O eterno amor de Pai

2comentários

Havia em Susa, nos tempos do rei Assuero e da rainha Esteér, um homem muito trabalhador e muito rico, que possuía muitas terras e muitos bens: um grande rebanho de cabras e ovelhas, muito gado, plantações de milho, trigo e cevada. Imensos pomares de uvas, maçãs, damascos, tâmaras e figos, além de vários empregados a seu serviço.
Abbdulla era o seu nome, e ele tinha um único filho, Haman, um herdeiro que, ao contrário do pai, não gostava de trabalho nem de compromissos. O que ele mais gostava era de jogar cartas, participar de festas como seus amigos e de ser bajulado por eles.
Abbdulla sempre dizia a Haman que alguns de seus amigos só estavam ao seu lado enquanto ele tivesse o que lhes oferecer, sem isso, o abandonariam. Os insistentes conselhos do pai lhe entupiam seus ouvidos, mas logo se ausentava sem dar o mínimo de atenção.
Um dia, o velho Abbdulla já com idade avançada, disse aos seus empregados para construírem um pequeno celeiro e dentro dele, ele mesmo, tratou de fazer uma forca e junto a ela, uma placa com os dizeres: “Para você Haman nunca mais desprezar as palavras de teu pai”.Mais tarde chamou o filho, levou-o até o celeiro e disse: “Meu filho eu já estou velho e, quando eu partir, você tomara conta de tudo que é meu e, eu sei qual será o teu futuro. Você vai deixar as terras nas mãos dos empregados e irá gastar todo o dinheiro com teus amigos. Irá vender os animais e os bens para se sustentar e, quando não tiver mais dinheiro, teus amigos vão se afastar de você e, quando você então não tiver mais nada, vai se arrepender amargamente de não ter me dado ouvidos. Foi por isto que eu construí esta forca. Ela é meu presente para você e quero que me prometa que se acontecer o que eu disse, você se enforcará nela”. O jovem sorriu, achando um absurdo, mas, para não contrariar o pai, já tão velho e alquebrado, prometeu, mas pensou consigo mesmo que isso jamais pudesse acontecer.
Passado algum tempo, Abbdulla morreu e seu filho Haman passou a ser o dono de tudo, mas, assim como seu pai havia previsto, o jovem gastou rapidamente o que o pai passara a vida toda construindo. Vendeu os bens, perdeu os falsos amigos e a própria dignidade.Desesperado e aflito começou a refletir sobre sua vida e viu que havia sido um grande tolo. Lembrou-se das palavras de seu pai e começou a chorar e dizer: “Ah, meu pai… Se eu tivesse ouvido os teus conselhos… mas agora é tarde demais.”
Pesaroso, o jovem levantou os olhos e, ao longe, avistou o pequeno celeiro. Era a única coisa que lhe restava. A passos lentos, se dirigiu até lá e entrando, viu a forca, a placa empoeirada e pensou: “Eu nunca segui as palavras do meu pai, não pude alegra-lo quando estava vivo, pelo menos desta vez, farei a vontade dele. Vou cumprir a minha promessa. Não me resta mais nada…”. Então ele pegou um banquinho e subiu nele, colocou a corda no pescoço e pensou: ”Ah, se eu tivesse uma nova chance…” Então se atirou do banco. Por um instante, sentiu a corda apertar sua garganta. Era o fim. Mas o braço da forca que seu pai fizera especialmente para ele era oco e quebrou-se facilmente e o rapaz caiu no chão. Sobre ele, caíram jóias, esmeraldas, pérolas, rubis, safiras e brilhantes, além de muitas moedas de ouro. A forca estava cheia de pedras preciosas, dinheiro e o mais importante, um bilhete deixado ali anos antes por seu velho pai: “Haman, meu querido filho, aí esta a nova chance que com certeza tu iras almejar. Saiba que teu pai te ama muito e para sempre”.

* Crônica adaptada de uma estória antiga, mas pautada em acontecimentos recentes.

2 comentários para "O eterno amor de Pai"


  1. Luiza

    Belíssima história, e o que é pior, verdadeirissima! Parabéns! Você é um craque!

  2. Anônimo

    Suas cronicas são impagaveis.

deixe seu comentário

Twitter Facebook RSS