivaldo, de que, apesar de sermos adversários, V.Exa. é líder da Oposição e eu sou vice-líder do Governo, numa ocasião de necessidade, no caso de guerra, de perigo iminente, tenho certeza de que poderei calar baionetas do seu lado porque, excetuando os desencontros ideológicos e políticos, conto com V.Exa. como homem de grande caráter e de grande moral. Por isso me honra pertencer a esta Casa e ser colega de homens como V.Exa. Muito obrigado por seus elogios e por suas palavras e, principalmente, muito obrigado porque nós já estamos aí há 26 anos convivendo na política do Maranhão, desde 1983, quando começamos na Assembleia Legislativa. V.Exa. lembrou bem no seu discurso, passando pela Assembleia Nacional Constituinte e agora aqui novamente. Espero que o Maranhão possa contar durante muito tempo com parcerias como essas que, mesmo não sendo desfraldadores das mesmas bandeiras políticas, desfraldem, como eu e V.Exa., mantêm a bandeira da boa convivência e a forma correta de fazer política. Muito obrigado, deputado.
O SENHOR DEPUTADO EDIVALDO HOLANDA – Muito obrigado, Deputado Joaquim, pelo seu emocionado aparte. Mas dizer que a grandeza dos contrários está exatamente na dimensão da fraternidade que possa haver entre eles. Permito o aparte à Nobre Deputada Graça Paz.
A SENHORA DEPUTADA GRAÇA PAZ (aparte) – Deputado Edivaldo Holanda, acho que qualquer um dos 42 deputados que fazem esta Casa gostaria de ter tomado essa iniciativa, mas V.Exa. está fazendo tão bem e quero me unir a V.Exa. porque tenho, a respeito do Deputado Joaquim Haickel, o mesmo pensamento. E principalmente o que mais toca nas pessoas que conhecem o Deputado Joaquim é esse lado sensível que ele tem, e trazendo para a política, eu acho assim, que como poeta todos nós conhecemos, eu mesmo gosto de ler nos blogs tudo o que ele escreve e tenho uma grande admiração por tudo que ele escreve. E aqui como político, se é o melhor poeta ou se é o melhor político, mas quando está aqui eu tenho essa dúvida, quando eu vejo o Deputado Joaquim Haickel daqui da tribuna e vejo que me parece que ele é melhor político de que poeta. Quando eu leio as cosias que Joaquim escreve me parece melhor poeta que político. Mas o que é importante, é que ele traz essa sensibilidade e essa veia de poeta para política e isso é muito importante. Parabéns pelo discurso de V. Ex.ª.
O SENHOR DEPUTADO EDIVALDO HOLANDA – Deputada Graça, V. Ex.ª parece que nessa tribuna teria feito melhor do que eu, porque resumiu o poeta, o político, o pensador Joaquim em tão poucas palavras, brilhantes palavras. Deixa eu me encontrar aqui. Contista, cronista, cineasta reconhecido e premiado no Brasil e no exterior, criador de uma extensa e rica obra literária com vários livros premiados. Começou como, Confissões de uma Caneta, em 1980, seu primeiro livro de contos, premiado no concurso Cidade de São Luís. Em seguida o Quinto Cavalheiro, livro de poemas de 81. Garrafas de Ilusões, contos de 82, também premiado em concurso da Secretaria de Cultura. Manuscrito, seu segundo livro de poemas em 83. Antologia Poética, Guarnicê e Antologia Erótica, Guarnicê, de 84 e de 85. Clara Cor de Rosa, contos de 86. Saltério de Três Cordas, contos de 89. Em 1990 lançou o apreciadíssimo: A ponte; que recebeu diversas indicações da crítica especializada, dentre eles Nelson Werneck Sodré e Artur da Távola. Como cineasta acaba de ganhar diversos prêmios no Brasil e no mundo com o filme: Pelo Ouvido. Melhor diretor no festival de Boston nos Estados Unidos. Indicações nos festivais de cinema de Montreal, Los Angeles e Hamburgo. No Brasil recebeu o prêmio de melhor filme nos festivais de: Natal, Teresina, Cabo Frio e no Guarnicê em São Luís; onde antes em 1984 já houvera sido premiado pela produção dos filmes: The Best Friend e Amigão. Seu filme, Padre Nosso é finalista de um festival nacional de micro metragens, filmes com até três minutos de duração.
O SENHOR DEPUTADO CARLOS BRAIDE – Senhor Deputado, V. Ex.ª me permite um aparte?
O SENHOR DEPUTADO EDIVALDO HOLANDA – Eu vou permitir seguidamente logo o aparte ao Deputado Batista, ao Deputado Jura Filho e a V. Ex.ª. Vou seguidamente dar os três apartes em razão do tempo e do pronunciamento. Com o aparte o Nobre Deputado João Batista.
O SENHOR DEPUTADO JOÃO BATISTA (aparte) – Nobre Deputado Edivaldo Holanda, confesso que estou surpreso em vê-lo abordar um assunto distinto, dos assuntos abordados anteriormente nessa tribuna por V. Ex.ª, no entanto me traz contentamento e felicidade vê-lo retratar de forma tão bela a figura do Deputado e também Poeta Joaquim Nagib Haickel. Eu fiz questão de apartear V. Ex.ª para dizer que poeta, eu acho que todo mundo é um pouquinho, há momentos em que você está num pique de criatividade incrível, que você não sabe se são duas da madrugada, sete da manhã, mas há um momento que você está no auge do seu pique criativo e você trazer esta criatividade que está dentro de você, verbalizar essa criatividade não é tão fácil quanto parece. Então, muitas vezes aquela criatividade, daquele momento, ela foge e não vem mais, talvez venha outra, mas não vem aquela e você ter a capacidade de ter pensamentos, idéias, conseguir verbalizar ou conseguir colocar isso no papel também como Joaquim consegue fazer, eu acho que é um talento, eu diria que carece e merece admiração. Portanto, eu fiz questão de fazer esse aparte para parabenizar o Deputado Joaquim por esta capacidade de pensar, mas não somente pensar e deixar que os pensamentos fujam, mas pensar e fazer com que esses pensamentos possam ser compartilhados por outras pessoas, quando consegue seus textos e quando consegue colocar de forma tão brilhante as idéias no papel. Não é para qualquer um, não é para qualquer um, portanto, fiz questão de fazer essas observações aqui.
O SENHOR DEPUTADO EDIVALDO HOLANDA – Obrigado Deputado João Batista pelo seu excelente aparte. Nobre Deputado Jura Filho.
O SENHOR DEPUTADO JURA FILHO (aparte) – Deputado Edivaldo Holanda, V.Exa. efetivamente faz um grande pronunciamento que todos nós gostaríamos de estar fazendo neste momento. Cada um de nós que aparteou ou os que não o fizeram com certeza gostariam de estar onde V.Exa. está para fazer esse pronunciamento. Como V.Exa. falou no início do velho Nagibão, do tio Nagib, por quem eu tive a honra de ser liderado quando ele foi Presidente desta Casa e quando exerceu o seu mandato de deputado de forma invejável pela sua dinamicidade, pela sua visão longa, política, enfim. Além de tudo, tio Nagib tinha um coração enorme que todos nós sabíamos do tamanho, ou melhor, tentávamos entender tamanha dimensão daquele coração, e nós não conseguíamos assim fazer. O Joaquim herdou do pai tudo isso, um grande homem, companheiro, amigo também, mas com certeza o tio Nagib, por não ter tido oportunidade, propiciou ao Joaquim e com certeza se projetou nele a questão das letras até pelo trabalho que o tio Nagib teve que enfrentar muito cedo, não tendo a oportunidade assim de fazê-lo. Então, o Joaquim soube aproveitar e soube não apenas aproveitar, mas depois externar para todos nós o que teve do tio Nagib, que deu a ele a oportunidade para ser o que é hoje. O Joaquim é hoje o espelho do aprendizado dos ensinamentos que o tio Nagib passou para ele, conduzindo-o pelos caminhos corretos da vida. Hoje nós fazemos o reconhecimento de tudo isso no momento em que o Joaquim se consagra como poeta, uma vez que vai ser um dos imortais da Academia Maranhense de Letras, porque já é da Academia Imperatrizense de Letras. Eu tenho certeza de que é um grande prêmio porque a cultura enobrece o homem e com certeza o apazigua, trazendo inclusive a paz mundial. Mas eu quero parabenizar o Joaquim e V.Exa. pela oportunidade que estão dando a todos nós de externarmos o nosso posicionamento diante desse companheiro, esse colega cuja presença aqui com certeza é importante e faz diferença aqui neste plenário. Muito obrigado.
A SENHORA DEPUTADA ELIZIANE GAMA – Deputado Edivaldo, V.Exa. me permite um aparte?
O SENHOR DEPUTADO EDIVALDO HOLANDA – Salvo engano, o Deputado Carlos Braide está na ordem e, logo em seguida, concedo o aparte a V.Exa., Deputada Eliziane.
O SENHOR DEPUTADO CARLOS BRAIDE (aparte) – É para dizer a V.Exa. que não sei se parabenizo o Deputado Joaquim por essas muitas qualidades, das quais algumas conhecidas, outras estavam no baú, ou pelo pronunciamento, que é o mais brilhante que eu já ouvi nesta Casa.
O SENHOR DEPUTADO EDIVALDO HOLANDA – Muito obrigado. Fico muito feliz. Já está incorporado para os Anais este elogio que V.Exa. faz aos dois. Deputada Eliziane Gama.
