*
Na manhã da próxima quinta-feira, dia primeiro de fevereiro a Assembléia Legislativa do Maranhão irá se reunir para dar inicio solene a décima sexta legislatura do parlamento maranhense.
Depois, pela tarde, os deputados eleitos em primeiro de outubro de 2006 começam seu trabalho como representantes o povo maranhense, responsabilidade que terão pelos próximos quatro anos, com a obrigação inicial de escolher a mesa diretora para o biênio 2007/2008.
Elegeremos um presidente, quatro vice-presidentes e quatro secretários que não poderão se reeleger para qualquer cargo diretivo da casa no biênio seguinte, dentro da mesma legislatura.
Nosso primeiro desafio político, no entanto, será fazer com que esta eleição da mesa diretora não prejudique a harmonia nem afete a convivência dentro do nosso ambiente de trabalho, sob pena de prejuízo irreparável para os procedimentos legislativos assim como para os maiores interesses do povo maranhense que nos outorgou esta honrosa procuração de bem representá-lo.
No período que se encerra – e eu fico muito honrado de ter sido um dos artífices deste feito – fomos responsáveis pelo fim de uma prática que transformou nosso parlamento estadual, por quase dez anos, num mero apêndice do poder executivo, através do artifício da reeleição dos membros da mesa diretora dentro de uma mesma legislatura.
Hoje a constituição estadual e nosso regimento interno estão de acordo com a constituição federal e com os regimentos internos das duas casas do Congresso Nacional também no que se refere à nossa eleição interna.
As eleições para a mesa diretora da ALMA sempre foram difíceis e delicadas, pois é de difícil compreensão até mesmo para alguns parlamentares o entendimento do cenário tridimensional que se instala naquela instituição de dois em dois anos, em época de eleição.
Acontece que não há um alinhamento automático das bancadas em relação ao apoio de candidatos a membro da mesa, principalmente à presidência. Exemplo maior disso foi o da ultima eleição, quando o candidato do PDT, Mauro Bezerra não contou com o apoio de dois de seus colegas de bancada, votos que lhe garantiria a vitória no pleito. No entanto Mauro teve irrestrito apoio de toda a bancada do PFL, PMDB, PTB, partidos tradicionalmente rivais do PDT, a quem Mauro e seus companheiros sempre fizeram severa oposição.
Desta vez coisa parecida está ocorrendo. De um lado, o grupo ligado ao governador Jackson Lago, que lançou duas chapas, está dividido apenas nesta disputa interna pelo controle da mesa da Assembléia, e de outro lado, os deputados ligados ao grupo Sarney, também dividido só no que diz respeito a esta disputa, mas que deverá completar a eleição de um dos dois postulantes ao comando de nosso legislativo.
Digo tudo isso apenas para apresentar-lhes ao atual cenário político-eleitoral da Assembléia Legislativa do Maranhão.
De um lado se encontra um grupo de deputados que apóiam a eleição de João Evangelista, de outro os que advogam a candidatura de Arnaldo Melo para a presidência da ALMA. A seu favor os candidatos têm uma vasta experiência adquirida em diversos mandatos, além do respeito e da simpatia de seus colegas. Contra nenhum dos dois candidatos, pelo menos que eu saiba, pesa algo de desairoso. São parlamentares competentes, homens corretos e amigos leais. O que vai acontecer é a simples escolha entre um ou outro nome, entre uma ou outra chapa, mesmo porque os dois pertencem atualmente ao mesmo partido político e ao mesmo grupo eleitoral, que hora empresta sustentação ao atual governo.
A última eleição que tivemos na ALMA foi bastante desagregadora e isso é uma coisa muito prejudicial, não só no âmbito interno da instituição, mas principalmente no que diz respeito ao nosso relacionamento com os demais poderes e com a sociedade.
No tocante aos grupos políticos que compõem o cenário maranhense, tudo indica que não haverá pressões nem coações sobre os parlamentares ligados a este ou aquele grupo, mesmo porque, como já disse os dois contendores são ligados ao governador do estado.
No meu entendimento o governante, seja ele quem for, até pode ter um candidato de sua preferência, mas ele deve saber se portar nesta disputa como um magistrado e não deve fazer pressão indevida a favor ou contra nenhum, sob pena de macular o pleito. O mesmo se espera que façam os comandantes da oposição, sob pena não de macular o pleito, mas de desagregar e enfraquecer sua base de apoio.
* ALMA é Assembléia Legislativa do Maranhão.
È sempre muito bom poder saber da opinião e o posicionamento de um político tão inteligente e tão respeitado quanto você.
Muito tem se falado sobre a eleição para presidente da assembléia, mas eu ainda não tinha ouvido você se manifestar, apesar de saber de seu apoio ao Evangelista.
