Visão francesa

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Sempre achei que “Pelo Ouvido” fosse um filme mais ao gosto dos latinos sensíveis. Pensei que principalmente os franceses, mas também os italianos, os espanhóis e os portugueses, além de nós brasileiros iriam adorar um filme como aquele. Nunca pensei que fossem exatamente os americanos os que mais se encantariam com o filme selecionando-o para mais 30 festivais, contra 8 na Espanha, 3 na frança, nenhum na Itália, nenhum em Portugal e mais de 30 no Brasil, sem contar Cuba, Colômbia, Peru…

Sempre tive curiosidade de saber o que os franceses pensam do filme e pude constatar isso algumas vezes, conversando em alguns festivais com críticos, jornalistas, cineastas, produtores, diretores e atores franceses e o filme sempre teve uma ótima receptividade entre eles.

No encerramento do Guarnicê fui apresentado por alguns amigos a uma simpática francesa de nome Géraldine que já mora em nossa cidade há quase dois anos e leciona no Centro international de Idiomas e Intercambios (CII). Pedi a ela que colocasse no papel suas opiniões, seus sentimentos a respeito do filme e me mandasse por e-mail. Para minha surpresa ela Escreveu e mandou. É isso que postarei hoje aqui pra vocês.         
 

Meu olhar sobre Pelo Ouvido 

Por Géraldine GAUTHIER.
 
Visceral, doce e incrivelmente poético: Três palavras que evocam minhas primeiras impressões sobre o trabalho sensível do Diretor de Cinema Joaquim Haickel.
 
Sendo francesa tive o reflexo imediato (ou saudoso?) de encontrar semelhanças com meu universo cultural – tanto cinematográfico como pessoal. Relembrei logo do famoso Claude Lelouch cujo assunto predileto é o homem e a mulher, a maneira simples e real como ele pinta o universo intimista das relações amorosas. Pelo Ouvido desenha na tela, o movimento poético do corpo feminino e de suas necessidades. Amor doce e forte: ele vive silencioso e ela sim vive vendo e ouvindo… Para que a cada passo desejoso e toques intensos possam se declarar ainda, e para que em cada gesto e silêncios se apaixonem mais. O desejo sexual e amoroso está lindamente sugerido pelas esculturas esboçadas por ele (entendo aqui uma referencia à escultora Camille Claudel), a importância das mãos e do olhar pelos dedos. As entregas eróticas dela nunca deixam seu amado à la dérive. Para mim, Pelo Ouvido é uma escultura, com feições de uma mulher afirmada e doadora. Pelo Ouvido é também uma proposta, de como dominar e desafiar o que é irreversível? Enfim, ele tem o cheiro das palavras graves, viscerais e realistas do nosso querido poeta Maranhense Nauro Machado. Obrigada ao diretor Joaquim Haickel por seu olhar sensual, por seu gesto suave e forte de escrever a mulher como ela é.

8 comentários para "Visão francesa"


  1. Eliane

    Caro Joaquim ainda não tive o prazer de assistir ao seu filme e depois deste texto fiquei ainda mais curiosa. A Geraldine conseguiu fazer com que eu viajasse em seu texto, pegando um atalho para desaguar em seu filme. Como é que posso vê-lo? Está a venda em algum lugar? Está passando ou vai passar em algum cinema ou evento? Avisa que eu irei correndo.
    Quanto a Geraldine, que texto delicioso, que forma envolvente de escrever. Adorei! Parabéns para os dois.

    Resposta: Obrigado Eliane. O filme foi exibido no encerramento do 32º Festival Guarnicê de Cinema e acredito que irá ser exibido novamente num evento promovido pela ABD-MA. Assim que souber, te aviso pelo e-mail que você cadastrou aqui. Quanto ao texto da Géraldine, concordo plenamente com você, é maravilhoso, até eu fiquei com vontade de rever o filme… kkkkkk. Abraço!

  2. antonio carlos

    Fiquei curioso pelo comentário da geraldine a respeito do seu filme ,avise-me quando for exibido.gostaria de assistir.
    grato

  3. Euterpe

    Joaquim,

    Sem falsa modéstia, apesar de não ser crítica de cinema, bem antes de Pelo ouvido ganhar tantos prêmios e ser aclamado pela críica eu já sabia que ele daria o que falar. Sou mulher e o vi com o olhar de um mulher. Me senti compreendida…..este filme é de uma sensibilidade ímpar. Mais uma vez, Parabéns!

