Quiron, o centauro.

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Normalmente começo escrever minha cônica de domingo na segunda-feira anterior, de manhãzinha, logo cedo, ao acordar. Dona Clarice, minha mãe, sempre me disse que é cedo, ao se acordar que o cérebro está mais capacitado a pensar e a aprender – “É que ele passou a noite inteira descansando, sonhando, viajando, meu filho… Quando acorda, ta bem disposto, apto a se exercitar, a aprender” – Argumento da mãe que botava o filho pra estudar de manhã, cedinho. Tanto ela insistiu que eu acabei aprendendo algumas coisas mesmo.
Durante toda essa semana, por mais cedo que eu acordasse não me vinha nenhuma idéia para minha crônica de domingo.
Na quinta-feira, 7 de dezembro, ao chegar em casa dei de cara Dona Clarice, minha mãe, sentada no sofá, lendo revistas. Tomei a benção e dei-lhe um beijo na testa. Já ia saindo quando ela me chamou de volta, e como faz toda semana, se põe a ler meu horóscopo. “Sagitário: É quase certo que a grande concentração de planetas em seu signo o tornará mais sagitariano do que nunca: Independente, atrevido, até mesmo exagerado. Tente valorizar suas idéias e desenvolve-las, porque você estará sempre a um passo de realizá-las”.
Depois de ouvir isso, tive uma leve idéia sobre o que escrever para minha crônica desta semana, que até então teimava em não sair.
Sou um apaixonado por história. Falo de história em Latum Sensum, Em seu sentido mais abrangente, como manifestação do testemunho sobre o registro evolutivo da sociedade humana e sua relação com o tempo e com o espaço. Em meio a essa paixão me transformei num grande apreciador das mitologias, principalmente a grega, de onde provem quase toda a base da cultura ocidental, inclusive muito do que sabemos sobre astrologia e horóscopo.
Aqueles que entendem desse negocio de astrologia dizem que alguém que nasceu às 06 horas e 30 minutos da manhã do dia 13 de dezembro de 1959, além de ter nascido sob o signo de sagitário, tem nele também o seu ascendente. E é ai que a coisa pega. Sol e lua juntos em sagitário no dia e na hora em que eu nasci significa que eu sou sagitariano duplamente e um legitimo afilhado do centauro Quiron, professor de Aquiles, grande amigo e rival de Hércules.
Para a astrologia Quiron é uma espécie de padrinho dos sagitarianos. Padrinho desses que põe a mão, as virtudes e os defeitos também. Segundo a mitologia grega, ele era um bem conceituado professor e um grande poeta. Aventureiro, destemido, idealista, competitivo, leal, generoso, independente. Sonhador, exagerado, ansioso, astuto, beberrão, passional, perdulário. Era galanteador, conquistador, sensual e apaixonado, adorava as mulheres e elas a ele. Inteligente e culto, ele dominava a oratória como poucos e convencia facilmente a quem se pusesse a ouvi-lo. Sempre alegre e espirituoso, mas criterioso, honrado e coerente. Era um verdadeiro líder. Todas essas características, boas e más, são encontradas abundantemente nos nascidos sob a influencia do signo que ele patrocina.
Todo sagitariano e principalmente esse sagitariano aqui, vive em função disso. Desenvolvo e valorizo minhas idéias, porque a qualquer momento poderei estar usufruindo do prazer de realizá-las ou de simplesmente sublima-las, essa forma sagitariana de sentir prazer sozinho e individualmente.
Sou um apaixonado por história. Falo de história em Latum Sensum, em termos amplos e abrangentes, manifestação do testemunho sobre o registro evolutivo da sociedade humana em relação ao tempo e ao espaço. No meio disso me transformei num grande apreciador das mitologias, principalmente a grega, de onde provem quase toda a base da cultura ocidental, inclusive muito do que sabemos sobre astrologia e horóscopo.
O centauro Quiron, meio cavalo, meio homem, é um dos mais fascinantes personagens da mitologia grega.
Imortal, em uma determinada batalha, Quiron foi ferido numa perna por uma flecha envenenada com o sangue da hidra de Lerna, que foi morta por Hércules num dos 12 trabalhos que este teve que cumprir como castigo que lhe foi imposto pela deusa Hera, esposa de Zeus. Uma única gota do sangue da hidra seria capaz de matar qualquer humano ou animal. Em Quiron o veneno não era fatal, mas causava-lhe uma dor insuportável.
Certa vez Quiron implorou para que Zeus o libertasse daquele sofrimento e tirasse-lhe a imortalidade, permitindo-lhe que parasse de sentir tanta dor e morresse com dignidade. Zeus negou-lhe o pedido, alegando que a simples morte de Quiron era uma perda desnecessária e um prejuízo grande demais para o Olímpo. No entanto Zeus propôs a Quiron uma outra solução. Ele o arremessaria aos céus e o transformaria em uma constelação de estrelas. A constelação de sagitário. Todos ficaram felizes. Quiron parou de sentir a insuportável dor que o afligia e Zeus pode presentear a humanidade com esse belíssimo conjunto de estrelas.
Uma coisa não saiu um instante sequer da minha cabeça desde que minha mãe leu o horóscopo pra mim até agora. O fato de o astrólogo ter dito “…Tente valorizar suas idéias e desenvolve-las, porque você estará sempre a um passo de realizá-las”. Parece que realizei… Pelo menos no que diz respeito a ter conseguido escrever minha crônica de hoje.