A SENHORA DEPUTADA ELIZIANE GAMA (aparte) – Deputado Edivaldo, eu também jamais deixaria de fazer os cumprimentos a V.Exa. pelo grande discurso, e ao colega Deputado Joaquim também. Acho que é um momento realmente importante, acho que o Joaquim tem várias qualidades, mas eu queria destacar duas, Deputado Joaquim. Uma delas me fascina muito, que é o cinema, e eu sou jornalista formada em Comunicação Social também pela UFMA, e V.Exa. está trilhando um caminho muito amplo, com reconhecimento não só nacional, mas internacional, tem saído realmente do País no sentido de fazer com que o Maranhão se destaque também nesse campo, não somente do ponto de vista do poema, que o Estado do Maranhão tem um destaque hoje nacional, pelos grandes poetas que tem, mas nesse âmbito também do cinema, enquanto cineasta. Então, eu quero deixar minha admiração e ao mesmo tempo o meu estímulo e incentivo para que V.Exa. possa estar dando continuidade a essa área tão linda e tão bela, que é a sétima arte, que é o cinema. Ao mesmo tempo, enquanto pessoa, Deputado Joaquim, eu quero realmente frisar o meu apreço. Acho que V.Exa. tem uma característica muito sublime, que é o relacionamento pessoal que V.Exa. desenvolve com muita maestria nesta Casa. Em relação a mim, especificamente, eu acho que o momento que me marcou muito nesta Casa enquanto chegava aqui na Assembleia, Deputado Edivaldo, bem ainda mais jovem que sou hoje, há três anos, com as inexperiências e com o medo, com os temores, mas fui veementemente, eu nem sei dizer bem o termo, pelo colega Deputado César, por quem tenho uma admiração realmente muito grande, mas aquilo acabou me abalando muito naquele dia e que depois compreendi que eram ócios do ofício e que deveria encarar com naturalidade esses enfretamentos diários. Naquele momento. V.Exa. foi muito cortês comigo e foi muito amigável pela forma como lidou com a situação. Para mim realmente foi marcante e, a partir dali, comecei a vê-lo como essa pessoa de bom relacionamento independentemente de ala político-partidária. Quero parabenizar o Deputado Edivaldo Holanda pela grandeza porque eu acho que as divergências partidárias têm que ser compreendidas e deixadas de lado quando se trata de enaltecer e de engrandecer particularidades pessoais tão sublimes como as que V.Exa. tem. Quero lhe dizer, finalizando, que ele tem também como referência de vida, como exemplo de vida, pela sua dedicação e pelo que V.Exa. representa para o Estado do Maranhão, especialmente para nós mais jovens que lutam em ter uma carreira política com a grandeza que V.Exa. tem desenvolvido como parlamentar no Estado do Maranhão. Muito obrigada.
O SENHOR DEPUTADO EDIVALDO HOLANDA – Muito obrigado, Deputada Eliziane. Obrigado a todos pelos apartes. Desde já, eu gostaria de pedir que ninguém mais…
O SENHOR DEPUTADO CARLOS ALBERTO MILHOMEM – Deputado Edivaldo, só um minutinho.
O SENHOR DEPUTADO EDIVALDO HOLANDA – Um minutinho porque eu ainda estou iniciando o discurso.
O SENHOR PRESIDENTE EM EXERCÍCIO DEPUTADO RIGO TELES – Deputado Edivaldo, o seu tempo se esgotou, mas ainda darei dois minutos para que V.Exa. ceda um minuto para o Deputado Carlos Alberto Milhomem e conclua com mais um minuto.
O SENHOR DEPUTADO EDIVALDO HOLANDA – Deputado Presidente, eu queria fazer um apelo a V.Exa., pois não é toda vez, todo dia que temos um imortal sendo homenageado. Um colega nosso vai tomar posse na Academia Maranhense de Letras, então que V.Exa. desse o tempo suficiente para ouvir o Deputado Carlos Alberto Milhomem e para que eu possa encerrar o pronunciamento. Agradeço.
O SENHOR PRESIDENTE EM EXERCÍCIO DEPUTADO RIGO TELES – O pedido de V.Exa. é acatado pela Mesa.
O SENHOR DEPUTADO EDIVALDO HOLANDA – Obrigado. Um aparte ao Nobre Deputado Carlos Alberto Milhomem.
A SENHORA DEPUTADA HELENA BARROS HELUY – Deputado, eu queria pedir a V.Exa., eu não queria nem aparte, é que o tempo não é suficiente, mas que V.Exa. não nos prive de tomar conhecimento de todo o conteúdo de sua fala que está escrito, até mesmo para que seja publicado no Diário da Assembleia e invoque a regra contida no Regimento Interno, a fim de que seja dado como todo lido para ser publicado. É uma sugestão que dou.
O SENHOR DEPUTADO EDIVALDO HOLANDA – Obrigado, nobre deputada. Na verdade, nós estamos no final. Eu brinquei quando disse que estava no início, então, dá para concluir aqui, mas agradeço a observação de V.Exa. Nobre Deputado Carlos Alberto Milhomem.
O SENHOR DEPUTADO CARLOS ALBERTO MILHOMEM (aparte) – Deputado Edivaldo, inicialmente, quero parabenizá-lo pelo pronunciamento e dizer que o meu irmão, o meu amigo Deputado Joaquim Haickel é realmente merecedor de todos nós pela sua virtude como jornalista, como escritor, como poeta e como parlamentar. Filho de um cidadã,o com quem eu tive o prazer de conviver, não vou dizer meu pai, mas um irmão também, porque o Nagib foi para o Joaquim, além de pai, um orientador árabe, que são de origem, cultivam aqueles ditames da sabedoria de origem. Eu só tenho a dizer ao Joaquim meus parabéns, dizer ao Joaquim que ele merece, é merecedor, sem bajulação, de tudo o que está sendo dito por V.Exa. hoje. Meus parabéns, Joaquim, e muito obrigado a por estar nos brindando com este pronunciamento. Muito obrigado.
O SENHOR DEPUTADO EDIVALDO HOLANDA – Muito obrigado, Deputado Carlos Alberto Milhomem, pelo seu brilhante aparte que sai com certeza do fundo do coração. Ainda, Deputado Joaquim, respondendo ao Deputado Carlos Alberto Milhomem. O brindado nesta manhã na verdade sou eu, somos nós por podermos privar da amizade deste companheiro aqui no plenário. É assim que é o poeta e o político Joaquim Haickel, um profícuo no prefácio que escreveu para o seu livro A Ponte, assim o definiu, o grande escritor e político brasileiro Artur da Távola.
O SENHOR DEPUTADO RIGO TELES – Deputado Edivaldo Holanda, eu queria só falar para V.Exa. que o tema é de muita importância, de grande importância. Estou vendo aqui a emoção do Deputado Joaquim Haickel pelo pronunciamento de V.Exa., que realmente é oportuno, e dizer que nós vamos quebrar neste momento, com o Presidente desta Casa, o protocolo da Mesa. V.Exa. tem mais o tempo que achar necessário para continuar esse discurso tão brilhante que realmente não emociona só o Deputado Joaquim, mas todos os deputados desta Casa.
O SENHOR DEPUTADO EDIVALDO HOLANDA – Obrigado, Nobre Presidente, pela grandeza da decisão de V.Exa. no prefácio que escreveu em seu livro A Ponte. Assim o definiu o grande escritor e político brasileiro Artur da Távola: “Joaquim é um facundo na vida como na literatura. Raros escritores são na arte o que na vida são. Fundador e editor da Revista Cultural Guarnicê que marcou época nos meios culturais da cidade e do Estado, entre 1983 e 1986, Joaquim sempre esteve presente na vida cultural deste Estado. Integrante de diversas instituições como a Academia Imperatrizense de Letras de onde é um dos seus destacados membros. Joaquim Haickel chega agora à Academia Maranhense de Letras, o mais alto sodalício de nosso Estado. Cumpre assim o que profetizou o Padre João Mohana: “Esse menino um dia chegará à Academia”. Eleito para ocupar a Cadeira n.º 37, que tem como patrono Inácio Xavier de Carvalho, Joaquim sucederá a outros grandes e ilustres intelectuais maranhenses, dentre eles: Luis Viana, Amaral Raposo, e recentemente José Nascimento Morais Filho. A ascensão de Joaquim Haickel à Academia Maranhense de Letras é, pois, o reconhecimento e a afirmação a esse talento primoroso do Maranhão. Premia e reconhece uma vasta obra cultural que honra e enaltece o nosso Estado. Joaquim, com toda certeza, engrandecerá e enriquecerá a nossa Academia. Por tudo isso, pelos seus méritos, pelo seu talento venho aqui mais uma vez aplaudir o Deputado Joaquim Haickel, não me esquecendo jamais do homem, da pessoa, do ser humano que V. Ex.ª é. Todos tem visto que nós, eu e ele, mantemos aqui nesta Casa um acirrado duelo, eu a defesa daquilo em que acredito, fazendo Oposição, e o Deputado Joaquim defendendo sua forma de pensar e de agir saindo em defesa desse Governo que aí está, mas nunca se viu e tenho certeza que não se verá o dia que eu e ele venhamos a nos desentender como cidadão, como pessoas de bem. É essa certeza de que possa confiar cegamente em uma pessoa da qual discordo em alguns aspectos, a certeza de que tenho no Deputado Joaquim Nagib Haickel um amigo fiel e um adversário leal que me faz continuar na vida pública certo de que faço o melhor que posso pelas causas que abraço. O Deputado Joaquim Haickel tomará posse na próxima sexta-feira, dia 02 de outubro, como membro da Academia Maranhense de Letras, fato que temos certeza deixa este parlamento feliz e orgulhoso. Eu gostaria de me fazer porta-voz de todos e me congratular em nome de toda esta Casa com o mais novo imortal da terra maranhense. Senhor Presidente, peço a V. Ex.ª mais uma vez que quebre o protocolo e um pouquinho do regimento suspendendo a sessão por 5 minutos para que todos nós pudéssemos abraçar o nobre Deputado Joaquim Haickel.

