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Tenho um bom amigo que me manda pelo menos 50 mensagens eletrônicas por dia, então resolvi compartilhar com vocês, sempre que for possível, algumas delas (apenas algumas…rsrsrsrs). Espero que apreciem.

“DIFERENÇAS ENTRE PRESÍDIO E TRABALHO”…..

PRESÍDIO
Você passa a maior parte do tempo numa cela 5x6m.
TRABALHO
Você passa a maior parte do tempo numa sala 3x4m.
PRESÍDIO
Você recebe três refeições por dia de graça.
TRABALHO
Você só tem uma, no horário de almoço, e tem que pagar por ela.
PRESÍDIO
Você é liberado por bom comportamento.
TRABALHO
Você ganha mais trabalho com bom comportamento.
PRESÍDIO
Um guarda abre e fecha todas as portas para você.
TRABALHO
Você mesmo deve abrir as portas, se não for barrado pela segurança por ter esquecido o crachá.
PRESÍDIO
Você assiste TV e joga baralho, bola, dama…
TRABALHO
Você é demitido se assistir TV e jogar qualquer coisa.
PRESÍDIO
Você pode receber a visita de amigos e parentes.
TRABALHO
Você não tem nem tempo de lembrar deles.
PRESÍDIO
Todas as despesas são pagas pelos contribuintes, sem seu esforço.
TRABALHO
Você tem que pagar todas as suas despesas e ainda paga impostos e taxas deduzidas de seu salário, que servem para cobrir despesas dos presos..
PRESÍDIO
Algumas vezes aparecem carcereiros sádicos…
TRABALHO
Aqui no trabalho, carcereiros usam nomes específicos: Gerente,
Diretor, Chefe…
PRESÍDIO
Você tem todo o tempo para ler piadinhas.
TRABALHO
Ah, se te pegarem…

TEMPO DE PENA
No presídio, eles saem em 15 ou 20 anos caso se comportem bem.
No trabalho você tem que cumprir 35 anos, e não adianta ter bom comportamento.

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A metáfora do Hoplita.

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Às vezes precisamos dizer novamente o que já foi dito e o que já é sabido para que fique bastante claro que certa idéia e determinado posicionamento são indispensáveis.

Os filósofos gregos Aristóteles e Platão, desde sempre, se interessaram pelas questões militares. Muitos intelectuais da antiguidade passaram de uma forma ou de outra, por tais experiências.

Dentre os mais importantes estão nomes como o de Aristófanes, que apesar de não se ter certeza se ele participou de alguma batalha, é certamente o que mais conviveu com os combatentes, visto as detalhadas descrições presentes em suas peças. Em compensação, sabe-se que Sócrates participou de três batalhas, as de Potidéia, Anfípolis e Délion. Ésquilo combateu em Maratona contra os persas. Sófocles foi comandante das forças ateniense quando da conquista da ilha de Samos. E que quase todos os historiadores gregos tiveram longa experiência militar, principalmente Xenofonte e Tucídides, este último autor de A Guerra do Peloponeso.

Digo isso como preâmbulo, para poder falar de alguns dos guerreiros mais admiráveis da antiguidade. Os Hoplitas.

Os gregos, no século VIII a.C., inventam um novo tipo exército, constituído de um novo tipo de soldado. Agora teriam no lugar de mercenários e escravos, cidadãos livres empunhando armas em suas batalhas e guerras.

A chegada do Hoplita, soldado da infantaria que foi assim chamado devido ao escudo que carregava, causou uma grande revolução, pois homens livres defendem com muito mais interesse e compromisso não apenas suas propriedades e suas famílias, mas também a sua cultura e o seu modo de vida. Nascia assim o exército moderno e de certa forma também, uma parte da cultura e da sociedade moderna.

