A questão salarial dos funcionários públicos é de extrema importância e atinge a todos nós, pois é no salário que se inicia a nossa complexa cadeia de consumo.
O poder de compra das pessoas daqui provem unicamente das remunerações salariais do poder público, do pagamento de inativos e pensionistas, dos salários dos empregos do comercio e das prestadoras de serviços e dos honorários dos profissionais liberais. Isso porque a indústria local, infelizmente, é incipiente ou simplesmente não existe.
Toda nossa economia depende desse fluxo constante, que é pagamento dos salários do poder publico. Caso haja alguma perda neste setor toda a economia irá sofrer.
No entanto em nosso estado ocorre um fenômeno curioso no que diz respeito ao mercado de consumo de bens em geral e São Luis se sobressai sobre maneira neste contexto.
No setor imobiliário, magníficos empreendimentos germinam em cada esquina, mas nem por isso os preços dos imóveis caíram, pelo contrario eles sobem a cada dia.
E impensável que um flat na Ponta DAreia possa valer 30% a mais que um em Iracema em Fortaleza ou no Lago Sul em Brasília.
O mais estranho é que apesar dos preços altos, quase todos os prédios e condomínios da cidade estão totalmente vendidos.
Outro dia procurei um apartamento para comprar. Todos que vi eram de boa qualidade, mas de preços estratosféricos, até que esbarrei em uma maquete que me fascinou. Na planta baixa vi logo que era o apartamento dos sonhos de qualquer um. Quatro suítes amplas, um escritório, lavabo, uma imensa sala em três ambientes, cozinha e área de serviço que mais pareciam de uma casa e uma dependência de empregada com dois quartos, isso sem contar com um espaço confortável para uma boa sala de som e TV, e uma gigantesca varanda. O prédio é uma maravilha e está situado numa das melhores áreas de nossa cidade. Fiquei apaixonado e quis comprar. Tinha certeza que não poderia ser barato e acabei descobrindo que compra-lo era mais viável financeiramente que a outros apartamentos menores.
Fiz umas contas rápidas e vi que precisaria de dois mandatos de deputado, ou seja, de 96 meses, para com o salário que eu ganho cobrir a aquisição de tal jóia. E ai me veio uma outra questão! Para mobiliar um lugar daqueles gastaria valor semelhante, então desisti.
Acho também incrível essa nossa capacidade de compra de veículos, principalmente de veículos novos. Não preciso nem falar dos preços irreais dos carros, pois tanto os nacionais quanto os importados sofrem uma majoração imoral com a incidência exorbitante de impostos sobre eles. Mesmo assim uma determinada concessionária diz que chega a vender por mês 600 unidades. Uma outra contesta estes números e diz que só ela chega aos 600 carros vendidos por mês. Uma terceira diz que vende 400 carros enquanto a quarta e quinta ficam na casa dos 200, o que soma 2000 carros novos vendidos num único mês. Sem falarmos nas outras dez representantes autorizadas de marcas estrangeiras e outras tantas revendas multimarcas que proliferam por ai.
Um amigo meu, estava à procura de um carro para comprar e viu em um jornal o anuncio de uma promoção interessante. Um carro do tipo que ele queria com um preço que lhe parecia apropriado. Então ele foi até a loja e qual não foi a sua surpresa ao chegar lá e saber que o referido preço era obrigatoriamente para financiamento de 100% do veículo. Resumindo: A tal concessionária, ao invés de ser uma loja que vende carros, passou a ser uma loja que vende dinheiro. O bem, o veículo, é uma mera desculpa para a cobrança dos juros do financiamento.
As coisas por ai andam esquisitas há muito tempo e não apenas nestes segmentos. No setor lojista acontecem fenômenos parecidos ao que ocorre no ramo automotivo, e são de cunho nacional.
