Finalmente assisti ao mais badalado longa-metragem realizado por um cineasta maranhense. Trata-se de “Ai que Vida!”, filme roteirizado e dirigido por Cícero Filho, a quem tive o prazer de conhecer pessoalmente semanas atrás na ALM, quando ele foi levado até lá pelo deputado João Batista.
Nos últimos meses todo mundo me perguntava se eu já havia assistido “Ai que Vida!”. A insistência das pessoas para que eu visse ao filme era inversamente proporcional ao meu interesse em vê-lo. Eu mesmo já estava achando que na verdade estava era com uma certa inveja do retumbante sucesso que fazia tanto o jovem Hércules quanto o seu trabalho, “produzido artesanalmente no interior do Piauí e do Maranhão, contando com modestos recursos financeiros, técnicos e humanos”.
Por princípio, jamais em minha vida, comprei um CD ou um DVD pirata e “Ai que Vida!” não seria o primeiro. Lembro que enquanto todos compraram “Tropa de Elite” pirata, eu me recusei terminantemente. Só assisti ao filme do Padilha no cinema.
Semana passada Avana foi a ducentésima pessoa a me perguntar se já havia assistido “Ai que Vida!” e antes que respondesse ela foi logo sacudindo o DVD em minha frente. Não perdi tempo, peguei a caixa e disse a ela que a única forma de eu vê-lo era se alguém me desse uma cópia.
Vim para casa, coloquei o DVD sobre a mesinha da TV e ele ficou lá, maturando, durante sete dias, até que eu conseguisse um tempinho para finalmente vê-lo.
Quero reafirmar que sou muito mais cinéfilo que cineasta, então o que vocês vão ler a partir de agora é a minha sincera opinião sobre o que vi e não simplesmente uma crítica.
Cícero Filho começa seu filme como gente grande, como quem conhece o ofício de fazer audiovisual. Vemos uma tortuosa estrada de piçarra e no alto da tela uma D-20 velha, transformada em pau-de-arara se aproxima. Os sons ao fundo completam o quadro. Se fosse só isso seria banal, mas o diretor que também é o fotografo, usa suavemente o zoom da câmera, nos dando a agradável sensação de aproximação tanto daquela realidade conosco como de nós para com ela. Me ganhou na primeira cena. Me remeteu imediatamente a deliciosos Road Movies como “Bye bye Brasil”.
Se havia em alguma parte recôndita de meu ego algum resquício de ciúmes pelo sucesso do jovem diretor e de sua obra, evaporou-se nos primeiros sessenta segundos de seu filme. A linguagem cinematográfica não precisa de erudição, de refinamento, de escola. Ela é inerente ao ser humano, e em alguns ela se sobressai mais contundentemente. Homero, Shakespeare e Machado eram verdadeiros cineastas e nem câmeras havia em seu tempo.
Cineasta é aquele que conta uma determinada história de tal forma que nos faz sentirmos dentro dela. Faz com que sintamos que ora estamos escrevendo o roteiro, ora fotografando a cena com nosso enquadramento, pelo nosso ponto de vista, ora somos os protagonistas, ora somos meros coadjuvantes ou até mesmo simples figurantes. Ele nos leva de encontro a sua história ao mesmo tempo em que joga ela dentro de nós. Cícero Filho faz isso em seu “Ai que Vida” com competência.
Não vou dizer aqui que o filme é perfeito só para que pareça que sou bonzinho. Não, isso não. Até porque nem bonzinho eu sou, nem quero ser. O filme tem as deficiências naturais de quem o fez nas condições em que fez. Vou citar apenas dois exemplos. Há alguns problemas graves de luz. Uma das principais coisas em um filme é a iluminação. Outra é o desempenho dos atores, de um modo geral são amadores ou nem mesmo são atores. Um filme não é um livro, não é um “causo”, ele precisa de gente para consubstanciar sua história, e de gente capaz de fazer isso corretamente.