Os Hoplitas surgiram de uma nova categoria sócio-econômica, a dos pequenos proprietários rurais, que se beneficiaram do direito de possuir armas individualmente. A vontade desses pequenos fazendeiros gregos não era somente defender suas plantações, mas também a idéia, o princípio da inviolabilidade de seus domínios, de proteger a sua cultura e preservar sua sociedade.

No campo de batalha, o escudo dos Hoplitas servia tanto para proteger aquele que o portava quanto o homem situado imediatamente à sua esquerda. Aristóteles fez disto um dos maiores símbolos da democracia, da igualdade e da solidariedade. Abandonar seu escudo, deixando de assegurar a coesão da falange, era considerado um ato de extrema covardia e traição.

Os Hoplitas combatiam numa formação tática disciplinada, armados com espadas e lanças, muito bem protegidos. Com este modelo de exército, a vitória passou a ser um feito coletivo, ao contrário da antiga formação aristocrática, que a considerava um feito individual.

No entanto, há uma coisa muito curiosa que me chamou a atenção: A espada, a lança, o elmo, a armadura, o escudo e as roupas que os Hoplitas usavam, eram custeados por eles mesmos, pagos com seu próprio dinheiro, com seu próprio suor. E esses itens eram caríssimos. Custavam o dinheiro de uma vida.

Passados quase três mil anos desde que os gregos, muito sabiamente, organizaram um exército de cidadãos, de pais de família, de pequenos proprietários, de homens comuns e principalmente livres, me aparecem agora alguns comandantes, alguns generais, que ainda preferem comandar exércitos de escravos ou mercenários. Soldados que são obrigados a defender em primeiro lugar os interesses de seu senhor, a vida de seu mestre e só depois é que poderão pensar em si mesmos e em suas famílias.

Muitas guerras já foram perdidas e pelo que tudo indica, muitas ainda o serão, por falta de Hoplitas nas fileiras de exércitos comandados por generais que são verdadeiros Brancaleones, na pior evocação e concepção que se possa dar ao personagem central do filme de Monicelli.

Como os hoplitas gregos, alguns de nós, juntos, podemos formar um exército constituído de cidadãos livres, que pense certo e que defenda da melhor maneira, não apenas as nossas propriedades e as nossas famílias, mas principalmente a nossa cultura e a nossa forma de viver.

Do que se precisa, hoje, para formar um exército de bons guerreiros? De que eles sejam os donos de suas próprias armas. De que sejam realmente livres.

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Chuva de fogo

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Chuva choveu
molhou gemeu
em teu louvor
desencantou
aquela dor
do velho amor.
Cheiro ardente
nunca mente
caminha a frente
de minha patente
lugar tenente
em meu contingente
viveu demente
mas não doente
de pouco amor.
Chuva que vem
molhar a gente
teu colo ardente
reluz desejos cadentes
refresca penitentes
com teu calor.
Obscena criatura
roxos lábios
mãos nas alturas
enlaça lamúrias
refaz
murmuras.
Plenas pétalas
Nuas.

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Ser ou estar, eis a questão.

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Nos últimos dias alguns fatos me fizeram parar para refletir um pouco sobre essa condição, temporária, que é estar Deputado. Lógico, porque estou Deputado. Sou advogado, empresário, escritor e ocupo um cargo de Deputado Estadual no Maranhão.

Num domingo, quando passava por um retorno da Avenida dos Holandeses, um grupo de deficientes físicos tentava parar os carros com faixa e todo o aparato de pedágio. Isso não é de hoje que acontece. Eles tentam parar os carros que por ali trafegam no intuito de conseguirem um auxílio financeiro, vendendo água e refrigerantes. Nunca achei aquilo lá muito correto, mas naquele domingo fiquei imaginando que quase todo mundo já fez esse tipo de coisa pelo menos uma vez na vida. Acho normal. Mas aqueles senhores há mais de dez anos transformaram os fins de semana nas rotatórias em meio de vida. Fiquei pensando se aquilo seria correto. O meu lado generoso acha que sim. O outro que queria chegar rápido em casa e não queria ouvir uma piadinha do tipo – “ajuda a gente deputado, um dia o senhor pode precisar do voto de um aleijado” – acha um abuso. Abuso da triste condição de deficiente físico. Mas para não correr nem sequer o risco de cometer alguma injustiça, nem em pensamento, parei e tomei uma água.