O SENHOR PRESIDENTE EM EXERCÍCIO DEPUTADO RIGO TELES – V. Ex.ª acabou de fazer um excelente pronunciamento. Então suspendo a sessão por 5 minutos para que o nosso imortal, Deputado Joaquim Nagib Haickel, receba as homenagens dos seus colegas, dos seus pares, colegas desta Casa legislativa. A Sessão está suspensa por 5 minutos.

 

 

 

 

O SENHOR DEPUTADO JOAQUIM NAGIB HAICKEL (sem revisão do orador) – Vou tentar usar a menor quantidade de tempo possível, eu poderia apenas resumir o meu discurso em uma única frase de duas palavras. Muito obrigado. Muito obrigado ao Deputado Edivaldo Holanda, por sua iniciativa nobre de trazer a esta Casa o fato de na próxima sexta-feira, dia 02 às 20:00 horas, o Deputado Joaquim Haickel que muito se orgulha de ter assento nesta Assembleia, toma posse da cadeira de nº 37 na Academia Maranhense de Letras. Muito obrigado ao Deputado Pavão Filho por suas palavras. Muito obrigado ao Deputado João Batista. Muito obrigado a Deputada Graça que conseguiu como ela é, suavemente, simplesmente, definir de certo modo o vulcão que há dentro de mim, hora ser poeta, hora ser político, e a tentativa de quando ser uma coisa ou outra, fazer sempre o melhor que eu puder. Muito obrigado ao Deputado Jura. Muito obrigado ao Deputado Braide, ao Deputado Milhomem, a Deputada Eliziane. Muito obrigado a todos os deputados que fizeram aparte, e a Deputada Helena também que sugeriu também ao Deputado Edivaldo Holanda a importância de deixar registrada toda a sua fala de hoje. Mas quem me fez chorar foi à Deputada Eliziane, porque e por baixo do político e por baixo do poeta há a pessoa, não há o político Nagib Haickel, nem o poeta Joaquim Haickel sem as vivencias da pessoa Joaquim Haickel, e a deputada Eliziane foi se lembrar de uma coisa que eu nem me lembrava. E, é exatamente em ocasiões como essa quando você faz as coisas e não se lembra, que elas são mais marcantes Eliziane. Eu não conseguia me lembrar deste fato, ele estava completamente passado na minha mente, eu sei que houve uma atribulação aqui entre V. Ex.ª e o César e eu não me lembro de ter ido em seu auxílio, ou de ter confortado de maneira nenhuma. O fato de eu não me lembrar foi que fez eu chorar, eu não me lembrar disso demonstra que isso é uma coisa corriqueira na minha vida e eu fiquei muito feliz e muito orgulhoso. Se eleger deputado é fácil, se reeleger já é mais complicado, ser poeta e fazer um poeta bom é fácil, difícil é continuar fazendo poesia todo dia. Mas o mais difícil de todos, meus colegas, é a gente conseguir sobreviver a essas coisas sem grandes atribulações e sem destruir o que realmente mais importa. Aquela mulher bem ali, Dona Alda, que trabalha aqui há 26 ou 27 anos, me deu esse bilhete que eu não vou ler para V. Ex.ªs, mas vou dizer o que tem. Dona Alda foi a minha primeira secretária e desde então trabalha nesta Casa, ela mais do que todos aqui conviveu comigo e com o meu pai e com o meu motorista recém falecido Moraes Neto, ela diz aqui da satisfação que são as pessoas humildes ter o convívio com pessoas como nós. Eu quero agradecer muito ao convívio com vocês e a honra de fazer parte desta Casa.
A SENHORA DEPUTADA CLEIDE COUTINHO – Deputado o senhor me permite?
O SENHOR DEPUTADO JOAQUIM HAICKEL – Deputada Cleide.
A SENHORA DEPUTADA CLEIDE COUTINHO (aparte) – Deputado eu aprendi na minha vida e tive chance de dizer a V. Ex.ª na semana passada que as pessoas têm que receber os elogios, os aplausos vivos e na hora certa. Parabenizo o Deputado Edivaldo Holanda pelo belíssimo relatório da sua vida e me irmano a todos os deputados, e quero repetir aqui o que lhe disse após aquela Sessão controversa, onde foram debatidas as emendas parlamentares e falei como lhe achei brilhante, como V. Ex.ª é brilhante quando sobe nessa tribuna, mesmo nas horas difíceis, defendendo até o que é difícil defender, com a galeria cheia de gente e V. Ex.ª consegue seguindo a sua posição política e seu idealismo de vida consegue defender, ser aplaudido e não digo que convença, a Oposição e a Situação, mas o respeito é grande e é isso que o poeta que existe em V. Ex.ª demonstra, sempre que sobe nessa tribuna e eu me irmano a todos os colegas parabenizando-o. E disse a V. Ex.ª e não tenho medo de repetir agora, quero estender esses elogios às pessoas que o fizeram ser o que é, à senhora sua mãe que tive a honra de conhecer e ao senhor seu pai que já recebi muitas vezes em minha casa, a eles sim, meu grande abraço e meus parabéns, porque V.Ex.ª é produto do que eles fizeram de você. Muito obrigada pelo aparte.
O SENHOR DEPUTADO JOAQUIM NAGIB HAICKEL – Obrigado, Deputada Cleide, fico muito honrado com suas palavras, mas eu queria finalmente agradecer ao Deputado Edivaldo, porque acabou me dando o meu presente antecipado de 50 anos, vou fazer 50 anos no dia 13 de dezembro de 2009. Se pudessem imaginar um presente que eu gostaria de receber em uma caixa de veludo com um laço vermelho, seria o respeito e a consideração de V. Exas., os 42 desta Casa e de certa forma, do povo do Maranhão. Muito obrigado por ter me propiciado isso, Deputado Edivaldo.