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O melhor para nossos jovens

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Hoje eu quero me dirigir especialmente àqueles cujos filhos estão na faixa dos 12 aos 18 anos, os pais dos tais adolescentes. Vocês têm ido ao cinema com seus filhos? Tenho certeza que não, porque olha… Eu estive num domingo desse aí no cinema e tenho certeza de que os filhos de alguns de vocês estavam lá, e posso prestar um depoimento sincero sobre o que é estar no cinema com eles: é um inferno.
Tenho certeza que vocês procuram educá-los da maneira mais correta possível, mostrando-lhes como devem se comportar no convívio social, mas quando eles fogem de suas vistas e concentram-se em grupo, perdem qualquer chance de ser perdoados. O filme era muito interessante, abordava um assunto intrigante: o convívio do ser humano com um bando de gorilas, na África, mas a platéia fazia com que o cenário, da tela, às vezes saltasse nas cadeiras do cinema, pois a sala parecia uma selva, e aqueles jovens, alguns dos quais, seus filhos, eram os primatas. Pior ainda, pois eles sabiam que estavam incomodando, sabiam que apesar de não serem os macacos da história, agiam como se fossem. Primeiro entraram no cinema quando o filme já tinha começado. Entraram não é bem o termo, acho que o mais apropriado é invadiram.
Adentraram falando, gritando e assim continuaram até se tocarem. Não sei. Será que se tocaram? De qualquer forma, este episódio serviu de mote para eu começar a indagar aos pais – pais, alguns que são amigos meus – sobre o comportamento dos filhos adolescentes. Conversando muito, escutando bastante, cheguei à conclusão de que os pais têm dificuldade de lidar com esses seres precoces e não escondem o quanto torcem para o tempo passar depressa. Querem se livrar do período da adolescência com o menor número de arranhaduras, neles próprios e nos filhos. Queixam-se de que os adolescentes se trancam demais no quarto, que falam demais ao telefone. Acusam os filhos de desatenção e também se queixam do excesso de gírias usado por esses jovens. Eu já passei por isso, e ainda estou passando.
O fato é que, nós os pais de hoje legamos um mundo complexo a nossos filhos. Há mais liberdade, independência, mas tudo isso tem um preço. Aliás, uma das coisas que mais me chamam a atenção é um certo vácuo de ideais na geração mais jovem de hoje. Certamente, ainda há espaço para idealismo. Mas as causas não são tão interessantes. Talvez falte alguma coisa mais forte para os nossos adolescentes acreditarem, além da conveniência de defender as baleias, o Rio Itapecuru ou as florestas da Amazônia.

Tudo leva a crer que os adolescentes de hoje estão mais unidos pelos bens que consomem do que por uma cultura comum ou pela sadia cumplicidade da vida em grupo. Nos anos 60, a geração que chegava às portas do mundo dos adultos tentou viver uma nova ética e fracassou. Nada aconteceu depois disso. A impressão que se tem é a de que os garotos e as garotas de agora estão ainda num intervalo de espera e possivelmente têm a sensação de que alguma coisa está para acontecer.
A imprensa, os meios de comunicação em geral têm alguma culpa nisso? Pode ser. Mas, nas novelas que estão na TV, os jovens são seres estranhos, sempre metidos em casos complicados com namoradas neurastênicas, mães e pais neuróticos, mordomos inúteis – e todo mundo louco, só pensa em sexo e romance o tempo todo. Eu e audiência gostamos, tudo bem, mas se sabe o que é brincadeira e o que é realidade.
O que pode estar faltando é um sonho qualquer, uma utopia. A geração dos pais deixou na estrada um monte de maus exemplos e outras maravilhosas invenções, alguém precisa mostrar-lhes a diferença. Juntamente com o carinho e a educação formal, ensinar a nossos filhos o caminho perdido do idealismo, é a nossa maior contribuição para as suas vidas e sua felicidade (e a nossa também).

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Imagem: nenhuma palavra, mil sentimentos.