Na terça da mesma semana aconteceu outro caso. Ao adentrar a ante-sala do plenário da ALM, deparei com uma senhora que veio falar comigo como se me conhecesse de longas datas. Eu meio sem jeito, por mais que tentasse, não conseguia lembrar dela. Toda intima, ela se apresentou. Disse onde morava e que sempre votou em mim e antes em meu pai – “O Senhor não é filho do saudoso Deputado Nagib? O Senhor é a cara dele. O jeito, o sorriso” – ela dizia estar precisando tirar a segunda via dos documentos de uma neta para que ela pudesse procurar emprego – “A menina foi assaltada e os ladrões levaram a bolsa dela com todos os documentos”.

O meu primeiro impulso foi, como sempre, ajudar, mas foi aí que ela repetiu, com um sorrisinho maroto – “Nós sempre votamos em vocês. Eu mesmo votei no Senhor no ano passado”. Ia perguntar-lhe se ela se lembrava o meu numero ou do meu partido, mas isso talvez fosse pedir demais. Fiquei desconfiado. Aí ela sacou o título de eleitor da bolsa. Parecia que ele, por si só, provaria que ela havia realmente votado em mim. Fiquei incomodado com aquilo. Convidei-a para ir até ao meu gabinete e foi.

Tenho em meus arquivos, toda a minha votação, por Município, por Zona e ate por Sessão. O que eu iria fazer era checar se a história de Dona Raquel era mesmo verdadeira. Bem lá no fundo, eu rezava para que na sessão dela, aparecesse pelo menos um único voto para mim. O que não me garantiria que fosse o voto dela, mas a ela eu daria o benefício da dúvida.

Quando lhe disse o que iria fazer, empalideceu. Sua voz ficou tremula. Um sorriso amarelado escapava de seus lábios. Tive pena dela. Por um instante quis parar. Mas ela respirando fundo, me disse que eu tomasse muito cuidado com esse negocio de computador, pois às vezes até eles erram. Foi a deixa que eu precisava para não me preocupar mais com os sentimentos dela. O computador poderia estar errado e não ter registrado o voto dela! Simples, não!?

Lá estava eu, em frente ao computador checando a informação de Dona Raquel que se dizia minha eleitora. E não é que para minha surpresa e certeza dela, o computador errou mesmo, não registrou o seu voto para mim. E agora?O que fazer com Dona Raquel? E vocês ainda pensam que a vida de Deputado é fácil?

Na quinta-feira, ali na Beira-Mar, em frente da delegacia da mulher. Fui abordado por uma viatura, com três soldados dentro. Um dos policiais desceu, pediu minha carteira de motorista e os documentos do carro. Foi extremamente educado. Ele olhou para mim. Preencheu a multa – eu estava falando no telefone celular enquanto dirigia, e ainda continuava falando – ele olhou novamente para mim como se esperasse que eu lhe pedisse para que ele relaxasse a multa e me deixasse ir. Ele me entregou a multa, mas não se conteve e disse: “Muito obrigado”. Aí eu não entendi mais nada. O guarda me multa, se vira para mim e diz muito obrigado! Curioso como só eu sou, não me contive e quis saber o porquê dele ter-me dito aquilo: “Sabe como é… gente como o senhor normalmente vai logo dizer que é isso e aquilo, que eu me coloque no meu lugarzinho de meganha… Mas o senhor não fez nada disso. É por isso que eu estou lhe agradecendo, pelo senhor ter me respeitado…” Nunca fiquei tão satisfeito em ter sido multado em toda minha vida.

