Incrível! Mas graças ao Deus todo poderoso de judeus, cristãos e mulçumanos, já havia comentado com alguns amigos que eu estava escrevendo uma crônica a respeito de um outro amigo, quando a revista Veja da semana passada me trás, sobre ele, uma matéria de sete paginas, merecendo até chamada na capa. Se não tivesse comentado antes alguém poderia pensar que eu estava usando de oportunismo temático tão comum no jornalismo. O amigo a quem me refiro é ninguém menos que Clint Eastwood.
A seguir você poderá ler o que eu já havia escrito sobre Clint antes que a critica de cinema Isabela Boscov o fizesse, privilegiadamente, diga-se de passagem, direto de Palm Springs.
Lá vai:
Só outro dia percebi que meu bom e velho amigo Clint Eastwood, tem a mesma idade da minha mãe. Pra mim ele tem sempre a idade dos personagens que encarna e pela telona do cinema parece que ele congelou com uns 50 anos. Não ache nada de estranho no fato de eu dizer que esse super astro de Hollywood é meu amigo, porque eu sou mesmo amigo dele.
Vi Clint pela primeira vez na década de 70, em 72 mais especificamente, quando fui apresentado a ele por meu tio Stênio Magalhães Barros. Eu tinha doze anos e Clint tinha quarenta e dois.
Os primeiros filmes dele que eu vi foram Por um punhado de dólares, Por um punhado de dólares a mais e Três homens em conflito, nos saudosos Cines Éden e Roxy.
Em 1955, quatro anos antes de eu nascer, Clint estreava no cinema num filme chamado Tarântula, que não vi e acho que devemos ver, para que só tenhamos boas lembranças dele.
Até 1963 Clint não fez nada que merecesse maior atenção. Mas em 64, 65 e 66 ele protagoniza a já citada trilogia western, dirigida por um dos grandes mestres do gênero, o italiano Sergio Leone.
Se vocês prestarem bem atenção na cronologia dos fatos, descobrirão que os filmes passavam por aqui com uma defasagem de quase uma década. Filmes produzidos no segundo quarto dos anos 60 nos chegaram por aqui apenas no inicio dos anos 70.
Com o passar dos anos me tornei um viciado em cinema e procurei aprender tudo que pudesse sobre esta magnífica arte que tão bem sintetiza todas as outras. A literatura, o teatro, a musica, a dança… Enquanto isso Clint deixou de ser apenas um mero ator e passou também a produzir e a dirigir filmes.
Dentre tantos outros e além dos filmes que já citei, Clint fez A marca da forca, Meu nome é Coogan e O desafio das águias na década de 60.
Nos anos 70 ele fez Perseguidor implacável, O estranho que nós amamos, Perversa paixão, O estranho sem nome, Magnum 44, Josey Wales, o fora-da-lei, Rota suicida, Doido para brigar e louco para amar, Alcatraz – Fuga impossível.
São dos anos 80, Bronco Billy, Raposa de fogo, Impacto fulminante, Cidade ardente, O cavaleiro solitário, O destemido senhor da guerra, Dirty Harry na lista negra, Bird, Coração de caçador e Rookie – Um profissional do perigo, onde contracena e belisca a nossa Sonia Braga.
Nos anos 90, sua fase de grande sucesso. São dessa época Os imperdoáveis, Na linha de fogo, Um mundo perfeito, As pontes de Madison e Poder absoluto.
Já no século XXI sua estrela continua subindo. Ele fez Crime verdadeiro, Cowboys do espaço, Dívida de sangue, Sobre meninos e lobos, Menina de ouro, A Conquista da Honra e Cartas de Iwo Jima.
De todos estes só não vi ainda os dois últimos, mas os verei em breve.
Sua extensa e variada filmografia nos dificulta na escolha de seus melhores trabalhos, mas me arriscaria em dizer que, além do Cowboy selvagem e do policial violento, Clint concebeu, produziu, dirigiu e estrelou algumas obras primas, de rara beleza e de grande sensibilidade como Bird, Os imperdoáveis, As pontes de Madison, Sobre meninos e lobos e Menina de ouro.
Clint recebeu três indicações ao Oscar de Melhor Filme e de Melhor Diretor simultaneamente por Os Imperdoáveis, Sobre Meninos e Lobos e Menina de Ouro. Venceu nas duas categorias com o primeiro e o terceiro filme.
Em 1995 ele ganhou o Prêmio Irving Thalberg concedido pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Los Angeles pela sua contribuição à indústria cinematográfica.
Recebeu seis indicações ao Globo de Ouro de Melhor Diretor, por Bird, Os Imperdoáveis, Menina de Ouro, Sobre Meninos e Lobos, A Conquista da Honra e Cartas de Iwo Jima, mas só ganhou com os três primeiros.
Ganhou o Prêmio Cecil B. DeMille em 1988, concedido pela Associação de Jornalistas Estrangeiros de Hollywood.
Ganhou um César honorário pelo conjunto de sua obra em 1998.
Ganhou um Leão de Ouro em homenagem à carreira em 2000, no Festival de Veneza.
Em 1986, foi eleito prefeito da cidade de Carmel, época em que estive por lá.
Quando vi que na lista dos indicados ao Globo de Ouro deste ano constavam os dois filmes de Clint, filmes que retratam duas visões antagônicas de uma mesma batalha da segunda grande guerra, A Conquista da Honra, concebido pelo ponto de vista americano e Cartas de Iwo Jima com o olhar japonês, achei este era o seu maior momento e que deveria fazer-lhe uma homenagem na forma desta crônica. Uma singela crônica sobre um amigo com quem dividi tantos bons pares de horas nesses últimos 35 anos.
Alguns de vocês devem estar se perguntando como é que eu posso ser amigo deste cara desde que eu era um garoto! E devem estar imaginando como meu tio Stênio, na década de 70 me apresentou a este super star do cinema mundial. Olha, é muito simples, muito mais simples que se possa imaginar. Stênio apenas me levou ao cinema. O resto foi comigo.
O mundo pegando fogo e você falando de filmes!
É impressionante a sua capacidade de diversificação. Num dia você está enterrado até o pescoço em reuniões políticas, no outro você esta fazendo poemas, no outro você está cuidando de suas empresas, no outro está de volta à política e de repente escreve sobre amizade e cinema!
Incrível, você não sossega um instante!
Genial.Foi como eu me apresentei a Chaplin…
Abraços
Ruizão
Você consegue escrever coisas que não pertencem só a você, pertencem a muitas pessoas. Me vi retratado em sua crônica, vi o tempo voltando e eu indo com meus irãos ao cinema nas tardes de domingo. Parabéns!
Sempre com excelentes textos, a gente vem e se diverte!!! Parabéns!
Ah!! Disseste certa vez: “Nunca mais me ligou!.
Houve ligação alguma vez?? Quando??
kkkkkkkkkkk
Só para não perder o hábito!