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Um Pedaço de Ponte – Parte VII

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Dando continuidade ao texto “Um Pedaço de Ponte” leia a seguir: 

As moças do Curralzinho e os rapazes do Pau Furado

Intonce, a festa do São Francisco vai ser mesmo amanhã, Didico?

É… é o que dizem!

Festa do interior como outras, propaganda de boca em boca, de roça em roça, de lombo em lombo.  Arrastada pelos cascos dos burros e mulas dos tropeiros e vaqueiros.  Discutida nas quitandas dos povoados mais distantes, ponto de encontro obrigatório de todos que apreciam dois dedos de prosa e um palmo de cachaça.

– Dizem até que o candidato a prefeito vem juntamente com sua comitiva veriante!

– Vai mermo ser uma lindura.

– Calma, dona Evilásia, nem precisa ser tanto.

Licuteíra de muito respeito e falares, dona Evilásia só competia com dona Eufrásia, esposa de seu Coriolano, da farmácia do Pau Furado.  Viúva cheia de filhos, principalmente filhas, residia há muitos e muitos anos no Curralzinho, onde possuía uma quitanda das mais sortidas por lá.  Tinham de tudo suas prateleiras, sobretudo cachaça e tiquiras de variados lugares, desde a Aliança, de Cururupu, pingas de Chapadinha, do Pindaré e Viana, tiquira de São Bento, até a Sete Sementes, de Sergipe.

Seu Coriolano, coitado… santo homem, o seu Coriolano.

Só o fato dele viver com aquela jaca de bago mole… Dona Eufrásia, Mãe Santíssima, é de tontear, no que, também, só competia com dona Evilásia.

– Bom dia, seu Coríolano Como tem passado? -Assim, assim.  E a senhora, dona Evilásia, como vão suas filhas?  E os meninos?

– Vamos todos na paz de Deus.

Nisso dona Eufrásia intervém com desprezo e nojo.

– Oh!  Coriolano, no Curralzinho todos passam muito bem, principalmente as véia e as moça.  Assanhadas como elas só!

– Oíe aqui, sua galinha choca, fique sabendo que as minha fia não precisa de andar atrás de home porque elas têm belezura e inteligênça de sobra e não são como certo mondrongo que só véve drumindo e bodejando.

– Sua quitandeira safada, não fale assim dos meus meninos…

– Oíe, seu Coriolano, me adiscurpe, mas vim aqui só comprar uma caixa de som-ri-sá pru mode colocá lá na quitanda, mas como essa coisa chegou agora aqui… pode até ter contaminado seus remédio.

– Mas..

Seu Coriolano tenta acalmar, mas dona Evilásia sai a toda.

Coitado de seu Coriolano, além de ser ele o dono da única farmácia de Pau Furado e povoados vizinhos, ainda tinha que aturar dona Eufrásia e, de quando em vez, dona Evilásia também.

Depois daquela tarde de sexta-feira, depois do bate-boca das duas, ninguém mais acreditou na possibilidade de paz entre elas.

O São Francisco fica a meio caminho entre Curralinho e Pau Furado.  Como não podia deixar de ser, todos iriam à festa, na casa de Toninho Pé-de-Forró e, como cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém, as recomendações se cruzavam como setas no ar.  Em Curralinho, dona Evilásia recomendava a suas filhas que não falassem ou dançassem com os filhos de dona Eufrásia ou qualquer um dos homens de Pau Furado.  Doutro lado, Dona Eufrásia dizia a seus rapazes que evitassem as moças de Curralzinho, principalmente as filhas de dona Evilásia.

E foram todos para a festa.  Foi gente de São Pedro, São Paulo, São Felipe, São Tiago, Refúgio, foi gente de Juçaral, do Rumo, gente de todo o município, assim como gente, também, de Curralzinho e de Pau Furado.

À frente da casa de Toinho, testada bem limpa e varrida, toda raspada de enxada para evitar os tropeços de alguma pedra restante, era uma trançada só de bandeirinhas de papel de seda e crepom, que as moças estufavam com os dedos e assim se arredondavam como se fossem balões.  Uma carreira de palmeiras de ariri de um lado, outra do outro.  Nunca se tinha visto nada mais bonito: a filha mais velha de Toinho, que já conhecia cidade grande e vira festas por lá, apanhou uma porção de flores que encontrou na capoeira que ficava por trás da casa e, com elas e alguma folhagem, impor visou grossos buquês para amarrar em cada pé de ariri.

Toinho teve que ir longe para contratar a radiola acoplada a um conjunto de baterias, devidamente carregadas e algumas sobressalentes, para o caso de uma ou outra falhar. Em Pinheiro, havia uma que se ligava a um pequeno dínamo, acionado por um motorzinho a gasolina, mas o dono queria 50 mil cruzeiros para tocar uma noite até o meio-dia seguinte. À porta, ele iria cobrar só 300 por cabeça: Toninho esperava de 180 a 200 pessoas.

O povo começou a chegar por volta das 5 da tarde, viajando a cavalo, de burro, bicicleta ou a pé, todo o mundo disposto a beber e dançar a noite toda.  Cada qual trazia suas roupas e suas coisas, se escondia no mato para trocar-se, mas todos se banhavam no riacho que passava bem ali, perto da casa.  Uns traziam matalotagem – um pedaço de carne assada, galinha frita e bastante farinha.  Outros jantavam mesmo em casa do dono da festa, que tinha de ter fartura de frango e carne de porco.

– Rápido, Nastácio, calça logo essa butina, home!

– Calma, não afoba.  Acho que calcei os pé trocado, pôrra!

Tudo corria bem, a radiola a tocar tão alto que se ouvia de um lado a outro do sítio.  As moças mais saídas tomaram a iniciativa e começaram a dançar com os rapazes que já conheciam, umas com as outras, arrastando sapatos e sandálias no chão, do jeito como sabiam, do jeito como podiam.

Lá pelas tantas, Eufrásia e Evilásia se cruzavam na pequena sala da frente, à porta que dava para a cozinha.  Outro bate-boca começou e logo eram empurrões pra cá, tapas pra lá, pontapés e puxões de cabelo, de um lado e de outro, que se misturavam e confundiam com o grito apavorado das mulheres.

– Ei! Cuidado!  Pára com isso!

Se conversa puxa conversa, briga puxa briga.  Valfrido havia pulado no meio do terreiro com uma doze na mão e lá distribuía socos e panadas a torto e a direito, como se, de súbito, houvesse sido tomado pelo espírito do cão. Daí a pouco, o terreiro se transformava numa terrível confusão de gritos e pescoções, enquanto Toinho se esforçava para acalmar a uns e a outros e, nesse afã, ia dando igualmente suas porradas, socos e pontapés.

– Gente, vamos acabar com isso!  Droga, estamos aqui para brincar

– Cala a boca, seu filho da puta!

Tudo, afinal, por causa de Tonica, que estava dançando com um molecote que morava na sede do município, e Valfrido não queria, pois achava que só podia dançar com ele.

Tonica.  Tonica livre.  Tonica desabusada e mandona, que só fazia o que desejava e não ouvia ninguém – era uma cabocla bonita e sestrosa, um rosto lindo de garota num corpo bem-feito de mulher.  Morava numa casa construía por muitas mãos para ela, gente à qual ela se entregava com igual desejo e cada vez com maior ardor.  A casa fora, desse modo, construíra só de amor, que era o troco dos favores de seu corpo.  Rufino cobriu, Anastácio e Ciriaco taparam, Valfrido deu as portas e as janelas, e Jovino, candidato a Vereador, deu a cama e a mesa.  Dizem que Tonica foi sempre tão amorosa e diferente, que até de Favinha, que dizem que era mulher macho, ela recebeu ajuda.