A fotografia é boa. Os enquadramentos de cena são muito bons. A atriz principal, Toinha Catingueiro, é uma figura!!! Não sei se ela é atriz profissional, mas se não é, deveria ser. Claro, precisa se aprimorar, estudar um pouco, conhecer certas técnicas de interpretações, alguns macetes. O principal ela tem, talento. É a nossa Marcélia Cartaxo.
A legião de personagens que desfilam em frente à câmera de Cícero é antológica. Não sei ao certo se são hilários por serem ridículos ou se são ridículos por ser hilários, o certo é que eles são uma caricatura fiel de nossa terra. Não falo apenas do Maranhão ou do Piauí, falo do Nordeste, falo do Brasil.
Está claro o motivo pelo qual todos adoram “Ai que Vida!”! É que nós nos vemos nele. Vemos os nossos amigos, os nossos desafetos e conseguimos com certa distância, detectar as nossas circunstâncias e as conseqüências que elas de uma forma ou de outra acabam nos acarretando.
Parabéns, Cícero!
PS: Na mesma noite assisti “Reverso”, excelente curta-metragem do também maranhense Francisco Colombo. Certamente mais um sucesso do cinema maranhense.
Todos os domingos a primeira coisa que faço ao pegar o Jornal O Estado é correr para ver se você escreveu alguma coisa. Tenho notado que com as mudanças gráficas e editorias, diminuiu a quantidade de artigos nas paginas de opinião e por isso agora só tenho encontrado seus escritos de 15 em 15 dias, o que é uma pena, pois você deveria escrever pelo menos uma vez por semana, ou quem sabe, diariamente.
Em sua crônica de hoje você mais uma vez dá um show. Sua linguagem é simples e acessível e o conteúdo chega a nos chocar, como por exemplo, quando fala do fato de imaginar que o motivo que lhe fazia você não querer ver Ai que vida , poderia ser a simples e corriqueira inveja, sentimento comum a todos nós, mas que raramente temos a coragem de reconhecer que o temos. Alem disso você analisa o filme não como um empavonado conhecedor da arte ou como um entediante crítico, mas o faz com a sutileza e a simplicidade de um verdadeiro amante do cinema, coisa que o tras para mais proximo de seu leitor.
Gosto muito de sua forma de escrever, gosto como você analisa os fatos que aborda, gosto da objetividade que utiliza para isso, da coerência que persegue nesse intento, aprecio o seu estilo metafórico, analógico e analítico, de seu bom humor e das ironias que lança mão.
Ler um texto seu, publicado no jornal ou neste blog é garantia de satisfação e de boa reflexão. Ai que vida! Porque que alguns outros cronistas não seguem os seus passos?
Grande texto! Parabéns!
QUERO SABER É QUANDO O AMIGO IRÁ REALIZAR O SEU LONGA-METRAGEM!!!!!!!!!!
CARO JOAQUIM
QUANDO ASSISTI AI QUE VIDA TIVE AS MESMAS SENSAÇÕES QUE DETALHAS NA TUA CRÔNICA. O FILME TEM QUASE TUDO QUE O SER HUMANO GOSTA: DRAMA, CRITICA SOCIAL, HUMOR E MOSTRA OS COSTUMES DO INTERIOR. EU COMO INTERIORANDO QUE SOU ME DELICIEI E ASSISTI DUAS VEZES, ASSIM COMO LI TUA CRÔNICA DUAS VEZES.
UM ABRAÇO
ANTÔNIO FRANCISCO
Joaquim,
depois de muita insistência de amigos, comprei um DVD do referido filme, e não é que a surpresa foi até positiva!
Concordo com você em gênero, número e segundos. O primeiro minuto do filme garantiu que eu o assistice até o fim.
Claro e é evidente a produção mambembe, mas acredito que a produção audiovisual é muita mais que perfeição. É técnica, mas também é paixão e isso que faz tudo valer a pena: a dedicação de realizar um trabalho próprio.