Aquela multa, a conversa com Dona Raquel e o caso do pedágio, serviram para que passasse a viver melhor, com menos culpa. Para que confirmasse o que há muito tempo já sabia. Que realmente só estou Deputado. Que sou uma pessoa, um homem, e que é assim que eu devo me comportar. Que é só assim que as pessoas devem me encarar.

[email protected]

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Resposta para Eliane

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Cara Eliane,
Você há convir comigo que pelo conteúdo dos dois comentários que eu vou reproduzir abaixo, feitos em um blog dá margem pra qualquer pessoa imaginar que os mesmos não tenham sido escritos por uma mulher, muito menos por uma mulher com pós-graduação! Me pareceu mais coisa de homem recalcado, daqueles que gosta de criticar e não gosta de mostrar a cara, não assume suas posições clara e abertamente. Ainda mais quando os dois comentários foram feitos no mesmo blog em posts diferentes!

E1
Rapaz, para não dizer: ma rapá. (Fazendo alusão ao Pêta)
Você é um bom cronista. Contador de estoriinhas do Maranhão, em especial as estorinhas da sua família, que poeta mais pobrinho. Vamos variar. (A digitação equivocada de certa forma acentua a suspeita de gênero do autor, pois as mulheres são mais detalhistas)
Biejocas,
Eliane Ramos Teixeira
, em em especial da sua família

E2
Até que vc escreve mais ou menos. Embora todos saibam que vc se acha a bala que matou J. Lenonn. (Você não me conhece, não sabe como eu sou…) Fala Sério!!!!!!! para de endeusar a sua família, aliás não Vc faz outra coisa. Acredito que Vc vai querer concorrer com a família Sarney, Vai encarar? ou menos é mais? Fala Sério!!!!! e publica as críticas, coragem, faça valer as bravatas, publique. (Publico todos os comentários, sem distinção. Os únicos que me dou ao direito de vetar são os grosseiros, deselegantes, escatológicos, pornográficos ou ofensivos).

Depois de ler seus comentários, redigi e postei a resposta abaixo que no meu entendimento você merecia.

J1
Claro que a Eliane não se chama Eliane, nem deve ser uma mulher, porque se for… Que pena… É uma chata. Mas tudo bem, Deus é pai e perdoa. Vamos então à resposta para a suposta Eliane: Minha cara, se eu não puder falar de mim, das minhas experiências, das pessoas que eu conheço, dos exemplos que obtive pra alicerçar a minha vida, vou falar de quem? De você, de seu pai, de sua mãe ou de um tio seu que possa ter participado da revolta de Canudos… Bem que gostaria, mas não conheço suas historias, conheço as minhas e falando delas, falo das de todos. Não seja uma chata intolerante! Passe bem.

Ai você veio de lá apelando, agora com jeito e modos de mulher, insinuando coisas que não falei.