Mas Valfrido estava lá no meio do terreiro com a peixeira na mão, e Tonica ainda dançava com Fabrício, o rapazote da sede do Município.

Aos berros, Toinho Pé-de-Forró manda parar a radiola. – Pára, pára essa pôrra!

Quando a lambada parou, o silêncio tomou conta de todos os ouvidos.

Somente Valfrido ainda dançava aos pulos com a faca na mão, querendo matar Tonica e quem dela se aproximasse.

Alguém tinha de tomar-lhe a faca.  Seu Coriolano pediu. – Não dou não, e sai de minha frente, seu Cori.

E rumou para o velho Coriolano.  Foi aí que se aproximou Tonica de mão dada com Fabrício.  Valfrido parou, olhou, gritou, chorou e, quando ia cravar a peixeira na mulher, Pedro de Zenaide pulou em cima dele e a luta começou.

Valfrido, um mulato de cabelo liso, e Pedro de Zenaide, um crioulo de cabelo seco, rolaram no chão como dois meninos de rua.  Não se sabia quem era quem, a única diferença era que um tinha uma faca e o outro só as mãos.  Em certo momento, eles se separaram e, agachados, um tenta furar, e o outro se esquivar.

Até que Valfrido atinge Pedro de Zenaide no bucho.

– Aaiii!

– Toma outra, Infeliz .. !

Anastácio, Juca de Mamede e Nezinho afinal conseguiram tomar a faca do agressor, enquanto Fabrício arrumava uma corda de rede para amarrar Valfrido, num pé de manga, próximo da casa.

Tonica observou inerte.  Olhando sem ver, branca como não era.  Depois de algum tempo foi também socorrer Pedro de Zenaide.  Daí por diante, ela se tornou mulher de um homem só, mas o povo ainda comenta que Favinha sempre lhe aparece quando Pedro não está.

A festa do São Francisco foi assim emocionante, de ninguém mais esquecer.  Evilásia e Eufrásia fizeram as pazes e dançaram juntas.  O candidato a prefeito compareceu e mandou abrir a porta, e todo povo votou nele.

A paz voltou a reinar no São Francisco, no Curralzinho, no Pau Furado e em todo o município.

Não, não, assim é querer demais!  Cinco meses depois, dona Evilásia notou que sua filha Maria Rosa enjoava constantemente e que lhe crescia a barriga com rapidez.

– Virgem Santíssima, meu Jesus Cristo, minha Nossa Senhora do Bom Parto, o que foi isso, Maria Rosa?!

– Foi no dia da festa do São Francisco, mãeinha, foi o Jacinto do Pau Furado.

Dona Evilásia nunca aprendeu a pronunciar o nome de seu povoado corretamente, escutem só.

Valha-me, nossa mãe!  Eu não te disse, Maria Rosa, eu não disse para todas vocês que as moças do “Currazinho não podia dançar nem nada com os moço do Pau Furado?

O casório de Jacinto, que por acaso é o filho de dona Eufrásia de seu Coriolano com Maria Rosa, filha de dona Evilásia e do finado Chico Peba, foi no dia de São José. 

PS: Escrevi este conto durante a campanha política de 1986, numa viagem que fizemos para cidade de Pinheiro. Estávamos eu, meu pai, Nagib Haickel, falecido em 1993, e meu motorista, José Moraes Neto, Falecido no último dia 18. O mais curioso é que parte dessa história é um “causo” que me foi contado naquela ocasião, o resto foi baseado no que vi numa festa em que fomos.  

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Sancho.

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Discurso proferido pelo Senhor Deputado Joaquim Nagib Haickel no pequeno expediente da sessão plenária da Assembléia Legislativa do Maranhão em 22 de setembro de 2009 

Senhor Presidente, senhoras e senhores deputados, é comum que se venha a esta tribuna lamentar o falecimento de algum grande mandatário, de um ex-governador, senador, deputado federal, de um colega deputado estadual. Isso é comum nos caso de algum empresário de renome, alguma pessoa importante na vida política, empresarial, cultural ou social de nossa terra, mas hoje venho lamentar o falecimento de um simples motorista.

O que para muita gente seria um simples motorista, para mim foi um grande e fiel amigo que durante 27 anos compartilhou comigo os momentos difíceis e as alegrias.

Faleceu na última sexta-feira, dia 18, de infarto agudo do miocárdio, o cidadão José Moraes Neto. Um homem de pouca instrução formal, mas de grande saber humanístico.

Uma pessoa que com o decorrer do tempo apenas em olhar para ele, ele já sabia o que eu queria. Um menino que começou a trabalhar comigo aos 19 e que faleceu aos 46.

Esse grande pesar que sinto, que sentimos, eu, minha família, os filhos e irmãos de Neto, quero dividir com vocês meus colegas, e deixar registrado nos Anais desta Casa, que mesmo não sendo dos maiores vultos, pessoas como José Moraes Neto nos fazem falta de tal maneira, tão profundamente que nos deixa sem chão, sem teto, sem paredes.

Neto foi isso. Trabalhou comigo desde minha primeira campanha política em 1982, quando chegou lá na Gráfica Guarnicê pedindo emprego. Olhei para a cara dele e não levei muita fé. Nunca tinha contratado ninguém antes para trabalhar comigo, ele foi o primeiro empregado que tive e de empregado tornou-se um irmão, desses assim que quando eu precisava de alguma coisa, quando havia uma coisa que só eu poderia fazer, como por exemplo viajar com minha mãe ou se ela precisasse ir ao médico e eu não tinha condição, quem levava era Neto.

Ele era uma pessoa a quem eu entregava minha vida, todas as noites, quando saía em viagem, Deputada Helena. Eu pegava meu travesseirinho, colocava de lado, arriava o banco e dormia na certeza de que Neto trataria a minha como se fosse a vida de um de seus filhos. Cansei de acabar às 2 horas, 3 horas da manhã comícios a 500 km de São Luís e voltava para dormir em casa, na certeza de que tinha uma pessoa de confiança ao meu lado.

Jamais usamos, eu e Neto, qualquer arma de fogo e já enfrentamos muitas dificuldades, e a primeira coisa que ele fazia era se levantar do lugar onde estava dirigindo o carro e se colocar do meu lado como se fosse ele o meu Sancho Pança de um Don Quixote, personagens que talvez ele nem soubesse quem eram… Sinto-me um tanto perdido.

Não consigo imaginar Miguel de Cervantes escrevendo a história do Homem de La Mancha sem seu alter ego, sem alguém que lhe incentivasse os sonhos, que lhe desse uma simples palavra de apoio ou que simplesmente lhe indicasse o caminho.

Quero dividir isso com vocês, porque tenho certeza, que se muitas vezes pude ser melhor, era por causa do contraponto que fazia com aquele homenzinho de pequena estatura, gordinho e negro. Não foi nem uma, nem duas, nem três vezes que me coloquei no lugar dele para poder ver o mundo. E também as vezes que ele estava ao meu lado e eu tinha um problema, eu imaginava duas coisas. Como Neto agiria? Como Neto pensaria? Como Neto se colocaria em relação aquilo? Eu fazia isso também em relação ao meu pai, se meu pai tivesse vivo, como ele pensaria.

Dizer isso a vocês dá a dimensão exata de quem foi esse homem. Um homem que era apenas um motorista para muitos, era um irmão para mim. Muito obrigado Neto.

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Luto.

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Não sei nem por onde começar, até porque já havia terminado. Falo dessa página em branco em minha frente, neste computador. Meu texto para esse domingo já estava feito e revisado.

Não sei por onde começar, porque nem acredito que seja preciso que eu comece a dizer o que tenho que dizer. Os cinco mil toques que meu amigo Ademir Santos, editor responsável pela pagina de opinião do Jornal O Estado do Maranhão onde uma versão reduzida deste texto será publicada, não seriam capazes de formar todas as palavras que eu precisaria para dizer o que tenho que dizer e já gastei até agora exatamente 599.

Não sei se começo pela tristeza ou pela indignação. Não sei se começo pelo remorso, pela culpa ou se conto apenas as coisas alegres, aquelas que realmente valem a pena serem contadas. Só sei que tenho que dizer algo, porque se não o fizer meu coração vai explodir e minha cabeça vai estourar. Pois bem, lá vai.

