Viva os Zé Robertos da vida.
Desde o último dia 09 de junho o Mundo só pensa naquilo que ficou conhecido como o esporte bretão. Desde aquele dia, o Brasil e os brasileiros, efetivamente, respiram e transpiram futebol.
As cores nacionais, principalmente o amarelo, tingem os nossos dias, as nossas ruas, e até os semblantes das pessoas.
As emissoras de radio e de televisão estão explorando o tema futebol, à exaustão. A Rede Globo alem de transmitir os jogos da copa da Alemanha, nesse que é o maior evento futebolístico de todos os tempos, entope seus programas jornalísticos de matérias sobre futebol.
Há duas semanas e mesmo antes disso, o nosso país e o mundo só fala, só vive em função do futebol. Como eu não sou um cronista esportivo, apesar de ser um desportista, quero me aproveitar do tema sensação do momento para abordar um aspecto da vida diária que está inserido de forma clara e marcante também no mundo do futebol.
Quero tratar do coadjuvante, do escada, do carregador de piano. Daquele que não é um fenômeno, um virtuose ou um milagroso encantador de bola, mas que trabalha quase exclusivamente que para a equipe. Quero falar do formiguinha, do zangão, da operaria, não da abelha rainha. Quero falar do patinho feio, não do cisne.
Quero falar de Zé Roberto, não de Ronaldo. Quero falar de Gilberto Silva, não de Kaka ou de Ronaldinho Gaúcho. E olha que o Gilberto Silva, que foi titular absoluto em 2002, hoje é reserva nesse time de estrelas.
Sei que corro serio risco de ser duramente criticado pelos especialistas no assunto, mas tenho que lhes dizer que admiro da mesma forma, talvez ate mais, as recuperações e os desarmes de Zé Roberto que os maravilhosos dribles do gaúcho dentuço. Admiro tanto os apoiamentos de Emerson, quanto a puxada ou a limpada de bola de Ronaldo.
O futebol não é o esporte com quem eu mais me identifico, em que pese eu ter sido criando dentro do Moto Clube na época em que meu pai era um fanático Motense, presidente do Papão. Eu admiro um bom jogo, gosto de ver lançamentos precisos, passes que valem um gol, daqueles obtidos depois de dribles desconcertantes. Defesas de pontas de dedos salvadores dos quase sempre sacrificados goleiros.
Há uma coisa que eu aprecio muito especialmente nisso tudo. O esporte de um modo geral, e principalmente o futebol, consegue colocar em pé de igualdade o dramaturgo Nelson Rodrigues, o compositor Chico Buarque, o economista Luis Gonzaga Beluzo, o escritor Mário Prata, o genial Pelé, o Papa, seu Edmilson, motorista da Assembléia Legislativa do Maranhão e o flanelinha do arraial do renascença.
A copa vai terminar no próximo dia 09 de julho, terão sido trinta dias onde o mundo e o Brasil viveu em função do futebol, onde as belas crônicas do Pedro Bial e do Arnaldo Jabour, só falaram de bola, de chute, de gol. Onde as reportagens ricas e precisas de Marcos Uchoa e Regis Resing deram o tom dos acontecimentos. Onde até a minha mãe se vestia de amarelo e se punha em frente da televisão para ver a coreografia dos jogadores em busca do êxtase do gol.
Mas o meu tema de hoje não era, ou melhor, não é futebol. Queria, ou melhor, quero falar da importância de ser qualquer um dos onze jogadores de qualquer um dos times. Na Alemanha um que não seja Balaack. Na Inglaterra um que não seja Beckham. Na França um que não seja Zidane. Na Itália um que não seja Toti. Na Argentina um que não seja Riquelme. Em Portugal um que não seja Figo. Na Ucrânia um que não seja Shevechenko. No Brasil um que não seja um Ronaldo, qualquer que seja ele.
É que eu quero depender mais de jogadores normais, de pessoas normais, de políticos normais, que sejam mais próximos da realidade e de mim. Quero depender mais de um Zé Roberto qualquer da vida.
Não quero ter que depender exclusivamente do grande chef dcusine, mas um pouco mais do seu fiel ajudante.
Gosto muito do efeito que causam nas histórias os personagens aparentemente secundários como o fiel escudeiro de Dom Quixote, o entanguido e redondo Sancho Pança. Neles se refletem o verdadeiro sentido da história e da vida. Simplicidade.