E3
Oi poçinho de humildade, tudo bem? a eliane existe sim, ela é mulher, pós graduada, tem cara e coragem para discordar e ela não é alienada(Não disse que você era alienada, lhe chamei de chata), muito pelo contrário, ela tem visão crítica do mundo do qual faz parte. E o meu Pai, tem uma linda estória de vida, digna não de um conto, mas de um livro. (Quando citei seu pai, sua mãe e seu tio foi apenas pra dizer que é do meu mundo e não do seu, os elementos que tenho como parâmetros para conviver com as pessoas. Não sei quem você é e também não conheço seu pai. Acredito que ele tenha uma bela estória de vida, mas como não o conheço, não posso falar sobre ele).
Aprenda a ouvir e ler as críticas. É muito bom para as pessoas que votam começarem a perceber o culto á personalidade. (Quanto ao culto a minha personalidade, devo reconhecer que quem não me conhece acha isso mesmo. È que no fundo eu sou tímido e sofro de um tipo de dislexia).
Companheiro! a vida é tão efêmera, que realmente como já dizia o bom e velho Fernando Pessoa: “Tudo vale a pena se a alma não é pequena”. O que me parece que não é o seu caso. (Adoro ouvir criticas, não gosto é de grosseria. Adoro quando comentam o que escrevo, mesmo quando não gostam, pois posso ter noção do que pensam as pessoas. Esse conhecimento das opiniões facilita o nosso entendimento do contexto e isso é ingrediente indispensável ao sucesso. Não quero agradar a todos, mas busco acima de tudo ser entendido. Pra mim basta que pessoas me entendam, não tem a menor importância se concordam ou não comigo).A humildade, faz parte da estória dos grandes homens. E foi assim que aprendi com o meu Pai, que foi um grande homem, que fez das dificuldades que teve na vida passos de dança e de lições de vida para filhos e netos. E em tempo, voce não o conhece porque ele nunca fez questão de ser colunavel porque ele era maior do que isto e ele poderia ter sido se o quisesse. Cacife ele tinha ! (Outra coisa, eu não conheço só colunáveis. Minha mãe jamais saiu em coluna social. Meu pai, apesar de deputado por quase 30 anos não era colunável. Fica clara nessa sua afirmação uma grande quantidade de preconceito)
Abraços.

Bem, amanhã estou republicando com algumas adaptações, uma crônica exatamente sobre a consciência do ser e do estar, leia e comente.

Abraço,
Joaquim Nagib Haickel.

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Tenho um bom amigo que me manda pelo menos 50 mensagens eletrônicas por dia, então resolvi compartilhar com vocês, sempre que for possível, algumas delas (apenas algumas…rsrsrsrs). Espero que apreciem.

A MATEMÁTICA
A matemática tem coisas que nem Pitágoras explicaria.

Aí vai uma delas… Pegue uma calculadora porque não dá pra fazer de cabeça, a não ser que você seja um gênio….

1- Digite os 4 primeiros algarismos de seu telefone (não vale número de Celular);

2- multiplique por 80;

3- some 1;

4- multiplique por 250;

5- some com os 4 últimos algarismos do mesmo telefone;

6- some com os 4 últimos algarismos do mesmo telefone de novo;

7- diminua 250;

8- divida por 2…

Reconhece o resultado?

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Viva Tio Samuel.

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Hoje vou contar pra vocês um pouco sobre a vida de um tio meu que acaba de completar 80 anos de idade. É uma historia incrível que vale a pena conhecer.

O tio em questão é Samuel Gobel. Marido de minha tia Lucia, pai de meu primo-irmão Jorge, avô de meus sobrinhos Catherine e Vinicius e o bisavô de minha sobrinha-neta, Ana Júlia. Samuca, como lhe chamam os mais íntimos, foi grande amigo de meu pai.

Ele nasceu em primeiro de maio de 1927, em Atenas, na Grécia e antes de chegar ao Maranhão viveu uma vida cheia de aventuras.

Aos 13 anos viu o exercito italiano invadir sua cidade. Aos 14, participava de um grupo de resistência contra os invasores alemães que foram tentar fazer o que os italianos não haviam conseguido. Controlar a velha Grécia, berço da civilização ocidental que agora nem de longe lembrava a terra de incontáveis glorias, senhora de quase todo o mundo conhecido, através do imenso poder dos exércitos de Alexandre da Macedônia.

Com 16 anos foi capturado pelos alemães e levado para o campo de concentração de Darchau, na Alemanha. Por sorte, lá ele ficaria até o campo ser libertado pelos aliados em 1945.

O resgate de Darchau foi tranqüilo. Os americanos entraram em sem disparar um único tiro, mas em compensação o que encontraram do lado de dentro dos muros e das cercas de arame farpado daquele campo foi um verdadeiro inferno.

Tio Samuel tinha na época 18 anos e pesava apenas 36 kg. Dois para cada ano de sua vida.