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Sempre que passo na Beira-Mar, logo após aquela curva da Pedra da Memória, sinto a impressão de que falta algo naquele cenário. Logo me vem a lembrança da antiga Maria Celeste, que naufragou após um incêndio e cujos destroços fizeram parte, durante anos a fio, daquela parte da fisionomia da nossa São Luís. Muitas lembranças nos ocorrem ora por fatos que vamos puxando da memória ora por imagens marcantes que resistem à passagem do tempo.
Aliás, a partir do momento em que o homem descobriu que as imagens podem ser capturadas e guardadas, até os dias de hoje, o progresso foi notável com tecnologias avançadas – como a Internet -, através da qual é possível ter rápido acesso a bancos de imagens. É possível vasculhar arquivos de fotos que falam por si mesmas. Melhor do que as palavras, fotos que são capazes de traduzir a emoção, a alegria, à tristeza, à beleza, à simplicidade e até mesmo a complexidade de um fato.
Pela Internet, acessando bancos de imagens, pode-se ter um reencontro com fotos históricas, como a do estudante chinês na frente do tanque de guerra; imagens de momentos trágicos, como o da explosão do dirigível Hindemburg, em maio de 1937; ou de momentos alegres, como o da vitória do Brasil sobre a Suécia, na final da Copa do Mundo de 1958, e que dispensam maiores explicações.
Para quem gosta de apreciar estas imagens, o passado e o presente se cruzam, na tela do computador. Lá se pode encontrar aquela foto chocante que registra um dos mais bárbaros momentos da história: o então chefe da polícia sul-vietnamita mata com um tiro na cabeça, em local público e à luz do dia, um guerrilheiro vietcong capturado. Lá se encontram também flagrantes mais recentes, imagens que marcaram o ano passado, como aquela de João Gilberto mostrando a língua para a platéia durante a inauguração do Credicard Hall ou então uma outra imagem, não tão recente, de alguém mostrando a língua, só que para a eternidade e para o mundo, Einstein. São cartazes de filmes, pôsteres de artistas, cartões de natal inesquecíveis, rótulos de produtos e sua evolução.
Pois bem, já que se falou sobre a importância destas imagens, quero voltar a tocar num assunto correlato: o antigo projeto de criação do Museu da Imagem e do Som do Maranhão. Faz exatamente um ano que escrevi um artigo, publicado no “Alternativo” deste jornal, intitulado “Primeira semente do MIS”. Naquela ocasião, lembrei que este projeto, apresentado no ano de 1981 pelo então deputado estadual Marco Antônio Vieira da Silva precisava sair do papel. Desde então abracei a idéia desse projeto e passei a sonhar com este museu, que deverá ter um espaço físico que abranja estúdio para imagens, estúdio para som, um pequeno anfiteatro, um pequeno salão para exposições e bons arquivos para fotos e fitas, além de pessoal competente para a tarefa.
Agora, já avanço nesta idéia achando que este projeto pode ajudar a resgatar a nossa história, também gravando em áudio e vídeo depoimentos de personalidades que participaram – ou participam – da vida política, empresarial e cultural de nosso Estado.
O acervo, com certeza, poderá ser um dos mais ricos. Lá se poderá encontrar as fotos antigas da Avenida Pedro II, da Praça do Panteon, dos bondes, da Rua do Egito, da Praça João Lisboa, da igreja que havia onde hoje existe o Edifício Caiçara. Pode ser um espaço para guardar as fotos do Seu Azoubel e até mesmo servir para que, um dia, por lá eu encontre uma foto da velha Maria Celeste, que podia ser vista de frente para o mar, logo a partir de uma daquelas meias-laranjas do Cais da Sagração.

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Uma conversa sobre o caos

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Sempre que escrevo, costumo pensar no seguinte: existe o mundo, existem as palavras, existe a nossa experiência do mundo e a nossa experiência da palavra. Diante da página em branco, na tela do computador, encontro diante de mim o caos do mundo e o caos da palavra que vou tentando ordenar, operando, deste modo, uma passagem do caos para o ordenamento de meu próprio pensamento.
E penso sobre o caos, que pode ser aquele causado por pacotes econômicos do governo, que de vez em quando nos surpreendem, ou o caos ocasionado pelas chuvas, engarrafamentos, inundações. No mundo da Física, por exemplo, os cientistas insistem em pesquisar sobre um tipo especial de caos, que assola o mundo microscópico da matéria, provocando desordem entre os átomos de uma mesma substância.
Pois bem, para os cientistas, o caos também reina no interior da matéria, como nas grandes cidades brasileiras. Em determinadas circunstâncias, um tipo de desordem generalizada toma conta dos átomos (partículas básicas da matéria). E essa “rebeldia” atômica tem intrigado os pesquisadores que tentam decifrar a confusão desse micromundo.
Agora, quando o assunto é o caos da economia, a coisa se complica ainda mais. Entretanto, veteranos economistas e principalmente filósofos acreditam que o caos não é tão desorganizado. Há uma certa ordem escondida por trás da confusão aparente. E é possível aproveitar certos estados “organizados” do caos, estabilizá-los e devolver a harmonia à bagunça.
Aliás, já houve quem apontasse o tema caos como forte candidato ao Prêmio Nobel de Física. Mas não vingou. Ganharam os quarks, as menores partículas da matéria comum. Há uns 30 anos, o cenário era mais pobre. Cientistas achavam que não havia remédio para o caos. Mesmo a mais poderosa das matemáticas não poderia prever o futuro depois de instalada a desorganização. Com o status adquirido nas últimas décadas, o caos ganhou vigor e virou moda. Resultados teóricos e experimentais já comprovaram que até mesmo a passagem para o estado caótico é feita sob uma determinada ordem.
Outra coisa interessante: o caos pode ser pensado também à luz dos textos bíblicos. Aliás, apocalipse, como substantivo comum, evoluiu para o significado de “grande cataclismo: flagelo terrível”, está no Aurélio. E não sem razão. Adquiriu esse significado porque o livro bíblico que tem esse nome contém “revelações terrificantes acerca dos destinos da humanidade”, como lá diz o mesmo dicionário.
Mas é sempre bom lembrar que o Apocalipse, habitualmente encarado só como o anúncio da destruição da terra e do homem, é alguma coisa a mais, alguma coisa além de “revelações terrificantes”. Para as pessoas que me falam sobre a fé, e com as quais costumo conversar sobre o assunto, o Apocalipse é também a promessa da restauração do cosmo e do homem, na imagem de um novo céu e uma nova terra.
É claro que o Apocalipse, que é o último livro do Novo Testamento, atribuído ao apóstolo João, não foi escrito para amedrontar ninguém. Para alguns, é possível uma aproximação entre o Apocalipse e a destruição atual da terra, para a qual os ecologistas vêm chamando a atenção permanentemente e que é uma preocupação constante de todos os que amam a natureza. Os meios de comunicação diariamente dão conta das conclusões dos cientistas sobre a escassez de água no planeta, o desaparecimento de espécies animais e vegetais que constituem elos indispensáveis na cadeia da vida na Terra, a extinção da vida no mar, as graves alterações climáticas, entre outras coisas ainda mais violentas, como a ameaça nuclear, da qual começamos a ter um pálido retrato na dramática imagem de Hiroxima bombardeada, em 1945.
Diante dessas coisas, chego a pensar que o fim virá, sim, e modernamente os desastres ecológicos começam a nos mostrar isso com clareza. Só que a evolução da idéia do caos nos faz pensar na idéia da “renovação”, a idéia da recriação do mundo. Aliás, é o próprio Apocalipse, que retrata um cenário que vai além do horror e da destruição, que nos confirma esta esperança: “Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21,5).

