Maria Rita armava barraca na mureta da Praça Benedito Leite e vendia:
Dois-tãos de pernas grossas; duas coxas macias, ancas graciosas e luzidias como as da égua Esmeralda, caso de amor de “seu” Dico.
Cintura de umbigo tufado – culpa da parteira “Dona” Maria José do Bom Parto.
Peitos ainda durinhos, mas já querendo murchar de tanto freguês apalpar.
Pescoço de bailarina, cabelos de espanhola, olhos de moça-virgem e andar de brincar ganzola.
Maria Rita armava barraca e vendia…
Gostei muito dessa forma de escrever, é um poema com jeito de conto.
Boa Noite Joaquim,
Parabéns pelo filme e todos os premios recebidos, pela eleição na AML, por todas as belas cronicas e poemas. Voce com certeza é um orgulho para a sua família e para o Maranhão, mas eu gostaria de saber porque, vc é um deputado, um poeta e dos bons, um cineasta premiado em vários países, portanto um formador de opinião, pq vc não comenta nada sobre a situação de Sarney no senado com o Brasil inteiro querendo a sua renuncia, e tudo que está sendo descoberto sobre as negociatas para não dizer outro nome de Fernando Sarney? Daria um bom livro e um bom filme.
Resposta: Amiga Eliane, já comentei varias vezes sobre o assunto do momento, tanto aqui quanto na Assembléia, mais lá que aqui, pois acredito que lá seja o ambiente mais propicio para fazer isso. Porem já que você tocou no assunto, vou tentar responder, apesar de não acreditar que eu seja a pessoa mais indicada para falar desse assunto, já que como você deve saber sou amigo de Fernando e Zé Sarney, mas vou tentar fazer isso da maneira mais isenta possível.
Diga-me uma coisa, você acredita que se Sarney simplesmente renunciasse ao cargo de presidente do Senado os problemas que lá acontecem se resolveriam, assim, num passe de mágica? Imagino que a sua resposta, bem como a de qualquer pessoa de bom senso será, “NÃO”, e o motivo é claro para qualquer pessoa que não esteja comprometida com a partidarização do assunto ou com a vontade de vender notícias e controlar a opinião publica através de uma opinião publicada.
O problema em tela é bem mais profundo que a simples existência de um senador. É algo estrutural, inerente à mecânica do poder, algo sedimentado e arraigado em qualquer estrutura burocrática repleta de benefícios como a do senado, que nunca sofreu uma modernização profunda e verdadeira ou qualquer ruptura em sua oligarquia funcional, que contabiliza benefícios seculares, coisas que ninguém jamais teve vontade ou coragem de tocar, até porque não interessava a ninguém fazer isso, pelo menos até agora.
Esse Brasil inteiro que você diz que quer que Sarney renuncie, não é nada mais nada menos que uma pequeníssima parcela dos donos de jornais de São Paulo que estão a serviço do PSDB, tentando facilitar a vida do Serra que quer porque quer ser presidente da república, só isso.
Você vai dizer que estou simplificando a coisa, mas pense um pouco. Sarney já foi presidente do Senado duas vezes anteriormente, pelo menos uma delas no tempo de Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, porque isso não veio à tona naquela ocasião se todos dizem hoje que isso tudo sempre aconteceu? Que isso é coisa de longas datas? Eu lhe digo por que, porque não interessava a ninguém naquela época desestabilizar o governo de então, agora sim, os paulistas quatrocentões não admitem que a Dilma possa vir continuar fazendo o que Lula vem fazendo na presidência da republica, querem porque querem mudar a gerencia do poder central de nosso país. É muito, muito, muito dinheiro. É muito, muito, muito poder que está em jogo, não é apenas Zé Sarney ou Fernando ou o Senado.
Acredite, qualquer um no lugar de Sarney, sendo quem Sarney é representando o que ele representa, estaria passando pela mesma situação, pelo mesmo suplicio e se fosse realmente como Sarney, esse alguém teria que resistir a todo custo, pois assim estaria fazendo um grande serviço ao Brasil, impedindo que alguns poucos manipulassem a opinião publica, subvertendo a vontade popular sem uma eleição democrática, apenas com paginas de jornais e reportagens televisivas.
Não pense que eu acredite que não haja nada de errado no Senado. Tenho certeza que há, só não concordo que a execração publica do presidente do Senado, sua crucificação, sua imolação, seu sacrifício público, seja a maneira correta de resolvermos esse assunto.
Pelo menos uma coisa já está acontecendo de bom nisso tudo, começasse a organizar de forma clara a estrutura administrativa e funcional do Senado federal e é possível que toda essa celeuma sirva para consolidar essas mudanças.
Realmente você é amigo do Fernando e Zé Sarney.
abs