Ao serem libertados, muitos prisioneiros, famintos, morriam de overdose calórica. O mesmo poderia acontecer com Samuel se um sargento americano, de ascendência grega, não o tivesse levado para um hospital em Munique, onde ele teve os cuidados adequados para bem se recuperar.

Restabelecido, Samuel voltou para sua Grécia, mas alguma coisa nele já era diferente. Meses depois estava de volta na Alemanha e desta vez iria ajudar os judeus a fugir do que Churchill chamou de cortina de ferro.

Ele foi então recrutado por um personagem que eu conheceria anos mais tarde através de dois excelentes filmes, “A maratona da morte” e “Os meninos do Brasil”: Simon Wiesenthal.

Mas Tio Samuel não iria caçar nazistas, ele trabalharia num outro braço da organização dirigida pelo senhor Wiesenthal.

Durante anos Samuel facilitou a fuga de Judeus e de outras pessoas da Bulgária, da Romênia, da Hungria e da Tchecoslováquia, até que certa vez foi preso perto de Praga. Acusado de espionagem, foi condenado a quinze anos de prisão e trabalhos forçados, coisa que passou a fazer há mil e duzentos metros de profundidade, nas minas de urânio em Rovnost.

Três anos depois ele fugiu de lá com ajuda de um dos responsáveis pela produção das minas. Na fuga, durante quarenta noites – de dia ele ficava escondido – comeu apenas frutas silvestres e bebia neve, ate chegar a Viena, na Áustria.

Foi ai que ele resolveu levar uma outra vida e veio pra o Brasil juntamente com outros três amigos, dois gregos e um romeno. Tendo passado pelo Rio e por São Paulo, foram todos para Curitiba onde ficaram um ano, mas depois quiseram ir para Venezuela.

Como o navio em que viajavam parou para reparos em São Luis, e aqui ficaria por algum tempo, Samuel foi ficando, ficando e ficou.

Durante o tempo em que viveu por aqui, Samuca se estabeleceu no setor comercial e participou da época de ouro do salonismo maranhense. Ajudou juntamente com uma geração de monstros sagrados do esporte Timbira a fortalecer o futebol de salão através de times como Próton, Santelmo, Rio Negro, Graça Aranha, Saturno, Drible e Cometas.

Já casado e pai de família foi então morar em Brasília e lá foi regente da maior loja de departamentos da capital federal nos idos dos anos 60, A BiBaBô. Lá também se dedicou ao esporte da bola pesada tornando-se arbitro da modalidade, tendo sido considerado o melhor do país durante muitos anos.

Viajou pelo Brasil e pelo mundo, agora por conta do esporte, não mais por conta de uma vida de aventuras.

Por muitos anos foi um dos dirigentes da confederação brasileira de desporte universitário, a CBDU. Participou de oito olimpíadas universitárias em Londres, Toronto, Zagreb, Osaka, Fukuoca, Palermo, Palma de Majorca e Beijim.

Convocado pela FIFA, compôs o comitê que modificou as regras do futebol de salão.

Tudo isso pode parecer muito fantasioso para alguns, mas não é. Para dar certeza do que digo tenho em minhas mãos uma carta datada de 9 de novembro de 1954 e assinada por Simon Wiesenthal e endereçada ao “Lieber herr Gobel” onde o famoso defensor do povo judeu agradece pelos “relevantes serviços prestados à causa do povo de Israel e em nome da liberdade”.

Tio Samuel foi um herói na Grécia, na Alemanha, na Tchecoslováquia, em São Luis do Maranhão e em Brasília. Ele é um herói por conseguir chegar ate aqui, depois de tudo isso e depois de todo este tempo e ainda em boas condições.

Viva Samuca, que esta de volta para passar os últimos vinte anos de sua incrível vida em nossa ilha, que mesmo não sendo grega, é a nossa Atenas.