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Futebol e Arrogância.

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Os embates das seleções nacionais na Copa do Mundo e, de maneira simultânea, o fio da navalha em que se equilibram os candidatos às eleições presidenciais deste ano proporcionaram uma excelente chance de se iniciar uma boa reflexão sobre estas disputas cruciais de nossos dias. Surgem os palpites de quem sairá e de quem ficará até o fim, para disputar a partida final da Copa. Se o Brasil vai mesmo virar o tão sonhado pentacampeão ou se uma outra equipe conseguirá a proeza de conquistar o título de campeã do Mundial.
É, portanto, tempo de especulações sobre vitórias e derrotas. Tempo de pesquisas que projetam dúvidas e indagações sobre quem serão, também, os vencedores das próximas eleições, quem enfim será o novo ocupante da cadeira de presidente da republica. É o tempo de quem encara estas disputas com maturidade e também de quem subestima os adversários numa postura típica de arrogância. Neste último caso, vê-se que, como desde sempre, os arrogantes acabam se dando mal.
Temos o exemplo recente das seleções da França e da Argentina, que entraram em campo posando como as principais favoritas para vencer a Copa do Mundo, e que acabaram decepcionando. Foram desclassificadas logo na primeira fase do Mundial, e de forma vergonhosa, a França não fez um único gol nas três partidas que disputou.
Cabe lembrar aqueles arrogantes, como Napoleão Bonaparte e tantos outros, que deixaram sua marca na História. Bonaparte, que se fez coroar imperador dessa mesma França, de Zidane, vestiu a capa de líder autoritário e deflagrou guerras que, na época, assustaram até a impávida aristocracia européia, mas um dia veio sua acachapante derrota. Muito a propósito disto, existe uma velha expressão – “encontrar seu Waterloo” – que significa sofrer uma derrota ou um desastre definitivo e irreparável. Isto porque foi em Waterloo que, em 1815, após a Jornada dos Cem Dias, depois de fugir da prisão na ilha de Elba, Napoleão foi derrotado fragorosamente pelas forças inglesas, comandadas pelo Duque de Wellington, com a ajuda dos prussianos comandados pelo marechal Gebhard Leberecht von Blucher, príncipe de Whalstatt.
No Brasil recente, a derrocada de Fernando Collor, o primeiro presidente eleito depois de quase 30 anos de autoritarismo, o homem que despertou esperanças formidáveis, ficou como exemplo, porque se viu que depois ele degradou a Presidência da República, submetendo-a a vexames inéditos na história republicana, tudo por causa de sua suprema arrogância.
Quem não se lembra também do todo-poderoso presidente da Câmara Federal, Ibsen Pinheiro, o homem que comandou a sessão do impeachment de Collor e que depois teve o mandato cassado quando a CPI do Orçamento descobriu mais de um milhão de dólares suspeitos em suas contas bancárias, advindos muito provavelmente de suas intimas relações com os ajudantes da Branca de Neve.
Mais recentemente ainda, assistiu-se à derrocada de Antônio Carlos Magalhães, um dos políticos brasileiros mais influentes e duradouros do último meio século. Vale lembrar que, no ano passado, além de ACM mais dois outros poderosos – José Roberto Arruda e Jader Barbalho – renunciaram ao mandato de senador, para evitar a cassação e a conseqüente perda de seus direitos políticos por oito anos. Todos se acreditavam inatingíveis.
Como na tragédia grega, quanto maior o homem, maior a sua queda. E muito a propósito disto, cabe esta reflexão: “O destino dos construtores é produzir, a longo prazo, grandes desmoronamentos”. Esta frase da escritora belga Marguerite Yourcenar (1903-1987) parece pessimista e paradoxal, porém se ajusta muito bem a certas armadilhas do poder e do jogo da vida.
Por tudo isso resolvi lembrar aqui uma outra frase – “Depois de mim, o dilúvio” – atribuída ora ao rei francês Luís 15, o Bem-Amado (1710-1774) ora a sua célebre amante, a marquesa de Pompadour (1721-1764), cujo nome era Antonieta de Poisson. O rei a teria exclamado essa frase diante do Parlamento, numa de suas notórias crises com o Poder Legislativo. Sua amante teria dito a mesma sentença quando posava para um retrato que estava sendo feito por seu pintor preferido, ela, entristecida pelas notícias de uma derrota sofrida pelo rei, que protegia ambos, modelo e artista. O dilúvio, porém, não veio nem depois dele, nem depois dela, nem depois de outros tantos arrogantes que pronunciaram esta mesma frase ou similares.