Dia destes um amigo pediu que lhe desse uma carona, pois ele precisava pagar o carnê de compras de uma dessas lojas que vendem de tudo. Ai, perguntei a ele o que havia comprado e ele me respondeu que comprara tudo que precisava para sua casa, de fogão a geladeira, de cama a ar condicionado, de faqueiro a guarda roupa, de sofá a TV.
Ele havia comprado tudo que precisava para viver ele, a mulher e dois filhos. Estava destinando há dois anos metade de tudo o que ganhava, ele e a mulher, para pagar a loja, mas estava feliz da vida.
Pedi para ver as contas e passando uma vista rápida notei que na verdade ele já havia pagado pelos bens há muito tempo, o que ele pagava agora e ainda iria pagar por um bom tempo, eram os juros, que não eram baixos, mas como ele mesmo me disse: .
Você tem toda razão, isso é um absurdo mesm. Aconteceu a mesma coisa comigo um dia desses quando fui comprar um carro.
Denílson Oliveira
não votei no senhor nem voto no seu grupo político mas depois do que vi o que senhor faz na semana passada na votação do projeto do salário minimo, meu representante agora é o senhor. gostei da sua postura, da sua elegância. mesmo sendo contra o governo, o senhor foi civilizado, ao contrario desse tal de max e de ricardo.
Quanto as suas crônicas, sempre admirei e esta então é perfeita, parabéns.
Tu só fez o que fez na votação do salário porque é contra o governo, se fosse a favor teria votado igualzinho os outros e se Roseana tivesse ganhado as eleições vocês fariam era pior.
Olá Joaquim,
O tema em discussão durante toda a semana foi SALÁRIO,isso quer dizer, inflação,redução de despesas,queda da rentabilidade mensal, etc…mas tbm quer dizer atenção a gastos supérfluos, viver com menos contas e dar atenção maior aos juros pré fixados.Não é São Luis que tem um mercado de consumo transloucado, e sim a mentalidade dos brasileiros que ultraspassam, na maioria das vezes, as barreiras do bom senso e da inteligência, fazendo com que pareçam ser aquilo que na realidade não são. Isso é cultura meu amigo, com vê, falta muito para arrumar esse país, mas para isso, contamos com vc e suas sábias palavras!
È incrível essa forma como você escreve, parece que está conversando com o leitor. Acho muito bom ler suas crônicas principalmente porque elas tratam de assuntos do nosso dia a dia de forma clara e simples. O assunto de hoje é extremamente importante e deveríamos todos nós refletirmos muito sobre ele.
Parabéns meu deputado, é por essa e por outras que eu não me canso de dizer que o senhor é o melhor deputado do Maranhão.
Muito boa essa sua crônica. Muita coragem sua abordar um tema desses sendo você quem é e tendo os amigos que você tem, donos de construtoras, imobiliárias, concessionárias de automóveis e lojas de modo geral. Parabéns.
Quando li essa sua crônica no jornal O Estado pensei que seu blog receberia pelo menos uma centena de comentários, tendo em vista não só a qualidade de seu texto, mas principalmente a importância do assunto abordado nesta semana, mas constato que poucas pessoas comentaram.
De minha parte saiba que concordo com tudo que você disse, é exatamente assim que acontecem as coisas referentes ao mercado de vendas de nossa cidade.
CCONTINUO ACHANDO MUITO PRECISA, FÁCIL E ATUAL A SUA FORMA DE ESCREVER E CONTAR FATOS. PARABÉNS PELA COERÊNCIA E PELA PERMANENTE BUSCA DE CONHECIMENTOS.
UM ABRAÇO.
FORTUNATO MACEDO
Acho que deve existir alguma márfia em São Luís, não é póssível !!! As vezes também me pergunto a mesma coisa, de onde vem tanta grana? Tantos empreendimentos imobiliários de alto padrão, automóveis luxuosos, e o povo reclamando que não tem dinheiro. Posso até estar enganado, mas que tem muita gente com maracutaia, isso tem…..