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AMBULANTE

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Maria Rita armava barraca na mureta da Praça Benedito Leite e vendia:
Dois-tão de pernas grossas; duas coxas macias, ancas graciosas e luzidias como as da égua Esmeralda, caso de amor de “seu” Dico.
Cintura de umbigo tufado – culpa da parteira “Dona” Maria José do Bom Parto.
Peitos ainda durinhos, mas já querendo murchar de tanto freguês apalpar.
Pescoço de bailarina, cabelos de espanhola, olhos de moça-virgem e andar de brincar ganzola.
Maria Rita armava barraca e vendia…

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Metas alcançadas, dever cumprido.

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Há muitos anos conheci um garoto que sofria de uma forma de dislexia – lia devagar, gaguejava muito, trocava as palavras e só escrevia com letras de forma – mas mesmo assim o danado lia tudo que estivesse ao alcance dos olhos.

Não podia ver uma placa, uma lista telefônica ou uma bula de remédio que pegava pra ler, mesmo que não entendesse lhufas, mas se divertia com os nomes das ruas, os sobrenomes das pessoas e com as palavras complicadas dos nomes das doenças e das substancias químicas.

Literariamente devorou os livros que havia em sua casa, inclusive os dicionários. A mãe que cedo lhe comprou “O Mundo da Criança” e “O Tesouro da Juventude”, mais tarde compraria as enciclopédias “Delta Larousse” e “Britânica”. Seu pai tinha uns livros esquisitos: “Relatório da comissão Warren”, sobre o assassinato do presidente Kennedy, “Como influenciar as pessoas e fazer amigos” precursor dos livros de auto-ajuda, “Manual de suinocultura”… E o pequeno lia tudo como se fossem gibis, fotonovelas ou romances, mas dava preferência aos que tinham ilustrações.

Um dia ele ganhou um livro que mudaria sua vida: “Contos de Grimm”. Foi como se um mundo novo se descortinasse. Mesmo com dificuldade pra ler, e o pai cobrava-lhe muito isso, nosso personagem viu que era aquilo que ele gostaria de fazer quando crescesse. Iria contar estórias. Escrever livros.

Dez anos depois aquele garoto ganharia dois prêmios literários. Um instituído pela prefeitura de sua cidade e o outro pela secretaria de cultura de seu estado, que mais tarde publicaria seu livro.

E nosso amiguinho não parava de ler. Um dia lendo a Barsa, verbete por verbete, na letra “C” deparou-se com uma palavra que o fez tremer. Constituinte. Ao ler o significado e o que faziam seus membros, ele respirou fundo e disse pra si mesmo que se havia uma coisa que gostaria de fazer na vida era uma lei que regesse todas as demais e regulasse, de maneira geral e harmônica, as relações entre as pessoas e as instituições. Para ele quem fizesse isto com correção e competência, estaria apenas alguns degraus abaixo dos heróis mitológicos que conhecera nos livros.

Quinze anos se passaram e nosso personagem era deputado constituinte. Não foi um deputado brilhante nem se destacou, até porque suas circunstancias políticas, sua pouca idade e sua inexperiência não permitiam. Mas o menino havia chegado onde se propunha chegar e estava acumulando aprendizado.

Um dia seu pai chegou a casa com uma imensa caixa de papelão. Era o primeiro televisor da família. O robusto móvel de madeira e vidro da marca Telefunken hipnotizava a todos, principalmente ao nosso amiguinho que então descobriu uma outra maneira de aprender e de se comunicar com o mundo.

Ainda no pré-primário, nosso garoto foi levado a encenar, ao vivo, uma pecinha teatral na única emissora de televisão comercial da cidade, onde seus tios trabalhavam. Encantado com aquele mundo de cabos, luzes e câmeras, perguntou ao pai a quem pertencia aquilo tudo e o pai, levo-o para conhecer os donos. Ao sair de lá, prometeu pra si mesmo que um dia seria dono de uma emissora de televisão.

Vinte anos depois daquilo ele conquistou seu intento.