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EU TE AMO, MÃE!

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Muita gente me identifica instantaneamente como filho do falecido deputado Nagib Haickel, coisa que muito me honra e que de certa maneira é o meu “prefixo”. O que pouca gente leva em consideração é que meu pai precisou de uma mulher para me “produzir”, e nenhuma mulher neste mundo poderia ter me dado a luz, e eu, jamais teria tão maravilhosa luz se a mulher que me concebeu fosse outra senão essa “Clarice”, assim aspeada, Clarice de Clara, de translúcida, de transparente, mulher a quem devo muito mais do que o sobrenome, a quem devo o contrapeso, o equilíbrio, para que eu pudesse ser quem realmente eu sou, hoje.
Se meu pai me deu os traços árabes, se dele eu herdei o gosto pela política, pela história, meus pendores humanísticos devo a minha mãe, Clarice Pinto Haickel, que desde cedo incutiu em mim e em meu irmão as noções básicas da educação, do respeito ao próximo, dos valores familiares, do exemplo cristão de proceder, do dever de ser responsável por si, pelos outros e pelo bem comum. Se meu pai me deu a fibra, minha mãe me ensinou que, de nada vale a força e a tenacidade dessa fibra se ela não for flexível, pois é mais fácil quebrar um tronco de cedro do que um talo de bambu, que não oferecendo grande resistência à força, se dobra, se verga, mas dificilmente se quebra.
A bondade dessa mulher lhe precede e foi preciso que meu pai morresse para que muita gente notasse o que intuitivamente eu sempre soube: grande parte do sucesso de meu pai vinha dela. Pode parecer coisa de filho, mas podem acreditar, sem a minha mãe, meu pai seria mais um libanês louco, mais um político carreirista, mais um comerciante audacioso, mais um homem ou navio sem porto ou bandeira. Muito pouco ela fazia quanto aos negócios ou a política de meu pai, mas não precisava que ela o fizesse na política ou nos negócios, ela operava o milagre era nele, era em nós e em todos, com a sua bondade, com o seu carinho e com sua proteção. Hoje a impressão que eu tenho é que Deus deve ter uma grande dívida para com essa mulher e a paga que ele lhe dá é faze-la uma trabalhadora incansável na defesa das pessoas a quem se propõe proteger. O que estou dizendo pode parecer messiânico, mas tenho certeza de que, quem conhece a minha mãe irá concordar comigo, (para minha grande surpresa, nos últimos tempos descobri que ela é muito popular, pois onde quer que eu vá as pessoas perguntam por ela, quase como se fosse ela o animal político da família) ela não discursa, não fala para multidões, não desfralda bandeiras mas no pequeno circulo onde atua é considerada uma santa pessoa, por sua simplicidade, humildade, resignação, por sua preocupação para com os outros, seu amor fraternal, sua dedicação.
Neste dia das mães, eu que já tive seis (Clarice, Teté, Loló, Lúcia, Didi e Zezé) e que depois ganhei mais duas (Ivana, mãe da minha filha Laila. E Laila, minha filha, que segundo os oráculos foi minha mãe em vidas passadas) posso garantir a vocês que é maravilhoso ter tantas mães. Que se uma é bom, oito é muito melhor. E quero aproveitar a oportunidade para pedir, de público, perdão a todas elas por não ter sido tão bom, como elas mereciam que eu fosse, pois, por mais que nós, filhos, sejamos bons para com nossas mães, ainda assim, lhes estaremos devendo, no mínimo, as nossas vidas.
Obrigado mamãe, por mim mesmo, por meu irmão de sangue, por meus irmãos no teu amor e no teu carinho e até pelo teu filho mais velho, meu pai, que também te chamava de “mãe”.

