Estou voltando no ano de 1997 exatamente no mês de agosto. Campeonato Brasileiro de Seleções realizado aqui na nossa cidade. Participaram dessa competição os Estados do Ceará, Pernambuco, Pará e Amazonas. Todos jogavam contra todos e classificavam dois para a fase final em Belo Horizonte. O Maranhão não disputava uma fase final desde 1985. Em 1995 batemos na trave em Fortaleza, mas essa eu conto depois.
Primeira reunião para definição do plantel para o zonal de 1997 foi realizado em abril. O presidente da Federação, Sr. Pereirinha tinha o desejo ver o nosso Estado classificado. Decidimos a comissão técnica. Alim Maluf Diretor de Seleção, Jorge Gobel técnico, Izone Carvalho Preparador Físico, Dr. Cassas de Lima médico, Chicão supervisor, Marcial treinador de goleiros, Luís Carlos fisioterapeuta/massagista (esse sem ter a formação acadêmica, mas era um mostro naquilo que fazia. Saudades desse meu compadre) e Mundico como mordomo. Ficou decidido que traríamos cinco jogadores de outro estado. Entrei em contato com o prof. Nicolino Belo em São Paulo e ele me indicou dois atletas, Bicudo e Juca. Do Ceará trouxe o Testinha e Marquinhos. O quinto eu conto depois. Os atletas daqui foram convocados (se eu se esquecer de alguém me desculpem) Marão, Alim Neto e Taffarel eram os goleiros, Alan Neto, Marlos, Élson, Jorginho, Baduca, Puff, Lucio, Gilson, Edu, Fábio e Arnaldo. A história do quinto jogador foi muito difícil. Tínhamos três goleiros daqui. Marão, Alim Neto e Taffarel. Marão mais experiente do que os dois meninos Alim e Taffarel. Tanto Marcial com eu, não tínhamos dúvidas que Marão seria o titular. Faltando um mês para o inicio da competição, Marão machuca o joelho e é obrigado a operar. Aí não tive dúvidas, solicitei para a Federação a contratação de mais um goleiro. Entrei em contato com o Leonel do Ceará e ele me Indicou o Aldenis que era goleiro do Corpo de Bombeiros e tinha sido escolhido como o melhor goleiro do cearense. Quando ele chegou aqui estava muito acima do peso e totalmente fora de forma. Os dois goleiros daqui não ficaram muito satisfeito, mas eu não tinha outra saída. Não poderia ficar somente com dois goleiros para uma competição tão importante. Nos treinamentos eles iriam se comer e jogaria quem estivesse mais bem preparado. Para minha sorte e de todo o grupo o Aldenis foi considerado o melhor goleiro da competição. Ainda bem.

Com o plantel definido começamos a trabalhar logo em maio. Foram quatro meses de preparação que incluía em julho uma série de amistosos no estado do Ceará. Jogamos em Caucaia, Aracati, Fortaleza e Aquiraz. Muito bom. O time estava embalado e a cada etapa de treinamento cumprido a expectativa de uma boa estreia aumentava. Voltamos da excursão pelo Ceará no final de julho. A competição estava prevista para começar no inicio de agosto. A estreia já estava marcada. Primeiro jogo contra o Amazonas depois o Pará, aí descasávamos na terceira rodada. Jogávamos com o Ceará e por fim Pernambuco. Fizemos a tabela pra crescer com a competição. Tudo certo. A CBFS marcou a primeira rodada para uma segunda feira. Reuni com Alim e Pereirinha e pedir para iniciar a concentração na sexta feira a partir das 18hs. Prontamente fui atendido. E lá fomos todos para o Hotel Araçagi. Não podia deixar os meninos soltos num fim de semana. Eles logicamente não gostaram nada de concentrar desde a sexta feira. A ansiedade só aumentava com a estreia. A nossa estadia foi excelente e ficava bem do lado do ginásio do SESI onde podíamos treinar a vontade.
Chegou o grande dia da estreia. Maranhão X Amazonas. Um jogo relativamente fácil e vencemos por 11 X 05. A torcida se fez presente no ginásio do Castelinho dando a maior força. Na terça feira jogamos contra o Pará e os marajoaras meteram 4 X 0 no primeiro tempo. Fomos para o vestiário e ajeitamos a equipe. Voltamos para o segundo tempo e viramos para 5 X 4. Uma vitória suada e na raça demostrando que estávamos muito bem preparados. Aí veio o grande problema. Chicão nosso supervisor como em todos os dias soltava de manha cedo à programação do dia. Quarta feira seria a nossa folga e depois do jogo contra o Pará eu havia liberado os atletas casados para irem dormir em casa e voltarem na hora do almoço. Eu como era também casado, e muito bem casado, peguei meu carro e fui dormir em casa. Quando voltei na hora do café por volta das 8h30 vi que todos os casados estavam no hotel. Perguntei o que havia acontecido eles me disseram que o diretor de seleções não tinha liberado a saída deles. Imediatamente reuni com a comissão técnica e disse que estava largando o comando da seleção. Disse que não me intrometia nas reuniões de diretoria e não admitia se meteram numa decisão da comissão técnica. Chamei o capitão da equipe e comuniquei para ele e depois para o Presidente. Eu e a comissão pegamos nossas coisas do hotel e saímos. Foi um Deus nos acuda. Neste dia era nossa folga. De tarde o Presidente foi na minha casa para conversarmos. Acertamos tudo e a autonomia havia voltado e tudo ficou normal. O diretor de seleção achou que pelo bem do grupo deveria se afastar. À noite fomos assistir ao jogo entre Pernambuco e Ceará. Levei todo o grupo para o ginásio. Saíram no final do primeiro tempo e eu fiquei até o final. Na quinta feira foi à vez do jogo contra o Ceará. Se ganhássemos estávamos classificados se perdêssemos teríamos que vencer Pernambuco na sexta feira. Final do jogo Maranhão 4 X 1 Ceará e a classificação garantida para a fase final. No último jogo contra Pernambuco terminou 3 X 3 e os dois Estados classificados.

Para encerrar na fase final caímos no grupo de Santa Catarina, Rio Grade do Sul e Paraná. O Rio grande do Sul foi o campeão e Santa Catarina Vice. Ficamos em sétimo lugar. Mas valeu. Depois de 12 anos o maranhão voltou a ficar entre as dez melhores seleções do país.