  4. william

    Prezado Sr.:
    Sou un fervoroso entusiasta do cinema nacional e torço fortemente pela produção cinematográfica maranhense. Foi com alegria e surpresa que recebi o belo “Borralho”, do Arturo Sabóia. Sobre seu filme, Pelo Ouvido, gostaria de revê-lo, com a calma necessária para produzir uma crítica justa, não apaixonada nem para o ruim e nem para o elogio fácil. Confesso-lhe que ,à primeira vista, gostei mais do comentário entusiasta da Professora Geraldine – que tive a oportunidade de vê-la atuar em teatro – do que do filme. Mas, como falei antes, aguardo a oportunidade de rever seu filme para, quem sabe, retirar essa primeira impressão que é sempre precipitada. De qualquer modo, gostaria de expressar meu desejo de que continue a investir e a insistir nesta tão fundamental sétima arte, sobretudo neste nosso estado tão miserável onde o realismo teima em matar a ficção.

    Resposta: Você pode acessar o site do filme http://www.peloouvido.com e poderá ter mais informações sobre o filme, de qualquer forma, só pelo fato de você haver gostado tanto assim da crítica que foi feita por Géraldine, já me sinto recompensado.

  5. FLAVIO

    Desculpe-me seu William mas eu estava no encerramento do Guarnicê e assisti aos filmes maranhenses que foram exibidos naquela ocasião e de longe, muito de longe o filme do Joaquim é o melhor, e olhe que os outros tem o seu valor, principalmente o do Colombo, mas o Pelo Ouvido é magnífico!… A história, a produção, a direção, a fotografia, os atores, a musica, é tudo perfeito, irretocável… O amigo precisa realmente ver esse filme novamente e irá comprovar o que eu lhe digo.
    Acredito que Pelo Ouvido esteja entre os melhores filmes produzidos e dirigidos por maranhense, juntamente com Araweté de Murilo Santos, Infernos de Fred Machado, Borralho de Arturo Sabóia, Reverso de Francisco Colombo, Rosas de Ione Coelho…

  6. Milton Lima Calado

    Meu caro Joaquim,

    De inicio, permita-me ser oportuno para cumprimentá-lo pela sua eleição a Academia Marnhnse de Letras. O seu ingresso em nosso principal sodalicio, não é mais do que a afirmação e o reconhecimento ao seu múlltiplo talento e aua ampla cultura. A Academia, com toda certeza, ficou mais rica. Agora os seus colegas Deputados terão que mudar o tratamento com vc – afinal agora Vc. é imortal.

    Sei um bocado de coisas sobre vc. Sei que é poeta, já li alguns de seus versos. Cronista e articulista, de bom texto, o leio aos domingos no O Estado. Cineasta premiado – estou louco para ver seu filme, Pelo Ouvido. Politico ético, respeitado e atenado com as coisas realmente importantes. Mas, perdoi-me, não sei o nome de seus livros. Estou numa sinsuca de bico – tenho que escrever um texto sobre o novo imortal e não sei nada sobre sua obra literária. Pelo amor de Deus me ajude. me informe, urgente, sobre sua produção litreraria e cinematográfica. Um abç do Milton Calado.

  7. William

    Joaquim,
    Agradeço-te a informação sobre o acesso ao seu filme. Que venham muitos outros!!!Vou assisti-lo e, assim que tiver um tempinho, enviar-te-ei minhas impressões, pois sei como é importante para um artista esse feedback, além de que colocar alguma palavra sobre algo tão generoso quanto o é o engendramento de uma produção artística é o mínimo que nosotros podemos fazer. Não sou crítico de cinema e nem tenho essa pretensão. Critico sim o elogio fácil tão pródigo por estas bandas. Pertenço à categoria adépta da fruição do cinema, dos que amam apreciar uma boa história. Então é isso !!

  8. Guterres Filho

    Guterres filho, tecnólogo em Recursos Audiovisuais RP-092/93 – SATED-MA, Coordenador Técnico das exibições e projeções do Festival Guarnicê. Projetar uma obra audiovisual genuinamente maranhense como o filme PELO OUVIDO, foi gratificante, pois foi, é e será sempre uma grande responsabilidade de um projecionista que ja tem mais de 10.000 horas de projeções de filmes e vídeos, parabenizo Joaquim por levar a arte de fazer cinema no maranhão para o mundo, além dos outros realizadores que com garra e luta, e eu faço parte deste time, somos maranhenses e sabemos fazer cinema.

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