Se vivo fosse, hoje meu pai estaria completando 73 anos de idade. E é me lembrando do imenso valor que ele dava a suas amizades e as pessoas com quem compartilhava a vida, que quero falar-lhes hoje.
Recordo da época em que cheguei pela primeira vez na Assembléia Legislativa. Era o ano 83 do século passado, mal saído da casa dos 23 anos de idade, há exatos 24 anos e hoje vejo que o que mais ganhei naquele ambiente, além de experiência, conhecimento e aprendizado, foram amigos. Grandes amigos!
Mesmo antes do dia primeiro de outubro, antes de saber o resultado da eleição e constatar quem havia se elegido, já era minha intenção fazer uma homenagem, a todos aqueles que estão se despedindo do nosso Parlamento uns, porque não conseguiram a reeleição; outros porque buscaram novos caminhos, disputando mandatos em outras esferas da vida pública, outros porque simplesmente não foram candidatos ou não puderam sê-lo.
São pessoas com quem convivi e com quem pude aprender grandes lições, pela prática permanente do diálogo e do debate, muitas vezes acalorado; crispado, aqui e ali, mas sempre leal e construtivo. Não poderia haver exercício mais gratificante do que esse para alguém, que como eu, entende a política democrática como forma de convivência civilizada: a arte de transformar a sociedade acreditando nas próprias razões, mas ouvindo as razões do outro e medindo as conseqüências dos próprios atos. Porque o modo democrático de mudança significa também mudança das consciências através do convencimento. E este, quando não é imposição disfarçada, é um processo de esclarecimento recíproco que supõe a possibilidade tanto de convencer como de ser convencido.
Sei por exemplos históricos que a devoção à busca do bem comum não é monopólio de ninguém; não conhece fronteiras de partidos, nem de ideologias, nem de interesses regionais ou de classe. Exige apenas generosidade para pensar no que é melhor para o nosso Estado como um todo, e discernimento para julgar o que é melhor. Discernimento que provém e isto eu também aprendi no parlamento muito mais da experiência no trato da vida e da coisa pública do que de qualquer saber teórico.
A nossa Assembléia tem hoje uma outra forma. A reforma interna que aqui foi feita nos revela isso. Esta Casa pode e deve ser o futuro do nosso Estado. E para isso é preciso continuar na luta por um Maranhão muito melhor. Digo muito porque não basta melhorar, temos que superar nossas expectativas. Devemos isso aos nossos filhos. Temos o dever de ensinar a eles o que dizia Francis Bacon: “Só os deuses e os anjos devem ser espectadores”. E eu completo: Nós somos os construtores de nosso futuro.
Quero deixar um reconhecimento a esses valorosos amigos de quem não gostaria de me afastar e não me afastarei e sobre todos e a cada um quero dirigir pelo menos uma palavra.
Sobressai, a figura do deputado Aderson Lago, um político desprovido de medo. Entusiasmado pelas suas idéias, convicto das suas posições, lúcido nas suas apreciações e guerreiro na defesa das suas causas. Vamos sentir a falta deste orador vibrante, determinado e competente.
Meus queridos amigos Mauro Bezerra e Luiz Pedro que junto comigo estavam aqui de 83 e 87, naquela que alguns reputam como a melhor bancada estadual que tivemos em nossa historia recente, são pessoas das mais queridas e respeitadas.
Domingos Dutra, de quem muitas vezes divirjo politicamente, mas por quem tenho grande apreço e admiração.
Julião Amin, com quem já cheguei a me desentender alguns meses atrás, mas que o respeito e a humildade me fazem credor e devedor de uma amizade que tenho certeza, que é recíproca.
Wilson Carvalho, amigo de posição sólida, de honra inquestionável, companheiro de todas as horas.
Teresa Murad, a quem carinhosamente chamo de Teca, essa combativa e destemida filha do lendário Vitor Trovão, foi aqui sempre exemplo de coragem.