Na última sexta–feira, 18, por volta das dez horas da manhã, minha mãe entrou às pressas no escritório improvisado que tenho em sua casa, onde moro desde que me separei. Sua voz estava embargada, vinha chorando e atrás dela, meu motorista Marcelo, com os olhos tão arregalados que só se via o branco deles. Mamãe vinha me dizer que meu motorista, José Moraes Neto, irmão de Marcelo, que trabalha conosco desde 1982, estava tendo um infarto e se encontrava no hospital da Hapvida, na Avenida Kennedy.

Marcelo estava ao telefone com um dos filhos de Neto. Imediatamente peguei o telefone e pedi que ele passasse para o responsável pelo hospital. Ele o fez. Falei com uma senhora que foi logo me dizendo que não tinha certeza se o paciente estava tendo um infarto, somente depois dos exames isso poderia ser afirmado. Uma sanguinária burocrata da saúde privada.

Quis falar com o médico que o atendeu e ela me passou para um moço muito simpático e atencioso que afirmou que pelos sintomas, pelo estado do paciente, tudo indicava que era mesmo um infarto agudo do miocárdio, e em que pesasse estar sentindo dor, ele já estava sendo atendido e medicado.

Pedi que ele voltasse o telefone para a tal senhora, sempre interessada em dificultar o atendimento, e perguntei-lhe como fazer para ter certeza se o que ele estava tendo era realmente um infarto e ela me disse que só depois dos exames e com a presença de um cardiologista, pois o médico que havia falado comigo era apenas um clínico da emergência.

Perguntei-lhe quando o cardiologista poderia vê-lo, ao que ela respondeu-me, “hoje”, aí eu engrossei: “Como assim hoje!? Esperava que a senhora dissesse que ele já havia sido chamado e que estaria chegando em alguns minutos!” Ela respondeu que eles não têm um cardiologista de plantão e que só tem um médico desta especialidade. Pedi a ela então o telefone do médico que eu mesmo ligaria para ele e ela me disse que ela mesma ligaria e providenciaria tudo. Pedi que ela me ligasse de volta assim que falasse com o médico.

Como em quinze minutos ela não retornou a ligação, liguei para ela e quis saber do resultado, ao que ela me disse que o médico só poderia estar no hospital às quatorze horas. Mais uma vez perdi as estribeiras e ao estilo de meu pai – enquanto falava com aquela senhora ao telefone sentia o peso de substituí-lo no comando de minha família pressionando tanto meus ombros, que era como se a mola da cadeira cedesse ao peso – comecei a gritar com a moça, indignado… A princípio imaginei que ela tivesse ficado chocada com as palavras que eu lhe dizia ao telefone, mas agora vejo que ela já está acostumada a ouvir aquele tipo de coisa. Perguntei se ela não podia chamar outro médico ela disse que não. Perguntei-lhe se não havia outro tipo de exame ou de procedimento que ela pudesse fazer para atender o paciente e ela sempre dizia que não e colocava mil empecilhos e obstáculos. Foi aí que eu resolvi falar com Ana Maria Bacelar, do Centro Médico, para que ela atendesse Neto lá, em seu hospital e fizesse o que fosse possível por ele.

Falei com Ana e ficou acertado que ele poderia ser levado para lá. Liguei novamente para o hospital da Hapvida e falei novamente com a tal mulher e ela colocou mil dificuldades, disse que o paciente já estava sendo atendido, que estava estável, que apenas depois dos exames completos poderia se dizer que o caso era mesmo infarto e qual os procedimentos deveriam ser usados. Aceitei porque quis acreditar que ele só havia tido uma indisposição. Não queria que o meu fiel escudeiro estivesse mal.

Por volta das quatorze horas recebi uma ligação do atencioso médico que havia atendido Neto na emergência que me disse que os exames haviam chegado de volta do laboratório e que eram de certa forma, inconclusivos, mas que ele continuava dizendo que se tratava de infarto.

Às dezesseis horas liguei novamente para saber como ele estava e a tal moça me disse que ele estava dormindo, estável. Perguntei pelo cardiologista e ela disse que ele estava em uma cirurgia e que estava chegando. 

Não me conformei e liguei novamente às dezoito horas e a tal me passou para uma médica, também simpática como o que o atendeu pela manhã, e disse que o paciente estava ainda sentindo um pouco de dor mas que estava normal. Nessa altura minha paciência estava quase a zero. Fui ríspido com a médica mesmo ela sendo atenciosa, mas até aquela hora o cardiologista não havia visto o paciente que àquela altura poderia ser tudo menos paciente. 

É em ocasiões como esta que o homem educado, cordato e ponderado, filho de dona Clarice, destrói o sujeito exigente, incompreensivo e grosso, filho de seu Nagib. Não vou me perdoar nunca por ter acreditado naquela primeira pessoa, aquela mulher, que fez de tudo para não prestar o socorro necessário a Neto. Se ela estivesse em minha frente quando, por volta das 19 horas, Marcelo, branco e trêmulo, me disse que Neto havia morrido, eu talvez a tivesse agredido, e confesso, sentiria imenso prazer por isso. Sou humano. Tenho reações como as de qualquer pessoa. Mas de que adiantaria!?

O certo é que a má vontade, a busca voraz pelo lucro, operada por aquela mulher, sob as estritas ordens de seus patrões, culminaria com a morte do paciente.

O fato é que, um de meus mais constantes companheiros nesta jornada que é a vida, meu primeiro funcionário, faleceu.

O fato é que poucas pessoas, talvez nem mesmo os filhos de Neto vão sentir tanto a falta dele quanto eu vou, pois confiança não se transfere e este é um sentimento que leva muito tempo para se construir. Vou dar-lhes um pequeno exemplo: em todos estes anos eu nunca viajei para o interior do estado, de carro, sem que Neto não fosse o motorista. Só confiava nele para dirigir para mim. Com ele não tinha problema algum acabar um comício às 2 horas da madrugada em um lugar quinhentos quilômetros distantes de São Luís, pois viajaria a noite toda dormindo um sono tranqüilo e seguro e quando fosse 5, estaria em casa.

Neto era como se fosse uma espécie de irmão-filho. Nele eu tinha a confiança e a cumplicidade que os bons irmãos devem ter, mas também o sentimento de proteção dos pais por um filho peralta.

Com a morte de Neto, fica mais claro para mim que realmente perde muito mais quem fica do que quem vai.

Dezesseis anos atrás perdemos Nagibão e fiquei atônito, perdido. Agora perdemos Neto. O sentimento não é o mesmo, mas é também um desfalque irreparável.

Sinceramente não consigo imaginar como farei, ou melhor quem fará certas coisas para mim, para minha família a partir de agora.

O mundo não será mais o mesmo.

Estou aqui esmurrando esse teclado e ouvindo a Radio Mirante AM enquanto o radialista Geraldo Castro fala de Neto e coloca duas maravilhosas musicas em sua homenagem: “Amigo é coisa para se guardar debaixo de 7 chaves” de Fernando Brant e Milton Nascimento, cantada por Milton e “Amigo” de Roberto e Erasmo Carlos, cantada pelo primeiro.

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Tatuagem

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Chame atenção.
Faça uma pequena pausa. A entonação demonstra sua intenção, seu pensamento.
Depois, uma pausa maior, que puxe uma outra idéia ou relacione duas.
Agora uma pausa ainda maior. Uma parada.
Dê um exemplo:
Faça suspense, insinue
Surpreenda;
Pergunte.
Depois, mude de assunto – isso sempre funciona.
Valorize os coadjuvantes, eles são mais importantes & necessários do que parecem.
Comunique-se.
Não se esqueça dos números, eles são indispensáveis.
Nem das equações. Nada funciona sem elas.
Maior?
É sempre igual
a valor. O contrario nem sempre é verdadeiro.
Não se esqueça. Todo inteiro é feito de partes.
Adicione!
Multiplique!
Fazer a diferença
é mais ou menos
Infinito
 
Republicado a pedidos…

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Primeira Cruz, 3 de setembro de 2009.

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Gostaria de compartilhar com vocês neste domingo, uma carta que recebi de um querido amigo meu, o prefeito de Primeira Cruz, Sérgio Albuquerque, integrante do PMDB.

