Domingo passado, comecei abordar um tema que suscitou muitas conversas durante toda a semana, principalmente em torno de algo que não foi nem sequer aprofundado por mim. Apenas disse que a eleição de São Luis era um capitulo aparte e que sobre ela falarei nesta semana, mas foi o suficiente para abrir a discussão a respeito da sucessão municipal em nossa capital.
Como disse antes, São Luis é a jóia da coroa e a disputa pelo palácio Daniel de la Touche será uma das maiores contendas jamais realizadas em nosso estado.
Os motivos para isso são diversos. Vai desde a ausência de um nome hegemônico ou imbatível eleitoralmente, o que é muito bom e saudável para o processo eleitoral, até a necessidade de sobrevivência de alguns partidos ou políticos de qualidade que precisam de uma oportunidade para mostrar suas propostas, sob pena de envelhecerem sem ter uma chance para fazê-lo.
Mas não é só isso. A coisa é muito mais complicada do que possa parecer.
A primeira grande questão será saber quais serão as regras a serem seguidas. Haverá coligações. Em tendo será só para prefeitos? E para os vereadores, como será?
Vamos imaginar que as regras sejam a mesma da ultima eleição.
Pela primeira vez em muitos anos governador e prefeito da capital são do mesmo partido e mesmo tendo suas diferenças, se partirem unidos, dificilmente perderão a disputa. Isso se, por pior que as coisas estejam agora, nada mudar até lá. O problema será saber quem será o candidato do PDT. São varias as opções: Julião Amim, Clodomir Paz, Canindé Barros e Sandra Torres. Qualquer um, desde se apoiado pelo governador e pelo prefeito, tem vitória quase certa. O problema acontecerá na escolha do nome e no empenho dos apoiadores. Nessa engenharia consiste o sucesso ou o desastre deste projeto.
Por fora corre o PSB que antes tem que resolver quem será seu candidato, Zé Reinaldo ou Vidigal. Depois disso a dificuldade será convencer Jackson dar o mínimo de apoio à candidatura do partido.
Também indefinida é a situação do PSDB. Há quem aposte que Castelo queira disputar mais uma vez a prefeitura de São Luis. Eu creio que não. Ficam então Pinto e Evangelista como postulantes pelo partido. O fato de no ninho tucano não ficar bem claro qual das correntes internas controla o partido, faz com que a situação dos bicudos emplumados seja a mais complicada entre todos os partidos.
Há também o PT e o PC do B que trazem os fortes nomes de Bira do Pindaré e Flavio Dino para a disputa.
Fechando o grupo de partidos ligados ao governo do estado, aparece o PR que deve ir de Kleber Verde.
Ainda alinhados ao governo devem ficar PPS, PSC, PMN, PTC, PT do B, PHS, PSL e PSC. Resta saber se eles vão se aventurar a ter candidatos próprios ou se coligaram, caso a legislação permita.
Do outro lado, os cinco grandes partidos que formam a oposição, PMDB, Dem, PTB, PV e PP deverão antes decidir qual será a melhor estratégia pra tentar chegar ao segundo turno com alguma chance na disputa. Se saírem com um candidato único ou tentarem a sorte individualmente no primeiro turno e agruparem-se apenas na segunda etapa da disputa.
Gastão Vieira é pra mim o melhor nome no PMDB. No Dem, Raimundo Cutrim aparece como favorito. E Pedro Fernandes deve ser o único pretendente no PTB.
PV e PP devem acompanhar PMDB e Dem respectivamente, até para garantir a chance de eleger algum vereador.
Nesse quadro vemos nove candidatos, seis ligados ao governo e três contrários a ele.
Há também outros partidos que possivelmente terão candidatos, e que atiraram para todos os lados, como é o caso do PSTU, do PSOL, do PCB e do PCO. Talvez se juntassem forças, resultasse em uma candidatura menos surreal.
Não se pode prever as posições de pequenos partidos, como PRP, PRTB e PSDC.
