Às mães inominadas

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Outro dia encontrei com uma senhora amiga da minha mãe numa solenidade e ela quando me viu sorriu e disse que sempre lê as crônicas que publico. Quis eu então saber se ela tem acesso ao Blog que mantenho no portal imirante.com e ela disse que não tem esse hábito, mas que sua filha e seus netos sim. Ainda naquela mesma ocasião, ao voltar a cruzar com aquela simpática senhora ela me disse que dentre os meus textos, os que ela mais aprecia são aqueles em que falo de minha mãe ou de meu pai, ou mesmo de algum membro de minha família ou de algum amigo. Ela gosta quando escrevo sobre pessoas, sobre os sentimentos que as envolvem ou que se desenvolvem entre elas. Falou especificamente sobre as crônicas que escrevi sobre tio Samuel Gobel, sobre aquela em que traço um paralelo entre meu pai e Alexandre Dumas e referiu-se a uma crônica que escrevi há anos, em que falava de minha mãe, Dona Clarice. Lembrou-se de detalhes dela, sobre como descrevi o que tem sido a nossa vida nesses anos depois da morte de meu pai. Como minha mãe, tão doce e frágil se faz tão contundente e forte, como sua visão de vida e de mundo se faz presente, marca e pontua a minha postura e como influencia em minhas decisões enquanto pessoa, empresário e político.

Escreverei hoje em homenagem àquela senhora, e ela saberá que falo dela quando ler esta crônica. Por causa dela e de Dona Clarice escrevo esse texto em homenagem ao dia das mães.

Existe uma mãe a quem eu gostaria muito de agradecer pelo presente que ela me deu. A mãe da criatura que eu mais amo nessa vida, a mãe de minha filha Laila, que de lambuja ainda me deu Avana e Ananda.

Há outra mãe a quem eu gostaria de falar especialmente neste dia, alguém que eu conheço de perto, alguém a quem admiro por sua incrível capacidade de trabalho e de superação. Alguém que mesmo sem ter estudado, sem haver se formado numa universidade, alcançou um patamar de excelência como o de poucos empresários de nossa terra, que construiu com seu próprio esforço uma sólida e importante empresa, uma mulher que é admirada por todos que a conhecem, que sabem de sua trajetória e que a respeitam por isso. Essa mulher que antes de tudo nunca deixou de ser mãe, abre facilmente mão de seu sucesso, de sua empresa, de seu conforto e não demonstra nenhum apego por isso, mas quando a perda é a proximidade de uma filha que nem sua é, essa mulher acusa o golpe e sofre como uma tísica. Quando o preço que tem que pagar é a distancia e a incompreensão, ela deixa claro que o apelido de Saddam Hussein só servia para a inflexível empresária, jamais para uma mãe-leoa apartada das crias.

A outra mãe sobre quem eu gostaria de falar, também sem citar o nome, talvez nem vá saber que é dela que eu estou falando, mas eu saberei, minha mãe saberá e é isso que importa.

Meses atrás fiz um discurso na Assembléia Legislativa abominando a postura odiosa de certa pessoa e acabei cometendo pior atitude que a daquele a quem criticava. Senti isso imediatamente após fazê-lo. Quando vi já tinha feito. Fiquei doente com aquilo, não me perdôo facilmente. No outro dia, ao me levar o jornal no quarto, como faz todos os dias, minha mãe me olhou com seu jeito cândido e disse que nele havia um comentário sobre o tal discurso e muito delicadamente me deu uma baita descompostura, e como sempre ela estava certa.

Eu gostaria de aproveitar esse dia das mães para pedir desculpas publicamente àquela senhora com quem em uma hora de raiva e de indignação fui descortês e deselegante. Sinceramente peço-lhe desculpas senhora, é o mínimo que posso fazer. Um erro não justifica o outro.

Mãe, tu já tem tudo que o dinheiro pode comprar, portanto essa retratação pública, esse pedido de desculpas àquela senhora é o meu presente de dia das mães para ti.

5 comentários para "Às mães inominadas"


  1. Márcio Forte

    Joaquim você é ótimo com as palavras, principalmente quando elas são dirigidas às mulheres. Tua mãe, tua mulher, tua filha, tuas amigas, tuas eleitoras e tuas leitoras devem adorar te ouvir e te ler, mas temo que o mesmo não ocorra com os homens, imagino que eles não apreciem tanto teu estilo sensivel de pensar e de escrever. Acho que falta um pouco de masculinidade nos teus textos.

  2. anônimo

    precisa coragem para escrever isso ai!

  3. Carmem Ferreira de Sousa

    Deputado Nagib, não sei quem são as mães que o senhor se refere, só sei que a sua mãe deve estar muito orgulhosa do senhor pois ela criou um Homem com H maiúsculo, um homem de carater, capaz de reconhecer um erro e de público se desculpar por ele. Saiba que esse é o melhor presente que o senhor poderia ter dado a sua mãe. Parabens!

  4. Euterpe

    Joaquim,

    Realmente nós mulheres de sua vida…mães, leitoras, eleioras..ficamos muito envadeicidas por sermos motivos de seus texos, suas crônicas, suas poesias, enfim sua vida. E os homens deviam se espelhar em você para tratarem as suas mulheres. Não concordo que falte algo em seus textos, pelo contrário, é exatamente por estar sobrando que você é tão bom em tudo que faz!
    Suas mães, sua mulher, sua filha….as mulheres de sua vida devem se orgulhar muito de você. Parabens por mais essa crônica que você nos presenteia. Foi de uma profundidade ímpar. E usar uma via pública para se desculpar perante todos de um ato que só você tinha consciência de ter feito é algo elogiável. Continue assim. Agindo grande!

  5. marcos fernandes

    CARO DEPUTADO,EU COMO UM BOM FILHO E BOM PAI,SÓ POSSO DIZER UMA FRASE. SÓ OS HOMENS DE HONRA E DE BOM CARATER TEM ESSA POSTURA.

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