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Cirurgia

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A passagem pelo centro cirúrgico de um hospital, que deixa qualquer um temeroso da morte, me fez pensar seriamente, nas últimas semanas, sobre diversas questões que me deram fôlego para o aprofundamento de minhas reflexões.
Após a delicada operação cirúrgica a que me submeti, quando recobrei os sentidos, e como todo mortal que volta da anestesia, pude me sentir com a sensação de um grande alívio. Pude então dizer a mim mesmo: Bem-aventurado aquele que faz uma cirurgia eletiva e não compulsória.
Porque, depois de sair do centro cirúrgico, aquele mundo sombrio de tubos, fios, lâminas e agulhas, e já de volta a um quarto comum do hospital, pude refletir sobre o drama de pacientes vizinhos, submetidos a cirurgias compulsórias e que, em estado grave, também foram obrigados a passar por uma UTI.
Fiquei pensando na crueza do que significa a passagem por uma UTI. Lá, como se sabe, o ambiente é de dor e medo, gemidos e vozes estranhas. Mãos que limpam, lâminas que cortam. Um amontoado de tubos de plástico, máquinas computadorizadas, agulhas na veia, choques elétricos. A propósito disto, acho que poucos pacientes fizeram um retrato tão direto da vida numa UTI como o escritor João Ubaldo Ribeiro, que em julho de 1994 sofreu uma arritmia cardíaca. Numa crônica publicada em O Globo, João Ubaldo definiu seu estado como próximo da “demência completa” entre uma “senhora macilenta e esquelética, vestida, como eu, à la Auschwitz” e um paciente que passava o dia gritando por socorro, chamando uma filha e dizendo “estão querendo me matar!”
João Ubaldo não fala que teve alta da UTI, diz apenas “fui libertado”. Todo mundo sabe que uma UTI é também aquele ambiente em que uma pessoa encara a morte, mesmo que, depois, tenha a felicidade de retornar são e salvo.
Longe do drama vivido por João Ubaldo, pude sentir, entretanto, que a experiência de passar pelo centro cirúrgico de um hospital é um momento pessoal, íntimo e único.
Num centro cirúrgico, todos os pudores da vida em sociedade se esvanecem. Homens e mulheres expõem seus corpos, deixam enfermeiras manuseá-los, limpá-los. Elas o fazem com eficiência e frieza. É comum se dirigir aos pacientes como se eles fossem crianças. A fala das enfermeiras é repleta de diminutivos. “Uma picadinha aqui, tá? Fica bonzinho que não vai doer nada”.
Mesmo nos hospitais mais modernos, além da grande medicina, há lugar para santos e medalhas religiosas junto à cabeceira de alguns leitos. Ao lado de toda a tecnologia que sustenta a vida, também se aceita outro tipo de ajuda. Tanto faz ser em São Paulo ou em São Luís, os parentes e amigos mais crentes levam para dentro dos hospitais retratos de santos e pequenas medalhas religiosas. Esses objetos dão a entender que nem toda a salvação depende daquelas máquinas mirabolantes aperfeiçoadas com o auxílio da informática. Além disso, em todo hospital que se preza a UTI não tem leito 13, o número do azar.
Sorte para mim foi o alívio que senti quando chegou a hora de receber alta e ir embora. Pude dizer, também: Bem-aventurados aqueles que têm condições de ter um tratamento de saúde digno. Infelizmente, o sistema de saúde pública de nosso país tem uma doença crônica. Na maioria das vezes, tal sistema está em frangalhos: atende mal a população, paga mal a seus funcionários, desperdiça verbas e abriga fraudadores.
Empresas e funcionários, diante da falência da saúde pública, se associam para pagar planos privados, com os quais poucos estão satisfeitos. Nunca é demais brigar pela recuperação do sistema público de saúde, que tem a obrigação de atender às necessidades básicas da população, de maneira correta e decente.