Mas voltemos para meados dos anos 70. Nosso rapaz com treze pra quatorze anos, já havia descoberto a literatura e a televisão, agora estava sendo arrebatado por uma outra paixão. O cinema.

Lembrando de quando sua mãe lia estórinhas para fazê-lo dormir, sua avó soletrava-lhe a bíblia, o velho motorista de seu pai contava seus causos e dele que não desgrudava da frente da TV assistindo tudo que passava, intuitivamente, percebeu que através de sua incrível capacidade de ver e de ouvir, aprendia mais rápido e melhor. Os audiovisuais através da televisão e do cinema ocupavam agora quase todo seu tempo.

Certa vez foi assistir “A Mulher Faz o Homem”, dirigido por Frank Capra. Nele um jovem e inexperiente senador, tem que defender uma reserva ambiental que alguns queriam destruir para construção de uma usina e para isso tem que enfrentar velhas raposas da política americana.

Durante 48 horas o personagem criado por Capra, discursa no plenário do senado americano, obstruindo a votação que selaria o destino do parque.

Meu amigo que entrara naquela sala de exibição com uns vinte anos, saiu de lá com uns duzentos, dizendo pra si mesmo que se um dia lhe fosse dada a possibilidade de fazer algo parecido com o que vira ali, poderia sentir a magnífica sensação que o personagem interpretado pelo ator James Stuart sentiu no final daquele filme.

Vinte e cinco se passaram e há duas semanas, já não tão inexperiente como antes, aquele menino agora homem feito, teve a rara oportunidade de colocar em pratica o que aprendera naquele filme de Capra. E o fez.

Metas alcançadas e a magnífica sensação de honra e de dever cumprido.

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Tenho um bom amigo que me manda pelo menos 50 mensagens eletrônicas por dia, então resolvi compartilhar com vocês, sempre que for possível, algumas delas (apenas algumas…rsrsrsrs). Espero que apreciem.

No primeiro dia, Deus criou a vaca e disse:
– “Você deve, diariamente, ir ao campo com o fazendeiro, ficar sob o sol, ter bezerros e dar leite para alimentar o fazendeiro. – Eu dou-lhe 60 anos
de vida.”
E a vaca respondeu:
– “É uma vida muito sacrificada para mim durante 60 anos. – Eu aceito 20 e devolvo os outros 40.”
E Deus aceitou.
No segundo dia, Deus criou o cachorro e disse:
– “Fique sentado todos os dias sob o sol, na frente da casa e lata para qualquer um que passar. – Eu lhe dou uma vida de 20 anos.”
O cachorro disse:
– “É uma vida muito longa para ficar latindo. Dê-me 10 anos e eu devolvo os outros 10.”
E Deus aceitou.
No terceiro dia, Deus criou o macaco e disse:
– “Divirta as pessoas, faça-as rir. – Eu lhe concedo 20 anos.”
O macaco disse:
– “Fazer macaquice por 20 anos é muito chato. Para o cachorro o Sr. Concedeu 10 anos. Faça o mesmo comigo.”
E Deus concordou.
No quarto dia, Deus criou o homem e disse:
– Coma, durma, brinque, faça sexo e não se preocupe com nada. E lhe concedo 20 anos.
O homem respondeu:
– “O quê? – Só 20 anos? – Que miséria. – Veja, eu pego os meus 20, os 40 que a vaca devolveu, os 10 do macaco e os 10 do cachorro. Isso faz 80 anos.
“Está bem.” Deus respondeu. “Negócio fechado”.
É por isso que durante os 20 primeiros anos de nossa vida nós comemos, dormimos, brincamos, fazemos sexo e não fazemos mais nada.
Os 40 anos seguintes nós trabalhamos como uma vaca sob o sol para manter a família. Nos outros 10 anos fazemos macaquices para distrair os netos.
E nos últimos dez anos ficamos sentados na frente da casa latindo para todo mundo…

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