A cena do furúnculo (aquela que a banda canta no comício) é muito cômica!
obrigado pela sugestão, vou providenciar assistir este filme.tão comentado.
meu querido deputado, gostaria que Sr.. intercedesse por nós nesse absurdo que tá acontecendo em Pinheiro, estão exigindo que todos os funcionários do estado compareçam até aquela cidade regional para fazer o recadastramento, o recadastramento tudo bem, porém é o deslocamento que esta acarretando uma grande despesa para nós principalmente dos municípios mais distantes, vamos gastar mais de 80,00 reais com passagens e alimentação, porque o pessoal da regional não se desloca até os municipios e ver de perto quem tá trabalhando.Tenho lido nos noticiários que a governadora e o secretário Luciano tão fazendo de tudo prá facilitar nossas vidas, eu acredito e tenho esperanças que as coisas vão melhorar, agora prá quem é operacional e ganha salário mínimo, gastar 80,00 do seu salário minguado é de lascar, por favor eu sei que o Sr. é um homem comprometido com as causas do povo e nos sccorrerá. me responda por favor, um abraço e obrigado
Joaquim,
Estou ficando famosa em seu blog…já tenho até comentários a meu respeito. E para não deixar minhas fãs decepcionadas e saudosas de meus comentários….
Eu também fiquei curiosa a respeito do filme depois que li seu post sobre ele e também é verdade que com seu texto você se demontra. Mostra algo dfícil de se ver nas pessoas hoje em dia. Você humildemente assume que estava com uma certa inveja e ainda por cima elogia sinceramente o flme e seu cineasta. É por essas e outras que você encanta não só a mim, como a todos que o admiram.
Parabéns pela cronica sobre o filme “Ai que vida”.Enfim, temos algo em comum que é a admiração e o amor á sétima arte.Sou filho de um dono de um antigo cinema no interior do Estado e assim como o meu falecido pai,eu tenho um imenso amor pela sétima arte.Voltando ao filme “Ai que vida” que é um sucesso mesmo com todas as dificuldades em que o filme foi produzido e é um bom exemplo a ser seguido . Tenho assistido a tantos outros filmes nacionais com um orçamento infinitamente maior que “Ai que vida” e que o resultado final é pífio.Aliás,eu acho que os roteiristas e os diretores Brasileiros deveriam fazer um curso para aprenderem a “terminar” um filme,pois muitos filmes nacionais simplesmente não tem final que preste.
SERÁ QUE AGORA COM A CRIAÇÃO DO MINISTERIO DA PESCA E AQUICULTURA E APROVAÇÃO DA LEI GERAL DA PESCA A GOVERNADORA ROSEANA SARNEY IRÁ CUMPRIR COMPROMISSO DE CAMPANHA E CRIAR A SECRETARIA ESTADUAL DE PESCA E AQUICULTURA
É VER PRA CRER
ai q vida retrata os deputados de hoje chegam em um municipio q nem conhecem pedem ovoto e depois nunca mais e na proxma eleiçao vao enganar qem ainda nao o conhecem e triste mas e verdade
é caro deputado, não teve jeito, minha esposa acaba de chegar de Pinheiro nesse instante, saiu daqui de casa DESDE 4,00 DA MANHÃ, GASTOU QUASE 80,00 de passagem e alimentação lá em Pinheiro, viajou numa estrada cheia de atoleiros causadas pelas fortes chuvas e abandonadas, foi atendida depois de horas e mais horas com chuvas, descasos, deboches etc., tudo isso prá preencher uma folha de papel e apresentar documentos que poderiam ter sido mandados pelos diretores das escolas, é tadinho de nós, começou bem nossa governadora, parecwe que a coisa piorou prá nós, só Deus prá nos salvar, é esse o governo que o Sr. apoia?
esse filme é um arraso,adoro a tds os personagens,obg bjos
Muito bom esse filme hein? Mostra com naturalidade toda a expressividade maranhense (falo do maranhês), faltou explorar mais as belezas naturais da região. Aliás em algumas cenas isso foi bem feito, já em muitas outras não.
O filme não tem uma característica que eu odeio em boa parte dos filmes brasileiros: cenas longas, sem falas/diálogos das personagens o que gera apatia.
Parabéns aos produtores do longa.