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A voz do povo

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Hoje estou mais energético, mais vibrante, talvez por isso não esteja querendo usar minhas próprias palavras para expressar os meus pensamentos e sentimentos, talvez por isso vá lançar mão destas sábias palavras alheias que, de geração em geração, se incorporaram ao nosso espírito e que podem muito bem servir para iluminar os nossos caminhos.
Diz-me com quem andas, que te direi quem és.
Cada macaco no seu galho.
Deus ajuda quem cedo madruga.
Uma ovelha ruim bota todo o rebanho a perder ou então aquela outra, uma maçã podre estraga todo o cesto.
Uma andorinha só não faz verão.
Dizia o mestre Confúcio que, quem erra e não se corrige comete outro erro.
Não pode pedir clemência alegando ser órfão, aquele que matou os próprios pais, bradava Abrahan Lincoln.
Franguinho que não ouve tuco-tuco de mãe, gavião come.
Gato escaldado tem medo de água fria.
Dai a César o que é de César.
Pimenta nos olhos dos outros é refresco.
Depois da tempestade vem a bonança.
Deus dá rapadura a quem não tem dentes.
Mark Twain, grande escritor americano, dizia que o barulho não prova nada, muitas vezes uma galinha que pôs um simples ovo, cacareja como se tivesse posto um asteróide.
Quem planta vento colhe tempestade.
O pior cego é aquele que não quer ver.
Muitos serão os chamados mas poucos os escolhidos.
Deus não dá asas para cobra.
Jaboti trepado, foi enchente ou mão de gente.
Quem a boca do meu filho beija, a minha adoça.
Dizem que cada cabeça uma sentença, porém eu vos digo, cada sentença uma justiça.
Duvidando chegamos à verdade.
Quem calça sabe onde o sapato aperta.
Gato que usa luvas não pega ratos.Ou seriam outros bichos.
Santo de casa não faz milagre ou ninguém é profeta em sua própria terra.
Este aqui serve para mim, para quem não sabe, meu nome completo é Joaquim Elias Nagib PINTO Haickel: pé de galinha não mata pinto.
Dizia o filósofo grego Plauto que o homem é o lobo do homem, talvez seja por isso que o cão, o cachorro, é o seu melhor amigo.
De grão em grão a galinha enche o papo,ou então aquela bem parecida, de tostão em tostão se chega a um milhão.
O lobo ataca com os dentes, o touro com os chifres, o homem com o cérebro.
Luiz XI já dizia, só sabe reinar quem sabe dissimular.
Certa feita Alexandre Magno perguntou ao seu mestre Aristóteles: De que os reis necessitam mais? de coragem ou de justiça? A que lhe respondeu o sábio, aquele que possui justiça não precisa de coragem.
Todo sol tem seu ocaso, provérbio libanês.
Quem com o ferro fere com o ferro será ferido.
Cavalo dado não se olha os dentes.
Antes tarde do que nunca.
Pau que nasce torto morre torto.
Diz um antigo provérbio árabe: não é difícil reconheceres o malvado, a ele ninguém elogia em segredo e nem critica em público.
Faz por ti que eu ti ajudarei.
Quem faz um cesto, faz um cento.
O presidente americano Franklin Roosevelt, que era paraplégico, dizia preferir morrer de pé do que viver de joelhos.
Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.
Quem salva o lobo mata as ovelhas.
Não julgues o grão de pimenta pelo seu tamanho, prove-o.
Dizia Erasmo de Rotterdam que as águias não caçam moscas.
Cabe aqui citar, o Hamlet de Shakespeare, que há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia, ou então ser ou não ser….
Como dizia o grande Sócrates, um tolo quando erra queixa-se dos outros. Um sábio, queixa-se de si mesmo.
Quem avisa amigo é.
Ri melhor quem ri por último.
Para um bom entendedor, meia palavra basta.

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“Nós sempre teremos Paris”.

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Estava deitado na minha rede, pensando em um tema para minha crônica, algo mais ameno que o da semana passada, quando me lembrei de uma das minhas comunidades do orkut. “As melhores frases do cinema”.
Pode-se dizer, com quase toda certeza, que as melhores frases do cinema são também as melhores frases do nosso dia a dia, da nossa vida! Então, mergulhei na comunidade em busca das melhores frases que pudesse encontrar, tanto no cinema, quanto para retratar a vida. Veja só algumas perolas!
“Todo homem morre, mas poucos vivem de verdade”. Frase dita por Mel Gibson, como William Wallace em Coração valente.
“… Quando se ama alguém é preciso ser altruísta o bastante para dar o que essa pessoa quer.” Do filme Leis da atração.
Do filme Cidade dos Anjos, “De que adianta ter asas se eu não posso sentir o vento no rosto”.
Dialogo pinçado da primeira versão de A Fantástica Fábrica de Chocolates: “- Não se esqueça do que aconteceu com o homem que conseguiu tudo com que sempre sonhou. – O que”? – Foi feliz para sempre”.
Em Casablanca, Peter Lorre diz pra Humphrey Bogart, “Você me despreza não é?” ao que o galã responde, “Se eu pensasse em você, provavelmente desprezaria.”.
“Meu psiquiatra perguntou se eu achava o sexo sujo e eu respondi só quando bem feito.” Woody Allen em Assaltante Bem Trapalhão.
“Como eu escapei? Com dificuldade… Como eu preparei esse momento? Com prazer!” Edmond Dantes, falando pela boca de vários atores que já encenaram o clássico O Conde de Monte Cristo.
De Amor pra recordar: “Prometa que não vai se apaixonar por mim”.
De O Poderoso Chefão: “Não é pessoal, são apenas negócios”.
“Deus vai entender. Se ele não entender então ele não é Deus e não precisamos nos preocupar.” De Cruzada.
“Isso é mais informação do que eu precisava”, de Pulp fiction.
De Guerra nas estrelas, “Que a força esteja com você”.
“Você me faz querer ser um homem melhor”… Essa é do personagem de Jack Nicholson, que elogia a personagem da Helen Hunt, no filme “Melhor é impossível”.
Em um lugar chamado nothing hill, ”eu sou apenas uma garota parada em frente a um garoto pedindo a ele que a ame…”
Em fogo contra fogo Neil McCauley, personagem de Robert DeNiro diz “Não se apegue a nada que não possa largar em 30 segundos”.
Em Naufrago, Tom Hanks grita, ”Wilsoooooooon!!!”
Em Como perder um homem em 10 dias, “você não pode perder alguém que nunca teve”.
E.T. “… Go home…”
De Closer – Perto Demais, “Alô estranho!!!”
Em Guerra nas estrelas o Mestre Yoda diz, “Quando 800 anos você tem, bem você não parece”.
Salma Hayak diz em Frida para Diego Rivera: “Tive dois acidentes em minha vida… um carro e você…”
“Old boy”, um magnífico filme coreano, traz ótimas citações: “Ria, e o mundo irá sorrir com você. Chore, e chorará sozinho.” E também: “Não importa que seja um grão de areia ou uma pedra. Na água, ambos se afundam.”
Em E o Vento Levou Scarlett O’Hara deixa a pobreza e os problemas da guerra de lado e diz “Vou deixar pra me preocupar com isso amanhã …”
De Crepúsculo dos deuses vem uma das melhores frases sobre a vida e o cinema. “Eu sou grande! Os filmes que ficaram pequenos”
“… Não se pode ter Paz evitando a vida…” Nicole Kidman em As horas dando voz para Virginia Wolf.
Mas dentre tantas frases importantes na minha vida, e que são repetidas no cinema frequentemente, das maneiras mais diversas e em varias ocasiões, há duas que me são muito caras. Uma é quando Ilsa (lngrid Bergman) tenta consolar Rick (Humphrey Bogart) em Casablanca e lhe diz, E a outra é a frase que se tornou bordão da marinha americana, frase que era repetida constantemente por seu patrono John Paul Jones, num filme que no Brasil teve como titulo a própria frase, “Ainda não comecei a lutar”.
“The end…” Mas isso não é o fim, e você sabe muito bem disso, não sabe!?