Sergio é um jovem político, cheio de idéias, pronto para transformar sua pequena cidade em um modelo administrativo. Ele quer prepará-la para o futuro, dando ênfase a educação, promovendo a saúde, implementando o saneamento básico, a construção de estradas e a implantação da rede elétrica.

A carta de Sergio ecoa em minha menten desde qu a li, por isso quero compartilhar com vocês.

 

Primeira Cruz, 3 de setembro de 2009.

Caro Deputado Joaquim Haickel, (PMDB- MA) 

Dirijo-me ao prezado amigo e correligionário com o propósito de manifestar não só desapontamento, mas uma grande indignação com a maneira de fazer política de alguns dos integrantes do primeiro escalão, gente do grupo de apoio ao atual Governo. Nosso Governo.

 

Tem-se a nítida impressão (eu, pelo menos, a tenho) de que esses senhores perderam a noção do que seja fazer política de governo, política de grupo, e passaram a praticar política puramente pessoal, de interesse meramente individual.  

O mais grave é que eles, para salvaguardar interesses pessoais, colocam em risco e em xeque os interesses políticos e eleitorais de seus correligionários, especialmente os prefeitos que trabalham com a visão da coesão e da aglutinação, prestigiando os seus partidários e até se expondo a certos desconfortos morais e perdas políticas em nome da lealdade devida aos correligionários e ao comando das lideranças maiores.

Para garantir futuras (e duvidosas) vantagens eleitorais, esses políticos cooptam adversários locais dos prefeitos, históricos adversários do grupo ao qual fazemos parte, criando uma situação altamente vexatória e constrangedora não só para estes, mas para outras lideranças aliadas, que passam a ser vítimas e a sofrer os efeitos daquilo que se convencionou chamar de “fogo amigo”.

Ora, o normal seria que os nossos adversários locais fossem procurados e cooptados por nossos adversários tradicionais, para assim travarmos o embate político e eleitoral defendendo com convicção e firmeza as nossas idéias, as nossas posições. Com gente do nosso grupo trabalhando com o apoio dos nossos adversários, que nos atacam e nos ofendem, ficamos em situação realmente desfavorável e sem segurança para defender com legitimidade os nossos ideais políticos e nossas propostas administrativas

Por isso, penso que aqueles que quiserem tirar tal tipo de proveito, deixando em situação difícil um companheiro de legenda ou de facção, devem desligar-se do cargo Executivo que estiverem exercendo no Governo e seguir fazendo sua política individualista, mas sem o apoio e sem os benefícios de que estejam usufruindo para manter-se em evidencia político-eleitoral.

Os prefeitos, ex-prefeitos, deputados, ex deputados e lideranças que praticam uma política de grupo, trabalhando sempre com o objetivo da unidade, estão deveras desapontados, indignados e inconformados com esses tais “aliados” que nada acrescentam aos legítimos interesses dos Governos Municipais e do Governo Estadual e só criam embaraços de toda ordem, notadamente de natureza política, eleitoral e moral para os que querem agir com lealdade ao seu grupo e aos líderes maiores.

Um homem público investido em cargo executivo não deve se preocupar somente com sua própria eleição ou reeleição. Sua presença na equipe do Governo deve ser um instrumento não de fortalecimento pessoal, mas de fortalecimento do grupo político que ele integra, de fortalecimento do próprio Governo e do Estado. Um cargo de secretário de Estado tem dignidade, tem nobreza, representatividade, além da grande responsabilidade institucional. Assim seu exercício tem de ser focado exclusivamente no bem coletivo, nos interesses sociais e econômicos da população e do Estado. Usar-se um cargo dessa importância em proveito político pessoal é uma postura aética e inteiramente condenável.

Faço está espécie de desabafo a você, que é meu amigo e deputado, representante político do nosso município, porque conheço seus métodos corretos de fazer política e por saber que também não concorda, como já demonstrou por meio da imprensa, contra as investidas desagregadoras e divisionistas de políticos de pouco escrúpulo que querem TUDO PARA SI e não estão “nem ai” para os legítimos interesses e objetivos do grupo de que fazem parte e nem um pouco preocupados com o futuro do Governo e do Estado do Maranhão.

Cordialmente,

 

Sérgio Ricardo de Albuquerque Bogéa
Prefeito de Primeira Cruz
(PMDB)

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Cinema Brasileiro em Toronto

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Já estive em muitas cidades nesse mundão de meu Deus, mas poucas são tão bonitas quanto Toronto. É uma beleza diferente. Não se parece em nada com o Rio de Janeiro, Paris ou Barcelona, nem com Veneza, Budapeste ou Praga, as mais belas entre as cidades que conheço. Fez-me lembrar de Nova York, um pouco mais de Boston, mas realmente não é como nenhuma delas. Toronto é assim, um lugar que há dentro de nossas cabeças, no nosso inconsciente coletivo, um lugar onde qualquer um de nós gostaria de viver. Não sei se é o lugar perfeito, mas me parece o lugar ideal.

Fui a Toronto participar de um dos importantes festivais de cinema brasileiro fora de nosso país. Foram cinco dias de imersão no cinema brasileiro. Assisti aos melhores longas e curtas metragens brasileiros de 2009 e o meu “Pelo Ouvido” estava entre eles. Senti-me orgulhoso, confesso. Não havia naquela seleção filmes mais ou menos, todos eram ótimos, oriundos do sul do Brasil e um maranhense estava entre eles.

Mas o que quero dizer-lhes é outra coisa. Nada sobre Toronto ou sobre meu filme ou mesmo sobre cinema especificamente. Quero lhes falar das histórias que vi através dos filmes. Gostaria de falar de todos, mas não tenho como fazer isso, não há espaço nem tempo, limites que nos perseguem onde quer que estejamos, façamos o que fizermos.

Espaço e tempo não separaram algumas das histórias desses filmes, as uniram. Refiro-me especificamente à sessão do sábado dia cinco de setembro, dia da raça brasileira. Raça, formada por nativos indígenas amarelos avermelhados, por europeus brancos azulados, invasores e conquistadores e por africanos negros acinzentados escravos.

No dia da raça, em Toronto fizemos uma homenagem a um Brasil forte, mostrando que nosso cinema está em condição de igualdade com os cinemas dos países mais importantes nessa arte, nessa indústria.

O espaço escolhido foi um antigo e maravilhoso cinema de rua. Lembrei do nosso Éden. Até cortina havia.

Em três sessões assistimos três curtas e três longas, sendo sempre um curta antecedendo um longa.

“Enfim Dois” de Thiago Vieira é um corte epistemológico na vida idiossincrática de um jovem casal. Um retrato fiel do dia a dia deles. Coisa que acontece com qualquer um e que se não aconteceu ainda com certeza acontecerá um dia. Grande filme. Depois vimos “Loki – Arnaldo Batista”. Um filme que enquanto documentário sobre o criador do Rock brasileiro, demonstra que se pode tranquilamente, com beleza e competência falar de uma coisa sem que ela seja o foco do assunto. Nesse filme eu chorei. Muito. Ele não fala de outra coisa que não seja de amor. Amor em suas infinitas formas e manifestações. Tenho certeza que o diretor e os produtores desse filme jamais pensaram em fazer algo desse tipo. Isso é coisa que não se planeja fazer, simplesmente se faz e quando se vê, se fez algo único. Loki, ou melhor, Arnaldo Batista, nome que para muitos não diz nada, é uma homenagem ao amor. Não percam e chorem sem vergonha.

Depois disso vimos “Blackout” e “Se nada Mais der Certo”. O primeiro, um curta que se poderia chamar de limão em mão de quem sabe fazer uma maravilhosa limonada. Daniel Resende é um craque formado numa dessas escolas de gênios. De uma história simples, um tanto inverossímil, num cenário que é um depósito, ele nos mostra um filme que nos faz não desgrudar da tela. Cinema feito de técnica. Equação cinematográfica, não tem como dar errado.

“Se nada Mais der Certo” do conceituado diretor José Eduardo Belmonte mostra a relação de três sujeitos que se encontram na curva descendente de suas vidas e armam um pequeno golpe que acaba sendo bem sucedido… Mas, “Se nada Mais der Certo”…

Por fim assistimos o meu “Pelo Ouvido”, que é uma elegia às mulheres e ao seu sentido preferido (?), a audição, contando de forma delicada e poética o amor de Keyt por seu marido Charlie, que ficou cego, surdo e o que para ela é pior, mudo.

