A falta de patrocínio encontrada pelas Federações de Futsal espalhadas pelo Brasil inteiro e principalmente entre as federações do Norte e Nordeste se deve também a falta de interesse da Confederação em vender bem o seu produto. Aprendi uma coisa com Nagibão que dizia que vender coisa boa é muito fácil o difícil é manter essa venda. O pós-venda, manter o cliente. Dar assistência no pós- venda. Isso é a mais pura verdade. Os números que o futsal conquistou demostra que o produto é bom. O Brasil é um país com tradição vitoriosa no Futsal. Desde os tempos em que a FIFUSA era a entidade que organizava os eventos mundiais do esporte, o Brasil já ganhava títulos: o primeiro evento internacional do esporte foi o Pan Americano, em 1980, em que o Brasil foi campeão. Dos três campeonatos Mundiais que viriam, o Brasil ganhou duas vezes. Depois que FIFA se tornou a organizadora oficial do esporte, é feitas copas do mundo de três em três anos e o Brasil já ganhou seis edições. Ao todo são 6 títulos mundiais, 18 de Copa América de Futsal 1 Pan-Americano e 3 títulos dos Jogos Sul-Americanos. Então porque o futsal não deslancha? Porque grandes empresas não entram de cabeça num produto tão vitorioso como este? Se compararmos com o voleibol que é o esporte que mais cresceu nas últimas décadas, o futsal em conquistas e praticantes ganha de lavagem. Acho que o que falta é um bom investimento em marketing realizado primeiramente pela Confederação e em consequência pelas Federações.
Considerado um dos maiores jogadores da história do esporte, Falcão tem outra visão sobre a divulgação do futsal. Para ele, os números da modalidade no país são positivos, porém a Confederação Brasileira de Futsal (CBFS) peca na missão de “vender” o seu esporte.
“No Brasil a gente tem números do futsal absurdos, mas que não são vendidos. Eu acho que a nossa confederação, lá em cima, tem que focar um pouquinho mais no esporte. Vou te falar números rápidos aqui: o vôlei tem uma liga com dez equipes, enquanto nós temos uma liga com 19 para 20. O vôlei tem uma liga paulista com seis ou oito equipes e um nível totalmente diferente da (equipe) top para a última. Já nós temos um campeonato paulista de 19 equipes, uma série prata de 19 equipes. Então nós temos muita força, mas não é vendido lá em cima”, destacou o camisa 12 do Orlândia. “Acho que a confederação vê o marketing como um custo e não como um investimento. E quando você vê o NBB (Novo Basquete Brasil), o basquete, que deu um ‘boom’ por causa de organização, por vender o esporte. O vôlei se mantém porque, lá em cima, eles pensam em vender o esporte. E, na nossa modalidade, a liga é organizada, é um sucesso, os clubes são um sucesso, só que, lá em cima, o esporte é mal vendido”, continuou.
Um dos pontos centrais da discussão também passa pela falta de outros ídolos. O próprio Falcão não esconde que ele atrai mais atenção até do que o próprio futsal: “Para mim é muito bom. Você ter mais de 70% do esporte, da mídia em um jogador, é muita diferença. Para mim é ótimo, mas para o esporte não. Então a gente espera realmente que o esporte crie novos ídolos. Eu poderia ficar quietinho no meu canto: ‘não, para mim está bom’. Mas não, eu penso no esporte. Daqui a dois, três anos eu quero parar de jogar e tem que ter isso com mais atletas. Direcionado muito para um atleta é complicado”.
O cara tem toda razão. Até quando o futsal brasileiro vai sobreviver das habilidades, da genialidade e do profissionalismo desse craque? E se não surgir outro o que é bem difícil até pelo modo que o futsal mundial e brasileiro está mudando de rumo. Com o craque habilidoso e genial sendo trocado pelo craque da força e preparo físico.
A Confederação e as Federações perderam muito tempo em não ter tomado a atitude de explorar isso. A propaganda e a divulgação de um bom produto tem que ser exaustivamente explorada até porque como já dizia Nagibão “vender um bom produto é muito fácil. O difícil é manter a venda”.