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A aventura de ir ao cinema.

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No final de 1999, escrevi um artigo em que tratava do saudável programa familiar que deveria ser ir ao cinema, e que deveria passar a se constituir em um habito prazeroso e em um costume regular. Três anos depois, a situação que enfoquei mudou pouco, tenho até a impressão de que piorou em alguns aspectos.
Continuo um grande amante da sétima arte, um cinéfilo incurável, um grande apreciador de estórias, de seus contadores, de seus personagens, dos desempenhos dos atores, enfim, de tudo que esteja de alguma forma relacionada com o cinema.
A chegada a nossa cidade, da tecnologia de retransmissão de canais de tv digital via satélite e de uma empresa local de televisão a cabo, possibilitando que possamos, sem sairmos da segurança e do conforto de nosso lar, ter acesso a mais de 100 canais de programação de televisão, que cobrem quase todo o espectro do interesse humano, fez com que alguns mais apressados, imaginassem que o cinema, como local de entretenimento, estava com seus dias contados.
Mesmo com todo esse avanço, mesmo com toda essa tecnologia que esta a nossa disposição, não há nada como ir ao cinema, comprar pipoca, doces e assistir um bom filme, numa sala que tenha pelo menos um bom som, uma boa acústica. Mas já me dava por muito satisfeito se conseguisse assistir a um desses filmes de aventura, bastante popular em todas as faixas etárias, ao lado de uma platéia um pouco mais, digamos, civilizada, já que não podemos exigir muito mais que isso, de um certo grupo de jovens e adolescentes.
Recentemente, fomos eu, minha mulher e minha filha caçula assistir “ O senhor dos anéis – as duas torres” num cinema local. Era um lançamento nacional – nesse ponto as coisas melhoraram bastante – e a fila para compra de ingressos estava dando voltas desde duas horas antes do inicio da sessão e o clima era de descontração e de uma certa apreensão.
Comprei os ingresso bem sedo e cheguei quarenta e cinco minutos antes da hora marcada e ainda assim quando entramos na sala não havia quase lugares para sentarmos juntos. Tudo bem! Procuramos então por lugares separados e descobrimos que quase todos estavam reservados. Uma pratica muito nossa, onde se procura beneficiar os retardatários em prejuízo dos pontuais. Uma coisa muito desagradável.
Fico imaginando se eu fosse um daqueles sujeitos invocados e prontos a defender com unhas e dentes até os mais insignificantes de seus direitos, se resolvesse me sentar num daqueles lugares reservados e arrumasse a maior cascaria…no entanto resolvi o problema de uma forma bem nossa também: arrumei uma cadeira na sala do dono do cinema e sentei-me no corredor.

Se o caso dos lugares reservados não bastasse, com toda certeza bastaria o que estava para acontecer: o delírio flamenguista da platéia cada vez que aparecia uma sena, assim, um tanto mais intima: um beijo, um abraço, até mesmo uma troca de olhares mais romântica. Não digo nem o infortúnio de um dos personagens, que era realmente engraçado, mas os atos de bravura de um outro era recebido com gritinhos e exaltação completamente desnecessários, mas tudo bem! O ruim mesmo foi quando um dos personagens declara seu afeto e sua amizade a um outro… Foi triste e ridícula a demonstração de falta, não de maturidade, mas de compreensão do que realmente é a amizade. Esses sentimentos entre pessoas do mesmo sexo parecem estar expurgados do rol de sentimentos dessa tribo, daquelas tribos. Fiquei triste e furioso.
Apesar de não ter sido uma boa sessão de cinema, o filme não foi decepcionante, e eu e minha família fizemos o que muito nos apraz quando saímos de um programa assim, seja cinema, teatro ou espetáculo de qualquer natureza: vamos para algum lugar comer alguma coisa e trocar as nossas impressões, conversar, aprofundar os nossos conhecimentos, sobre nós e sobre o mundo. Esse é um dos melhores motivos pelo qual devermos cultivar o habito de levar nossa família ao cinema.

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