A GELADEIRA

Dois litros (Johnnie Walker) d’água pelo meio – um manchado de batom.
Numa lata de salsichas (Wilson), só duas.
Uma caneca (de alumínio) emborcada num prato. Um talher enrolado num guardanapo de papel. Três fôrmas de gelo (vazias) na prateleira do meio.
Numa frigideira o resto do jantar de ontem (arroz, feijão, ovo, macarrão e salsicha).
Uma panela de arroz tampada com um prato. Uma lata de feijão (Wilson) na porta.
Na gaveta, dois tomates (mínimos), uma banda de limão, um pedaço de cebola e dois dentes de alho.
Os ovos que não foram almoçados ontem estão na fôrma. Da manteiga restou a mantegueira.
Em baixo, na porta, uma lata de óleo (Salada) e duas garrafas de Brahma (cerveja).
O açúcar contra a formiga (e o poeta contra ó mundo?). Leite condensado (Moça?).
1/4 de mamão (família).
Dois parafusos dos pés da geladeira e quatro pilhas (Ray-o-Vac) médias no congelador.
Há também um fusca (desmontado) atrás da geladeira.

4 comentários em “A GELADEIRA”

  1. VERBO

    Querer? Querer pra quê?
    Se já tiveste todas aquelas
    Se já amaste todas essas
    Se já enganaste a todas elas.

    Querer por querer?
    Avalanche de tudo o que poderia
    e não se deve e nem saberia
    Deslizamento através de um rápido olhar
    Querer por querer é capricho.

  2. Querido Joaguim,
    Maravilhoso esse texto.Relembrei da minha doce e maravilhosa infância na minha majestosa princesa da baixada a minha saudosa Pinheiro.
    A fantática magia de saber escrever é a indiscutível emoção em regatar a emoção e a lembrança inconteste.Você é formidável………
    Bjs no coração.
    Márcia Soares

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Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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