No meu ponto de vista se deputados como você, Milhomem, César Pires, Edvaldo Holanda e Chico Gomes estão de um lado é sinal que este lado deve ser o melhor. Mas muito me intriga o fato de Max Barros estar contra vocês. Gostaria de entender.
Amigo Valdir, Obrigado por suas palavras, espero estar sempre à altura de suas expectativas.
Quanto ao fato de você não entender porque o Deputado Max Barros não apóia a mesma chapa que seus colegas de partido, de bloco e de bancada, acho que a explicação é muito simples: A eleição para mesa diretora não reflete necessariamente os quadros partidários da Assembléia, mas sim a posição individual de cada parlamentar, se não fosse assim nós teríamos uma outra disputa entre governo (Jackson) e oposição (Roseana). Enquanto membros do poder legislativo não podemos de modo algum deixar que isso aconteça. Enquanto deputados, individualmente ou em bloco podemos nos vincular à oposição ou ao governo, mas nunca contra o poder que representamos. Transformar a disputa pela mesa em guerra partidária é um desserviço para nossa casa.
As responsabilidades são enormes, os reconhecimentos em prol do melhor para o povo nem sempre chegam aos que melhor intencionam, mas ainda assim continuo sendo da opinião de que políticos podem (e devem) portar-se com toda a dignidade e respeito pelo seu ambiente de trabalho, pelo povo e dessa forma agir com bom senso e educação, e não como os famigerados pagadores de mico que assistimos todos os dias em diversos parlamentos pelo mundo afora, seres que estariam melhor em uma arena de vale tudo distraindo as mentes menos preocupadas com o que vem e mais satisfeitas pelo circo e pão milenar.No caso mentes mais preocupadas com o circo do que com o pão e a educação.Mas parabenizo vc pela visão exata da situação, por dar o exemplo portando-se como um parlamentar digno de respeito e do voto do povo.Continue sempre assim, afinal o povo não merece espetáculos teatrais em local de trabalho (sério) e sim respeito.
Bastante objetivo e esclarecedor este seu texto. São de posicionamentos claros como este seu que precisamos ter conhecimento para podermos embasar nossas opiniões sobre o poder legislativo e seus agentes sejam eles vereadores deputados estaduais e federais e senadores. Parabéns!
Deputado, se os dois candidatos, como o senhor afirmou em seu texto são bons, se ambos são seus amigos e merecem o seu respeito, como o senhor vai escolher entre um e outro?
Meu caro Gustavo, poderia responder a sua pergunta de diversas formas, mas vou responder-lhe da forma que gostaria que me respondessem quando eu fizesse uma pergunta tão séria e inteligente quanto a sua, com clareza, objetividade e sinceridade: Vou votar em Evangelista porque acredito que seja ele, neste momento, dos dois candidatos aquele que possa fazer com que nossa assembléia consiga o equilíbrio e a tranqüilidade indispensável para os tempos turbulentos que se anunciam. Não que Arnaldo ou outro colega não o pudesse, mas que sendo João será mais fácil, ou melhor, menos difícil, tendo em vista as condições políticas em que nos encontramos. É isso.
Pelo que eu entendi da pergunta do Gustavo e da sua resposta a ela, o Evangelista pode controlar melhor as diferenças entre governo e oposição dentro da Assembléia? É isso que o senhor quis dizer deputado?
É mais ou menos isso sim Rui, entre outras coisas, mas isso é muito importante e não é simples assim de se fazer como você faz parecer em sua colocação. É nessa capacidade de maleabilidade e de flexibilidade da política que reside muitas das vezes o equilíbrio que nos permite conviver bem, mesmo tendo opiniões e posições antagônicas.
E mais, o presidente de um poder, principalmente do Poder Legislativo além de ter esses adjetivos, deve ter em torno de si um grupo que esteja disposto a apagar incêndios e não em atear fogo.
Rapá, eu tô com saudade de tuas previsões de eleição. Eita, beleza! Diz aí quem vai ganhar que eu aposto no outro. huá, huá, huá, huá, huá.
Seu Roamundo Patacho Amolado me faça um favor, vá amolar o seu canino em outra freguesia que o meu deputado tem mais o que fazer e o senhor deve ser um desocupado.
Joaquim,
Hoje tirei o dia para passear pelo seu blog. Consigo quase definir seu estado de ânimo, seu humor a cada post. De acordo com o que você escreve, você se desnuda. Para quem está de fora somente observando….lendo seus textos, os comentários de seus leitores, suas respostas a eles…é o mesmo que ver um grupo de amigos conversando á sombra de uma árvore frondosa, tendo como mediador um velho e sábio guru.