Existem alguns partidos que nem se sabe se ainda existem e cada partido que entrar na disputa agravará ainda mais a situação do cenário eleitoral de São Luis.
Jackson e Tadeu com a palavra. Dessa conversa depende todo o quadro eleitoral de São Luis. Caso eles não cheguem a um bom entendimento as chances da oposição cresceram enormemente.
Das decisões pendentes na justiça eleitoral depende todo o quadro sucessório de nosso estado, principalmente o da capital.
Como dizia um grande político do passado: Quem viver, verá.
Deputado Joaquim, leio frequentemente suas crônicas e suas poesias e sou um apreciador dos assuntos que o senhor escolhe pra abordar e do seu jeito com que o senhor coloca seus pensamentos e suas posições.
Em relação as duas ultimas crônicas, que falam das próximas eleições municipais, achei o senhor bastante preciso e extremamente didático. Foi fácil pra mim que não sou um grande conhecedor de política entender tudo bem direitinho. Mas houve nesta crônica de hoje um outro aspecto que me chamou bastante atenção. Achei que o senhor foi extremamente corajoso em analisar o quadro sucessório de São Luis com um olhar desapaixonado, com uma visão realista e honesta. Acredito que as pessoas de seu grupo político não vão gostar muito de sua analise, mas pode ter certeza que depois de hoje passei a respeitá-lo e admirá-lo mais ainda. Parabéns.
Resposta ao comentário abaixo:
É uma pena que você não tenha assinado seu comentário, mas mesmo assim, sem saber a quem me dirigir, lhe respondo. Fiquei muito satisfeito com o que você disse. Foi exatamente essa a minha intenção ao escrever estas duas crônicas sobre as eleições de 2008. Explicar alguns aspectos jurídicos e eleitorais sobre os quais algumas pessoas tinham e ainda tem duvidas e desenhar o quadro sucessório o mais fielmente possível. O resto não me interessa muito. Se alguém não gostar das coisas que escrevi ou do que penso sobre isso, podemos até discutir, quem sabe… Mas não acho que seja uma questão de coragem. Coragem se precisa pra dizer o que se pensa, se fazemos isso, não importa o resto.
Bela análise, Deputado. Mas eu queria adicionar alguns tópicos, se o amigo permitir: Canindé só será candidato fora do PDT, quem sabe o PRB (Igreja Universal) ou PR; o DEM pode mudar e parar nas mãos de alguém fora do grupo Sarney (acho que depende muito da posição do Senador Lobão); PSTU, PSOL e PCB podem se unir em torno do bom nome do sindicalista Paulo Rios (em caso de coligação os partidos podem fazer até dois vereadores – Heloisa H. como cabo eleitoral); o Deputado Cleber Verde é do PRB (Nº 10) e não do PR, podendo ser candidato, caso permaneça no partido – Canindé poderá entrar no partido, o Lobão tbm (ou um ou outro); há de se aguardar quem controlará o PR (Nº 39), que também pode ter candidato, talvez até o próprio Canindé.
Portanto, deputado Nagib, acho que o Tadeu, mesmo sendo reconduzido à presidência do PDT, buscará controlar um outro partido, que abrigará Canindé, seu preferido.
Abraços
Resposta: Tudo bem, só tenho duas ressalvas. Lobão não deverá participar mais diretamente do pleito em São Luis, mesmo que deixe o Dem. Quanto a Tadeu preferir Canindé não há problema nenhum, o problema começará quando Ele e Jackson não apóiem o mesmo candidato. Isso mudará todo o quadro. No mais, tudo bem.
OK!!!! Quanto ao Lobão, não que ele participe diretamente da eleição de SL. É que lhe foi oferecido o PRB (José Alencar é o emissário de Lula), como o Cleber Verde é filiado ao partido, a entrada do Senador no partido modifica o controle da sigla e até a intenção do Tadeu em filiar o Canindé lá.
É o bicho vai pegar nas próximas eleições municipais em São Luis, tem mais gente do que vaga.