Cristina Archer que chegou aqui de mansinho e tomou conta de todos os espaços e oportunidades que lhe deram para demonstrar seu empenho e seu trabalho por um estado que não sendo o seu, passou a sê-lo pelo amor a ele dedicado.
E o que dizer de Janice Braide!? Que a conheço a mais de 30 anos? Essa valorosa mulher de fibra que já em 82 votava em meu pai e até em mim, é exemplo de lealdade e correção.
E a irmã Telma Pinheiro, sempre voltada para os interesses de seus amigos e de sua comunidade evangélica.
Há aqui entre nós um homem que merece uma homenagem especial. É Manoel Ceará. Homem de pouquíssimo estudo, mas de muitíssimo caráter. Ceará foi um dos esteios morais e éticos dessa casa nesta legislatura.
Pasmem os senhores, pois meu amigo Rubão, o Rubem Brito, pede passagem. Ele marcou esses anos com suas posições claras e inabaláveis.
Alberto Marques é um deputado que se notabilizou por falar apenas o indispensável, e por isso toda vez que ele se manifestava era porque algo importante precisava ser dito. Homem de posição firme e de palavra empenhada.
Com Manoel Ribeiro aprendi que é possível discordar de alguém sem ter que odiá-lo. Aprendi o verdadeiro valor da franqueza e da transparência. Me opus a ele aqui diversas vezes, mas jamais levei nossas diferenças para o lado pessoal. Quero aqui, de publico, fazer uma declaração que já fiz para algumas pessoas: a não eleição de Manuel assim como a de Mauro, de Luiz e de outros colegas é uma grande perda para nossa Casa.
Geovane Castro é um dos médicos que melhor sabe usar as palavras. Eloqüente, conseguiu como poucos defender claramente suas posições.
Rubens Pereira vai, mas fica. Deixa em seu lugar, eleito com uma expressiva votação seu filho. Rubens ganhou, não perdeu.
Deusdeth Sampaio deixará Açailandia, a cidade que mais cresceu nos últimos anos em nosso Estado, sem seu aguerrido representante.
Meu amigo pastor Reginaldo Nunes, sentiremos falta da sua tranqüilidade, da sua palavra de ponderação.
Eligio Almeida não tentou a reeleição e com isso Bacabal e o Maranhão perde um homem que depois de ser vereador na sua cidade, defendeu os interesses de seus conterrâneos neste parlamento.
Por último, mas não menos importante deixei pra falar de Pedro Veloso. Pedro, todos aqui sabem é meu adversário político nos municípios de Pio XII, Satubinha e Bela Vista. Mas é Pedro Veloso que consagra esse meu mandato como sendo o mandato da minha maturidade política. Em nenhum momento, apesar de adversários, apesar de às vezes nos atritarmos na defesa de nossos correligionários, nunca ultrapassamos o limite da civilidade e da boa educação.
Só me resta agradecer do fundo de meu coração a oportunidade de ter tido a possibilidade de privar da companhia destas pessoas nestes últimos quatro anos, tempo em que pudemos além de nos conhecer, esse convívio nos fez aprender um pouco mais sobre a vida.
Muito obrigado a todos vocês! Saibam desde já que farão muita falta.
Deputado Joaquim!!! O senhor tem certeza que todos esses seus colegas que não vão voltar para a Assembléia merecem mesmo essas suas palavras???
Bem, eu só espero que a futura composição da ALMA seja melhor que a atual.
Parabéns deputado! O seu pronunciamento de hoje demonstra mais uma vez sua grandeza e seu caráter. Tenho orgulho de ser seu amigo e seu eleitor. São de homens como o senhor que nós precisamos. Grande abraço.
O verdadeiro homem publico é aquele que aceita as divergencia sem que a leve para o lado pessoal,vc mereceu a sua votação expressiva.Esse deve ser o pensamento de todo grande homem que nem o senhor