E para o final da noite estava reservada outra surpresa. Se havia chorado com Arnaldo ao ver na tela o amor retratado, agora com “Simonal – Ninguém Sabe o Duro que Dei” choraria, mas de raiva pela covardia, pela hipocrisia, pela arrogância, pela burrice das pessoas, de todas, inclusive a minha, a nossa, que estamos acostumados a engolir verdades prontas, confortáveis e cômodas.

Simonal é um filme que como Arnaldo, fala de nós, de nosso país, das gerações das décadas de 60, 70 e até de 80, tempos maravilhosos que só agora começamos a entender e desmistificar.

No filme sobre Simonal não há espaço para o amor, o que se vê é o duro que ele teve que dar na vida, sempre. O seu carisma, o sucesso que ele fazia, como controlava o público, e onde ele foi parar por culpa sua, de seu despreparo, de sua arrogância, de sua ingenuidade, da covardia de seus amigos e principalmente da ação de pessoas que se acreditavam defensores do correto, do bem e enquanto sectários, facciosos, maniqueístas e intolerantes eram também parte integrante do mal.

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Ausências presentes ou presenças ausentes.

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Semana retrasada, em duas ou três ocasiões passei mal durante as sessões da Assembléia Legislativa. Minha pressão bateu em 16 por 10, o que me fez procurar um médico.

O doutor Carlos Gama acredita que ainda não é chegada minha hora, mas como em dezembro vou entrar na casa dos 50, aconselhou-me a começar a fazer algumas concessões: diminuir açúcar e sal, carne vermelha e gorduras saturadas, doces e carboidratos. Em suma, devo começar a ser outra pessoa. Confesso que não será uma tarefa fácil, porque sou viciado em comida, principalmente refrigerante (leia-se Cola Jesus) e pão com alguma coisa dentro, de preferência qualhada e azeitona.

Estou fora de São Luís há uma semana, mas de forma alguma estive ausente. Os meios de comunicação, em que pese o péssimo serviço das operadoras de telefonia, a cada dia nos propiciam viajar e ainda assim estar presente. Estou mais ou menos tão bem informado quanto alguns que não viajaram.

Aproveitaria minha estada em São Paulo para fazer mais alguns exames. Mas aproveitaria principalmente para participar em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Toronto de três festivais de cinema para os quais meu filme “Pelo Ouvido” foi selecionado e nos intervalos aproveitaria para ir aos melhores restaurantes (comer pouco), assistir a ótimas peças de teatro e conviver com alguns dos melhores amigos.

Foram poucos dias, mas parecia uma eternidade. Lembrei-me de meu amigo Paulinho Coelho que nos primeiros dias fora de casa sentia banzo e queria voltar imediatamente. Lembrei-me de outro amigo Paulo, o Nagem, que aprecia mais uma viagem que qualquer coisa nessa vida.

Mas eu não posso dizer que viajei. Como poderia ter feito isso se minha cabeça estava aqui em São Luis: Com minha família; na Assembléia Legislativa, atendendo a todos e resolvendo problemas pelo telefone; na Academia Maranhense de Letras; na Minerva, na confecção de meu livro; em nossas empresas; na Fundação Nagib Haickel; na Mirante; no MAVAM, projeto em parceria com o IPHAN; nos problemas políticos que não se resolvem; na obra de minha casa no Araçagy; nos almoços com os amigos; no basquete das segundas e sextas; nos encontros aos sábados no posto de Dudu e aos domingos na casa de Jomar…

Outra coisa que me dava certeza que poderia até estar fora de São Luís, do Maranhão, mas que continuava em casa. Era o fato de Jacira estar comigo. Isso me faz sentir estar sempre em casa, onde quer que eu esteja.
Nessa viagem reencontrei velhos amigos: Antonio Fagundes e Clarice Abujamra com quem fomos ao teatro e jantamos em deliciosos bistrôs de Higienópolis, onde ela reina e come apenas legumes e verduras. Essa linda mulher, pessoa magnífica a quem eu havia conhecido em Cartagena, no começo do ano, apresentou-me seu pai, João, um paulista de um metro e noventa e um e 91 anos. Homem fascinante.

Reencontrei Lili Coster, assistente de direção em meu filme; Eucir Sousa, o Charlie de “Pelo Ouvido” que está um uma peça engraçadíssima, “Amigas, pero non mucho”, um retrato fiel de um grupo de mulheres de meia idade da maravilhosa São Paulo; Zita Carvalhosa do Kinoforum; Paulo Mendonça, do Canal Brasil; César Cabral, diretor de Dossiê Rebordosa; Francisco Colombo, outro maranhense presente no festival, com o seu “Reverso”; Iza Albuquerque, Darcimeire Coelho, Leda Stopassolli, Surama Castro, meu querido amigo, de quem tanto me orgulho, Allan Kardec Duailibe e principalmente José Louzeiro, a quem eu fiz uma homenagem na apresentação de meu filme no Festival Ibero-Brasil do Rio de Janeiro, onde outro amigo que reencontrei foi o homenageado: Chico Dias, grande ator!

Tive a oportunidade de conhecer muitos curadores de festivais internacionais e a sorte de sentar ao lado da simpática atriz Alice Braga, a quem tratei de dar logo uma cópia de meu filme, na ilusão de que ela o assistindo, goste, e aceite ser a estrela de meu próximo trabalho no cinema.

Mas não, apesar disso tudo, não conseguia me desligar daqui.

Liguei diariamente para saber como iam as coisas e qual não foi a minha surpresa quando soube por minha Ananda que na última quinta, dia 3, o deputado Edivaldo Holanda, justo ele, com quem me alterei antes do mal-estar, três semanas atrás, o mesmo Edivaldo com quem tenho digladiado, ele em ataque incessante ao governo e eu, em defesa. Justamente ele lembrou-se que amanhã, dia 7 de setembro, além de 187 anos da proclamação da Independência do Brasil, fará 16 anos do falecimento de meu pai, o deputado Nagib Haickel, ex-presidente da Assembléia Legislativa do Maranhão, único a morrer no exercício do cargo, representando o Poder Legislativo na festa comemorativa da nossa independência, no município de Coroatá.

Vejam como são as coisas. Apesar de meu adversário, Edivaldo teve o nobre gesto de lembrar e citar meu pai quando faz aniversário a sua morte. Como não respeitar um homem deste?

Vou continuar me opondo aos posicionamentos políticos de Edivaldo, pois não concordo com eles, mas não posso deixar de ver nele um homem de bem.

Gestos nobres como esse me fazem continuar na política. São certezas como essa, de que não importa que discordemos, desde que nos respeitemos, que me fazem não desistir da vida de parlamentar.

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REFAZENDO AQUELE SONHO

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De mim só me lembro estar elegante.
Terno escuro, camisa clara, gravata de seda…
Dela, não esquecerei de nada,
jamais…
Era um sonho…
Seu vestido longo de cetim,
seus olhos cor de mel,
sua boca carnuda.
Um aroma de sedução no ar…
Vinho,
conversa ao pé do ouvido,
música,
coisas pra beliscar,
inclusive seu braço pela fresta da cadeira.
Dança…
Seu corpo juntinho ao meu
encaixados como perola e ostra
ondulavam.
Seu olhar era denunciador,
seu rosto e seu corpo falavam por ela…
Tudo que aconteceu naquela noite
depois da hora em que a vi…
preferi esquecer…
Agora, distante em tempo e espaço
me imagino,
me quero em seu colo.
Mergulho em seu decote,
nele descortino o mundo e desço…
Encontro montes,
uma vasta pradaria,
vales,
um rio feito de suor…
Precipício…
Mergulho nele.
Quando emergir
quero estar de novo
nas costas dela,
imprensando-a contra a parede,
mordendo sua nuca,
lambendo seu pescoço,
e aos seus ouvidos
quero fechar a cortina de outra noite
e ver outro dia nascer.
Mais tarde,
depois do café,
ler pra ela esse poema
e fazê-la sentir ciúme
imaginando que refiz meu sonho
com outra mulher.
Republico esse poema a pedidos.

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